Capítulo 1: Olhos sem face
25 de janeiro, 2008, cinco meses depois...
Hermione estava sentada ao lado de Minerva no sofá de couro na sala da diretora, em Hogwarts, olhando pra seus dedos enlaçados. Sirius se apossara da mesa de Minerva por enquanto, uma vez que a reunião era dirigida por ele. Mais umas doze pessoas estavam sentadas em silêncio na sala, esperando que começasse.
-Senhoras e senhores, vamos iniciar – ele disse, se inclinando pra frente sobre a mesa. –Temos alguns rostos novos aqui hoje, então vamos nos apresentar. Sou o Vice-Chanceler Sirius Black – ele virou a cabeça em direção a Remo.
-Remo Lupin, Divisão de Inteligência, Chefe da Infiltração e Reconhecimento.
O homem sentado ao lado dele era estranho para Hermione. Ele era muito magro, com a pele mais escura e suave que Hermione já vira. Ele levantou e se apresentou. –Julius Mosambani – disse. Sou um Executor das Leis mágicas, estou com o Esquadrão de Busca.
-Julius tem posto no 9º distrito de Joanesburgo. Pedi que se juntasse a nós. – Remo disse. –Sua reputação como localizador é formidável. Achei que pudesse nos ajudar.
As apresentações continuaram ao redor da sala. –Argo Pfaffenroth, Diretora Executiva da Divisão de Inteligência.
-Artur Weasley, Ministro da Magia.
-Napoleon Jones, DI. Chefe interino da Contra-Inteligência e Operações Secretas.
-Professora de Hogwarts. Quinlan Cashdollar, Defesa Contra Artes das Trevas.
-Detetive Neville Longbottom, 15º Distrito do Esquadrão de Executores.
Professora de Shreve Landing. Godwyn Vanderbilt, Defesa Contra Artes das Trevas – disse a mulher seguinte, outra estranha. –Quinn pediu que viesse aqui hoje. Espero que possa ajudar. Os outros balançaram a cabeça, concordando.
-Professor de Hogwarts e Vice Diretor Severo Snape, Poções.
-Draco Malfoy, Ajudante Especial da Inteligência do Gabinete do Chanceler.
-Gui Weasley, Gabinete Anti-Maldições.
-Josie Maza, Auror.
-Justino Finch-Fletchley, Gabinete de Assuntos Trouxas.
-Sabian, bruxo da Inteligência. – a voz de Sabian veio de sua bolha de babel que flutuava no ar, próxima à cabeça de Justino. Hermione não estava surpresa. Já tinha falado com ele várias vezes, mas nunca tinha posto os olhos no misterioso Sabian.
-Diretora de Hogwarts Minerva McGonagall.
Todos os olhos agora estavam sobre Hermione. –Hermione Granger, Vigilância e Captação de Informações – ela viu os olhares curiosos dos dois estranhos. –E noiva de Harry.
Sirius limpou a garganta. –Certo, então. Obrigado por vim, Julius e Godwyn.
-Estamos nos reunindo a cada duas semanas durante os dois últimos meses para atualizar uns aos outros sobre os progressos que fizemos. Até agora tivemos muito pouco sucesso. – ele hesitou, a garganta trabalhando por um momento. Continuou, olhando para as mãos. –Todo dia, acordo com a esperança que será o dia em que teremos novas informações, ou acharemos alguma pista que deixamos pra trás. Sei que todos temos esta esperança. Mas temos que encarar a realidade. Harry desapareceu faz dois meses hoje. E não estamos nem um pouco mais perto de descobrir o que aconteceu com ele do que no dia que ele desapareceu.
Hermione ouviu passos se aproximando por trás dela, o leve paf paf dos sapatos na grama do campo de quadribol. Ela permaneceu sentada no chão como se não tivesse ouvido, os joelhos contra o peito e os braços ao redor deles, olhando pro vazio das arquibancadas acima dela.
O visitante parou, cruzou as pernas e sentou a seu lado na grama. Draco. Ele apenas ficou sentado ali por um momento, sem nada dizer. –Está bem? – finalmente perguntou, hesitando como se estivesse constrangido por ser pego num momento de preocupação.
Hermione expirou entre os dentes. –Ah, é claro. Por que não estaria? Tirando as crises de choro, as noites de insônia, e a inabilidade total pra me concentrar em qualquer coisa, estou perfeitamente bem.
-Desculpe. Pergunta tola.
-Sim, foi mesmo pra dizer a verdade.
-Sabe que Potter não é minha pessoa favorita – Draco continuou. –Mas espero que também saiba que não desejava de verdade que sofresse algum mal.
-Eu sei – ela sussurrou.
Draco limpou a garganta. –E odeio te ver sofrendo assim.
Hermione virou a cabeça e olhou pra ela. –Por favor, Draco. Não vire Geraldo pra cima de mim agora.
-Não consigo evitar. Ele se apossa de mim. – ficou em silêncio. –Como está o treinamento?
-Tudo certo. Eu realmente gosto das técnicas de espionagem e aulas de vigilância, mas sou completamente inapta nas partes mais físicas.
-Ah, não concordo. Lefty me disse que está se saindo muito bem, melhor que do que ele imaginava que se sairia.
-Está checando sobre mim? – perguntou, arqueando a sobrancelha pra ele.
Draco se remexeu um pouco pego em flagra. –Confesso que com Harry sumido, me sinto um pouco obrigado a cuidar de você.
Hermione limpou a garganta. –Não que eu não aprecie o sentimento, Draco, mas o motivo da vida de Harry não é cuidar de mim, nem eu peço tal atenção. Harry é meu companheiro, não meu guardião pessoal, então não ache que de alguma forma preciso de um cão de guarda agora que ele não está aqui. Posso cuidar de mim.
-Isso nunca foi questionado.
Ela suspirou. –Fico pensando naquela manhã.
-Que manhã?
-A última vez que o vi.
-O que tem ela?
-Gostaria de poder voltar e mudá-la. Mesmo que não pudesse mudar mais nada, mudaria minhas próprias palavras. Cada vez que penso nela, sinto um enjôo pelas últimas palavras que trocamos antes... do que quer que tenha acontecido... terem sido de raiva.
25 de Novembro de 2007
-Você realmente tem que ir? É domingo!
-Lamento que sim – Harry disse, de costas pra ela, de pé, descascando uma laranja. –realmente preciso estar lá quando Sabian e seu time fizerem seus relatórios de Belgrado. Vão precisar de novas ordens dependendo do que me disserem.
-Sabe que horas volta pra casa?
-Não muito tarde, acho. Seis ou sete. – ele virou e sentou ao lado dela na mesa, colocando parte da laranja na boca. –O que vai fazer hoje?
-Vou a Londres com minha mãe. Comprar vestido.
Harry olhou pra sua laranja. –Sabe, eu realmente gostaria que não fizesse isso.
-Harry, já falamos sobre isso. Não posso deixá-la de lado em tudo.
-Toda vez que Claire chega perto de qualquer coisa relacionada aos planos do casamento, vira um tipo de demônio satânico, impossível de matar e que não entende a razão.
-Eu sei.
-Só vai te chatear. Ela vai fazer o que sempre faz e tentar ditar tudo pra você e vão acabar brigando e vou voltar pra casa e te encontrar chorando por causa disso... de novo. Sabe, isso era pra ser divertido pra nós, mas sua mãe, por mais que eu goste dela, toda vez se torna uma coisa que lembra a Inquisição Espanhola.
-Talvez não seja assim.
-Sim, e talvez Allegra apareça com uma cesta de biscoito e chocolate.
-Por que está sendo tão implicante com isso? – perguntou, irritada.
-Porque odeio te ver chateada, e qualquer um que te chateei intencionalmente desperta o Harry implicante.
-Ela é minha mãe. Estava esperando por isso sua vida inteira. A garotinha dela, que costumava se vestir com roupinhas bonitas e ler contos antes de ir dormir vai se casar. É o último ritual entre mãe e filha verdadeiro, e depois disso, estes laços serão cortados para sempre. Ela só quer se envolver.
-O que ela quer é que você faça tudo do jeito que ela quer. Esse é nosso casamento. Se ela não puder se civil sobre isso então acho que é melhor você deixá-la afastada dos planejamentos, por seu próprio bem e pelo meu.
Hermione estava dividida. Ele estava certo sobre ela ficar chateada, mas queria tanto dividir essa experiência com sua mãe, da maneira que qualquer mulher devia. Por que ele não podia entender? Como ele podia sugerir que afastasse sua mãe completamente do evento mais importante de sua vida? –Não é tão simples assim – ela disse. –É... Complicado.
-Talvez seu relacionamento com sua mãe não devesse ser tão complicado.
-E como você pode saber alguma coisa sobre isso? – respondeu irritada. Harry se encostou na cadeira, respirando acelerado, seus olhos cheios de mágoa e raiva. Hermione arregalou os olhos. O que ela quis dizer foi que por ser homem, ele não poderia realmente compreender a relação de uma mulher com sua mãe, mas de repente ela percebeu que do jeito que saiu pareceu que ela estava se referindo à falta da mãe dele. –Ah, não é... – ele levantou, empurrando a cadeira com força pra trás antes que ela pudesse terminar.
-Te vejo depois – ele disse curto, indo pra porta.
-Harry... – ela começou, irritada que ele não parava pra ouvi-la.
-Me faça um favor, certo? Não fale comigo agora. –saiu e depois de alguns segundos, ela ouviu a porta da frente bater, fazendo uma careta. Deixou que sua cabeça pendesse sobre a mesa. Não era a primeira vez que brigavam sobre a mãe dela (ou um tipo complexo de outros tópicos), mas essa era a primeira vez que se despediam sem um beijo, sem dizer "eu te amo".
Ela levantou da mesa e subiu pra tomar banho, a briga deixando-a triste. Eles se reconciliariam quando ele chegasse em casa, sempre o faziam. Falariam sobre isso e ela se desculparia, ele se desculparia e tudo ficaria bem. Quando ele chegasse em casa.
25 de Janeiro de 2008
- Só que ele ainda não voltou pra casa – completou com a voz rouca. –Às vezes quando estou acordada durante a noite, olhando o teto, me amaldiçôo por ter deixado que ele saísse daquele jeito. Tínhamos prometido que nunca faríamos isso.
-Isso o que?
-Nos despedirmos com raiva. Foi um tipo de pacto que fizemos antes. Sabíamos que teríamos brigas, todos brigam. Mas com nossos empregos sendo como são, qualquer coisa pode acontecer a qualquer hora com um de nós... Então nos prometemos que nunca nos separaríamos com palavras duras, pro caso da gente nunca mais se ver – a voz dela falhou e passou a mão pelo olho.
-Lamento – Draco disse baixo, sem saber o que mais dizer.
-Só queria poder voltar um momento pra que tivesse pensando antes de falar, e então ele teria saído sabendo que o amo.
-Ele sabe disso.
-Sempre me pergunto o que ele estaria pensando enquanto estava no trabalho naquele dia. Espero que ele tenha percebido depois que eu nunca diria algo tão cruel a ele e o que eu realmente quis dizer.
-Tenho certeza que percebeu. – ele inclinou a cabeça e analisou o perfil dela. –Por que essa coisa te preocupa tanto?
Ela suspirou. –Porque não consigo suportar o pensamento que seja lá o que aconteceu com ele, aconteceu enquanto estava com raiva de mim.
Lupin se aproximou de Sirius que estava de pé olhando uma das janelas do Salão Principal que dava para o jardim dos fundos. –Viu Hermione? Temos que voltar para DI.
-Eu a vi a caminho do campo de quadribol um tempo atrás. – Sirius cruzou os braços. –Estou preocupado com ela.
-Ela está perdendo as esperanças?
-Todos estamos, Remo. Já faz tanto tempo... Se ele está vivo, está preso contra sua vontade e está muito bem trancado. –olhou pra seu velho amigo, a preocupação evidente em sua expressão. –Me diga o que deixou de fora dos relatórios. Me diga a verdade. O que você tem?
Remo suspirou. –Se existe alguma quantidade menor que zero, bem, então é o quanto temos. O bruxo da segurança da DI o viu Aparatando, ele foi visto em um florista comprando um buquê de rosas pouco tempo depois, e isso meu amigo, é tudo. Desapareceu sem nenhum rastro. Mostramos sua foto pelo que parece ser a todas pessoas do Reino Unido e nada. Pra onde ele foi depois do florista, ninguém consegue adivinhar. Existe um beco próximo, de onde ele podia ter aparatado para casa, o que ele deve ter feito, pois não usou o carro naquele dia. Se foi a algum lugar antes de aparatar, não ficamos sabendo. Algum momento depois de ter saído do florista, deve ter sido capturado.
-Tem certeza que ele foi capturado?
-Que outra explicação teríamos? Deviam estar muito bem preparados pra tê-lo capturado tão eficientemente e o deixado preso por tanto tempo.
-Você não acha que ele possa estar... – Sirius não conseguia se forçar a completar a frase.
-Não quero pensar nisso, mas é uma possibilidade que devemos considerar. – Remo apertou os dentes. –Sirius, Harry é um bruxo muito poderoso, como nós dois sabemos. Quase não consigo imaginar ninguém que possa segurá-lo por dois meses completos sem nenhum rumor sobre isso se espalhar.
-É igualmente improvável que alguém o tenha matado sem que um rumor sobre isso se espalhasse. Se o Círculo ou qualquer pessoa desse tipo tivesse conseguido matá-lo, com certeza não manteria em segredo. Pense no que faria com a moral dele, sem falar na nossa!
Remo balançou a cabeça, com uma expressão confusa. –Estou sem idéias. Nada parece provável nesse ponto.
-Só que está ficando difícil continuar otimista. – interrompeu uma nova voz. Viraram pra ver Hermione atrás deles. Avançou devagar até os dois, o rosto triste, mas determinado. –Não sabia sobre as rosas – disse baixo.
-É um detalhe que ocultamos, pra não estimular as solitárias que dizem que o trancaram em seus armários. –Sirius hesitou. –Além disso, tenho certeza que eram pra você. Parecia cruel mencionar isso.
-Agradeço a preocupação com meu estado mental, mas te asseguro que estou operando em modo padrão. Sim, estava ouvindo. Meu estado emocional está... Bem, como tenho pouca experiência com desesperos esmagadores da alma, não estou muito preparada para descrever a sensação. Mas estou em total posse de minhas faculdades mentais.
-É fácil de se ver – Sirius disse.
Ela não disse nada por um momento. –Sabe o que está me corroendo ultimamente? Além do óbvio?
-O quê?
-Tem momentos em que realmente espero que ele esteja morto. Só pra eu ter certeza. É um limbo, esse não saber. Não sei por quanto tempo mais posso agüentar. Se ele estivesse morto não sei como lidaria com isso, mas pelo menos saberia o que aconteceu com ele. – ela colocou as mãos sobre os olhos e respirou fundo, trêmula. Sirius colocou as mãos sobre seus ombros. –Deus, não posso mais chorar. Não sabia que era possível chorar tanto quanto chorei esses dois últimos meses.
-Não sei como está conseguindo – Sirius disse. –Se Cordelia sumisse sem deixar rastros, depois de dois meses eu estaria deitado numa cama durante vinte e quatro horas e esperando a morte por inanição.
-Você acha isso agora, mas se isso realmente acontecesse, encontraria uma forma de continuar existindo apesar da dor. Você rastejaria pelo caminho da depressão e derramaria suas lágrimas e se forçaria a levantar pela manhã e a se alimentar e a respirar, inspirando e expirando, mesmo que não lembrasse a razão pra continuar a fazer isso.
25 de Novembro de 2007
-Hermione! Jantar!
Ela desceu as escadas trotando, sorrindo ao sentir o cheiro da comida de Jorge. Os outros quatro moradores da casa estavam sentados em seus lugares de costume. Ela franziu a testa, olhando em volta. –Harry ainda não voltou pra casa?
-Não, acho que não. Não o viu?
-Não.
-Provavelmente trabalhou tanto que perdeu a noção de tempo – Justino disse. –Aquele assistente novo ainda o irrita?
-Acho que já se acostumou com ele. Não fala em homicídio há... já faz alguns dias. – ela sentou ouvindo os risos, franzindo um pouco a testa ao olhar pra cadeira vazia de Harry. Ele não disse que chegaria tarde. Sete no máximo, dissera, e já eram oito horas.
Depois do jantar, os moradores se juntaram na sala de estar. Era um cômodo grande e confortável, perto da frente da casa e decorado com uma TV, vídeo e som, um grande e fofo sofá e cadeiras reclináveis. Justino, Jorge, Laura e Cho estavam sentados assistindo um filme enquanto Hermione lia na sua cadeira de balanço favorita.
Os minutos passavam. A mente de Hermione divagava cada vez pra mais longe de seu livro e cada vez mais até a preocupação com o atraso de Harry. Ela levantou e foi pra janela, olhando para entrada.
-Ele aparatou, Hermione – Laura disse gentil. –Não vai ver quando ele chegar.
Hermione suspirou e sentou novamente, mas o livro continuou virado sobre a mesinha, esquecido. Ela ficou nervosamente entrelaçando os dedos enquanto o nível de tensão no cômodo apenas aumentava.
Finalmente, às nove e meia ela não agüentava mais. –Bolha – chamou. A recente inovação que permitia que as bolhas de Babel deixassem a DI e servissem como uma comunicação remota com certeza deixara a vida de todos mais fácil. Certamente era mais rápido que as corujas. A bolha verde-mar de Hermione apareceu. –Quero falar com Harry Potter – a bolha brilhou por um momento e depois parou e conseguiu parecer confusa. –Harry? – a bolha brilhou novamente sem nenhum sucesso. Uma sensação gelada começava um passeio pelo estômago de Hermione. –Certo. Me ligue com Napoleon Jones. – A bolha brilhou de novo e de repente chamou a atenção.
-Sim? – veio a voz de Napoleon.
-É Hermione.
-Ah, alô, môr! O que posso fazer por você?
-Onde está Harry? Ele ainda está aí? Minha bolha não consegue encontrá-lo.
Um pausa. –Ele foi embora seis horas. – o tom alegre jovial desaparecera da voz de Napoleon. Quando não se sabia o paradeiro de um agente da inteligência, não era algo para se rir. –Ele não chegou em casa?
-Não – Hermione respondeu, sem conseguir impedir que sua voz tremesse. –Tem certeza que ele saiu?
-Absoluta. Ele me deu uns trabalhos e disse que estaria em casa se tivesse dúvidas. Não falou em parar em lugar nenhum, muito menos durante três horas.
-Ele pode ter ido a algum lugar pra algum caso? Algum lugar que não te diria?
-Ah, não. Eu tenho a agenda dele e mesmo que ele não me dissesse, com certeza diria a você.
A essa altura, Laura, Justino e Jorge estavam atentos ao lado, o filme esquecido, prestando total atenção. –Napoleon... Ele não está aqui e não está aí. Não me mandou uma coruja e está três horas atrasado. Isso não é normal pra ele.
-Não, não é. – uma breve pausa. –Vou chamar os chefes das divisões. Comece a mandar corujas pra todos os lugares que você ache que ele possa estar. – outra pausa. –Vamos passar por hospitais e a policia trouxa.
Hermione suspirou. –Certo. Me mantenha informada. – a bolha desapareceu. Hermione levantou os olhos pra seus amigos, a ansiedade nua em seu rosto.
-Vou ligar pra Gina – disse Laura.
-Eu fico com Hogwarts – Justino completou enquanto a seguia pra fora.
Jorge se agachou na frente da cadeira. –Ele provavelmente só ficou detido em algum lugar e não pôde nos mandar uma coruja.
Hermione concordou. –Vai entender como minha mente tem a tendência de achar que o pior aconteceu.
-Claro – ele sorriu confiante pra ela. –Vou mandar uma coruja para meus pais e ver se eles o viram.
-É improvável.
-A maioria das coisas vai ser, se não temos idéia de onde ele se meteu. – ele deu um tapinha em sua mão e saiu da sala.
Hermione ficou sentada um momento, pensado. Levantou rápido e se dirigiu pro escritório para mandar algumas corujas.
Duas horas mais tarde, Hermione começava a sentir o pânico se instalando em sua mente apesar de seus esforços de mantê-lo controlado. Ninguém, nenhum de seus amigos ou colegas, tinha visto ou ouvido de Harry. Ele aparatara da DI um pouco depois das seis, e até onde qualquer um sabia, não foi visto depois disso. Ela andava com passos largos pelos corredores do quartel general da DI até a sala de guerra, uma câmara circular no topo do domo de pedra com dezenas de pequenas janelas para corujas e um grande mapa de situação. A maioria dos chefes de divisão e Argo estavam reunidos lá quando ela chegou.
-Remo, você irá coordenar os agentes em Londres. Quero cobrir qualquer área que Harry tenha familiaridade, incluindo o bosque de Shepherd e King's Cross. Ah, Hermione. Estamos preparando os grupos de busca.
Ela franziu a testa. –Não tem que se esperar vinte e quatro horas ou qualquer outra coisa sem sentido?
-Talvez o código trouxa seja assim, mas não temos tempo a perder. Harry é um bruxo da operação da inteligência altamente treinado e sabe que não deve apenas ir até algum lugar sem deixar recado. Qualquer desaparecimento de uma pessoa que sabe o tipo de coisa que ele sabe é um problema de grande gravidade, e já perdemos tempo demais. – Argo olhou para seu relógio. –Já passou da meia noite. Não teremos muita sorte pra achar alguém que o tenha visto, mas é a hora perfeita de sair com os dragonhounds.
Hermione concordou, secretamente aliviada por estarem fazendo tudo tão rápido. Ela estava familiarizada com os dragonhounds como de seu treinamento na Vigilância e Captação de Informações... Eles eram pequenos cachorros com sentidos mágicos. Podiam sentir a magia de uma pessoa, do mesmo modo que os farejadores sentiam o cheiro. Tudo o que precisavam era algum item que Harry tivesse encantado ou transformado e ele poderiam detectar sua presença num raio de 800m. –Nossas buscas vão ser bem aleatórias – ela disse desanimada. –Já que não temos idéia de onde ele possa estar. Depois de aparatar ele pode ter ido literalmente a qualquer lugar.
Argo ficou tensa com essa afirmação. –Está certa, é claro, mas temos que começar de algum lugar.
25 de janeiro de 2008
Hermione lembrou dessa noite horrível enquanto estava sentada no seu pequeno escritório compartilhado, com textos dos treinamentos abertos à sua frente completamente ignorados. Suas lembranças sobre o que acontecera eram embaralhadas e incoerentes. Lembrava de estar na sala de guerra quando os relatórios chegaram, todos negativos. Lembrava de ficar cada vez mais desesperada pra saber algo, qualquer coisa. Quando a manhã chegou e não conseguiram descobrir nada, ela se isolou em um canto e derramou suas primeiras lágrimas de medo e frustração.
A busca continuara durante dias e mais dias, sem nenhum resultado. Enquanto as horas passavam, a certeza de que algum plano tinha sido aplicado em Harry ficou cada vez mais prevalente. Os agentes começaram a localizar seus inimigos conhecidos, o que infelizmente eram muitos, e tirando deles à força qualquer informação. Os bruxos do Círculo foram cercados e interrogados, a vigilância e busca de conversas secretas de operações conhecidamente das trevas aumentou em todos os níveis. O que todo esse esforço revelou foi que qualquer um que tivesse ligações com o Circulo estava tão surpreso com o desaparecimento de Harry quanto a própria DI.
Enquanto os dias passavam, a determinação firme e busca incansável de Hermione iam sendo menos aprovados por aqueles que a cercavam, que comentavam como ela estava suportando bem. Na verdade, a expressão de firmeza era uma mascara que usava sobre o terror evidente e desespero que pesava em seu coração a cada minuto que passava.
Ela largou sua pena e pegou seu casaco, decidindo que não agüentava mais. Foi para o ponto de segurança com sua bolha guiando seus passos. Levou várias semanas pra voltar ao calendário de treinos como se tudo estivesse normal, mas tinha que admitir que as difíceis tarefas eram bem vindas à sua mente que estava cansada de se preocupar e de imaginar as piores coisas.
E agora, a busca teoricamente continuava, mas na prática, tinha cessado. Hermione não esperava que continuassem procurando pra sempre e agradecia muito os esforços que todos agentes fizeram, mas dois meses era tempo demais. Ela, Remo e Napoleon ainda faziam o que podiam em face às expectativas que os outros tinham, e ela sabia que Sirius era incansável em seus esforços pra desenterrar novas informações, mas eles eram pequenos e o mundo grande.
Ela aparatou pra casa grata, aproveitando esse pequeno momento de seu dia em que podia fingir que ela sairia da DI, chegaria em casa e encontraria Harry esperando por ela ali. Por uma fração de segundos antes de chegar em Bailicroft, podia aproveitar essa doce fantasia até que sumisse quando ela chegasse e ele não estivesse ali, e ele não estava ali há muitas e muitas semanas.
Laura estava lá pra cumprimentá-la. –Como foi a reunião?
-Como sempre? – Hermione suspirou, deixando Laura tirar sua capa. –Ficamos sentados na sala de Minerva, olhando uns para os outros e esperando que alguém tivesse chegado com alguma informação nova que tivessem conseguido manter em segredo, mas ninguém tinha nada a dizer. Novas pessoas estavam lá na esperança em vão de nos estimular a lembrar alguma coisa que não dissemos, mas isso nunca acontece. Então ficamos uns olhando pros outros e eu finjo não ver os olhares de pena e suas expressões de preocupação. – Ela entrou na cozinha, seus passos pesados com desânimo. Jorge deixara pra ela alguns sanduíches e algumas frutas como sempre fazia. Não estava com muita fome, mas comeu assim mesmo. Laura sentou ao lado dela na mesa da cozinha.
-Parece cansada.
Hermione concordou, mastigando devagar. –Estou tão cansada que já estou vendo meio turvo.
-Não está dormindo muito.
-Isso não é novidade. Acho que faz dois meses que não tenho uma boa noite de sono. É difícil relaxar quando tudo que consigo pensar é naquele lugar frio e vazio a meu lado. –colocou seu sanduíche pela metade na mesa e repousou o cotovelo sobre a mesa, deixando o rosto esconder entre as mãos. Respirou um pouco trêmula, sentindo a mão reconfortante de Laura em seu ombro. –Fico achando que vou vê-lo – ela sussurrou.
-Vê-lo?
Hermione abaixou as mãos, cruzando seus braços protetoramente sobre seu peito. –Fico achando que vou virar uma esquina ou abrir uma porta e ele estará lá. – fechou os olhos. –Hoje saí correndo atrás de um homem que vi na rua, um homem alto de cabelo escuro. Toda vez que vejo um homem assim, tenho que parar para olhar, só pra ver se é ele. O homem virou e me encarou e não era ele, nunca é. – ela colocou o polegar, indicador e dedo médio sobre o nariz, suspirando. –Eu o vejo em todos os lugares, Laura. Não consigo passar por uma multidão sem ouvir a voz dele, ou seus passos nas escadas. Não posso olhar em volta sem achar que vi seus olhos, mas quando olho novamente, sumiu. –olhou pra Laura. –Deve achar que estou maluca.
-Não, querida. Não acho que esteja maluca. Acho que teve uma perda terrível e ainda não conseguiu se adaptar.
-Como posso me adaptar quando não sei se ele está vivo ou morto? – Hermione gritou. –Não posso lamentar pelo que não sei se não vai voltar! – bateu o punho contra mesa, fazendo os pratos pularem. Colocou uma mão sobre os olhos, suspirando. –Sinto tanta falta dele, Laura – disse baixo.
-Eu sei.
Hermione levantou e começou a andar de um lado para o outro, segurando os cotovelos. –Sabe, as pessoas, principalmente as mulheres, sempre me dizem como ficaram surpresas com o cara maravilhoso que Harry é, e como eu deveria estar feliz que ele é meu. Sabe o que mais? Estão certos. Ele é um cara maravilhoso. – Laura concordou. –As pessoas que não o conhecem não conseguem perceber isso. Eles apenas vêem essa figura mítica que fica entre eles e qualquer mal que temam no mundo e geralmente assumem que ele deve ser arrogante, ou de difícil convivência, ou teimoso ou convencido. – suas palavras vinham rápidas, seus olhos se enchendo de lágrimas. – Mas ele não é nada disso. Ele é bom, altruísta, caloroso e forte... - limpou a bochecha. Laura se perguntou o porquê ela estava dizendo tudo isso, afinal Laura também conhecia Harry... e então lhe ocorreu que Hermione talvez precisasse se lembrar dessas coisas quando achava que não o veria mais. –Ele tem um ótimo senso de humor e às vezes uma maneira estranha de olhar pras coisas. Ele é um bom líder e inteligente e corajoso...
-Sem falar sexy, charmoso, loucamente apaixonado por você e te trata como uma rainha...
-Deus sabe que ele tem um equipamento que pode te fazer acreditar em forças superiores...
Laura cuspiu o café todo em cima da mesa. –Hermione!
Hermione parou de andar e olhou pra ela. –Minha nossa, eu disso isso em voz alta? – Laura olhou pra ela de queixo caído, e então de repente as duas começaram a rir. Hermione se jogou na cadeira segurando a barriga e se acabando de rir.
-Ah nossa! – Laura disse varias e varias vezes, tremendo toda com risadas silenciosas. –Ah nossa! – ela colocou uma mão no braço de Hermione. –Ah, querida, essa foi ótima. – elas se acalmaram pouco a pouco respirando e secando os olhos. –Mas agora sério, aqui está verdadeira questão... Ele tem mesmo?
Hermione arqueou uma sobrancelha pra ela. –Isso nem de longe é de sua conta.
-Quem é sua melhor amiga?
-Você.
-Então é de minha conta. – Seu rosto suavizou. –Além disso... Você precisa falar sobre ele. Não sobre onde ele está, ou há quanto tempo sumiu. Apenas sobre ele. – ela sorriu maliciosa. –Então pode ir falando. Tem mesmo?
Hermione sorriu um pouco tímida e olhou para as mãos. –Bem... Sim. – ela expirou pela boca e relaxou. –Ah, está bem. Quer falar sobre sexo? Vamos falar sobre sexo. Mas exijo completa reciprocidade.
-Naturalmente. Então vamos ouvir. Não tenho vergonha de admitir que sempre fiquei curiosíssima sobre isso. Então... Como é?
Hermione se inclinou para frente, um sorriso maroto se espalhando por seu rosto. –O melhor que eu tive, posso dizer isso.
-Mesmo?
-Bem, conta se você sentir como se seu crânio fosse se abrir e sua cabeça explodir? – pegou seu leite e deu uma golada, aproveitando a expressão de espanto de Laura.
-Nossa.
-Sabe, nunca fui muito entusiasmada por sexo. Admito, é verdade. Eu tive... – ela contou rapidamente nos dedos. -... Cinco parceiros antes de Harry e foi bom e íntimo e me fez sentir sexy, mas nunca entendi muito o porquê de toda aquela propaganda. – ela suspirou. –Mas depois da primeira vez com ele, bem... Eu entendi. Assim que é pra me sentir.
Laura sorriu. –Sei o que quer dizer. Meu primeiro amante é meu único, então não tenho lá muita base para comparação, mas gosto de pensar que é bom para nós. Então não posso dizer que nunca senti esse tipo de experiência de quase morte que você parece desfrutar regularmente.
Hermione riu depois se recompôs. –Estaria mentindo se dissesse que não sinto falta do sexo, mas isso é só uma pequena parte de tudo. Eu... – ela fungou. –Quando tenho pesadelos e acordo assustada, ele não está lá pra me segurar até que eu durma em seus braços. Ele não está lá pra dizer que estou fazendo um bom trabalho no treinamento. Não está lá pra beijar meu pescoço do jeito que faz meus joelhos virarem gelatina. – ela balançou a cabeça. –Ainda o amo, só que ele não está aqui pra me amar também.
4 de outubro de 2007
Harry afundou na cama, virado para ela, ofegando. Hermione virou de lado tirando o cabelo da testa suada, passou seu braço em volta do peito dele. Beijaram-se por algum tempo, esperando que seus corações voltassem a bater na freqüência normal. –Uau – ela suspirou contra os lábios dele.
-Aí está o vocabulário de doutora.
-As palavras me fogem.
Ele a beijou novamente. –Bem, acho que alcancei o máximo de minha freqüência cardíaca por hoje.
-Sabe, é preciso que a mantenha durante vinte a quarenta minutos para conseguir melhoras cardiovasculares.
Ele sorriu contra a boca de Hermione. –Se acha que posso manter isso durante meia hora, então você tem um opinião ridiculamente superestimada de meu condicionamento físico.
Ela riu e o empurrou pra que se deitasse de costas pra que ela pudesse se deitar sobre seu peito. Ela virou e o beijou na clavícula, sorrindo ao sentir pequenos tremores passando pelo corpo dele em resposta a seu toque. Ela relaxou nos braços dele, repousando a cabeça no ombro dele. –Que horas são?
Ele olhou pro relógio sobre o criado-mudo. –Ah, droga já passa da uma.
-Temos que chegar na DI às nove.
-Vamos dizer que estamos doentes. Vamos ficar aqui o dia todo, sem sair dessa cama. Podemos ficar aqui deitados e falar sobre o que vier na cabeça e fazer amor quando der vontade.
-Por melhor que isso soe, duvido que você vá aproveitar sabendo que Napoleon estará encarregado de sua Divisão enquanto estiver ausente.
-Ah meu Deus – ele gemeu.
-Não sei por que o odeia tanto.
-Porque ele...
-Sim, sei tudo sobre os erros de antes dele. Não é de seu feitio guardar rancor, ou ter tanta dificuldade para perdoar.
-Eu só não gosto dele.
-Bem, eu o acho charmoso.
Harry rosnou alguma coisa indefinível. –Não basta o homem estar colado em mim o dia todo, agora ele está invadido o santuário de nosso quarto.
-Santuário, é claro. Fomos nós que demos ao resto da casa um show na nossa primeira vez.
Ela o sentiu sorrindo. –Foi um pouco constrangedor, não foi?
Ela levantou a cabeça para que pudesse olhar pra ele. –Tivemos um bom motivo. Aquela primeira vez foi tão... Maravilhosa.
-E depois disso só piorou, não foi?
Ela deu um tapa no braço dele. –Não, seu bobo. Não foi o que eu quis dizer. Ela se arrastou para cima e deitou a cabeça no travesseiro ao lado da dele. –O que quero dizer é que com você é... é tão melhor do que qualquer coisa que tenha feito com qualquer um.
Ele sorriu e alisou a bochecha dela com o polegar. –Cuidado, meu ego.
-Hum, talvez você mereça um ego grande nessa área.
Ele se inclinou para frente e a beijou. –Se faz diferença, não é só você. Com certeza é um nível completamente diferente para mim também. Claro, só sou metade dessa equação. Talvez seja você que merece um grande ego sexual.
-Não – ela disse baixo. –O todo é mais do que a soma das partes. Não é maravilhoso porque você é bom, ou porque eu seja boa, é por sua causa e por minha causa. – ela voltou para os braços dele. A mão dele acariciava a nuca dela e ela sentiu-o pressionar os lábios contra sua testa. –Te amo, Harry. – ela murmurou sonolenta, sentindo o sono caindo sobre si.
-Também te amo – ele sussurrou. Logo os dois estavam dormindo.
27 de janeiro de 2008
A sala de autópsias da DI estava nas profundezas das entranhas do prédio como cabia a uma câmara dedicada ao exame da morte. Hermione andava rápido pelo corredor, seu coração apertado no peito. A viagem caótica de Bailicroft até o trabalho só era lembrada em sua mente em pequenos fragmentos... O céu escurecendo, uma corrida até a porta, aparatar até o ponto de segurança. Pode ser Harry, pode ser Harry. As palavras de Remo ecoavam em sua mente. Um corpo foi encontrado... Pode ser Harry.
-Está muito calma – Remo disse, caminhando ao lado dela.
-Já passei por isso antes, lembra? A notificação apressada da morte de Harry? Pode ser verdade ou não. Se for, então reagirei. Se não for, não quero perder energia valiosa lamentando prematuramente. – eles entraram na área do necrotério e encontraram Sirius e a maior parte da equipe sênior da DI lá. O rosto de Sirius estava pálido e acabado. Levantou os olhos quando eles entraram depois se apressou para jogar os braços em volta de Hermione.
-Sirius – ela conseguiu dizer. –Quais as noticias?
-Vi o corpo – Sirius disse rouco. –É ele.
O corpo de Hermione esfriou... Mas ela ainda não estava pronta pra acreditar ainda. –Deixe-me ver.
Eles a levaram até a câmara de exame onde uma única mesa suportava um corpo coberto. Uma forte sensação de déjà vu atingiu todo corpo de Hermione, um flashback do dia que o acordara da estase necromnética e soube de seu trabalho. Ela fez sinal para que os outros não a acompanhassem, não confiando que seria capaz de lidar com outro ser humano nesse momento.
Aproximou-se do corpo e puxou o cobertor. Respirou rápido quando o rosto do cadáver apareceu. Realmente parecia ser Harry. Estava parcialmente decomposto, mas ainda era reconhecível, a pele praticamente intacta apesar de um pouco sem cor. A cicatriz era plenamente visível.
Ela removeu o cobertor por completo e andou devagar em volta do corpo, examinando-o. Uns poucos fios de cabelos grisalhos na sua têmpora direita. Uma mancha sob seu queixo. Essa visão fez com que seu estômago desse nós... Mas ainda faltava um teste.
Pegou a mão direta do corpo, se preparou e a virou pra examinar a palma. Por um momento ela ficou apenas em silêncio... Ninguém respirava no cômodo. De repente ela ficou completamente de pé e olhou para os outros. –Não é Harry – ela disse, o alívio evidente em sua voz. –Harry tem uma cicatriz em forma de vírgula na palma de sua mão direita, poucas pessoas sabem sobre ela.
Sirius respirou aliviado e se curvou, as mãos sobre os joelhos. –Tem certeza? – perguntou.
-Absoluta. Veja você mesmo. – Várias pessoas o fizeram. Ela recuou para ficar ao lado de Sirius, cruzando os braços enquanto pensava. –Esse não é Harry, mas alguém teve muito trabalho mesmo pra fazer com que pensássemos que é.
Henry Unbigado se curvou sobre o corpo. –Com certeza parece com ele. Onde alguém conseguiu uma réplica de Harry?
-Talvez eles o colaram – Napoleon disse, incerto.
Todos franziram a testa. –Colaram? – Henry repetiu, confuso.
-Ele quis dizer "clonaram" – Hermione explicou. –é uma tecnologia trouxa na qual se pode duplicar um ser vivo a partir de qualquer célula. Com certeza está ficando bem comum para plantas e animais não humanos, mas não vejo nenhum motivo pra não conseguirem clonar uma pessoa, especialmente se a única função do clone for morrer. Eles podem ter feito a cicatriz na testa depois.
-Por que alguém faria isso? – Sirius perguntou.
-Não é obvio? – Remo disse. –Pra pararmos de procurar – todos olharam em volta, pensando nessa afirmação.
-Alguém deve estar com ele – Hermione continuou – E eles querem ter certeza absoluta que não vamos continuar procurando.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!