A Betrayal



Disclaimer: Harry Potter não me pertence e tudo que vocês reconhecem pertence a J.K. Rowling. Essa história também é inspirada em "A Shattered Prophecy", do Project Dark Overlord.


N/T1: a Trilogia do Dark Prince ou como originalmente traduzida: "Príncipe Negro", contém três partes, todas já finalizadas há certo tempo em inglês. Ocorre que a autora desta obra, Kurinoone, não parou de escrever e além de postar one shots bem legais, ela resolveu reescrever a primeira parte da Trilogia. Sendo fã das fanfictions dela, pedi permissão para traduzir essa nova versão de "The Darkness Within".


N/T2: Como na versão original "Dark Prince" foi traduzido como "Príncipe Negro" eu mantive o termo. Além do mais, o rótulo de "Príncipe das Trevas" é meio pesado. Acho a primeira opção mais adequada mesmo ^^


Chapter One – A Betrayal


"É realmente arrepiante o quanto ele se parece com James" pensou Lily. Mesmo com um ano de idade, Harry, seu filho, tinha muitas semelhanças com seu pai. O cabelo do menino era tão rebelde quanto o de James. Ela sempre disse ao marido para fazer alguma coisa em relação aquilo, mas ele sempre lhe lançava um sorriso deslumbrante e passava a mão pelo cabelo, deixando-o ainda mais bagunçado.


"Ao menos ele tem os meus olhos" Lily pensou agradecida olhando para a criança brincalhona em seu colo. Os olhos verde esmeralda de Harry faziam-no parecer ainda mais adorável. A criança de cabelos negros estava sentada no colo de sua mãe no momento, mastigando feliz seus brinquedos e de vez em quando olhando em direção à porta.


- Quem você está procurando, querido? – murmurou Lily ternamente, abraçando Harry.


Ela sabia perfeitamente bem por quem Harry estava procurando. Era a mesma coisa todas as noites, por volta de sete horas, o menino esperava ansiosamente seu pai retornar do trabalho. É claro que uma criança comum de um ano de idade não seria capaz de determinar o tempo, mas Harry não era um garoto comum. Aliás, os pais dele também não. Eles eram uma família bruxa.


Como que ensaiado, James chegou e entrou na sala parecendo um pouco desanimado, mas ao avistar sua família, seus olhos avelã iluminaram-se e um sorriso formou-se em sua face.


- Ei, como está meu homenzinho? – perguntou ele enquanto caminhava até Lily e pegava Harry, que estava balbuciando freneticamente para chamar a atenção de seu pai.


- James, quantas vezes eu tenho que te lembrar? Harry é um menino, não um homem. – Lily o repreendeu alegremente.


James deu de ombros e respondeu:


- Menino é tão… sei lá. Soa estranho, como se eu estivesse o repreendendo. Ele é meu "homenzinho". – ele disse, abraçando o filho carinhosamente.


Lily sorriu para o marido. Em sua opinião, ele não queria parecer muito paternal, visto que tinha apenas vinte e três anos.


A ruiva estava prestes a ir à cozinha pegar o jantar quando uma batida na porta a interrompeu. James ficou imediatamente em alerta. Ele silenciosamente entregou Harry á mãe e pegou sua varinha. Foi até a porta e fez sinal para que ela fosse para o outro cômodo com o bebê. Lily assentiu e seguiu rapidamente para o quarto no andar de cima. Normalmente ela não acataria ordem de ninguém, nem mesmo de James, mas desde que aquela profecia infeliz foi feita, as coisas tinham mudado dramaticamente. Eles tinham se mudado para Godric's Hollow e apenas algumas poucas pessoas sabiam onde ficava. Lily esperou apreensiva, a varinha segura em uma mão enquanto ainda carregava Harry. Ela azararia qualquer um que ao menos lançasse uma sombra sobre seu único filho.


Ouviu James murmurar um feitiço que o permitia ver quem estava na porta. De repente, a porta foi aberta e Lily pôde ouvir risadas e uma voz que ela conhecia muito bem. Soltou a respiração que nem percebera estar segurando. Saiu do quarto e dirigiu-se ao andar debaixo. Certamente os amigos de seu marido, Sirius e Peter, estavam na sala de estar. Sirius a perturbara demasiadamente durante seus anos em Hogwarts, sempre andando com James e envolvendo-o em todo tipo de problema. É claro que James não era exatamente inocente, mas já que Lily agora era sua esposa, ela preferia culpar Sirius. Peter era sempre tão quieto que ela às vezes se perguntava o que o fazia ser um maroto. Remus era o único com quem ela podia ter uma conversa inteligente. Viu que ele não estava ali naquela noite e se deu conta de que provavelmente estava tendo seu probleminha "peludo", como Sirius tinha tão sensivelmente nomeado sua condição de lobisomem.


- Você podia nos avisar que estava vindo, Almofadinhas. – a ruiva comentou, enquanto entregava Harry ao padrinho, que entusiasticamente o pegou e abraçou o mais perto de si possível.


- Onde está a graça disso? – Sirius perguntou enquanto dava a Harry uma de suas risadas que mais pareciam latidos.


O bebê já estava agitando os braços e rindo para Sirius e suas travessuras. Lily olhou afetuosamente para seu filho, ele realmente gostava de seu padrinho. Peter também estava olhando para Sirius e Harry, quando um estranho olhar de remorso cintilou em seu rosto. Lily não tinha certeza se estava apenas imaginando aquilo ou não, mas ela achou que podia detectar uma expressão de quase dor nos olhos dele.


- Peter, você está bem? – ela perguntou, colocando uma mão em seu ombro.


O homem rapidamente desviou o olhar e se mexeu desconfortavelmente, sem encarar os olhos da ruiva.


- Sim, eu só… apenas tive um dia longo… só isso. – ele respondeu baixinho.


- Nem me fale sobre dias longos. – James juntou-se a eles. – Eu tive o dia mais terrível de todos.


- Ah, o que aconteceu? – Sirius perguntou, enquanto ainda deixava Harry puxar seus cabelos escuros na altura dos ombros.


- Bem, com os ataques vindo de todo lado, eu não sei o quanto vamos suportar antes que tudo piore. – James respondeu.


James amava ser um auror, mesmo que ele admitisse que apenas se tornara um porque aquela era a carreira que Sirius escolhera, mas ele logo se afeiçoou com seu papel de guerreiro do lado da luz.


No entanto, depois que a profecia sobre Harry foi feita, James estava se tornando cada vez mais paranoico. Ele não gostava da ideia de seu filho ser confrontado com tamanha responsabilidade. "Salvar o mundo". Essa era seu trabalho, não de Harry. Então, James sendo James estava trabalhando dia e noite para eliminar as forças do Lorde das Trevas. Mas aquilo estava se tornando cada vez mais estressante visto que Voldemort sempre parecia estar um passo à frente dos aurores.


Sirius parecia um pouco desanimado pela expressão triste no rosto de seu melhor amigo. Ele, Remus, James e Peter eram todos aurores, mas James era o mais focado na guerra. Ele queria que aquilo acabasse para que seu filho pudesse ter uma vida normal.


Lily suspirou e pegou um Harry brincalhão de seu padrinho, delicadamente o embalando e levando-o para o seu quarto no andar de cima. Lá ela gentilmente colocou-o em seu berço e alisou seu cabelo em outra tentativa inútil de fazê-lo ficar um pouco em ordem.


- Você pode achar isso divertido agora, Harry, mas, acredite em mim, quando ficar mais velho, você não vai achar nada divertido ajeitar o cabelo.


Lily disse ao pequeno garoto de cabelos negros, que ria e tentava agarrar os dedos de sua mãe, enquanto ela carinhosamente acariciava seu cabelo. A ruiva se virou e deixou o garoto brincando alegremente em seu berço.


Ela estava fazendo seu caminho ao andar de baixo quando de repente percebeu, com uma sensação nauseante, que algo estava errado. Não por algo que escutara, mas, de fato, pela total falta de som. Os três homens na sala de estar estavam mortalmente quietos. Aquilo em si era estranho, visto que Sirius estava presente. Lily rapidamente pegou sua varinha e respirou fundo. O que ela viu ao entrar na sala iria persegui-la pelo resto da vida. Ali no chão estava James, com uma poça de sangue crescente próxima à sua cabeça. Uma garrafa quebrada de firewhiskey estava caída não muito longe. Sirius estava de costas, completamente inconsciente.


- Ah, Deus! James! James!


Lily correu em direção ao seu marido, esquecendo-se completamente da terceira pessoa que estava na sala. Se ela o tivesse visto, parado atrás da porta, podia ter sido capaz de impedir a tragédia que estava prestes a acontecer. Como a ruiva correu até James, Peter veio por trás dela e a atacou antes que ela pudesse alcançar seu marido.


- Estupefaça!


Lily caiu inconsciente mesmo antes de atingir o chão. Peter suspirou tremulamente enquanto olhava para seus antigos amigos, todos eles caídos no chão, machucados e traídos por seu próprio amigo. Ele tentou acalmar seu coração, que batia freneticamente. Estava certo de que se não tivesse conjurado os feitiços silenciadores na porta, Lily teria conseguido escutar seu coração batendo, mais alto que a garrafa quebrando durante o ataque a James e Sirius.


Ele lançou outro olhar de remorso para seus amigos e então saiu da sala desajeitadamente, dirigindo-se ao quarto de Harry, todo tempo repetindo baixinho "Me perdoe, Harry... desculpa, James... Sirius, sinto muito".


Ele não pensara que chegaria tão longe. Tinha esperado que James ou Sirius ou mesmo Lily pudesse impedi-lo. Mas visto que não esperavam nenhum tipo de traição por parte dele, muito menos um ataque e sequestro de Harry, ele conseguira chegar até ali. Não queria fazer aquilo, mas não havia outro jeito.


O homem lentamente abriu a porta e encontrou Harry dormindo profundamente, segurando seu hipogrifo de pelúcia. Peter olhou para a criança adormecida e sentiu a sensação horrível de culpa tomar conta de si. Ele estava levando aquela criança para a morte. Harry tinha apenas um ano de idade, era apenas um bebê.


Lembrou-se de como se sentiu quando o menino nasceu. Ele ficara tão feliz com o nascimento dele quanto os outros marotos. Mas uma vez que a profecia viera à tona, as coisas tinham mudado. Esse garoto estava destinado a derrubar o Lorde das Trevas. Mas o homem sabia quão poderoso o bruxo era, ninguém podia detê-lo, ninguém tinha a mínima chance contra ele. Lorde Voldemort iria ganhar aquela guerra, e uma vez que ganhasse, Peter teria poder além do que podia imaginar. O garoto tinha que ir. Convencendo-se de que estava apenas garantindo sua própria sobrevivência, ele gentilmente levantou o bebê e levou-o para fora do quarto. Correu escada abaixo e, sem olhar outra vez para os três corpos caídos no chão, abriu a porta e deixou Godric's Hollow para sempre.


xxx


Peter correu até o limiar dos escudos postos ao redor da casa e aparatou para o covil do seu Lorde. Seu mestre o estava esperando, cercado por apenas dois membros de seu ciclo interno. Com as mãos trêmulas, colocou Harry no chão de pedra, aos pés de Voldemort. A criança surpreendemente ainda estava dormindo e nem ao menos se mexeu. Peter rapidamente caiu de joelhos e rastejou até Voldemort, beijando a bainha de suas vestes antes de falar numa voz trêmula e baixa.


- Mestre, eu fiz o que me pediu. Mestre, esse é Harry.


Voldemort voltou seus olhos cruéis e vermelhos para a criança adormecida e deixou sua face abrir-se em um sorriso de satisfação. Ele era um homem atraente, com longos cabelos escuros e um rosto bonito. A única coisa que denunciava o verdadeiro monstro que havia dentro dele era seu par de olhos diabolicamente vermelhos, que pareciam queimar quem se atrevesse a olhar para ele. O bruxo desviou seus olhos de Harry e olhou para a forma encolhida de seu Comensal da Morte espião.


- Levante-se, Peter, você fez muito bem. Pela primeira vez você não estragou tudo e realmente completou uma missão.


Ele observou o homem deplorável levantar-se tremulamente, proferindo sua gratidão e repetindo o quão gracioso seu Lorde era.


- Já chega! – Voldemort sibilou, instantaneamente calando Peter. – Bella, pegue o garoto e deixe-me dar uma olhada no moleque!


A Comensal passou pela forma silenciosa de Lucius e levantou Harry do chão frio. Ela o segurou para o Lorde das Trevas.


Voldemort assimilou todos os detalhes da criança. Ele detestava crianças em geral. Ainda não esquecera como elas o tinham insultado e ridicularizado naquele orfanato horrível que tinha sido seu passado. Essa, no entanto, atraia-o como nenhuma pessoa jamais o fizera. Voldemort podia sentir a aura mágica poderosa que parecia pairar ao redor do garoto. Ele era excepcional, não havia dúvida sobre isso e se Voldemort tivesse deixado o menino viver, então o pirralho Potter provavelmente ia crescer e ter poder para rivalizar com o seu.


"Que desperdício de poder!", pensou Voldemort.


Voldemort sacou sua varinha e escutou os suspiros dos três Comensais da Morte presentes. Ele sorriu para si mesmo. Iria divertir-se destruindo aquele destinado a ser sua ruína.


O bruxo apontou a varinha para a cabeça de Harry justo no momento que a criança abriu seus olhos esmeraldas e olhou inocentemente para Voldemort. Um feitiço foi murmurado e uma súbita luz verde ofuscante preencheu a visão de todos. Peter fechou os olhos antes que o encantamento fosse pronunciado, mas ainda podia sentir a luz verde preencher suas pálpebras fechadas.


"Perdão, Harry", foi tudo que conseguiu pensar, quando a luz ofuscante desapareceu e deixou todo mundo na escuridão novamente.

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