Capítulo II
Lilian Luna Potter andava de um lado para o outro em seu quarto, enquanto tentava absorver a história completamente pirada que sua prima havia acabado de lhe contar. Rose Weasley, por sua vez, mordia o lábio inferior aguardando a prima lhe falar alguma coisa. Qualquer coisa.
– Lily, por Merlin! Me diz alguma coisa! – Rose implorou, se levantando de onde estava e ficando de pé, na frente da prima, impedindo-a de continuar a andar como uma barata tonta.
–Rose, o que você quer que eu diga? – Lilian perguntou completamente revoltada. – Que a sua idéia foi brilhante? Porque se é isso o que espera, esqueça!
Rose bufou e voltou a sentar na cama da prima. Já passava das dez da noite e ela, Rose Weasley, havia resolvido vir dormir na casa da prima e melhor amiga, a fim de lhe contar os últimos acontecimentos.
Mas, ao que tudo indicava Lilian ainda estava atordoada com a idéia maluca de ela inventar um namorado. E de esse namorado ser Scorpius Malfoy.
Rose sabia que parecia loucura, mas era sua única chance. Ela estava cansada de ter o Scamander e seu pai no seu pé, e estava disposta a fazer qualquer coisa para fazê-los parar de persegui-la. Até mesmo fingir um namoro com o Malfoy, por mais que isso lhe causasse certo asco cada vez que se lembrava do acordo que fizeram à tarde.
–Lilian, eu preciso da sua ajuda! Pensa pelo lado positivo, eu vou me livrar do Scamander e das invenções sem sentido do meu pai. – Implorou Rose. Se fosse preciso, ela se ajoelharia na frente da prima e clamaria por piedade. – Vamos lá, Lilian! É só você dizer que encobria os meus supostos encontros com o Malfoy!
Lilian respirou pesadamente e sentou-se na cama com as mãos na cabeça, acreditando que sua prima havia perdido o juízo. Não era possível que Rose Weasley, a garota mais inteligente que ela conhecia, podia acreditar que aquela idéia idiota podia dar certo.
–Isso é insano! – Lilian bradou. – Pelas cuecas de Merlin, será que só vocês dois não se dão conta de que essa história, de uma forma ou outra, não vai acabar bem?
–Não seja tão dramática Lilian! – Rose revirou os olhos. – E, além do mais, vai ser só uma semana de encenação. Depois disso, eu e o Malfoy voltamos a ser aquilo que sempre fomos.
–Qual é, Rose? – Lilian a olhou, incrédula. – Você acredita mesmo que vocês dois vão voltar a ser o que eram antes depois de fingirem que namoravam?
–É óbvio que sim! – Rose disse passando as mãos nos cabelos nervosamente. – Não há perigo algum. Malfoy e eu planejamos todos os nossos passos essa tarde. Meu plano é perfeito.
–Rose, eu vou ser mais direta. – Lilian falou, se levantando balançando os braços agitada. – Por mais que não descubram essa mentirinha de vocês - o que eu duvido muito, já que meu pai, minha mãe e a sua mãe são mais espertos do que imagina – você não parou pra pensar que pode acabar apaixonada pela doninha albina? – Rose ergueu as sobrancelhas, enquanto observava os traços de Lilian, que indicavam que ela estava irritada e com certo nojo ao pensar que sua prima poderia vir a se apaixonar pelo Malfoy.
Ela e o Malfoy? Pensou Rose. Era muito mais fácil Dumbledore voltar do mundo dos mortos para se casar com Minerva Macgonagal!
–Fala sério, Lilian, você tem visto filmes demais! – Rose comentou, fazendo uma careta ao se imaginar junto com o Malfoy. Já era estranho pensar em um namoro ficcional, imagine então um namoro real. – O dia em que eu me apaixonar pelo Malfoy, você pode me internar no St. Mungus, porque eu vou ter enlouquecido!
–Correção, você já enlouqueceu! – Lilian comentou, deitando na cama e encarando o teto. – Mas guarde bem as minhas palavras: essa idéia de vocês tem tudo pra dar errado!
–Tá, tá. Já guardei suas preciosas palavras. – Rose respondeu se jogando ao lado da prima. – Agora que tal ajudar sua melhor amiga, hein? – Ela pediu suplicante. – Por favor! – Ela completou, fazendo o bico que ela sabia que Lilian não resistiria.
–Como vou dizer que não com essa sua cara de Hipogrifo na chuva? – Lilian pediu rindo, o que fez com que Rose se jogasse sobre a prima agradecendo.
–Obrigada! Obrigada! Obrigada! – Ela repetia incessantes vezes. – Você acaba de salvar a minha vida!
Lilian empurrou Rose para fora da cama, na esperança de poder respirar. Era incrível como Rose, apesar de tão inteligente, conseguia ser tão inocente. Veja bem, até ela, que era uma negação quanto ao quesito lógica e perspicácia, sabia que aquela história não ia terminar da forma como Rose estava imaginando. Mas mesmo assim, não podia abandoná-la. Apenas ficava indignada por ela não ter encontrado ninguém melhor.
–Fala sério, Rose! Por que você teve que escolher logo o Malfoy para esse papel? – Lilian perguntou sem se conter e esconder o nojo na voz. – Poderia ter escolhido alguém melhor, por Merlin!
Rose riu da reação da prima. Ela sabia muito bem o que significava melhor para Lilian Luna Potter.
–É exatamente por o Malfoy ser do jeito que é que vai funcionar! – Rose respondeu empolgada. – É o perfeito conto de fadas. A filha do Weasley com o filho do Malfoy! Os opostos, aqueles que vivem brigando! – Ela prosseguiu, como se sua explicação tivesse muita lógica. – Nunca ouviu aquela história de que quem muito odeia, esconde outra coisa?
–Você é maluca, prima. – Lilian disse por fim, desistindo de tentar convencer Rose do contrário.
Elas ficaram em silencio alguns instantes, apenas observando o teto.
–Obrigada por me ajudar. – Rose sorriu. – Não sei o que faria sem você.
–Eu acho que eu acabei de te ajudar a ferrar com a sua vida, mas tudo bem. – Lilian suspirou. – vamos lá, me diga o que eu tenho que fazer amanhã...
Rose sorriu e começou a contar os detalhes do plano à prima que, a cada palavra de Rose, tinha mais certeza de que o que eles achavam perfeito era uma completa insanidade que tinha tudo para dar errado.
Mas Lilian Luna era muito pessimista e insegura. Não deveria ser levada tão a sério. Pelo menos era isso o que Rose pensava cada vez que via o olhar da prima sobre si.
**
–Vocês são dois malucos, isso sim! – O garoto moreno de olhos incrivelmente verdes bradou, indignado com a falta de capacidade pensante do melhor amigo e da prima.
Naquele exato momento, após uma coruja de Scorpius Malfoy, Albus Potter se encontrava no quarto do melhor amigo tentando digerir a confusão toda que aquela história poderia gerar.
–Qual é Albus? – Scorpius perguntou, enquanto se sentava em uma poltrona e encarava o amigo com um olhar presunçoso. – São 300 galeões para sair com uma garota, cara! O que você faria no meu lugar?
Albus estreitou os olhos violentamente em direção a ele. Scorpius só poderia ter perdido o juízo para estar compactuando da loucura que sua prima Rose havia inventado, aliás, acreditava que Rose estava sofrendo de sérios problemas mentais para ter tido uma idéia ridícula dessas.
– O que eu faria no seu lugar? – Ele perguntou irritado. – Eu teria internado a minha prima em um hospício! Isso é loucura Scorpius, escreve o que eu estou te dizendo. – Avisou.
Scorpius se limitou a continuar brincando com a mini vassoura de sua coleção que estava em suas mãos. Na realidade, ele não achava a idéia da Weasley tão ruim assim, ela até que fora bem inteligente, admitiu. Mas, devia concordar que o lucro maior seria dele, afinal poderia comprar a sua tão sonhada vassoura e ainda sobraria algum fundo para chamar uma garota de verdade – porque não, ele não acreditava que Rose Weasley representasse bem o sexo oposto – para sair.
Os prós eram muitos, afinal, ele considerava que tinha 300 motivos para achar que o acordo entre os dois viera em boa hora. Em sua opinião, só havia um contra nessa história toda, e esse contra era o fato de ele ter que conviver com a Weasley mais tempo do que gostaria.
–Sabe, Al. O único ponto negativo dessa história é de a garota em questão ser a Weasley sabe-tudo.
Estavam tão entretidos na conversa que travavam, que não se deram conta de que a porta foi aberta e por ela Draco Malfoy adentrava para chamar os garotos para o jantar pessoalmente. Apesar de Albus e Scorpius serem amigos desde o primeiro ano, ele ainda gostava de se fazer presente e mostrar ao filho do Potter quem mandava naquela casa.
–Sério que você ‘tá preocupado com isso? – Albus perguntou incrédulo, sem perceber que Draco passava a ouvir tudo de onde estava. – E o seu pai? Como e quando você pretende contar ao seu pai que está namorando Rose Weasley, a minha prima? – Albus perguntou, completamente irritado com aquela situação. E o pior de tudo é que ele sabia que não poderia ir contra Scorpius. Conhecia seu melhor amigo bem o suficiente para saber que ele não voltaria atrás.
–Que história é essa, Hyperion? – A voz de Draco se fez presente no quarto, assustando os dois garotos.
Draco Malfoy, por sua vez, continuava na porta do quarto apenas aguardando a sua resposta. Como se já não bastasse ter o Potter enfiado na sua casa todos esses anos – Não que ele detestasse Albus, ele até gostava do garoto, mas precisava manter as aparências – seu filho estava namorando uma Weasley. Realmente Merlin estava disposto a fazê-lo pagar pelos seus pecados.
E quanto a Scorpius Malfoy. Bem, ele se limitava a respirar e tentar pensar por onde começar. Tinha que ser convincente e fazê-lo acreditar que ele estava perdidamente apaixonado por Rose Weasley. Apenas esperava que seu pai não enfartasse.
“Confusão – ato I – AÇÃO!” pensou Albus enquanto maneava a cabeça. Pelo menos, depois de um ataque de Draco Malfoy, ele teria uma noção da reação de seu tio ao conhecer o suposto namorado de Rose.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!