Seria Dorcas o cisne?

Do lado de fora da barraca estava caindo uma tempestade muito forte. Marlene corria em encontro ao lago e nem ligava para os gritos de Lilian atrás de si.

Ao chegar ao lago Marlene começou a olhar em sua volta.

-SIRIUS! SIRIUS!|

Ninguém respondia. Marlene já chorando começou a ficar tonta. Uma frase passava pela sua cabeça toda hora: “Nunca se sabe quando o lobo espera pela chapeuzinho”.

Marlene recomeçou a andar gritando pelo nome de Sirius. Andava olhando para todos os lados e não conseguia raciocinar direito. Até que caiu. Caiu e bateu a cabeça em uma pedra.

Tudo estava embaçado e ela não conseguia manter os olhos abertos por causa da chuva. Tentou abrir devagar e nada viu.

“Socorro...”.

Uma voz que ela sabia ser somente mental falou. Tentou abrir os olhos novamente e viu uma pessoa. Uma garota.  

A garota ria e ela tinha a impressão de que ela não estava nenhum pouco molhada. E então a garota falou.

-Haha –uma risada seca saía de sua boca- Você realmente achou que eu atacaria o Sirius haha... Bobinha... Você deveria ter ouvido a Lilian, seria mais prudente acreditar que não existe nenhum cisne aqui. Você sabe demais para uma idiota como você. Realmente acha que você sabe dançar balé? Você é tão idiota que nem se deu ao trabalho de examinar a sapatilha. Bailarina fiel...

-Cale-se... –murmurou Marlene sentindo um mão quente bater em seu rosto com força.

-Cale-se você garota! –a voz dela já não era debochada e sim, brava- Você acha mesmo que eu vou atacar seus amiguinhos? Saiba que somente atacarei se você quebrar uma das minhas regras. Entendeu? Faça como a Lily. Acredite que não existem nem míseros patos.

-Você a ouviu falando...

-Hahahaha, estou sempre ouvindo. Estou sempre atenta. Mais do que você acha queridinha. Agora ouça você realmente acreditou que a chapeuzinho fosse o Sirius, né? Boba... Você está me dando problema mesmo. Saiba... Que a chapeuzinho é você. Ah, bonito colar.

E no meio da tempestade Marlene só viu a lâmina da faca vindo em sua direção.

 

***

 

Marlene estava em um lugar branco, vestindo roupas brancas, com sapatilhas brancas e um laço branco. A única coisa que se destacava lá era seus cabelos volumosos e pretos. Sem falar nos olhos azuis que estavam intactos pelo que via no espelho. Estaria ela no céu?

Levantou-se da cama e viu uma pessoa. Um garoto.

-Natan? – perguntou Marlene confusa. O que seu irmão fazia no céu?

-Oh Marlene, que bom que acordou. Estávamos somente esperando você acordar.

-Estavam? Tem mais alguém aqui?

E no fundo da sala, a porta abriu revelando um homem de cabelos grisalhos e olhos incrivelmente azuis, diferente de seu irmão que puxara a sua mãe, que tinha olhos pretos.

-Pai? O que... O que está fazendo aqui?

-Olá princesa...

-O que está acontecendo?

-Não se lembra de nada?

-Me lembro de correr... Correr muito. E então... Cair... E a garota. Aquela garota. Ela levantou a faca e... Somente branco. Onde estou?

-É onde deve ficar agora. – falou Natan – Está ficando paranoica minha querida.

-NÃO! NÃO ESTOU! Eu só... Só estou com medo do cisne. Ele é real!

-Oh minha flor, tem que melhorar. Nós só queremos o melhor para você. – falou o Sr. McKinnon.

-E o que é melhor pra mim?

-Deixar de sonhar tanto meu amor. – falou Natan, abrindo a porta e depois de saírem os dois, a trancando.

-NATAN, O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO? TIRE-ME DAQUI! EU NÃO QUERO FICAR SOZINHA! EU NÃO QUERO FICAR SOZINHA! Eu não quero ficar sozinha...

-É para seu próprio bem meu amor... Para seu próprio bem.

-Mas e o cisne?

-Não tem cisne!

***

Marlene abriu os olhos e viu Dorcas ao seu lado.

-Bom dia McKinnon.

O dia estava ensolarado, mas húmido o que indicava que havia chovido. Aquilo não poderia ter sido um sonho já que os desenhos ainda permaneciam no chão.

-Bom dia Dorcas... O que... O que está acontecendo? Cadê o Natan?

-Natan? Seu irmão? Ora, ele está na sua casa McKinnon. Onde mais ele poderia estar?

-Então... Então meu pai não está aqui?

-Seu pai? Por que ele estaria aqui? Eu acho que você bateu a cabeça forte demais. Vou chamar Lily.

-Lily! Isso! Chame Lily imediatamente, por favor, Dorcas!

-Claro...

Dorcas saiu do quarto e Marlene tenta se levantar, mas um pontada aguda no estômago a impede. Marlene bota a mão no lugar onde dói e vê curativos.

-Marlene?

-Lily! Lily, onde está o Sirius? Ele está bem?  O que está acontecendo? Por que estou cheia de bandagens? Lily acharam a garota?

-Calma Lenie. Sim, o Six está bem. Ele está lá na barraca com James, ficou gripado depois que te achou sangrando e desmaiada na chuva. Você está cheia de bandagens porque algo perfurou seu estômago, não sabemos o que exatamente, uma pedra pontuda talvez...

-Ou uma faca.

-Faca? Como assim? Não tem como uma faca te golpear sozinha.

-Alguém pode ter me golpeado.

-Alguém? Quem?

-Uma garota. Não sei quem.

-Garota? Mas, você acha que eu, Dorcas ou Emmy seríamos capazes de fazer isso? Estamos bravas com você, mas não seríamos capazes! Você sabe disso.

-Não Lilian. Eu sei que não é você e nem Emmy. Mas não tenho razões para não desconfiar de Dorcas. Ela anda me tratando com muito desprezo...

-E ela tem razão, não? Você simplesmente nos traiu Marlene! Pegou tudo que conseguiu em seis anos e jogou fora em uma festa!

-Eu não traí vocês! Não que eu me lembre pelo menos.

-Você se lembra de que então?

-Luzes... Luzes piscando para todo lado... Bebida... Muita bebida... Lembro-me do Sirius sussurrando algo em meu ouvido...

 

-Você está linda nesse vestido que lhe dei, mas você sabe que eu o queria só para mim. Queria que você o usasse só pra mim e não para os outros marmanjos verem...

-Que exagero Six, você sabe que eu tenho olhos só pra você...

-Eu acho que está muito curto, vá lá trocar, ou me beije para eu saber que você é só minha.

-Six... Me solta Six... Você está fedendo a bebida! Você está quase caindo de bêbado!

 

-Assim que percebi que ele estava bêbado eu saí de perto e fui pra pista de dança onde a Emmy estava dançando com um cara da corvinal eu acho. Eu atravessei a pista e me sentei no sofá e senti frio. Muito frio. Peguei uma cerveja amanteigada para me esquentar e fechei os olhos por um momento. Quando abri os olhos eu vi o Zabini do meu lado. Ele sentou do meu lado e perguntou por que eu estava sozinha. Falei sobre o Six e então ele me convidou pra dançar. Não vi nada errado em aceitar então fomos...

-Então você admite ter traído Sirius!

-Deixe-me terminar!

-Não preciso mais ouvir, você já admitiu!

-Deixe-me terminar Lilian Evans! Eu aceitei ir e começamos a dançar, então o Zabini começou a se aproximar e a tentar me agarrar, eu o afastei e corri pro banheiro e comecei a chorar... Então...

-Então?

-Uma garota. Uma garota entrou no banheiro.

-Da Slytherin?

-Eu... Eu não me lembro! Ela me ofereceu uma bebida. Eu não ia aceitar, mas ela insistiu. Era algo doce, bem doce. E refrescante, eu senti muito frio quando tomei. Então... A escuridão.

-A escuridão? Só isso? Eu simplesmente não consigo acreditar em nada! Nada se encaixa! O Sirius te viu com o cara da Slytherin.

-O Sirius não estava sóbrio! Podia ser polissuco! Você sabe como a Bella me inveja! Ela pode ter... Acredite Lily, por favor.  – nesse ponto Lene chorava.

-Eu... – Lily se aproxima de Lene – Tem uma parte de mim que está gritando mais e mais que você é a completa culpada pela tristeza do Sirius e que você é a completa culpada pela tristeza de todos. Tem uma parte de mim que grita que você não é nossa amiga e que você nos traiu, mas Lene... Tem aquela parte de mim que sempre grita que não existe razão pra você trair o Six, ou me trair ou qualquer um de nós. Não existe razão para nada disso! Não existe razão para você quebrar o meu coração por diversão, não existe razão para você brincar com meus sentimentos e com os sentimentos de todos! Não existe razão pra você não ser você. E sabe o que mais me corrói em tudo isso Lene? Este lado insiste em gritar mais alto e eu simplesmente acredito em você. Eu não consigo acreditar que você lutou tanto pra conseguir o Sirius para depois o trair! Isso é inacreditável.

-Não acredite. Eu não sou culpada Lily. Por favor.

-Mas tem algo que me impede de desculpar você agora. Você está acusando a Dorcas de quase te matar.

-Não estou a acusando Lily. Só que eu tenho motivos para desconfiar dela!

-Não dá Marlene. Você sabe que a machucou mais do que acha. É por isso que ela te despreza tanto!

-Mas eu não vou me desculpar porá algo que acho que não come... AI!

Marlene bota a mão na barriga.

-Você precisa ir para um hospital!

-Não, eu não preciso! Ficarei melhor. Pode ir, eu me viro sozinha. Não quero a ajuda de alguém em que julguei poder contar o que vi. Mas vendo o que você pensa Lily, eu não posso contar por que ela quer me matar.

-Ela quem?

-A garota. Aquela que me esfaqueou. Conhece?

E dizendo isso Marlene se virou para entrar no mundo dos sonhos. O mundo na qual, ela mais temia agora.

***

Marlene abriu os olhos e viu que já havia escurecido, mas não havia ninguém no quarto. Levantou-se dificilmente por causa da dor e saiu da barraca, onde viu as luzes da barraca dos garotos acesa. Lentamente se encaminhou até lá onde começou a ouvir a conversa.

-Temos que descobrir o porquê de terem nos mandado para esse acampamento. – falou Remo – Existe um motivo. Um segredo. Temos que descobrir o que.

-Eu sei Remo, mas com a Lene nesse estado não dá!

-Lene? Desde quando você a chama de Lene, Emmeline? Você não disse que a odeia? – perguntou Sirius.

-Desculpem-me gente, mas ainda não perdi o hábito. Mas, com a McKinnon neste estado não podemos nem adentrar mais na floresta para descobrir o que temos que fazer!

-Bom, em minha opinião devíamos fazer isso sem a McKinnon. Na verdade acho que ela deveria ir pra bem longe daqui, parar com esse acampamento. Ela está paranoica com aquele tal de cisne que nem existe – riu Dorcas debochadamente – Está ficando maluca. Sem falar que ela está ferida, não consegue andar.

Neste momento Marlene entrou andando normalmente lutando ao máximo contra a dor.

-Bom Dorcas, se estou maluca ou não, eu não posso dizer. Mas posso dizer que consigo andar. Ah, vocês não se livrarão tão facilmente de mim, estou bem sóbria para entender o que está acontecendo a minha volta e posso dizer que não tem cisne algum, mas tem uma pessoa que quer me matar. Quer tirar a minha tranquilidade. E agora que ela me esfaqueou e me ameaçou eu decidi que não vou sair daqui até acha-la. Estão incomodados? Azar. Vim aqui pro meu treinamento como vocês e não para me esconder por causa de um suposta traição que eu cometi que eu infelizmente não me recordo de ter feito e que como vocês eram meus amigos de verdade não se deram nem ao trabalho de perguntar para mim e ver se era verdade. Não! Você caíram na laia dos Slytherins! Agora quem diz uma coisa sou eu! Quando vocês perceberem que existe algo nos cercando, quando vocês caírem na real que a culpa não fio minha, aí... Aí eu não vou perdoar vocês. Começamos as buscas amanhã de manhã cedo e não, eu não me importo com isso. Pra falar a verdade, nem está doendo.

E assim Marlene saiu andando normalmente quase chorando de tanta dor em seu ferimento. Mas foi um vulto no meio da floresta que chamou sua atenção. Afinal: Nunca se sabe quando o lobo espera pela chapeuzinho.

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N/A: Ficou pequeno o capítulo, mas acredite, eu dei o meu melhor nele. Mas tenho que fazer o capítulo de outras fics também. Bom Luhna... Parece que temos uma nova suspeita! A Dorcas que parece meio debochada ali a cima. Bom, a sua mente brilhante logo vai raciocinar que o “cisne” é uma garota. Bom, as sapatilhas entrarão em destaque no capítulo que vem. Bom... O cap não veio muito rápido porque fui pra minha vó e fiquei lá sem net. Ah, acho que você deve ter percebido que o branco e o preto tem grande destaque nesta história, mas você vai perceber o porquê no final. A Lily está perto de conseguir uma nova aliada que é a Lily que está quase a perdoando e acho que no cap que vem vai ter uma possível reconciliação. Bom, a Lily e o Six não são os vilões, você pode ter certeza. Ele, a Lily e a Lene são os principais. Bom, qualquer dúvida, comente que no próximo cap eu respondo se possível. Beijos! ~Juh

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