Capítulo 2: O amor é um campo
27 de janeiro de 2008
Hermione andava de um lado para o outro na sala de Harry, que Napoleon estava usando durante sua ausência. Não fazia sentido pra ele tentar resolver todas as responsabilidades que caíram sobre seus ombros em sua pequena sala quando Harry já tinha tudo pronto.
-O que precisamos fazer é pensar – ela dizia.
-E o que raios acha que estivemos fazendo nesses dois últimos meses, morzinho? Ficamos sentados em nossos traseiros assistindo tv? – Napoleon disse, puxando e empurrando os papéis em sua mesa. A cor de seu cabelo hoje era verde floresta, e como não tinha usado um de seu extenso repertório de arranjos espetados, o cabelo apenas caía sobre sua testa como um verde estranhamente domado.
-Precisamos examinar o corpo em busca de alguma pista.
-Já foi feito. Nada, não achamos muito mais do que um cabelo ou um pouco de cinzas de cigarro. – Remo disse de sua cadeira contra a parede.
Ela continuou andando. –É claro, pensando nos princípios básicos, não podemos ter completa certeza de quem quer que tenha mandado o corpo sejam as mesmas pessoas que podem ter levado Harry.
-Como assim?
-Bem, pense sobre isso. Digamos que você seja um membro do Círculo. Você ouve falar que seu pior inimigo de repente conseguiu se perder, ele sumiu há tempo suficiente pra que as probabilidades dele voltar sejam pequenas e continuem diminuindo rapidamente. Existe alguma maneira de se aproveitar da situação para desmoralizar seus inimigos e ajudar a se certificar que Harry nunca mais seja encontrado, interrompendo as buscas por ele? – Remo concordava. –Eles não necessariamente tinham que criar a situação, eles podem apenas estar reagindo a ela.
-Bem, isso realmente nos deixa no meio do nada, não é? – Napoleon resmungou.
-Nós nem sabemos se Harry está em algum lugar – Remo completou. –Se ele sofreu algum ataque de viagem no tempo ele pode estar pulando de um período no tempo para outro e pode se juntar a nossa linha de tempo a qualquer momento.
Napoleon balançou a cabeça. –Nossa. Sinto um pesadelo chegando.
Hermione se largou na poltrona de couro batida que ficava de frente para mesa. Inclinou a cabeça para trás e fechou os olhos. –Qualquer que seja a verdade, é seguro dizer que não estamos mais perto dela do que estávamos ontem.
Um silêncio se abateu sobre a sala enquanto os três agentes pensavam sobre essa afirmação desanimadora. Napoleon respirou fundo e levantou, colocando alguns papéis embaixo do braço, fora de ordem. –Bem, adoraria ficar e bater papo, mas tenho uma sala cheia de agentes que precisam de alguma coisa pra fazer.
Hermione sorriu pra ele. –Sabe, quando Argo me disse que você ia assumir a CIOS eu fiquei muito feliz.
-Por quê?
-Porque achei que se existia alguma coisa nessa terra que poderia trazer Harry de voltar o mais rápido possível era o saber que durante o tempo que ele ficasse longe, você estaria responsável por seu pequeno reino.
15 de setembro de 2007
Hermione seguiu sua bolha até uma portinha estreita numa parede de tijolos. Olhou pra ela, hesitando. Decidindo que confiava em sua bolha, segurou a maçaneta e abriu.
A porta dava num saguão estreito que tinha uma parede em branco de um lado e uma camada de vidro intacto do outro. Havia assentos em filas que subiam, parecendo uma arquibancada para observadores... No momento estavam todas vazias. Remo estava em pé na frente da janela, os braços cruzados sobre o peito. Ele levantou os olhos para entrada. –Ah, Remo... Estava procurando Harry.
-Você o encontrou – Remo disse, inclinando a cabeça para janela. Hermione foi até o lado dele e olhou através do vidro.
O saguão ficava sobre um ginásio, quadrado e vazio, recoberto por uma substância preta que parecia macia. As paredes tinham espelhos de um lado, e o saguão ficava uns dois metros acima do chão de modo que os observadores assistiam a cena de cima.
-Unidade de treinamento – Remo disse, respondendo à pergunta não feita. –É pra aulas de luta, mágicas ou não. Os alunos sentam aqui e assistem Nix e seus assistentes. Eles geralmente sentam aqui quando não estão praticando porque o ginásio é cercado por um feitiço de segurança que protege os lutadores e é mais eficaz quando menos pessoas estão dentro dele. – ele sorriu. –Mas no momento, eles podem desejar não estarem protegidos.
Havia dois homens no meio do ginásio. Um era Harry, o outro era um estranho pra ela, mas com certeza tinha uma aparência diferente. Ele usava botas de combate, calças de malha térmica, uma blusa verde-cana sem as mangas que tinha os dizeres "Dureza para Susan B. Anthony" sobre uma seta que apontava para o meio de suas pernas, uma corrente de elos em seu pescoço e luvas pretas sem os dedos. Seu cabelo estava torcido em dezenas de pequenos espinhos sobre a cabeça, que eram pintados numa combinação que alternava turquesa e amarelo néon, capaz de cegar alguém, e havia metal suficiente em seu rosto pra construir um pequeno guindaste ou no mínimo alguns pinos para violão.
Harry estava muito menos aparelhado, usando apenas calças de jogging e tênis. Sua mãos estavam enroladas e uma faixa estava amarrada em sua cabeça para impedir que o cabelo caísse em sua testa. Ele estava de pé com as mãos na cintura e uma sobrancelha arqueada enquanto observava seu oponente que pulava de um lado para o outro sobre o peito dos pés com um grande sorriso de desprezo no rosto, dando jabs no ar, como uma criança imitando um lutador famoso. –Quem raios é aquele? – Hermione perguntou, indicando o estranho. –Algum capanga do Círculo que Harry está trabalhando?
Remo riu. –Não temos essa sorte. Não, temo que aquele, Hermione, seja o novo vice de Harry.
O queixo de Hermione caiu. –Aquele é Napoleon Jones?
-E ninguém mais.
Ela olhou impressionada. Harry nunca o tinha descrito. –Meu Deus, não ouço nada além de lamentos sobre esse cara há dias – ela começou a rir. –Pelo fantasma de Merlim, Ele parece que Sid Vicious explodiu sobre ele. – ela inclinou a cabeça; -O que estão fazendo?
-Harry está colocando ele no ritmo. Napoleon era um regulador registrado, logo não precisou passar pelo treinamento depois de se juntar a nós, mas sua capacidade precisa ser testada. Admito que não tenho muita fé em suas habilidades. Ele sempre deixa sua varinha fazer o serviço. Normalmente, Nix faria um teste como esse, mas Harry insistiu. Ele estava bem empolgado com isso.
-Ele só quer a chance de bater nele até perder os sentidos sem o ferir de verdade – Hermione disse, pois este era o propósito dos feitiços de segurança. Os lutadores não precisavam segurar os murros ou se preocupar em machucar seus oponentes, os feitiços deixavam todos os golpes inofensivos e indolores... Apesar dos instrutores, de vez em quando, ajustarem os feitiços para deixar a dor passar.
-Essa idéia me passou pela cabeça.
No ginásio, Harry abriu os braço. –Vamos fazer isso ou não?
-Estou pronto quando estiver, cara – Napoleon disse com um forte sotaque do leste de Londres. Ele não parecia estar muito tenso, apenas brincando.
Harry não lhe deu nenhum aviso, apenas avançou rapidamente. Hermione fez uma careta em antecipação, mas apesar de Napoleon parecer estar longe de pronto, reagiu rápido. Desviou do punho de Harry e enfiou o cotovelo nas costelas de seu novo chefe. Harry tropeçou, no entanto se recuperou rapidamente para bloquear um chute em seu queixo.
-Nossa mãe – Remo sussurrou. Hermione apenas ficou olhando enquanto lutavam. Ela não era nem de longe uma especialista, mas podia notar que Napoleon nunca foi ensinado como lutar, enquanto Harry foi. Ele deve ter aprendido por pura necessidade. Era como assistir Bobby Fischer jogar xadrez contra Johnny Rotten. Os socos selvagens de Napoleon, os bloqueios crus e voadoras pareciam funcionar até certo ponto, talvez pela vantagem de serem tão incomuns a ponto de serem imprevisíveis. Finalmente ele pulou no ar e acertou o pé no peito de Harry, fazendo com que voasse uns bons três metros sobre o chão acolchoado do ginásio até cair soltando um "oof!". Napoleon andou até ele, sorrindo ainda mais largo, se é que isso era possível.
-Então, chefe... Qual o veredicto?
Harry olhou feio pra ele do chão. –Certo, você passou.
Hermione abriu a porta do ginásio e entrou. Os dois homens viraram pra olhar entrada dela. Harry corou e pulou do chão. –Ah! – ele disse, parecendo surpreso de vê-la ali. –Como... O que... estava..
-Sim, estava assistindo. – sorriu pra ele. –Um esforço corajoso.
Napoleon se aproximou dela, muito afável e mostrando os dentes brancos. –E quem é esta dama encantadora? – perguntou. –E posso ter a honra de seu nome antes dela sucumbir a meu humor e charme e se pendurar em meu magro, porém musculoso braço?
Harry limpou a garganta. –Jones, esta é Hermione Granger, minha noiva. Querida, este é Napoleon Jones... Meu novo vice. – ele disse, a última frase dita com um sarcasmo de "eu mal posso acreditar". Ele estava claramente tentando enfatizar alguma coisa pra seu assistente, ele nunca a chamava de "querida", somente de brincadeira.
Indiferente, Napoleon puxou a mão dela até seus lábios num gesto galante. –Encantado. Seu cara tem me dado trabalho, mas me recuso a deixá-lo vencer em meu jogo.
-Muito bem, muito bem. – Harry o interrompeu, mandando-o para o vestiário. –Vai indo, então, você é um bom menino. Tem Posicionamentos Táticos em uma hora. Não me deixe saber que cabulou novamente.
-Respire, Harry – Napoleon falou por cima do ombro enquanto trotava pelo caminho, suas botas batendo contra os colchonetes. –Vai estourar uma veia da testa novamente.
Harry apenas balançou a cabeça, as mãos na cintura. –Pessoa interessante – Hermione comentou com neutralidade.
-Um maldito idiota, isso que ele é. Mal posso suportar vê-lo.
-Eu o achei encantador... E ele parece gostar de você o suficiente.
-Não comece, por favor. Você o acharia desagradável também se tivesse te custado três missões importantes.
-Ah, pára de choramingar. Está no passado. Deixe para trás. – ele resmungou alguma coisa, se curvando para pegar a camisa. –Só está com raiva porque ele te venceu.
-Ele não me venceu – Harry respondeu rápido. –Ele apenas... Se aproveitou de um pequeno lapso em minha guarda pra terminar a luta em seu favor.
Ela pensou por um momento. –E... Essa seria a definição de te vencer.
Ele se encaminhou para porta do corredor, colocando um braço sobre os ombros dela enquanto deixavam o ginásio. –Então ele aprendeu um pouco de luta de rua em sua vida desperdiçada, não é importante. – ele suspirou. –Mas eu preferia que você não tivesse visto.
-Por que? Preocupado em não impressionar sua mulher? – ela disse brincando.
-Aham. Não diria dessa maneira, mas em essência está correto.
-Venha a meu quarto por volta das onze esta noite e vou te dar outra chance de me impressionar.
27 de janeiro de 2008
Hermione aparatou em seu velho lugar preferido em Shepherd's Bush, dez minutos atrasada para encontrar Gina para jantar no restaurante tailandês preferido delas. Apertando o casaco contra si no cortante vento de inverno, passava pelas ruas com os olhos fixos na calçada para que não pudesse ver os clubes onde ela e Harry costumavam dançar, os bares que costumavam visitar e o prédio onde moraram durante todos aqueles anos. Cada passo que dava era familiar, cada barulho no pavimento e movimento no ar a lembrava daquele tempo simples quando tocavam a vida cada um por si e numa feliz ignorância de absolutamente tudo. Tentando formar outros relacionamentos, mas bloqueados pela impossibilidade de fugir do relacionamento um com o outro. Esquivando de pensamentos e sentimentos desconfortáveis que apareciam às vezes.
O restaurante estava logo à frente, quente e convidativo, lançando um quadrado de luz suave na rua escura. Ela entrou, um vento frio a acompanhando, e depois o calor passou por ela... Vinham aqui em freqüência suficiente para serem consideradas clientes regulares. Gina estava na mesa esperando por ela. Hermione tirou o casaco e foi até lá, Gina levantando para dar-lhe um abraço quando chegou á mesa.
-Desculpe, estou atrasada – Hermione disse, tomando seu lugar.
-Tudo bem, acabei de chegar aqui também, pronta pra me desculpar com você por estar atrasada – Gina parecia cansada, um pouco mais magra do que normalmente era. A ausência de Harry também a afetara. Ela ainda tinha uma afeição por ele, Hermione sabia, e o considerava um amigo próximo. Ficaram em silêncio por um momento.
-Como está?
-Indo. E você?
-O mesmo – Hermione mexia seu copo de água, formando círculos sobre a mesa. –Tive uma ótima conversa com Laura na outra noite, sobre Harry.
-Mesmo?
Ela fez que sim. –Não falamos sobre seu desaparecimento, apenas sobre ele. Foi muito bom, quase como se ele ainda estivesse aqui comigo.
-Ele está. Sempre está com você.
Hermione sorriu para sinceridade simples de Gina. –Eu sei. Às vezes quase posso senti-lo.
-Eu também.
-Acho que somos únicas, somos membros do clube de namoradas de Harry Potter, metade dele está representado aqui nesta mesa.
-Está mais pra dois terços. Dá realmente pra considerar Allegra uma namorada? Foi tudo um grande plano pra ajudá-la a acabar com ele!
-Verdade, mas ele não sabia disso. E depois temos Ronin.
-Você a viu recentemente?
Hermione balançou a cabeça que não. –Não, já faz uma era. Soube que ela foi embora para Venezuela ou algum lugar desse tipo pra achar sua paz interior.
-Ela precisa de um pouco de paz interior. Mas ela gostaria de saber sobre isso.
-Aquele relacionamento sempre me deixou confusa. Nunca soube o que ele via nela, ou vice versa. Ela nunca pareceu muito ligada a ele.
-Mas ela era. E acho... Bem, quanto ao que ele via nela...
-Ela o lembrava de Allegra. Sim, pensei nisso. Pelo menos ela não era má.
-Apenas estranha.
O sorriso de Hermione desapareceu e ela abaixou os olhos para encarar suas mãos, os dedos brincando com as pontas do guardanapo. –Eu... – começou, quase baixo demais pra Gina escutar. Ela se inclinou pra frente pra poder ouvir. –Estou começando a acreditar – finalmente conseguiu dizer.
-Acreditar em que?
-Que ele se foi pra sempre.
-Ah não. Não, Hermione, não pode. Precisamos que você nos mantenha com esperanças.
-Que esperança resta? Gina, não consigo fugir do fato que mesmo que ele esteja preso em algum lugar muito seguro, conseguiria me mandar uma mensagem. Com suas habilidades mentais, poderia convencer alguma pessoa lá dentro a mandar uma mensagem e ninguém saberia. Ele encontraria um jeito. O fato de eu não ter ouvido nada... Não consigo conciliar isso com minha esperança que ele esteja vivo – sua voz falhou, mas ela manteve a compostura.
-Não está sendo lógica. Ele pode estar inconsciente, ou incapacitado de qualquer outra forma. E quem disse que ele está preso em algum lugar? A teoria de viagem no tempo tem muitos argumentos a favor, ao que parece. Ele pode ter pulado no tempo.
Hermione balançou a cabeça que não, passando os dedos pela borda de seu copo de vinho. –Sei disso tudo. Mas mesmo assim... Tenho que pensar no que farei se ele estiver morto.
-O que você vai fazer? – Gina perguntou baixo.
-Bem, primeiro provavelmente vou gritar, depois vou chorar. Depois vou pra casa, me curvar numa bola na minha cama e chorar mais. Mas um dia vou ter que levantar e encarar o mundo sem ele. – ela suspirou. –Vou te dizer o que não vou fazer. Nunca vou amar mais ninguém.
-Não diga isso. Nunca é...
-Não vou – Hermione a interrompeu. –Tantas pessoas têm problemas em seus casamentos porque casaram com a primeira pessoa por quem se apaixonaram. É um grande erro. O primeiro homem que você ama não é o importante. É o último homem quem importa. Quando pode olhar pra seu companheiro com honestidade e dizer que ele é o último homem que vai amar, então está pronto para um compromisso de verdade. – ela sorriu pra amiga do outro lado da mesa, mas era mais triste do que qualquer outra coisa. –Harry é o último homem que eu amarei. A primeira vez que nos beijamos acho que nós dois sabíamos que tínhamos encontrado. A busca acabara pra gente. Não importa como terminar com ele, ninguém nunca vai vir depois. Claro, não pensei que fosse terminar até que tivéssemos vivido muito, muito tempo e depois morrêssemos no mesmo instante pra que nenhum de nós dois tivesse que lamentar. Se não for desse jeito, bem... Existem coisas das quais as pessoas simplesmente não se recuperam. Nunca superei realmente a morte de Rony, e se Harry estiver morto também então nunca mais serei a mesma. Vou encontrar uma forma de lidar com isso, mas nunca vou me recuperar.
-Todos vamos ter que lidar com isso. Não quero pensar o que isso vai fazer às pessoas se descobrirem que ele morreu. Se as forças das trevas podem matar Harry Potter, quais as chances que qualquer um tem? Vai ser como os tempos sinistros novamente.
Hermione concordou. –Sei disso tudo, mas não consigo me preocupar com o mundo e com as conseqüências maiores. Ficaria maluca. Já estou a caminho disso. –ficou em silêncio por alguns minutos então ninguém falou. –Estou com tanto medo, Gina – finalmente murmurou. –De nunca vê-lo de novo.
Gina suspirou. –Não posso me imaginar em sua situação, realmente não posso.
-Você já o amou.
Ela balançou a cabeça que não. –Não como você. Era diferente.
-Como?
-Porque Harry e eu sempre fomos apenas amigos, e nos convencemos que éramos mais. Você e Harry sempre se amaram, e se convenceram que eram apenas amigos.
30 de outubro de 2007
Hermione conversava com Shay Daley, sua amiga e parceira no treinamento, enquanto seguiam a bolha de treinamento pelo corredor para seu novo rodízio. Os trainees da DI estavam agitados com a animação.
O programa de treinamento da DI, como Hermione soube depois que se inscreveu, durava seis meses. Duas de suas matérias duravam todo o curso. Treinamento em Combate tinha aula todos os dias, no primeiro horário, de forma que os trainees podiam acordar sendo jogados nos colchões pelos instrutores e aprendendo como estuporar uns aos outros por tempo e com gravidade variáveis. Técnicas de Inteligência era uma matéria mais acadêmica que tinha aulas três vês na semana, durante uma hora. Pra completar, os trainees tinham uma série de oito rodízios de três semanas cada de estudo intenso numa determinada área temática com um professor de dentro de cada Divisão. Eles nunca sabiam qual rodízio começaria até que chegassem lá; hoje era o primeiro dia do terceiro rodízio. Tinham começado com Métodos de Vigilância, ensinado por Grace Chow, depois Disfarces e Esconderijos, ensinado por um time de bruxos assistentes, sob a supervisão do misterioso Sabian, que sempre se comunicava com eles via bolha de Babel.
Hermione estava gostando muito de seu treinamento. Prestou atenção particularmente durante o curso de Métodos de Vigilância, sabendo que posteriormente seria enviada para um estágio de seis meses VCI antes de se formar e ganhar sua patente.
A turma atual de trainees possuía doze bruxos e bruxas de todo o mundo, escolhidos pelo Baralho para serem recrutados. –Espero que seja Estratégia e Lógica – disse Lloyd Llewellyn, um alegre bruxo americano que tinha uma notável semelhança com Ichabod Crane. –Soube que Henry Ubigando é um professor realmente legal.
-Ele é bem simpático – Hermione disso. –Já o vi algumas vezes. Sempre está sorrindo.
Chegaram até a porta da nova sala de aula. Ela se abriu na frente deles, revelando uma grande câmara com cadeiras em círculo no centro. Os alunos entraram e começaram a tomar seus lugares.
-Sabe o que eu ouvi dizer? – falou Shay. –Soube que talvez tenhamos um rodízio com Harry Potter. Pra Contra-Inteligência ou algo assim. – todos os olhares se desviaram para Hermione, que congelou e encarou os olhos inquisidores. –Bem, Hermione? É verdade?
-Por que está perguntando a mim?
-Ah, por nada – Shay disse, seu sarcasmo presente em suas palavras. –Você só dorme com o cara, por que devia te perguntar?
Hermione corou e riu. –Acredite, eu seria a última a saber. É tudo um grande segredo, e ele se certificaria duplamente que não me diria pra evitar que qualquer um acuse que ele está me favorecendo. – ela sentou em uma das cadeiras, os outros alunos seguindo o exemplo com a maioria dos olhares ainda grudados nela. Apesar de todos saberem das ligações mais pessoais que ela tinha com a DI, ninguém tinha mencionado ainda. Ela tinha a impressão que sua folga tinha acabado de terminar. Suspirou e esticou as mãos. –Certo, vão em frente. Podem perguntar.
A enxurrada a empurrou um pouco para trás. Ela levantou as mãos. –Calma, um de cada vez! Sim, Lloyd, nós estudamos juntos em Hogwarts.
-Você foi Monitora-Chefe, certo?
-Sim. Harry foi o Monitor-Chefe.
-Ouvi dizer que ele é muito bom em Quadribol.
-Ele é sim. Foi apanhador para nossa casa durante os sete anos que estivemos lá, e capitão do time nos dois últimos. Ele tinha muito a oferecer jogando profissionalmente, mas preferiu não escolher quadribol como uma carreira.
-Você também joga?
-Pelo fantasma de Merlin, não. Fico feliz só de conseguir não cair da vassoura.
-Ele era tipo o bruxo mais inteligente da escola? – Hermione sorriu pra seus colegas, lembrando-se que a maioria era muito mais jovem do que ela, e que não sabia muito mais sobre Harry do que uma pessoa normal sabia sobre Elton John. Naturalmente estavam curiosos. Para ela, Harry era apenas seu melhor amigo e parceiro na vida. Estava tão acostumada a ele que nem se abalava mais. Pra eles, ele era a mais alta celebridade.
-Harry seria o primeiro a te dizer que não era. Se eu ganhasse um nuque cada vez que peguei no pé para ele fazer o dever de casa, poderia me aposentar.
-O que? E perder tudo isso? – veio uma nova voz. Todos deram um pulo e viraram. Harry estava na porta, uma caixa embaixo do braço e suas vestes tortas. –Minando minha autoridade com contos constrangedores de minha juventude? – ele disse, dando uma piscadela para Hermione. Ela corou e virou em seu assento, de repente se sentindo constrangida. Ele olhou para os outros alunos. –Bom dia – disse, indo para o outro lado da mesa, ao lado do círculo. Colocou sua caixa sobre ela e começou a tirar alguns papéis.
Os trainees conseguiram dar um tímido "Bom dia" enquanto olhavam para seu novo instrutor.
-Isso não pareceu muito entusiasmado. Bem-vindos a seu terceiro rodízio, Operações Secretas. Meu nome é Harry Potter e serei seu instrutor. Sou o Bruxo Chefe da Contra-Inteligência e Operações Secretas. – um murmúrio se espalhou pelos alunos. Harry respirou fundo. –Deixe-me dizer isso sem parecer que me acho. Quantos de vocês ouviram falar de mim antes de vir pra cá? – todas as mãos se levantaram. –Ah, e vocês com certeza notaram que há uma perpétua especulação sobre o que faço pra viver? Sim. Bem, todos acabaram de descobrir. Entretanto, como membros da comunidade da DI, são solicitados a manter isso em sigilo, em relação a mim e a todas as outras pessoas que trabalham aqui. Entendido? – eles balançaram a cabeça que sim. –Certo. Bem, então vamos continuar. Esta é a quinta vez que ensino nesse rodízio, então acho que até fiquei bom nisso.- ele virou e começou a escrever no quadro.
-Hã... Senhor? – chamou Gregor Radetich, outro trainee.
Harry virou fazendo uma careta. –Por favor, eu te imploro, não me chame de "senhor". Faz você se sentir com uns mil anos. Me chame de Harry. Se não ficar muito confortável com isso, pode me chamar de Chefe Potter. Se for realmente muito ligado ao protocolo, acho que pode me chamar de Major Potter, mas talvez não te responda, porque não estou acostumado a ser chamado assim. Tinha uma pergunta, Gregor?
Ele piscou. –Sabe meu nome?
-Bem, que tipo de espião eu seria se não pudesse descobrir uma informação tão simples? Qual sua pergunta?
-Sim, odeio mencionar isso, mas tenho algumas preocupações sobre a possibilidade de justiça nas notas deste curso. – os outros alunos olharam mortificados para ele, surpresos com sua coragem. Hermione fechou os olhos, xingando baixo. Gregor era uma dessas pessoas bem regradas pelo procedimento e que se certificava que tudo estava "no lugar" como dizia.
Harry cruzou os braços sobre o peito, sem parecer nem um pouco perturbado. –Isso não teria nada a ver com o fato de eu estar noivo de uma aluna, não é? – Gregor gaguejou por um momento, sem saber como responder. –Agora, não entre em pânico. É uma pergunta válida. Se houver algum conflito de interesses prefiro resolver logo. – ele sentou atrás da mesa. –Se ele expôs uma preocupação com minha imparcialidade então a maioria de vocês deve ter isso em mente. Primeiro, acredito que posso ser imparcial. Segundo, e posso pedir a qualquer um que a conheça a confirmação disso, a Drª. Granger é de longe a pessoa mais inteligente que conheço então não precisa de qualquer favoritismo meu para alcançar sucesso aqui. Terceiro, tenho um assistente de ensino. Seu nome é Galino Mayzel, ele é um de meus agentes. Vai estar ajudando com os trabalhos e exercícios de curso e já pedi que ele avalie os trabalhos da Drª Granger. Isso te satisfaz, Gregor? – Gregor balançou a cabeça que sim. –Bom. Agora vamos... – ele parou, olhando em volta para eles. Todos estavam concentrados em um ponto sobre suas sobrancelhas. Ele suspirou. –Certo, vamos terminar com isso. – Ele empurrou o cabelo para trás. –Viram? Aqui está. Grande cicatriz. Dêem uma boa olhada. Vamos lá! – os alunos viraram o pescoço, menos Hermione que colocou a mão na boca para segurar o riso. Ele claramente já tinha passado por isso várias vezes. –Certo? – deixou que o cabelo voltasse pro lugar. –Agora. Vamos começar.
-Código Zanzibar vermelho.
-O inimigo tomou posse de um amuleto protegido, nível quatro.
-Que é...
-Altamente perigoso, fatal se for mal usado.
-Reação, plano A.
-Espalhar os times de resposta até o ponto de aparecimento, feitiços de contenção num perímetro pré-determinado e ativação de feitiços para identificação de artefatos.
-Plano B.
-Ativação e infiltração de times disfarçados para recuperar item, desenvolvimento de feitiços anti-amuleto e contra-medidas.
Hermione ofegava entre as respostas enquanto corriam pela longa trilha que passava pelo bosque em volta de Bailicroft. Ele era incansável... Mas isso não tirava sua mente da dor que sentia no flanco. Ainda não tinha atingido o nível dele. Ele geralmente corria oito quilômetros por dia, ela chegou a cinco depois de dois meses. Esta manhã estava fria e úmida, os dois estavam bem agasalhados.
-Certo, bom. Protocolo de entrada em situações hostis.
-Hã... Times de dois bruxos. Conjurar as varinhas dos inimigos e outras armas. Entrar um de cada vez, checar cantos, embaixo e em cima.
-Procedimento para contato sob disfarce, comece.
Ela parou um instante, correndo no mesmo lugar, como se pensasse em sua resposta. Ele fez o mesmo, esperando por ela. Ela virou rápido, segurou os braços dele e passou a perna por trás de seus joelhos. Os dois caíram no chão, os joelhos dela em cada do peito dele. –Há! – ela disse.
-Nossa, não posso te dar as costas nem por um segundo.
-Isso vai te ensinar.
-Já praticou imobilização?
-Não, só um pouco de... auuu! – no meio da frase, Harry rapidamente levantou o joelho entre os dois e a empurrou, depois deu um pulo ficando de pé. Hermione cambaleou pra levantar.
-Nunca deixe um adversário te distrair com conversa – ele disse. –É o truque mais velho que existe.
Ela sorriu, ficando tensa. –Quer tentar de novo?
-Ah, quer um pedaço de mim, é isso?
-Uma chance pra adivinhar que pedaço eu quero.
-Bem, venha então. Nix me disse que está indo muito bem. Então prove.
Um pequeno brilho apareceu nos olhos dela. Ela sabia que suas seis semanas de treinamento nunca a habilitariam realmente a ganhar dele, mas a competidora dentro dela se entusiasmou com a oportunidade de tentar. Ela respirou fundo e avançou, lançando o punho contra ele. Parecia muito pequeno. Ele desviou facilmente.
-Bom – ele disse. –Agora o outro... isso, bom. Calma, cuidado com a pena. Golpeie, de novo... Fique de olho no meu lado direito, costumo deixá-lo aberto. Bom. Au! – ele exclamou quando ela acertou um chute meio desastrado em seu rim. Ele recuou com a mão sobre o local.
-Ah, Harry... Você está bem? – ela disse, se inclinando sobre ele.
-Sim... Mas é melhor a gente guardar esses treinamentos pro ginásio. Não temos feitiços de seguranças por aqui. – ele olhou pra ela. –Por que esse sorriso?
Ela tentou parar de sorrir mas não conseguiu. –Bem... eu te peguei de verdade – ela disse.
-Sim, me pegou. Nix não estava mentindo pra mim.
-Mas nunca vou ser boa nisso.
-Não vai precisar ser, na sua divisão. Cada agente precisa saber as noções básicas – ele se esticou. –Venha, vamos continuar. – ele saiu correndo novamente, Hermione se apressando pra alcançá-lo.
27 de janeiro de 2008
Laura entrou na sala de estudos com uma revista, exausta por um mais um dia daqueles na zona diplomática de seu escritório. A sala de estudos era seu cômodo preferido da casa. Enorme e cavernosa e recheada de livros e tapeçarias, as seis mesas na periferia do cômodo para que não parecesse entulhada. As paredes ondulavam por causa das quinas e cantos para abrigar as mesas, de modo que cada um sentisse que tinha seu próprio espaço de trabalho. A lareira era grande o suficiente pra assar um carneiro adulto e tinha uma tampa de mármore com entalhes elaborados. Hoje, como na maioria dos dias de inverno, estava cheia com um fogo brilhante que radiava calor no cômodo.
Hermione estava sentada à sua mesa, a cabeça apoiada na mão enquanto olhava o vazio, de costas para porta. Laura veio pra trás dela sem ser notada e viu que olhava uma foto de Harry que estava sobre a mesa, em uma moldura dourada. Era estranha para os padrões bruxos, pois não se mexia... Nela, Harry estava dormindo. Justino passara por uma fase de tirar fotografia de tudo no verão anterior e tinha conseguido muitas fotos horríveis, mas essa não podia ser classificada assim. Harry tinha cochilado na cadeira reclinável na varanda dos fundos e Justino tirara foto. Nela, estava deitado na cadeira com os braços cruzados sobre o peito e o queixo caia sobre o ombro. Justino tinha capturado apenas seu rosto e a parte de cima do peito, vestido com uma camisa branca. Laura reservadamente, sempre achou Harry bonito, mas nessa foto em particular, sem os óculos e com o rosto numa tranqüilidade pacífica, ele estava simplesmente lindo.
-Oi – ela disse suave.
Hermione se assustou um pouco e levantou os olhos. –Oi – ela mexeu nos pergaminhos sobre sua mesa numa tentativa inútil de parecer estar trabalhando.
-Como foi o jantar com Gina?
-Bom. Você sabia que ela está saindo com Draco?
Laura arregalou os olhos. –Mentira!
-Não, sério. Eles meio que se entenderam umas semanas atrás. Espero que não seja só um consolo pra ele.
-Bem, ele e Quinn terminaram quando? Outubro? Já tem uns meses.
-Acho que sim – ela suspirou e pegou a foto novamente, segurando-a em sua frente e olhando pra ela.
-Você está bem?
-Por que todo mundo fica me perguntando isso? – Hermione disse, passando o dedo sobre a imagem sobre o vidro. –Já sabem a resposta, e se eu disser que estou bem então sabem que estou mentindo. Pra que perguntar?
-Não estou só perguntando, sabe. Sério. Você está bem?
Hermione sorriu pra ela. –Estou bem. E estou dizendo a verdade. Fiquei muito boa em afastar a tristeza pra poder funcionar. – ela colocou a foto sobre a mesa e olhou para a amiga. –Como você consegue? Já deve estar acostumada com Sorry longe por grandes períodos.
Laura sentou numa cadeira próxima. –Nunca me acostumo. Uma vez fiz as contas e descobri que em nossa relação de dez anos, estivemos no mesmo lugar ao mesmo tempo somente por quinze meses.
-Uau.
-Acho que estou acostumada a tê-lo por algumas semanas e depois ficar sozinha durante meses.
-Você não fica... sabe. Frustrada?
Laura sorriu. –Se está perguntando o que acho que está perguntando, então claro que sim. Mas existem outras formas de cuidar disso.
-Já se sentiu tentada a... hã...
-Trair? Claro. Mas nunca o faço. Ei, tentação para trair não é exclusivo para nós que temos namorados ausentes. Mesmo quando estão perto existe a tentação. E acha que eles também não passam por isso? Há! Não importa o quanto ame seu parceiro, sempre haverá horas que vai conhecer um cara bem quente e se concentrar em como ele ficaria de sunga.
Hermione riu. –Estou distraída demais pra pensar sobre homens de sunga.
Laura ficou séria. –Não estou sugerindo que nossa situação é parecida, querida. Eu sei onde Sorry está, posso falar ou mandar uma coruja pra ele a qualquer hora que queira.
-E sabe que ele vai voltar – Hermione completou com um sussurro.
Laura limpou a garganta. –Alguma noticia sobre o corpo? O falso?
-Nenhuma evidência ou pista sobre sua origem. Mas com certeza não é Harry, os dragonhounds e o Oráculo confirmaram. Fico surpresa que tenham pensando que poderiam nos enganar, me enganar. Quer dizer, eu conheço cada centímetro dele.
-Bem, os bandidos não são conhecidos pelo seu grande intelecto.
-Pelo menos eu sei que não foi Allegra. Ela nunca fez um gesto idiota. Deve ter sido algum de seus capangas, entediado em uma noite de sábado que decidiu nos atormentar.
-É, nada passando na tv. – ficaram em silêncio.
-Posso te dizer uma coisa?
-Claro.
-É besteira.
-Tenho certeza que não é;
Hermione respirou fundo. –Certo. Já te disse que a gente brigou naquela manha? Então... Quando ele não voltou pra casa, passou pela minha cabeça que ele tinha me deixado.
Laura parecia paralisada por essa revelação. –Não me diga que você realmente acreditou que ele te deixaria por uma coisa trivial como uma briguinha?
-Não, claro que não. Mas a mente faz coisas engraçadas nessa situação. Você não consegue controlar os pensamentos que aparecem sem ser convidado. Harry não é sempre previsível, e às vezes é muito emocional, então eu...
-Não é besteira. Ilógico, mas compreensível. Você provavelmente estava procurando bases para explicar as coisas.
-Sim! É exatamente isso! Se ele tivesse me deixado, seria horrível, mas pelo menos estaria em algum lugar.
-Ele está em algum lugar. Tem que estar. Ninguém pode estar desaparecido de verdade, é contra as leis da física.
Hermione riu. –Bem, ele está desaparecido daqui, e isso é tudo que importa.
25 de Dezembro de 2007
Laura acordou antes do sol nascer, colocou um moletom e saiu apressada para acordar Jorge. –Queee foi? – ele disse, virando.
-Jorge! Acorde! É natal!
Ele sentou, esfregando os olhos. –Ela já acordou?
-Não Venha, temos trabalho a fazer. Todo mundo vai chegar aqui às oito. Mantive ela acordada até depois de meia noite e me certifiquei que tomasse muito vinho, ela deve dormir até mais tarde então. – Jorge jogou as pernas pra fora da cama. –Vou acordar Justino e Cho, você desce e começa a acender o fogo. – ela passou pelos corredores o mais silenciosamente possível pra acordar o resto da casa.
Laura estava planejando essa manhã de natal a semanas, pra Hermione. Estar sozinha no que deveria ser seu primeiro natal com Harry era terrível pra ela, mas Laura estava determinada a deixar seu dia o mais cheio de amor e amigos e família possível. Hermione achava que eles iam pra casa dos Weasleys como de costume e encontraria seus pais lá, mas quando chegasse no andar de baixo encontraria a casa cheia de gente. Eram esperados Sirius, Cordelia e as crianças, os pais, um tio e uma tia de Hermione, Molly, Arthur, Gui e Carlinhos e suas famílias, Fred, Draco, Quinn, Remo, Sorry, Neville e Amélia e Percy. Seria uma celebração cheia, mas se Laura pudesse ter trazido mais gente pra lotar Bailicroft, ela teria trazido. Estavam levantando cedo pra que Jorge pudesse começar o banquete, que eles iriam servir na sala de jantar pra acomodar todo mundo, e para que os outros pudessem arrumar a enorme árvore que encontraram, decorar tanto a árvore quanto o resto da casa e colocar os presentes.
Laura foi de ponta de pé até a porta do Cloister e encostou o ouvido nela, conseguindo ouvir a respiração rítmica de Hermione. Colocou um feitiço silenciador para que Hermione não pudesse ouvir Justino carregando as coisas de um lado para o outro, fazendo tanto barulho quanto possível.
O sol começou a aparecer no horizonte enquanto Laura e Cho ajeitavam a árvore. Justino estava balançando sua varinha por toda casa, fazendo trilhas de pequenas árvores, laços e fitas, sininhos e luzes por onde passava. Passava de lareira em lareira, abrindo bem os braços e gritando –Incendium! – se inclinando exageradamente, ignorando os "shhs" de Laura. Os presentes foram retirados de seus esconderijos e empilhados... Todos os convidados mandaram seus presentes antes para que pudessem abri-los ao mesmo tempo.
Às sete horas as pessoas começaram a chegar. Primeiro Gina, trazendo uma grande torta e com as bochechas vermelhas do frio. Draco e Remo vieram logo atrás dela. Sirius e Cordélia chegaram carregando crianças sonolentas embrulhadas em mantas. Os pais de Hermione chegaram com a irmã de Claire, Júlia e seu marido, parecendo um pouco nervosos por estarem cercados por bruxos e bruxas.
Às oito horas todos tinham chegado e estavam na sala de estar da frente, que apesar de ser enorme estava quase lotada. Jorge serviu chocolates quentes e rabanada enquanto Justino tocava piano, sem se preocupar com o barulho enquanto o feitiço silenciador de Laura persistisse.
Finalmente Laura levantou. –Vou acordar Hermione, pessoal. Quietos agora. É pra ser uma surpresa. Justino, você fica olhando. Quando a gente estiver descendo, aquiete todo mundo.
Ela subiu as escadas, rapidamente tirando o feitiço silenciador e batendo na porta do Cloister. –Entre – respondeu uma voz.
Laura empurrou a porta e encontrou Hermione sentada no peitoral da janela, já pronta, olhando para as mãos... Ou mais precisamente pra seu anel de noivado. –Feliz natal, querida – ela disse, avançando pra sentar a seu lado.
Hermione suspirou. -Vou ficar aqui o dia todo e fingir que é amanhã, se você não se incomodar com isso.
-Mas me incomoda. Venha, Jorge fez bolinhos de canela. Vamos tomar um chá e abrir nossos presentes e nos preparar pra festa. – ela pegou a mão de Hermione e a puxou de pé.
-Não posso, Laura. Não consigo encarar.
-Você pode, Hermione, você vai viver mais esse dia. É natal, e eu sei que é horrível, mas nós te amamos e nós te queremos como parte de nossa festa. Pense como Molly vai ficar decepcionada se você não aparecer e sua mãe e seu pai. Certo? – Hermione conseguiu dar um pequeno sorriso. –Certo. Agora vamos.
Ela guiou Hermione pro andar de baixo, satisfeita em ouvir um silêncio absoluto de lá, e a virou pra sala de estar enorme e formal que quase nunca usavam. Hermione não pareceu notar até que a hora que chegaram na porta. Levantou os olhos, que se arregalaram ao ver tanta gente.
Ao sinal de Laura, todos gritaram –Feliz Natal! – e se apressaram pra abraçá-la. Sua mãe chegou até ela primeiro. O queixo de Hermione caiu enquanto a abraçava de volta, piscando em surpresa. Ela recuou e olhou para o rosto de todos.
-Pelo fantasma de César – disse. –O que todos estão fazendo aqui?
-A festa de natal desse ano vai ser em Bailicroft, querida – respondeu Molly Weasley. –Fazia sentido.
Hermione sorriu e para o alívio de Laura parecia genuíno. –Ah, isso é maravilhoso. – virou para Laura, lágrimas enchendo seus olhos. –Você fez isso, não foi?
Laura corou. –Parecia uma boa idéia. Pra você.
Hermione esticou os braços e a puxou num abraço apertado. –Obrigada – sussurrou em seu ouvido. Recuou e deu um beijo na bochecha de Laura, depois entrou no meio da animada reunião de amigos e familiares, que agora estavam livres do dever do silêncio e conversavam animados e abraçavam quem vissem. Laura a observava, sentindo um grande peso sendo retirado de seu peito. Sorry chegou até ela e colocou o braço sobre seu ombro.
-Você fez uma boa coisa, Chant.
-É – Laura disse, olhando pra ele com um sorriso feliz. –Mas não vai fazer qualquer diferença – completou, sem perder o sorriso.
Sorry franziu a testa pra ela. –O que quer dizer?
-Não importa quantas pessoas eu traga aqui, ela ainda se sentirá sozinha.
Os presentes foram trocados num exuberante furacão de papéis de embrulho e laços voando. Todos se acomodaram numa cadeira ou no chão e depois Cho bancou a ajudante de papai Noel, passando os presentes até que todos tivessem uma pequena pilha no colo ou no chão. Depois de contar até três todos atacaram, dando seus agradecimentos e segurando suas novas posses para que fossem admiradas. Charlotte corria de um lado para o outro pegando fitas para colocar no cabelo, o que aparentemente era mais interessante que seus presentes.
Hermione, instalada numa posição central numa cadeira de encosto de veludo alto, abria presentes e mais presentes. Uma capa nova de Sirius e Cordelia, e um cd new age de Cho. Uma pasta nova de Laura e Sorry, um estiloso chapéu de Justino. Todos seus presentes eram adoráveis, mas ela podia perceber que todos foram escolhidos cuidadosamente para não lembrá-la de Harry. Nenhum livro de receitas brincando com seu futuro status de esposa, nada relacionado a swing, nenhum livro de planejamento de casamentos ou sentimental. Os presentes que ela dera a seus amigos pareceram bem recebidos. Sua mãe chorou por um retrato desenhado que ela tinha feito dela e Harry, Remo ficou surpreso com um antigo livro de Defesa Contra Artes das Trevas que ela tinha encontrado numa loja em Liverpool e Charlotte sentou imediatamente no chão pra olhar a cesta de livros que tinha recebido da tia Mina e do tio Harry.
Todos presentes que dera foram assinados como o de Charlotte, no nome de Harry e Hermione. Ninguém comentou isso, e todos agradeceram apenas a ela. Todos na sala entendiam que ela não podia simplesmente omitir o nome dele da linha do "De" e depois começar a namorar outros homens e jogar seu anel de noivado no rio. Era uma afirmação que ele estava com eles em espírito e que retornaria.
Finalmente todos presentes foram abertos e todos conversavam baixo e trocavam agradecimentos quando Sirius levantou e fez sinal pedindo silêncio. –Tenho mais um presente a dar – ele disse. –Me perguntei muito se deveria dá-lo ou não, mas acho que devo. – enfiou a mão no bolso da capa pendurada na cadeira e puxou uma caixa de veludo azul escuro de uns vinte centímetros quadrados. Devagar, ele cruzou o chão coberto de caixas e de papéis até parar em frente à cadeira de Hermione. –Harry comprou isso no outono passado e me pediu que guardasse pra ele. Estava com medo que você encontrasse. É seu presente de natal, querida. De Harry. – ele a entregou a caixa. Você poderia ouvir se um alfinete caísse na sala. Até as crianças pareciam sentir que o silêncio era necessário.
Hermione ficou apenas olhando para caixa por um momento, se preparando. Fechou os olhos com força e abriu a tampa. Ela ouviu Laura fazer um barulho de surpresa da cadeira a seu lado. Respirou fundo e abriu os olhos.
Abrigado no compartimento estava um delicado colar de prata, com brincos combinando. O colar era de elos pequenos e finos com pequenas esmeraldas e diamantes. Os brincos eram curtos pendentes de prata com esmeraldas nas pontas. –Oh – ela suspirou. –É lindo. – Ela tocou, lágrimas escorrendo por suas bochechas. Fechou a tampa com força e apertou contra seu peito, fechando os olhos bem apertados. Entregou a caixa às cegas para Laura e levantou para abraçar Sirius. –Obrigada – ela disse. Ele a abraçou com força. Ela recuou e olhou em volta para os rostos penosos das pessoas que amava. –Só queria poder trocá-los pela presença dele aqui – ela disse baixo. Sentou novamente, o silêncio constrangido caindo pesadamente sobre ela.
Charlotte levantou, sem se importar com o desconforto de todos. Passou pelos papéis de embrulho e parou na frente de Hermione, colocando suas pequenas mãos nas de sua tia Mina. –Tia Mina? Está com saudade do tio Harry?
Todos os olhos da sala pularam do pequeno rosto redondo de Charlotte para o de Hermione. Ela abaixou os olhos para o curioso rosto inocente de sua sobrinha honorária, tentando sorrir, mas falhando –Sim, docinho. Sinto muita falta dele.
-O papai disse que ele viajou – os olhos de Hermione buscaram o rosto de Sirius. Ao ouvir as palavras de Charlotte, sua expressão mudou e ele olhou para o outro lado, colocando as mãos nos olhos.
-Isso mesmo, doce.
-Não chore, tia Mina. Ele volta logo. Ele sempre me trás um presente. – ela deu tapinhas na mão de Hermione, como um adulto confortando um amigo. –E se falarmos muito dele, vai parecer que ele está aqui!
Hermione sorriu. –Isso parece uma ótima idéia, Charlie. – deu um abraço apertado na garotinha, sorrateiramente secando as lágrimas de suas bochechar. Olhou em volta para as pessoas reunidas. –Bem? Isso é natal ou não é? Justino, vamos ouvir algumas canções natalinas e Jorge? Onde está a gemada? Posso sentir o cheiro!
Hermione estava olhando pela janela da frente, observando as crianças brincando na neve lá fora no grande jardim. Fred e Jorge tinham dividido dois exércitos com bolas de neve e fortes e apesar de não haver crianças suficientes para fazer uma grande guerra de neve, Quinn, Gina, Cho e Justino estavam mais que dispostos a compensar a diferença.
Ela passou os dedos pelo colar novo, que ela colocara junto com seu vestido verde para o jantar. Foi uma reunião feliz, com todos sentados ao redor da grande e elegante mesa de jantar. Ela sentara em uma cabeceira e a outra permaneceu vazia por algum acordo taciturno entre os presentes. O jantar de Jorge estava maravilhoso e todos saíram da mesa se sentindo completamente cheios. Mais tarde naquela noite todos tomariam cidra enquanto assistiam "A Christmas Carol" (a versão de George C. Scott, é claro) na tv grande da sala, e depois que as crianças foram colocadas na cama, os adultos planejavam aparatar para Londres e participar de uma grande festa bruxa de natal que era dada anualmente em Kew Gardens.
Ela sentiu a presença de sua mãe antes de ouvir sua voz. –Que dia maravilhoso – Claire disse, pegando a mão de sua filha.
-Sim – Hermione sussurrou. –Quase perfeito.
-Sua amiga Laura deve te amar de verdade pra ter preparado isso tudo.
-Eu sei. Todos deviam ter uma amiga como Laura.
-Seus amigos com certeza são animados. E eu achava que os Weasley eram engraçados. – Claire parecia se preparar pra dizer algo difícil. –Querida, estou tão preocupada com você. – Desde o desaparecimento de Harry, Hermione não tivera muito tempo pra passar com a mãe, apesar dela pedir freqüentemente pra que sentassem e conversassem.
-Estou bem, mãe.
-Não me diga isso. Seu marido sumiu. Eu sei que você não está bem – Hermione olhou pra ela, confusa. –E não me olhe assim também. Ele é seu marido, em todos os sentidos que importam exceto por um pequeno detalhe técnico.
-Acho que ele é.
-Querida, um casamento não é feito por uma declaração na frente de uma autoridade e de sua benção oficial. É um acordo intensamente pessoal entre duas pessoas e um modo de vida que elas dividem. Você já começou seu casamento com Harry mesmo que ainda não tenha dito "aceito".
Hermione fungou. –Bem, espero que eu tenha a oportunidade de dizer "aceito" de verdade, se meu nomeado pseudomarido algum dia voltar do buraco negro que ele entrou. – ela se surpreendeu com a própria leviandade. –Acha que ele está em uma praia, com um monte de loiras passando bronzeador nele? Sabe, essa deve ser a única possibilidade que não consideramos.
Claire sorriu. –Bem, se ele está, tenho certeza que ele está pensando em você o tempo todo.
-Eu mencionei um monte de loiras, certo?
-Parece tão provável quanto qualquer coisa. Despache todos os agentes para Maui, imediatamente! – Claire disse, rindo. –Ah, nossa, por que estamos brincando com isso?
-Porque eu vou ficar louca se não fizer pausas periódicas de minha angústia e desespero.
-Querida, eu...
-Não, mãe, por favor, não fale. Não consigo agüentar mais pena por enquanto. É natal e Harry não está aqui. – suspirou, cruzando os braços sobre a barriga. –Sabe, num lugar secreto de minha mente eu realmente achava que desceria hoje de manhã e o encontraria sentado com um laço em volta dele e ele diria "desculpe, tive que sumir por um tempo, mas estou aqui de novo e feliz natal" não tinha percebido o quanto eu tinha certeza até que não aconteceu. Mas vou te dizer uma coisa... Esse dia marca uma mudança. Até agora, a gente podia ter alguma esperança que ele foi a algum lugar e por algum motivo não podia dizer a ninguém... Mas depois de hoje, não é mais possível. Não importa o que ele estava fazendo, ele encontraria um meio de vir pra casa no dia de natal. O único motivo dele não estar aqui é porque alguém está impedindo, e quando eu descobrir quem é, vai se arrepender muito.
29 de Janeiro de 2008
Hermione piscou por causa do suor que escorria sobre os olhos, mas não parou. Deixava que o saco de pancadas recebesse tudo que ela podia dar. Napoleon estava atrás dele, segurando firme pra ela pudesse chutar e esmurrar e, de modo geral, descarregar. Ela resmungou enquanto afastava a perna do quadril e enfiava o pé no saco de pancada. Napoleon recuou um passo, mostrando o rosto um pouco atrás do saco.
-Você está com uma raiva e tanta hoje, amiga.
-Sabe... Se alguém me dissesse... Anos atrás... – ela dizia entre os murros. –Que eu... estaria aprendendo... a bater assim... eu diria que estava louco. – ela firmou o saco de pancadas e tirou o suor da testa. –Eu era tão apegada aos livros.
-E não continua apegada aos livros? Morzinho, só está fazendo isso porque é exigido. Se pudesse escolher iria pular toda essa parte física, não ia?
Hermione recuou e atacou o saco mais uma vez. –Não sei... Sobre isso... é meio que divertido... E realmente... Relaxante! – ela gritou, tentando um chute giratório que recém aprendera. –Ai, droga! – ela disse, esfregando a parte de fora da coxa.
-Não tente esse chute em algo que não o mereça, amor. Vai distender alguma coisa. O que tem hoje?
-Estou com raiva.
-Bom. Já era hora de parar de lamentar e começar a ficar com raiva. – ele voltou pra trás do saco novamente. –Está com raiva de que? – perguntou, sinalizando pra que ela continuasse. –Conte ao Dr. Napoleon tudo sobre isso.
Ignorando a dor na perna, Hermione esticou os dedos e voltou a atacar o saco. –Estou com raiva desse emprego. Estou com raiva das pessoas ruins por deixar minha vida tão confusa. Estou com raiva dos pais deles por ter passado essa aberração genética idiota e por transformá-lo num alvo móvel. E principalmente, estou com raiva DELE –gritou – por me deixar! –recuou, com as mãos na cintura, ofegando.
-Tudo bem – Napoleon disse. –Você continue e permaneça com raiva, já foi corajosa tempo suficiente.
Ela avançou alguns passos. –Me beije, Napoleon.
Ele arregalou os olhos. –Hã?
Ela agarrou a frente da camisa dele e o puxou em sua direção. –Você me ouviu! Me beije!
-Sabe, isso é assédio sexuammmhhh – ele começou, mas foi interrompido quando ela apertou seus lábios contra os dele. Ele resistiu por um segundo e depois se entregou. Quando estava começando a aproveitar, ela o empurrou. –Hermione, que inferno?
Ela se afastou alguns passos. –Viu isso? – gritou para o teto. –Eu o beijei! O assistente que você odeia com paixão e eu o beijei! E foi muito bom! É melhor você voltar e me parar antes que eu faça de novo!
-Ei, agora – Napoleon disse, vindo pra trás dela e colocando uma mão sobre seu ombro. Ela deu um tapa, retirando-a.
-Maldito seja, Harry! – ela gritou para o ar, as mãos em punho do lado, tremendo o corpo todo. –De que acha que sou feita? Aço? Não posso agüentar muito mais disso! – ela deu um passo, cambaleou e sentou pesadamente no chão acolchoado do ginásio. Não fez nenhuma tentativa pra se levantar, ficou apenas sentada com a cabeça caída sobre o peito.
Napoleon sentou ao lado dela. Por um momento não disse nada, apenas ouviu a respiração descompassada dela. –Não deixe que isso te destrua, amor. Deixe que te faça mais forte – ele disse baixo.
-Não quer ser tão forte assim – levantou os olhos pra ele. –Desculpe por... Você sabe.
-Ah, não pense muito nisso. Amo ganhar beijos de graça de mulheres a beira de um ataque de nervos que estão me usando pra tentar irritar seus noivos.
Ela sorriu. –Não estou a beira de um ataque de nervos.
-Morzinho, você está gritando para o teto e tentando despertar o ciúme de um homem que nem está aqui. Bipando Dr. Freud, por favor.
-Só estou... Aliviando algumas coisas. Por mais estranho que pareça, você é o único com quem consigo fazer isso e não ficar constrangida.
-É difícil se sentir constrangida na frente de um homem que sai em público como eu – ele disse, colocando um braço em volta dela. –Venha, vamos chorar um pouco, certo?
-Não preciso chorar, preciso transar – ela soltou, muito cansada pra formular um eufemismo.
-Sou uma má influencia pra você, morzinho. Sabia que fala como um marinheiro quando está comigo?
-Às vezes você tem que ser direto – ela disse.
-Ah, e hei, me diga se eu puder ajudar com essa coisa de transar.
-Vai ficar querendo. – ela levantou e ofereceu a mão pra ele. –O dia que eu for pra cama com você é o dia que desisto completamente de Harry.
-Então, está dizendo que se você realmente desistir de Harry eu vou ser o primeiro da fila?
-Hã, não, você estaria nas últimas posições.
-Ah, droga.
-Napoleon Jones, acho que você se sente um pouco atraído por mim.
-Não, eu me sinto muito atraído por você.
-Não é assim que deve fazer quando eu tenho um noivo, que é do tipo ciumento e que poderia te matar com um pensamento.
-Ah, mas você me entendeu mal. Quando eu disse "muito" quis dizer "nem um pouco". – ele suspirou enquanto pegava os moletons deles e iam para porta. –Mas não importa, seu coração pertence a Potter.
-Absolutamente verdade.
-Então o resto é de quem pegar? Ai! – ele gritou quando ela deu um tapa em sua nuca. Eles deixaram o ginásio e voltaram para suas vidas. Hermione não viu a expressão triste no rosto de Napoleon enquanto ele a olhava passando pelo corredor, triste porque ele lamentava pela dor dela e porque sabia que ela estava irremediavelmente amarrada ao seu chefe sumido, um homem que ele nunca sonharia em substituir.
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