A Rua da Fiação
(Autora aqui: Ok, demorei pra caramba, mas as explicações ficam lá em baixo, tudo bem?
Desculpem qualquer erro...
Ah, e muito obrigada mesmo pelos comentários do capitulo passado! Amei cada um deles...)
...
"Bem, quem quer ler?". Perguntou Lilian.
"Espere, senhorita Evans, creio que Tonks tenha alguma coisa para nos explicar". Disse Dumbledore.
"É, certo". Concordou ela. "Bem, vamos lá, por onde eu começo?".
...
"Talvez pelo começo de tudo?". Sirius sorriu irônico.
"Cala a boca, pulguento". Respondeu a de cabelos rosa. "Ou eu não explico mais nada".
"Ei, espera, você meu chamou de pulguento! Isso quer dizer que...".
"É óbvio que eu sei sobre, ann... Sobre sua condição pulguenta". Ela revirou os olhos diante da lentidão do primo. "E claro, também sobre o Tiago, o Remo e o Pettig-Pedro". Ela quase não se impediu a tempo de chamá-lo pelo sobrenome, mas pensou então que soaria estranho chamar todos os outros por seus nomes, e não Pettigrew. Queria que os Marotos descobrissem por si mesmo sobre a traição, e sentia que isso não estava muito longe de acontecer.
"Sabe?". Espantou-se Tiago. "Mas como você descobriu?".
"Isso não importa agora, mas eu creio que tenho de explicar a todos algumas coisas, para que assim seja possível vocês entenderem a história que estão lendo".
"Ah é!". Pontas sobressaltou-se, como se lembrasse de repente de uma coisa muito importante. Os olhos brilhavam. "Você vai falar do meu filho?".
"Sim, Tiago, porque basicamente tudo se resume ao seu filho". Ela suspirou, lembrando das coisas a que Harry tivera que passar. "Tudo começou no primeiro ano dele em Hogwarts...". Decidiu-se por não contar que o garoto tinha perdido os pais, seria um choque pra ele. O livro contaria aos poucos. "Harry teve um ano quase normal, exceto talvez por alguns eventuais desvios devido a sua enorme curiosidade...". Lançou um olhar de esguelha para o moreno, que parecia cada vez mais feliz. "... Mas ele não era um garoto comum, ele era famoso, e é até hoje. Harry era, digamos assim, marcado, marcado por Voldemort...".
"O que?". Exclamou ele. Todo o salão se aquietou.
"Você vai entender, só me deixe continuar". Ele acenou meio apreensivo. "Existia uma profecia que Voldemort entendeu errado, e então ele, err, tentou matar Harry... Mas não conseguiu". Apressou-se em continuar, enquanto via aos rostos de Tiago, Sirius e Remo se encherem de desespero. "Ninguém sabe direito como isso aconteceu, mas ele sobreviveu". Não contou sobre o sacrifício de Lilian. "Sobreviveu a uma Maldição da Morte, lançada por Voldemort, e este perdeu todos os seus poderes e sumiu por um tempo. Sumiu por dez anos".
"Harry e seus dois melhores amigos descobriram algumas coisas, e então, no fim do ano, ele voltou a encontrar-se com Voldemort". Tiago fez menção de abrir a boca, mas ela começou a falar mais rápido. "Na verdade, ele foi atrás de Voldemort para impedir que ele roubasse a Pedra Filosofal. Sim, a pedra da imortalidade e tal's. Voldemort estava muito fraco e não tinha seu próprio corpo, e então ele meio que possuía o de um professor boboca. Harry 'lutou' com ele e conseguiu salvar a pedra, pois Quirrell, o professor, não podia tocar-lhe, ou sofreria graves ferimentos...".
Mas não pode continuar, porque de repente ela foi interrompida por outro clarão igual o de antes, e ela sabia que alguém viera para buscá-la. Ofegou quando viu quem era. Remo, o Remo adulto, encontrava-se parado ali. Ele sorriu quando a viu, e depois olhou para seus colegas e para si mesmo, mais novo.
Ela quis correr a abraçá-lo, mas não poderia ali, porque o Remo mais novo agora olhava chocado pra ele mesmo. Tinha se reconhecido.
E sim, eles haviam se acertado, finalmente. Fazia mais ou menos duas semanas desde que estavam juntos, ele finalmente havia parado com aquela bobagem de 'Eu sou perigoso'.
Ela levantou-se e ele veio andando em sua direção.
"Pensei que fosse demorar mais". Falou, quando ele finalmente passou um dos braços por sua cintura. Aparentemente Remo não estava se importando com que os outros soubessem.
"Nós estávamos analisando melhor o livro, e o próximo capitulo vai ser um pouco difícil pra eles. Pensei que fosse melhor eu a estar aqui". Sussurrou só pra ela ouvir.
Dora entendeu na hora, agora tinha certeza que o próximo capitulo falava sobre a traição de Pettigrew. Ela acenou, Remo estava certo, era melhor que ele cuidasse disso.
"Bem...". Falou virando-se para os outros. "Acho que já devem ter percebido que esse é Remo, Remo adulto". Explicou ela, o que fez ele rir do jeito atrapalhado com que ela falara.
Todos tinham os olhos arregalados desde o momento em que perceberam quem ele era, sem nem mesmo se darem conta de quando ele passou o braço pela cintura de Tonks.
Remo mais velho observou os amigos: Tiago, Sirius, Pedro, e até mesmo a si próprio. Olhou Lily, Dorcas, Marlene, e todos aqueles outros que agora não estavam mais com ele. Sentiu vontade de abraçar Pontas e Almofadinhas, e de esganar Pedro. O traidor idiota, que acabara com a vida de todos eles. Tudo por culpa dele.
Ele riu novamente ao ver a cara dos amigos, estava contente demais pra se segurar. E com seus risos eles pareceram despertar.
"Aluado?". Perguntaram Sirius e Tiago, surpresos com a repentina aparição do amigo, um amigo muito mais velho que o que eles conheciam.
"Você está diferente". Pedro falou timidamente, não querendo chamar muita atenção pra si mesmo.
"Pois é". Remo mais velho rosnou, e ninguém entendeu o motivo. "Você também está muito diferente no futuro, até demais". Ele estreitou os olhos.
Rabicho se encolheu no lugar, olhando assustado para o lobisomem. Ele sabe, sabe da verdade. Pensou. O Lorde das Trevas vai me castigar, vai me castigar!
Pedro não sabia o que fazer, somente ficou meio escondido olhando para os outros.
"Acho que não temos tempo a perder". Anunciou por fim Ninfadora. "Vamos terminar as explicações e depois iremos ler".
Remo ao seu lado tremia um pouco de raiva, sabia que essa raiva direcionava-se ao ex-amigo, Pedro Pettigrew, pela traição. Ela também tinha raiva dele, mas a de Remo deveria ser mil vezes pior, porque um dia foram amigos, e confiaram no rato traidor, e por causa dele, agora seus melhores amigos estavam mortos.
"Por favor, acomode-se onde desejar, Sr. Lupin. Creio que Tonks esteja certa". Dumbledore falou, a voz calma como sempre.
Alvo parecia realmente calmo, mas sua cabeça estava a mil, e os pensamentos giravam em volta da repentina agressividade de Lupin para com Pettigrew. Muitas possibilidades formando-se uma atrás da outra, algumas descartadas imediatamente e outras sendo postas a maior analise. Logo chegaria a respostas, mas ele nem mesmo precisava, já que estavam prestes a descobrir.
Enquanto Dumbledore estava imerso em seus pensamentos, Lupin e Dora tinham se sentado à mesa da Grifinória, e dessa vez, fora ele quem ficara perto de si mesmo mais novo. Olhou para o rapaz sentado ao seu lado e pensou em como sua vida já era difícil naquela época, e que seu eu mais novo nem imaginava por tudo que teria de passar ainda.
Pelo menos estou vivo. Pensou. Bem diferente de Pontas e Almofadinhas!
.".".".".
Remo e Dora haviam explicado tudo o que os livros não contariam pra eles, sendo interrompidos muitas vezes pelos Marotos ou por qualquer outro que se atrevesse. Responderam as dúvidas pacientemente, mas somente quando podiam falar sobre elas. Em muitos casos tiveram de desviar o assunto.
Tinham acabado de explicar sobre o quinto ano de Harry, deixando o sexto por conta do livro, quando Tiago fez a pergunta que a tempos o incomodava.
"Então, quem afinal é a mãe do Harry, quero dizer, err... Minha mulher?". E olhou em expectativa para os dois do futuro.
Remo e Tonks compartilharam um sorriso travesso, e concordaram silenciosamente que ainda não contariam. Remo sabia que o amigo se morderia de curiosidade, e por isso mesmo não responderia.
"Hmm, é melhor voltarmos a ler". Anunciou.
"Ei, mas você não me respondeu!".
"Ora, Pontas, você vai saber. Mas uma coisa eu garanto: você vai gostar da sua futura esposa". E riu.
Tiago suspirou frustrado, e abaixou a cabeça, mas quando finalmente deixaria a leitura continuar, ele ergueu a cabeça de repente. Os olhos brilhavam loucamente, e logo encontrou o olhar de Remo mais velho.
"Espera...". Gritou, tanto que todo o salão ouviu. "Você disse que eu vou gostar dela, então só pode ser a Lily!".
Remo e Dora explodiram em risadas, sabendo a verdade. Mas ali perto tinha uma ruiva não muito contente.
"Não enche Potter! Eu. Não. Vou. Me. Casar. Com. Você". Seu rosto estava vermelho, quase tanto quanto os cabelos. "E não me chame de Lily".
Ela não estava realmente brava, só muito envergonhada. Ao contrário do que todos pensavam, inclusive o próprio Tiago, ela não o odiava. Achava-o arrogante, sim. Também metido e mimado, mas isso não significava que era ódio que sentia por ele.
Tiago pareceu murchar um pouco, mas logo voltou a sorrir. Ele era convencido, isso sim, e tinha certeza de que ainda conquistaria sua Lily.
"Ok, então quem vai ler?". Perguntou a ruiva, pegando o livro.
Uma menina da Corvinal ergueu a mão, ao que Lily levantou e foi entregar o livro nas mãos da menina, sem necessidade, é claro. Esta que abriu o livro com cuidado, como se fosse a coisa mais frágil do mundo*, e começou a ler:
(N/A: *Eu trato meus livros bem assim)
"Capitulo 2 - A Rua da Fiação".
Snape, lá da mesa da Sonserina, arregalou os olhos e levantou a cabeça no momento em que ouviu o titulo. A Rua da Fiação! Quantas ruas dessa poderiam existir, afinal? Se fosse alguma coisa com ele, agora estava totalmente perdido. Potter zombaria dele pra sempre por causa do lugar em que morava. Não podia estar morando lá ainda, podia? Sim, poderia, sabia que sim, e temia isso.**
(N/A: Eu não lembro se o Snape morava lá quando estudava, mas vamos dizer que sim)
Lilian se sentiu incomodada com o titulo, como se já tivesse o escutado em algum lugar. De fato já escutara, mas sua mente não conseguia lembrar-se de onde. Só restava esperar e descobrir.
"Há muitos quilômetros de distância, a névoa gelada que comprimia as vidraças do Primeiro-Ministro flutuava sobre um rio sujo que serpeava entre barrancos cobertos de mato e lixo. Uma enorme chaminé, relíquia de uma fábrica fechada, erguia-se sombria e agourenta. O silêncio total era quebrado apenas pelo rumorejo da água escura, e não havia vestígio de vida exceto por uma raposa esquelética que descera até o barranco na esperança de farejar um saco de peixe com fritas descartado no capim alto.
"Que lugar repugnante!". Dorcas estremeceu. "Deve ser horrível morar ai".
"Seu é que alguém mora ai, Dorcas". Concordou Marlene.
"Vocês nem imaginam". Severo sussurrou pra si próprio, lá na mesa da Sonserina.
Então, com um leve estalo, uma figura magra e encapuzada se materializou na margem do rio.
"O que um bruxo estaria fazendo nesse lugar?". Perguntou Sirius. Ninguém respondeu.
A raposa congelou, fixando os olhos assustados no estranho fenômeno. A figura pareceu se orientar por alguns instantes, então saiu andando com passos leves e ligeiros, sua longa capa farfalhando no capim.
Com um segundo estalo mais forte, outra figura encapuzada materializou-se.
— Espere!
"Essa outra pessoa parece estar perseguindo, ou tentando impedir a outra de fazer alguma coisa". Meditou o Remo mais novo.
"É, mas impedir de fazer o que?". Dorcas perguntou.
"Vai saber". Remo chacoalhou os ombros.
O grito rouco alarmou a raposa, agora quase achatada no mato. Saltou do seu esconderijo e subiu o barranco. Houve um lampejo verde, um ganido, e o animal caiu ao chão, morto. A segunda figura virou o corpo do animal com a ponta do pé.
"Ah, coitadinho do bichinho". Lene exclamou, colocando as mãos na boca.
"É mais que isso Lene, essa pessoa não deve ser nada legal, porque esse lampejo verde é obviamente a Maldição da Morte. E quem sairia por ai lançando essa maldição em um bichinho inocente?". Lily disse.
"Um Comensal da Morte, com certeza". Completou Dorcas.
"Isso!". Lily disse.
— É só uma raposa — disse sumariamente uma voz feminina por baixo do capuz. — Pensei que fosse um auror...
"Bem, obviamente é uma Comensal, porque não iria querer matar um auror se não fosse". Disse Tiago. "E é por isso que eu vou ser um auror". Complementou.
Sirius e Remo riram, já esperando essa reação vinda do amigo. Ele vivia falando sobre ser auror, e levava isso bem a sério.
"Como se você tivesse capacidade para ser um auror, Potter". Resmungou Snape.
"Muito mais que você, Ranhoso, já que você é um Comensal, e Comensais não podem ser aurores!". Rebateu o outro.
"Senhor Potter, por favor, sem acusações". Dumbledore interveio, antes que Snape retrucasse.
"É a verdade". Deu de ombros.
"Idiota". Lilian falou alto o suficiente para que ele escutasse. "Você não pode sair por ai falando isso só porque não gosta dele".
Tiago virou a cabeça lentamente em direção a Lilian, sorrindo, mas não o costumeiro sorriso maroto, e sim um sorriso sincero e até um pouco triste.
"Não, Lilian, você não entende. Eu não falo que ele é um comensal só por não gostar dele. Eu não gosto de um monte de gente, e nem por isso saio por ai chamando as pessoas de Comensal. É verdade que Snape é a pessoa que eu mais odeio, mas nem por isso o acusaria de ser um servo de Voldemort se eu não tivesse certeza disso. Pois saiba que eu tenho, e acho que você não vai demorar muito a descobrir isso também".
Lilian estreitou os olhos, tentando ver onde Potter queria chegar. Ela não acreditava realmente que ele falasse a verdade, porque conhecia Severo mais do que todo mundo, e saberia se ele fosse um Comensal da Morte, e ele nunca seria um. Estava certa disso.
Mas as pessoas se enganam, não é mesmo?
A menina voltou a ler:
Ciça, espere!
Ciça, da onde eu já ouvi isso? A mente de Sirius tentava puxar de algum lugar a memória. Ah sim, é como chamam Narcisa.
"Eu já sei quem é essa Comensal!". Exclamou ele.
"A que matou a raposa?". Perguntou Tiago.
"Não, idiota, a outra. Ciça é o apelido da minha prima Narcisa".
"Aquela que ainda estudava aqui quando a gente entrou?". Perguntou Lupin.
"É, essa mesma. Argh, e ela casou-se com Lúcio Malfoy".
Os três Marotos fingiram estremecer, e então riram.
"Mas eu não sabia que ela era Comensal". Comentou Tiago.
"Só uma questão de tempo, afinal, ela se casou com um Malfoy". Respondeu Sirius, com nojo.
Os outros concordaram.
Mas a outra, que parara para olhar para trás ao perceber o lampejo, já estava subindo pelo barranco em que a raposa acabara de tombar.
— Ciça... Narcisa... escute...
"É, é ela mesma". Disse Sirius.
A segunda mulher alcançou a primeira e agarrou-a pelo braço, mas esta se desvencilhou.
— Volte, Bela!
"Ah não!". Exclamou ele, colocando as mãos na cabeça e fingindo sofrimento.
"Outra parente sua?". Aluado riu.
"É, a pior delas. Bellatrix Black Lestrange, Comensal, e eu ainda acho que ela tem uma paixão por Voldemort".
"Quem teria uma paixão por ele?". Exclamou Lily, quase rindo.
"Bellatrix. Acredite, ela tem sim. Aquela lá é maluca!".
"É, 'tia' Bella não bate bem da cabeça até o meu tempo, na verdade, ta pior". Tonks riu.
"Tia?". Remo mais novo voltou-se pra ela.
"É, ela e Narcisa são irmãs da minha mãe. Só que ninguém sabe porque minha mãe casou-se com um trouxa".
"Ah!".
"Sabe que é estranho falar com você, nessa idade, sendo que o mais velho está do meu lado?". Disse ela repentinamente.
Os dois Remo’s riram, mais velho e mais novo.
"É estranho me ver mais velho". Disse o mais novo, olhando pra si mesmo.
"Digo o mesmo". Falou o mais velho sorrindo. "E também falar comigo mesmo".
— Você precisa me escutar!
— Já escutei. Já me decidi. Me deixe em paz!
"Parece que Bellatrix está tentando convencê-la a não fazer alguma coisa". Disse Sirius.
"Não, sério Almofadinhas? Como eu não tinha percebido isso antes?". Tiago exclamou, jogando os braços pro alto.
O amigo somente mostrou-lhe a língua.
A mulher chamada Narcisa chegou ao alto do barranco, onde um gradil velho separava o rio de uma rua estreita calçada com pedras.
Snape parecia se encolher um pouco, quanto mais o livro falava sobre sua casa. Não queria que Lily vice como realmente era o lugar em que ele morava, e não podia ser boa coisa, já que duas Comensais estavam no lugar. Sem dúvida alguma estariam indo até sua casa, só não entendia o motivo.
A outra, Bela, continuou seguindo-a. Lado a lado, elas pararam, examinando na escuridão as fileiras de casas de tijolos aparentes, em ruínas, as janelas opacas e sem luz.
— Ele mora aqui? — perguntou Bela com desprezo na voz. — Aqui? Neste monturo dos trouxas? Devemos ser os primeiros da nossa raça a pisar...
"Quem será que mora em um lugar horrível como esse?". Lily perguntou. "Só pode ser um Comensal, elas não se dariam ao trabalho de ir até lá se não fosse!".
"Não sei Lírio, isso me parece estranho. Porque precisariam ir até lá pessoalmente? Deve ser alguma coisa realmente importante".
Lílian não reclamou por ser chamada pelo apelido, pensava agora no que Tiago dissera, era a verdade. Comensais tinham outros meios de se comunicar, a não ser... A não ser que estivessem fazendo alguma coisa que não quisessem que mais ninguém soubesse.
Não, pensou ela, não se atreveriam a desrespeitar ordens de... De Voldemort!
Mas Narcisa não estava escutando; passara por uma abertura no gradil enferrujado e já atravessava a rua, apressada.
— Ciça, espere!
"Bella parece realmente desesperada a impedir Ciça a fazer sei lá o que!". Sirius comentou. "Isso é estranho, porque geralmente elas estão de acordo".
"Vai ver Narcisa vai fazer alguma coisa que prejudicará Bellatrix". Sugeriu Marlene.
"Acho que não, Ciça nunca prejudicaria ela".
"Então não faço a mínima ideia". Ela deu de ombros.
Bela acompanhou-a, sua capa enfunando às costas, e viu Narcisa embarafustar por um beco em meio ao casario e sair em outra rua quase idêntica. Alguns dos lampiões estavam quebrados, e as duas mulheres percorriam alternadamente trechos de luz e sombra profunda. Bela alcançou Narcisa quando virava mais uma esquina, conseguindo desta vez segurá-la e virá-la de modo a ficarem frente a frente.
"Narcisa não vai gostar disso". Sirius riu.
"E porque você acha graça nisso, pulguento?". Perguntou Marlene.
"Assim você me ofende, Lene, eu não sou pulguento!".
"Tanto faz, eu nem mesmo sei por que a de cabelos rosa te chamou assim, mas eu gostei. Combina perfeitamente com você, de algum modo, então eu só vou te chamar assim de agora em diante". Ela deu-lhe um sorriso maroto. "Ah, e você não respondeu a minha pergunta".
Sirius bufou.
"Bah, eu acho graça nisso porque odeio Bella. Ela é uma idiota!".
"Você nem imagina o quanto". Disse Remo mais velho, lembrando-se de que tinha sido ela quem matara o amigo. Nunca se esqueceria disso.
"Por quê? Ela ficou mais idiota?". Questionou Sirius mais novo.
"Muito mais do que você imagina". Concordou Tonks.
"Impossível!". Exclamou Marlene. "Ninguém é mais idiota que o Sirius".
Sirius lhe mostrou a língua, enquanto os outros riam.
"Eu sei que tu me ama, Lene". E piscou, fazendo a menina corar.
Finalmente a menina teve uma brecha para retomar a leitura.
— Ciça, você não deve fazer isso, não pode confiar nele...
— O Lorde das Trevas confia nele, não é?
"Deve ser alguém importante". Admitiu Dumbledore. "Voldemort não confia em muitas pessoas".
Severo olhava incrédula para o velho. Ele seria alguém importante para o Lorde das Trevas? Porque claro, só podia ser ele a quem as duas estavam indo ver. Nenhum outro bruxo morava lá.
— O Lorde das Trevas está... acho... enganado — ofegou Bela,
"Deuses***, Bella disse que ele está errado!". Exclamou Almofadinhas, incrédulo. "Ela é tão louca por Voldemort, que pensei que nunca fosse criticá-lo".
(N/A: *** Hehe, é que eu tenho costume de falar "deuses", ai acabei colocando sem querer, e resolvi deixar. Ler muito PJO da nisso...)
e seus olhos brilharam momentaneamente sob o capuz quando correu um olhar a toda volta para verificar se estavam de fato sozinhas. — Seja como for, recebemos ordens para não discutir o plano com ninguém. Isto é uma traição à diretriz...
— Me largue, Bela! — bradou Narcisa, puxando uma varinha de dentro da capa e apontando-a ameaçadoramente para o rosto da outra.
"Eu falei! Eu falei que se Bella tentasse intervir, Ciça faria alguma coisa".
"Certo Almofadinhas, só que ninguém duvidou de você". Remo disse, sorrindo.
Bela apenas sorriu.
— Ciça, sua própria irmã? Você não faria...
— Não há mais nada que eu não faça!
"Uhhh". Cantarolou Sirius****, em um sussurro teatral. "Essa eu queria ver. Acaba com ela, Ciça!".
(N/A: **** Já deu pra reparar que eu to colocando muito o Sirius pra falar, né?)
— sussurrou Narcisa, com uma nota de histeria na voz, e, quando baixou a varinha como se fosse uma faca, houve mais um lampejo. Bela soltou o braço da irmã como se houvesse recebido uma queimadura.
— Narcisa!
"Isso ai, isso ai, isso ai, isso ai...". Sirius pulou na mesa o começou a cantar, enquanto todos riam dele. "Bem feito, bem feito, bem feito...".
"Black, desça daí!". Ordenou Lily, mas até mesmo ela ria agora.
"Vem me tirar então, Lily". Provocou o moreno, dando uma piscadela.
Lily corou.
"Cala a boca, Almofadinhas. É sério, nem se atreva a dizer uma coisa dessas novamente". Tiago falou, controlando a voz.
"Relaxa, Pontas, era só uma brincadeira".
"É bom mesmo!". E olhou feio para o amigo, enquanto uma Lily incrédula encarava Tiago.
Narcisa, contudo, prosseguira seu caminho, apressada. Esfregando a mão, a irmã perseguiu-a, mantendo distância enquanto se aprofundavam no labirinto deserto de casas de tijolos aparentes. Por fim, Narcisa precipitou-se pela Rua da Fiação, sobre a qual pairava a alta chaminé fabril como um gigantesco dedo em riste. Seus passos ecoaram nas pedras do calçamento ao passar por janelas partidas e fechadas com tábuas, até chegar à última casa, onde uma luz fraca se filtrava pelas cortinas de um aposento térreo.
Ela batera na porta antes que Bela, xingando baixinho, a alcançasse. Juntas, esperaram ligeiramente ofegantes, respirando o mau cheiro do rio sujo que a brisa noturna trazia às suas narinas. Passados alguns segundos, ouviram um movimento do lado de dentro da porta que se entreabriu.
Snape estremeceu, esperando pelo que viria a seguir. Iria ser difícil pra ele, porque Potter finalmente teria uma prova contra ele, mesmo que não fosse concreta. Tinha medo de perder Lily pra sempre, não sabia como seria sua vida sem ela.
Só restava esperar para ver a reação da ruiva, mas acreditava que talvez ela não fosse tão dura com ele, e entendesse que só fazia isso porque queria ser poderoso, poderoso pra ela.
Viram um homem mirrado espiando-as, um homem com longos cabelos pretos repartidos ao meio que formavam cortinas emoldurando-lhe o rosto emaciado e os olhos pretos.
Ninguém ao menos havia percebido de quem o livro falava, mas Tiago já sabia com certeza que era Snape. Sabia que Ranhoso era um Comensal, mas não pensava que fosse chegar ao ponto de ser confiável a Voldemort. Não se surpreendeu com o lugar em que o cara morava, sabia que não tinha uma vida boa, mas nem por isso ficaria zoando ele. Não por isso, pelo menos.
Pelo menos Lily talvez acredite em mim agora!
Narcisa baixou o capuz. Era tão pálida que parecia refulgir na escuridão; a cabeleira loura descia pelas costas, dando-lhe a aparência de uma mulher afogada.
"Afogada?". Questionou Remo mais novo, segurando o riso. "Sério isso?".
E logo os outros Marotos também riam abertamente.
"Como alguém a aparência de uma pessoa afogada?". Lilian franziu a testa, como se tentasse imaginar a cena mais precisamente.
"Acredite, se você vice Narcisa, também acharia. Eu nunca tinha pensado nisso, mas é verdade!". Exclamou Sirius.
Lily somente balançou a cabeça em negação.
— Narcisa! — exclamou o homem, abrindo um pouco mais a porta, de modo que a luz incidisse sobre ela e a irmã. — Que surpresa agradável!
"Ugh, nem de longe essa surpresa seria agradável!". Sirius fingiu estremecer.
"Pro Ranhoso deve ser". Disse Tiago, fazendo Lily ficar vermelha novamente.
"E porque, Potter, você acha que seria Severo a estar por trás daquela porta? Você mão pode parar de culpá-lo pro um minuto sequer?".
Pena que dessa vez ele acertou. Pensou Severo.
Tiago soltou um riso seco.
"Não diga que eu não avisei, Lily. Não diga que eu não avisei".
"Você vai ver como está errado, e vai ter que engolir suas próprias palavras". Rosnou ela.
"Eu aposto que estou certo!". Desafiou ele.
"Pois eu aposto que não!". Retrucou ela.
"Vamos ver então...". Ele deixou a frase no ar.
— Severo — ela sussurrou tensa.
As bocas de todo o salão se escancararam, menos as da mesa verde e prata. Afinal, Tiago estava certíssimo.
Lilian custou a acreditar, olhou em volta, perdida. Olhou Potter, que imaginou que carregava um sorriso arrogante no rosto, mas em vez disso quando encontrou seu olhar, este tinha uma expressão protetora, que se direcionava á ela. Surpreendeu-se.
Olhou para as amigas, e estas carregavam pena no rosto. Pena que sabia também estar direcionada á ela.
Ainda não podia acreditar, e, por fim, virou a cabeça na direção de Severo. Ele a olhava com um misto de culpa e arrependimento, mas Lilian também pode enxergar a verdade estampada nas feições já tão conhecidas por ela. Era verdade! Tudo o que o livro dizia, tudo que Potter vinha dizendo. Ela não acreditara nele, mas estava certo. Severo mentira pra ela.
"Como... Como você pode?". Uma lágrima desceu por seu rosto. Nunca esperaria isso dele, justo dele. A pessoa que lhe contara sobre o mundo da magia, a pessoa que estava com ela desde sempre. A pessoa que a defendera da irmã. A pessoa que ela defendera por todos esses anos.
Severo somente a olhou por alguns instantes, sem falar, sem mudar a expressão. Então por fim decidiu que, nessa hora, a verdade era a melhor opção. Ou pelo menos, parte dela. Fechou os olhos e começou a falar, alto o suficiente pra que ela ouvisse, mas consequentemente, o salão todo também.
"Olha, Lily, eu fiz isso por você...".
"Não me venha dizer que fez isso por mim". Esbravejou ela. "Eu nunca te pedi que fizesse isso!".
"Eu... Sei, sei que nunca me pediu. Mas olhe pra mim, eu sou um perdedor, você nunca iria gostar de mim desse jeito! Eu queria o poder, porque eu queria que você gostasse de mim". Suplicou ele.
"Então você realmente não me conhece". Ela balançou a cabeça, enquanto lágrimas deixavam sua face. "Porque se me conhecesse, um pouquinho se quer, saberia que eu nunca iria querer que você se aliasse a ele por mim. Eu o odeio, ele acabou com a vida de muitas pessoas, ele está acabando com a minha vida! Eu o odeio, e odeio ainda mais que você tenha escolhido esse maldito caminho. Eu não preciso que você seja poderoso pra gostar de você, porque eu já gosto de você, vai ser sempre a pessoa que me ajudou a vida inteira". Fechou os olhos. "Mas nunca pensei que pudesse fazer uma coisa horrível dessas! Pensou o que? Que eu fosse gostar mais de você só por ter poder? Não! Porque você está fazendo um mal as pessoas, está fazendo mal a mim, mas principalmente, está fazendo mal a si mesmo...".
"Lily...".
"Não me chame mais assim, não tem mais esse direito. Estou realmente decepcionada, pra você agora é Evans. Entendeu, Snape?".
Doeu mais do imaginaria quando ela o chamou de Snape. Doeu, mas ele era um Sonserino, e ele não se deixaria abater. Por mais que por dentro estivesse destruído, não demonstraria.
"Tudo bem, sangue-ruim!". Soltou, sem pensar muito. Mas se era assim que Lily queria, assim seria.
Ficou calado depois disso, enquanto via os rostos dos Sonserinos satisfeitos, e as caras cheias de fúria da maioria dos Grifinórios.
Tiago levantou-se em um pulo, a varinha já na mão, e foi em direção a mesa da Sonserina. Severo fez o mesmo, e os dois se encararam, mas antes que pudessem fazer qualquer coisa contra o outro, Dumbledore interveio.
"Nada de lutas aqui, não quero ver meus alunos feridos, nem se ferindo. Senhores, voltem aos seus lugares, imediatamente!". Falou, com a voz não tão mais calma.
Os dois continuaram se encarando, sem dar atenção ao diretor.
"Merlin, Sr. Potter, terei de descontar pontos da Grifinória se não voltar ao seu lugar!". Exclamou a professora Minerva.
"Digo o mesmo". Concordou Slughorn.
"Eu não me importo, professora. Você viu? Ele a chamou de sangue ruim. Sangue ruim. Eu vou matá-lo!". E avançou contra Severo.
"Tiago, não!". A voz de Lily interrompeu o ato do moreno, que congelou no lugar. "Não faça isso, por favor, por mim".
O Maroto ficou surpreso ao ouvi-la chamando-o pelo nome, e mais surpreso ainda ao escutar seu pedido.
"Mas, Lily...".
"Por favor". Ela implorou novamente.
"Mas ele te chamou se sangue-ruim!".
Snape por um momento se permitiu ter esperanças de que Lily estivesse defendendo ele. [Mas não deveria ter essa esperança]
"Você vai defendê-lo?". Perguntou Tiago. "Depois disso?".
"Não estou defendendo ele, estou te impedido de fazer uma besteira. Se você matar ele, vai acabar em Azkaban!".
E todas as esperanças de Severo foram por água a baixo.
Potter piscou algumas vezes antes de acreditar que ela realmente estivesse defendendo ele, e não o Ranhoso, mas quando por fim o fato entrou em sua cabeça, um enorme sorriso veio a seu rosto.
Lilian não tinha deixado de se importar com Severo, é claro, tinham passado muito tempo juntos, mas não precisava demonstrar. Ele queria ser um Comensal? Que fosse, isso doía, mas agora não tinha mais volta.
Os dois voltaram para a mesa da Grifinória, enquanto um Snape incrédulo ficava prado no meio do salão.
"Deveria ter acabado com ele". Resmungou Sirius, quando por fim o amigo voltou para o seu lado. Lilian, dessa vez, sentou-se do outro lado de Tiago.
Pontas não respondeu Almofadinhas, pensava mais em Lilian. Nem mesmo acreditava que ela tinha defendido ele, parecia um sonho, e ele estava decidido a não acordar.
"Você já pode voltar a ler". Disse Lilian, fazendo um gesto para a menina da Crovinal. Estava decidida a não se importar mais.
Muitos ficaram surpresos com a reação da ruiva, inclusive as amigas, que se apressaram a ir falar com ela, ver se estava mesmo bem. Mas Lilian Evans não era uma pessoa fraca, ela suportaria a dor.
Once a Death Eater, you're always one
— Posso falar com você? É urgente.
— Mas é claro.
Ele recuou para deixá-la entrar. A irmã, ainda encapuzada, acompanhou-a mesmo sem convite.
"Gentil como sempre". Resmungou Sirius.
— Snape — cumprimentou secamente ao passar.
— Belatriz — respondeu ele, os lábios finos encrespando-se em um sorriso ligeiramente zombeteiro, ao fechar a porta, depois que as mulheres passaram.
Tinham entrado diretamente em uma pequena sala de visitas, que dava a impressão de uma cela acolchoada e escura. As paredes eram inteiramente cobertas de livros, a maioria encadernada em couro preto ou castanho; um sofá puído, uma poltrona velha e uma mesa bamba estavam agrupados no círculo de luz projetado por um candeeiro preso no teto. O lugar tinha um ar de abandono, como se não fosse normalmente habitado.
Snape estava pronto para que as zoações da parte de Potter e Black chegassem, mas elas não vieram. Ele olhou interrogativamente para os Marotos, do outro lado do salão. Com certeza estavam armando algo, certo?
Mas Snape estava errado, porque eles eram os Marotos, eles adoravam azarar e caçoar de Severo, mas eles não eram cruéis. Eles não se importavam com o lugar onde a pessoa morava, só se importavam com ela, tanto que nem prestaram muita atenção a descrição da casa de Snape. E também não perceberam os olhares que lhes eram lançados, vindos da mesa verde e prata.
Snape indicou o sofá a Narcisa. Ela despiu a capa, atirou-a para um lado e se sentou, olhando para as mãos brancas e trêmulas que cruzara ao colo. Belatriz baixou o capuz mais lentamente.
"Bella gosta de fazer suspense, pff". Riu Sirius.
"Ah!". Exclamou Tiago. "Lembrei quem é Bellatrix".
"Lembrou? Eu não". Afirmou Remo mais novo.
"Lembra daquela prima gata do Sirius que ameaçou a gente?". Tiago disse, divertido.
"Ah!". Exclamou Remo mais novo, rindo. "Lembrei. Cara, ela era bonita mesmo".
Dorcas e Tonks olharam Remo mais novo com uma cara estranha, enquanto Remo mais velho se encolhia perto da namorada, temendo o que seu eu mais novo pudesse falar.
Tonks por fim olhou o mais velho encolhido ao seu lado e soltou um suspiro de indignação.
"Como é que vocês podem achar Bellatrix bonita, em?". Exclamou ela.
"Ela é!". Afirmou Sirius.
"Bem, não mais. Os anos que ela passou em Azkaban acabaram com a beleza dela". Retrucou, então olhou pra Remo mais velho, esperando ele concordar.
Se aproveitando da oportunidade, Remo confirmou.
"É, é verdade". Disse ainda meio encolhido.
Ninguém prestou muita atenção ao gesto de Remo, mas Lily viu quando ele se encolheu diante do olhar de Tonks, e começou a desconfiar.
"Não é de se surpreender que ela tenha ido pra Azkaban". Concordou Sirius.
Tão morena quanto a irmã era clara, as pálpebras pesadas e o maxilar pronunciado, ela não desviou os olhos de Snape quando foi se postar atrás de Narcisa.
Pff, Bellatrix ainda desconfia de mim. Pensou Snape. Que ótimo!
— Então, em que posso lhe ser útil? — perguntou Snape, acomodando-se na poltrona defronte às duas irmãs.
— Nós... nós estamos sozinhos? — perguntou Narcisa em voz baixa.
— Claro que sim. Bem, Rabicho está aqui, mas não estamos contando os vermes, não é mesmo?
"QUE?". E esse foi o grito de três pessoas ao mesmo tempo. Tiago, Sirius e Remo se levantaram, como se em sincronia, e olharam para o lugar de Rabicho... Só que ele não estava lá!
Enquanto ninguém olhava, Rabicho tinha se escondido em baixo da mesa e fugido, em sua condição de rato, pra longe. Ninguém percebeu, e agora ninguém sabia onde estava. E isso já tinha acontecido a algum tempo.
"Que é que Rabicho está fazendo lá?". Questionou Pontas, irritado.
"Não pode ser ele, pode?". Almofadinhas olhou em volta, como se esperasse alguém confirmar.
"Tem que ser ele, quantos Rabichos existem, hein?". Respondeu Remo mais novo. "Mas o que ele ta fazendo lá?".
E os três se viraram para Snape.
"E eu que vou saber? Isso não aconteceu ainda!". Exclamou ele, mas sabia exatamente que Pedro era um traidor. Quis rir da burrice dos Marotos, por confiarem tanto em Pettigrew. Ele era realmente um rato traidor.
Remo mais velho suspirou cansado, não queria relembrar a traição e suas consequências, mas teria.
"Vocês vão entender, só esperem. Deixem-na ler". Disse Remo, mas sabia da verdade. Eles nunca entenderiam, porque ele até hoje ainda não entendia.
Os Marotos voltaram a se sentarem, esperando a continuação, esperando mais sobre o que Pedro fazia lá.
Ele apontou a varinha para a parede revestida de livros às suas costas e, com um estampido, uma porta oculta se escancarou, revelando uma escada estreita onde estava parado um homem pequeno.
— Como você já percebeu claramente, Rabicho, temos visitas — disse Snape sem pressa.
Todos os Marotos se remexeram incomodados, sem realmente saber o motivo de Rabicho estar ali. E estavam ainda mais incomodados pelo fato de que Snape chamava-o pelo apelido. Não tinham certeza se ele estava ali por vontade própria, ou então, por ser obrigado. Os três se aguentavam para não perguntar, e ainda havia o fato de que Rabicho do presente tinha desaparecido.
O homem desceu encurvado os últimos degraus e entrou na sala. Tinha olhos miúdos e lacrimosos, um nariz arrebitado e um sorrisinho incômodo. Sua mão esquerda acariciava a direita, que parecia estar calçada com uma reluzente luva prateada.
— Narcisa! — cumprimentou com uma vozinha aguda. — E Belatriz! Que prazer...
E então, agora eles tinham absoluta certeza de que Rabicho estava ali por vontade própria, e queriam explicações. O primeiro a perguntar foi Sirius.
"Que... Que história é essa? Porque Rabicho está ali na casa do Ranhoso, afinal?".
Remo mais velho olhou para a cara curiosa de todos que se acomodavam na mesa da Grifinória. Suspirou uma vez mais, e por fim desatou a falar.
"Pois bem, vocês lembram que no capitulo anterior, fala que Sirius foi preso em Azkaban?". Eles afirmaram, então ele continuou, enquanto Dora apertava sua mão, lhe dando força. "Voldemort estava atrás dos Potter, ele queria a Tiago, seu filho e Lil-sua esposa...". Parou-se a tempo de mencionar Lilian, enquanto via o rosto assustado de Tiago. "Você e sua esposa, Tiago, o tinham desafiado três vezes e escapado dele essas mesmas três vezes, e então tinha a profecia que falava: Aquele com o poder de vencer o Lorde das Trevas se aproxima… nascido dos que o desafiaram três vezes, nascido ao terminar o sétimo mês... Mas Voldemort nunca soube da profecia por completo, e ele foi atrás de Harry, achando que ele era uma ameaça. Na verdade, ele era, mas só porque Voldemort o marcou...".
"Tudo bem, isso é muito pra digerir, mas o que tem a ver com Rabicho?". Tiago questionou.
Remo lhe deu um sorriso fraco.
"Deixe-me continuar, vou chegar lá. Enfim, os Potter se esconderam em uma casa segura, a fariam o Feitiço Fidelius, e Sirius seria o fiel do segredo. Mas no último momento, o fiel do segredo foi trocado para Rabicho, e ninguém sabia, mas ele era um Comensal, um traidor. Ele entregou os Potter a Voldemort, e... e...". Remo fechou os olhos e não conseguiu mais falar.
Tiago, sem palavras, olhava o amigo mais velho. Seria o que ele achava? Ele estava morto? Ele e sua esposa, mortos, e seu filho sobrevivera. Mas pior ainda era saber que seu próprio amigo o trairia, um de seus melhores amigos. Um dos quais ele seria capaz de fazer tudo por ele, uma pessoa em quem confiara a vida toda. Mas isso só mostrava o quanto estivera errado, e que não se podia confiar nem mesmo nos amigos. Quer dizer, ele confiava em Sirius e Remo, e confiaria pela vida toda, mas agora, analisando bem, Tiago conseguia perceber porque Rabicho andava com eles. Porque eles eram os Marotos, eram famosos em Hogwarts, populares.
Ele sentiu nojo de Pedro, nojo.
"Eu... Nunca pensei que fosse capaz de fazer isso. Sinceramente, ele era um dos meus melhores amigos, não? Uma pessoa em quem eu confiava, por quem eu tinha respeito. Eu acreditei que ele fosse meu amigo, e então ele faz isso? Você não falou, Remo, mas ficou explicito, não é? Eu morri, não morri? E minha mulher junto. Tudo por causa de Pedro, daquele traidor!". E pela primeira vez desde os apelidos, Pontas chamara Rabicho pelo nome.
Ele não estava se importando tanto com morrer, isso não era o pior. O pior mesmo era saber que tinha sido traído por uma das pessoas que mais confiava. Ele agora imaginava seu filho, perdido, sem pais. Mas sabia que seus amigos cuidariam dele, porque ele confiava em Aluado e Almofadinhas.
Uma lágrima escorreu pelo rosto de Tiago, sem que ninguém percebesse, ou quase ninguém. Os outros dois Marotos ainda encaravam o vazio, sem realmente ver nada. O Salão se mantinha em silencio.
Remo mais velho abraçou Dora, e Dorcas correu para consolar o mais novo. Tonks sentiu uma pontinha de ciúmes disso, mas deixou de lado. Estava sendo boba.
Marlene estava tão chocada quanto os outros, porque vira a amizade que os Marotos tinham, e ela poderia dizer que era a mais forte que conhecia. Eles eram unidos, e essa revelação tinha sido um choque enorme pra eles. Não aguentando mais de ver a angustia estampada no rosto de Sirius, por fim foi até ele e o abraçou sem dizer nada.
Lily vira quando a lágrima tinha escorrido pelo rosto de Tiago, uma única e solitária lágrima. Nunca pensou que um dia fosse ver Potter chorando, mas esse dia chegara, e ela percebeu que ele não era tão mau quanto pensava. Percebeu o quanto essa amizade significava pra ele, o garoto estava acabado. Ser traído por um dos melhores amigos, serem morto por culpa dele. E ela que antes achava que aquele quarteto era inseparável.
"Sabe, nem tudo está perdido". Ela por fim tomou coragem pra dizer, e continuou quando o Maroto a olhou com uma cara confusa. "Você ainda tem Sirius e Remo, e também Marlene e Dorcas, e muitas outras pessoas, e... E tem a mim". A última parte saiu como um sussurro, mas ele escutou.
Um sorriso, mesmo que fraco, se abriu no rosto de Tiago. A ruiva ficou contente por fazer-lo sorrir, mesmo que um pouco. Ela sabia como era a sensação, tinha passado por uma coisa parecida com Severo. Também tinha perdido um amigo.
"Obrigado". Agradeceu ele, em um sussurro. Ela somente sorriu.
Ver o sorriso de Lily já animou um pouco mais o moreno, que se lembrou que ela devia estar sofrendo também pela perda do amigo. Tiago não gostava de Snape, mas Lily gostava, embora ele não entendesse esse sentimento.
"Eu só gostaria de saber onde foi parar aquele traidor". Resmungou Sirius.
"Todos nós gostaríamos, Almofadinhas". Suspirou Remo mais novo.
"É, mas a gente tem um ao outro, certo?". Disse Tiago, sorrindo pra Lily. Percebeu que as palavras da ruiva não poderiam estar mais certas.
"Certo". Concordaram os outros dois, sorrindo.
Os três levantaram-se a se abraçaram.
"Malfeito feito". Gritaram juntos, deixando todos sem entender, e então se sentaram um ao lado do outro.
Afinal, eles eram os Marotos, e estariam sempre unidos, não importando a situação.
Framed. i've been framed.
By that pissant, Pettigrew.
The boy who lived,
The godson that i never knew.
I'll make it up,
Rectify this mess he's made.
— Rabicho vai nos servir uma bebida, se aceitarem — disse Snape. — Depois voltará para o quarto.
Há, quem diria que um dia um Maroto serviria de meu escravo! Pensou Snape. Posso até imaginar.
Rabicho fez uma careta, como se Snape tivesse atirado alguma coisa nele.
— Não sou seu empregado! — guinchou, evitando olhar para o outro.
Ninguém mandou nos trair, agora acabou ai, como escravo do Ranhoso. Pensou Sirius. Um bom castigo pra ele, mas não o suficiente. Porra, ele matou o Pontas!
— Sério? Tive a impressão de que o Lorde das Trevas colocou-o aqui para me ajudar.
— Ajudar, sim, mas não preparar bebidas nem limpar sua casa!
— Eu não fazia idéia, Rabicho, que você sonhasse com tarefas mais arriscadas — respondeu Snape melosamente. — Podemos providenciar isso sem demora: falarei com o Lorde das Trevas...
— Posso falar com ele eu mesmo, se quiser!
— Claro que pode — debochou Snape. — Mas enquanto não faz isso, traga as bebidas. Bastará um pouco de vinho dos elfos.
Rabicho hesitou um momento, como se fosse protestar, mas, então, virou-se e entrou por outra porta oculta. Ouviram-se algumas batidas e o tilintar de copos. Segundos depois ele retornava, trazendo em uma bandeja uma garrafa empoeirada e três copos. Depositou-os na mesa bamba e se retirou depressa, batendo a porta recoberta de livros ao passar.
"Um idiota e covarde, não entendo como entrou pra Grifinória. Pensei que os covardes ficassem na Sonserina". Debochou Sirius. (N/A: Me dói falar isso, porque a minha casa é a Sonserina).
A mesa da Sonserina inteira olhou com cara de desgosto para Sirius, muitos o xingaram. Ele não ligou, afinal, estava costumado com isso vindo de sua própria família. Enquanto isso, Régulo o observava. Sentia falta do irmão, embora nunca fosse admitir isso. Doía ver o próprio irmão falar coisas assim.
"Ele só entrou na Grifinória, porque teve de ter coragem para trair os amigos". Sugeriu Dora.
Snape serviu o vinho vermelho-sangue nos três copos e entregou dois às irmãs. Narcisa murmurou um agradecimento e Belatriz nada disse, mas continuou a encarar Snape mal-humorada.
"Eu gosto um pouco mais de Bella por isso, ela também não parece gostar do Ranhoso". Riu Sirius.
"Eu não acho que você gosta muito dela agora". Murmurou Remo mais velho, mas felizmente o Maroto não escutou.
Isto não pareceu perturbá-lo; muito ao contrário, dava a impressão de diverti-lo.
"Ah, que pena!". Exclamou Tiago, fingindo estar triste.
— Ao Lorde das Trevas — brindou ele, erguendo o copo e esvaziando-o de um gole.
"Uh, e ainda brinda á Voldemort". Remo estremeceu. Os Marotos estavam tentando levar numa boa o fato de terem sido traídos por uma pessoa em quem confiavam.
"A que ponto você chegou, Ranhoso". E você pode pensar que essas últimas palavras saíram da boca de um Maroto, mas não, porque elas vieram diretamente da boca de Lily Evans. A garota já estava cansada de defendê-lo, e ficou ainda mais indignada por ele brindar á Voldemort.
Todos ficaram espantados por Lily ter falado aquilo, era uma coisa nova. E ainda mais por ter usado um apelido inventado pelos Marotos, estes que ela repudiava. Quer dizer, estes que eles achavam que ela repudiava.
Snape ficou magoado, ainda mais do que já estava. Lily tinha passado para o lado de Potter? Era isso mesmo?
As irmãs o imitaram. Snape tornou a encher os copos. Quando Narcisa recebeu o dela, falou ansiosa:
— Severo, me desculpe vir aqui dessa maneira, mas precisava ver você. Acho que é o único que pode me ajudar...
"Ajudar em que será?". Questionou um garoto da Corvinal. "Parece ser uma coisa realmente importante, ela está desesperada".
Todos sabiam que o garoto tinha razão.
Snape ergueu a mão para interrompê-la, então tornou a apontar a varinha para a porta oculta que abria para a escada. Ouviu-se um estampido forte e um guincho, seguido do ruído dos passos apressados de Rabicho subindo a escada.
"O que Rabicho foi virar: um escravo do Ranhoso. Eu ainda não posso acreditar nisso". Murmurou Remo, balançando a cabeça.
"Incrível em como a gente achava que ele não tivesse capacidade pra nada, em como a gente pensava que ele fosse somente ingênuo". Continuou Tiago.
"E foi dar nisso, um traidor. No final, Dora está certa: ele só entrou pra Grifinória porque ia ter coragem para nos trair, porque nem mesmo isso ele tinha". Concluiu Sirius.
Os outros somente escutavam, nunca tinham visto os Marotos realmente magoados, na verdade, nunca os tinham visto magoados. Até hoje, é claro.
— Peço desculpas — disse Snape. — Ultimamente ele deu para ficar escutando às portas. Não sei o que pretende... mas o que era que você ia dizendo, Narcisa?
— Severo, sei que não devia estar aqui, recebi ordens para não comentar nada com ninguém, mas...
— Então deveria segurar sua língua! — vociferou Belatriz. — Principalmente diante de quem estamos!
"Eu falei, to gostando um pouquinho mais da Bella depois que descobri que ela não gosta do Ranhoso". Brincou Sirius.
— De quem estamos? — repetiu Snape em tom de zombaria. — E que devo entender por essa ressalva, Belatriz?
"Que você é um idiota, e que até mesmo Bellatrix não gosta de você?". Sugeriu Tiago, inocentemente, ou quase. Os outros riram, e o coração de Snape se apertou quando ele viu Lilian sorrindo.
— Que eu não confio em você, Snape, e você sabe muito bem disso!
"Pena que eu não fui assim, não deveria ter confiado também". Disse Lily, olhando diretamente pra ele, que desviou o olhar.
Narcisa deixou escapar um som que poderia ser um soluço seco e cobriu o rosto com as mãos.
"Ela definitivamente está desesperada!". Concordou Marlene. "Sei lá, vai ver cansou do Malfoy, e quer que Snape mate ele. Eu não me surpreenderia".
O salão explodiu em risadas com a brincadeira de Lene, apesar de todos estarem cientes que era uma coisa muito mais grave que isso.
Snape descansou seu copo na mesa e tornou a se acomodar, as mãos nos braços da poltrona, sorrindo para o rosto zangado de Belatriz.
— Narcisa, acho que devíamos escutar o que Belatriz está doida para dizer; assim pouparemos monótonas interrupções. Bem, continue, Belatriz — incentivou Snape. — Por que não confia em mim?
"Porque você é um Ranhoso?". Sugeriu Sirius, fingindo inocência.
Snape só o fuzilava com o olhar.
— Por centenas de razões! — respondeu a mulher em voz alta, saindo de trás do sofá e batendo o copo na mesa. — Por onde devo começar? Onde é que você estava quando o Lorde das Trevas caiu? Por que não fez o menor esforço para encontrá-lo quando desapareceu? Que esteve fazendo todos esses anos em que viveu no bolso de Dumbledore? Por que impediu o Lorde das Trevas de obter a Pedra Filosofal? Por que não voltou imediatamente quando ele ressuscitou? Onde estava há umas semanas, quando travamos uma batalha para recuperar a profecia para o Lorde das Trevas? E, Snape, por que Harry Potter continua vivo, quando você o tem nas mãos há cinco anos?
Tiago não gostou muito da última parte, na verdade, nem um pouquinho.
Já Dumbledore somente estreitou os olhos e começou a pensar. Ele também tinha visto alguma coisa errada ali.
A mulher fez uma pausa, o rosto muito vermelho, o peito arfando em movimentos rápidos. Atrás dela, Narcisa sentava-se imóvel, o rosto ainda escondido nas mãos.
Snape sorriu.
— Antes de lhe responder... ah, sim, vou lhe responder, Belatriz! E você pode repetir minhas palavras para os outros que cochicham às minhas costas e levam ao Lorde das Trevas histórias mentirosas sobre a minha traição! Mas, antes de responder, me permita uma pergunta. Você realmente acredita que o Lorde das Trevas já não me fez cada uma dessas perguntas? E realmente acredita que, se eu não as tivesse respondido satisfatoriamente, estaria aqui falando com você?
Sim, mas isso poderia ser ocultado pelo uso da Oclumência. Pensou Dumbledore.
A mulher hesitou.
— Eu sei que ele acredita em você, mas...
— Você acha que ele está enganado? Ou que consegui cegá-lo de alguma maneira? Que iludi o Lorde das Trevas, o maior bruxo do mundo, o Legilimens mais talentoso que o mundo já viu?
Hmm, um bom ponto, certamente, mas ainda não me convence. Meditou Alvo.
Belatriz não respondeu, mas pareceu, pela primeira vez, um pouco desconcertada. Snape não insistiu. Tornou a apanhar sua bebida, tomou um golinho e continuou:
— Você me pergunta onde eu estava quando o Lorde das Trevas caiu. Eu estava onde ele tinha me mandado ficar, na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, porque queria que eu espionasse Alvo Dumbledore. Sabe, eu suponho que tenha sido por ordem do Lorde das Trevas que eu assumi esse posto, não?
"O Ranhoso virou professor? Pff, tenho dó dos alunos". Disse Tiago.
"Pontas, você está certíssimo. Deve ser o pior professor do mundo!". Concordou Sirius.
"Argh, não pior que o Quirrell". Disse Remo mais velho, franzindo o nariz.
"O que tem esse Quirrell, além de ter tentado matar o Veadinho Junior?".
"Pulguento!". Exclamou Tiago, indignado. "Veadinho Junior?".
"É, ué. Você é o veado, e o seu filho é o Veadinho Junior". Sirius deu de ombros.
"Argh, é CERVO, C-E-R-V-O, entendeu?". Ele levantou os braços, em sinal de indignação.
"O que vocês tanto falam em cervos, e veados, e cachorros pulguentos, afinal?". Perguntou Dorcas. Os três se olharam, depois trocaram um olhar com os dois do futuro.
"Sem chance, a gente não pode contar". Disse Sirius por fim. Os outros afirmaram.
"E um dia eu ouvi o Tiago falando com o Remo em Probleminha Peludo, o que é isso?". Dessa vez foi Lene quem perguntou.
Remo mais novo franziu o nariz, enquanto Tiago e Sirius olhavam preocupados pra ele. Mas para a surpresa dos Marotos, Remo mais velho explodiu em gargalhadas, e Dora somente sorria ao seu lado.
"Porque você ta rindo?". Perguntou Remo mais novo, incrédulo.
"Sabe... Você deveria parar de se preocupar tanto com o seu, ou o nosso, Probleminha Peludo. Eu descobri que não vale a pena esquentar a cabeça com isso". Respondeu o mais velho, olhando com o canto de olho para Tonks, que sorria feliz.
"Que probleminha peludo? Você tem um coelho, Remo?". Perguntou outra Grifinória.
Dessa vez mais velho e mais novo, Tiago e Sirius e Dora também riram. Sempre acontecia isso, pensavam que ele tinha um coelho ou algum outro bichinho que dava problemas.
"Que foi?". Perguntou a mesma menina, confusa. Ninguém além deles tinha entendido.
"Uh, acho que é melhor eu continuar a ler". Disse à menina que estava com o livro.
Belatriz fez um aceno quase imperceptível com a cabeça e abriu a boca para falar, mas Snape antecipou-se.
— Você pergunta por que não tentei encontrá-lo quando ele desapareceu. Pela mesma razão que Avery, Yaxley, os Carrow, Greyback, Lúcio — ele indicou Narcisa com um curto aceno de cabeça — e muitos outros não tentaram encontrá-lo. Acreditamos que tivesse sido liquidado. Não me orgulho disso, errei, mas veja como são as coisas... se ele não tivesse perdoado aos que perderam a fé nele, teriam lhe restado muito poucos seguidores.
— Ele teria a mim! — exclamou Belatriz apaixonadamente. — Eu, que passei tantos anos em Azkaban por causa dele!
"Sirius, até agora eu não acreditava em você, mas, por Merlin, não é que estava certo? Ela é apaixonada por você-sabe-quem!". Exclamou Lily.
"Eu disse Gengibre. Bella é maluquinha".
"Gengibre?". Ela o olhou incrédula.
"Ué, é assim que o Pontas te chama pelas tuas costas". Ele disse, sorrindo Maroto.
"Idiota!". Tiago deu-lhe um tapa na cabeça.
"Ai!".
"Gengibre!". Lily balançou a cabeça, mas Tiago reparou que ela não lhe repreendeu. Ficou contente com isso.
— De fato, é admirável — disse Snape entediado. — Naturalmente você não teve muita utilidade para ele na prisão, mas foi sem dúvida um belo gesto...
— Gesto! — guinchou ela, que parecia enlouquecida de fúria. — Enquanto eu suportava os dementadores, você continuava em Hogwarts confortavelmente, brincando de bichinho de estimação de Dumbledore.
— Não foi bem assim — retorquiu Snape calmamente. — Ele não quis me dar o cargo de professor de Defesa contra as Artes das Trevas, sabe. Deve ter pensado que isso pudesse provocar em mim uma, ah, recaída... me seduzisse a retomar minhas crenças anteriores.
"Pelo menos o tio Dumby é inteligente". Disseram Pontas e Almofadinhas.
"Senhores Potter e Black". Repreendeu McGonagall.
"Que foi tia Minnie?". Responderam.
A professora corou e balançou a cabeça, indignada. Dumbledore riu.
— Foi esse o seu sacrifício pelo Lorde das Trevas, ser privado de ensinar a sua disciplina favorita? — zombou Belatriz. — E por que você permaneceu em Hogwarts todo esse tempo? Continuou espionando Dumbledore para um senhor que você acreditava morto?
Mais isso, que me é estranho. Teria ele mesmo ficado do lado de Tom? Meditou Dumbledore.
— É pouco provável, mas o Lorde das Trevas se mostrou satisfeito que eu nunca tenha desertado o meu posto: acumulei dezesseis anos de informação sobre Dumbledore para lhe passar quando voltou, um presente de boas-vindas bem mais útil do que as infindáveis lembranças sobre Azkaban e tudo que tinha de desagradável...
Sirius estremeceu.
"Deve ser horrível". Disse. "Não quero passar por isso".
"Mas você não vai, Sirius, já que nós poderemos mudar o futuro, não?". Marlene sorriu pra ele, que retribuiu.
— Mas você ficou...
— Sim, Belatriz, fiquei — confirmou Snape, pela primeira vez traindo um quê de impaciência. — Recebi uma tarefa confortável que achei preferível a uma temporada em Azkaban. Estavam capturando os Comensais da Morte, sabe. A proteção de Dumbledore me manteve fora da prisão, foi muito conveniente e me aproveitei disso. Repito: o Lorde das Trevas não reclama de eu ter ficado, portanto não vejo por que você há de se queixar.
“E acho que você também queria saber”, continuou ele, alteando a voz porque Belatriz fazia menção de interrompê-lo, “por que me interpus ao Lorde das Trevas e à Pedra Filosofal. É fácil responder. Ele não sabia se podia confiar em mim. Achou, como você, que de fiel Comensal da Morte eu me transformara em espião de Dumbledore. Ele estava em condição deplorável, muito fraco, compartilhava o corpo de um bruxo medíocre. Não ousou se mostrar a um antigo aliado, temendo que esse aliado pudesse entregá-lo a Dumbledore ou ao Ministério. Lamento profundamente que não confiasse em mim. Ele teria recuperado o poder três anos antes. Do jeito que foi, vi apenas o ambicioso e indigno Quirrell tentando roubar a Pedra e, admito, fiz tudo que pude para impedir.”
Bem, posso apostar minhas barbas que Snape não está realmente do lado de Voldemort, esses não me são argumentos válidos. Posso reconhecer o que está tentando fazer.
Belatriz entortou a boca como se tivesse tomado um remédio de gosto ruim.
— Mas você não foi ao encontro dele quando ele voltou, não se reuniu a ele imediatamente quando sentiu a Marca Negra arder...
— Verdade. Fui duas horas depois. E por ordem de Dumbledore.
— Por ordem de Dum...? — começou ela em tom indignado.
— Pense! — disse Snape, impacientando-se de novo. — Pense! Esperando duas horas, apenas duas horas, garanti minha permanência em Hogwarts como espião! Deixando Dumbledore pensar que eu só estava retornando para o lado do Lorde das Trevas por ordem dele, pude passar informações sobre Dumbledore e a Ordem da Fênix desde então! Reflita Belatriz: a Marca Negra foi se acentuando durante meses, eu sabia que a volta do Lorde era iminente, todos os Comensais da Morte sabiam disso! Tive muito tempo para pensar no que queria fazer, planejar o meu lance seguinte, me safar como fez Karkaroff, não?
Um plano bem pensado, de fato. Mas vejo que ele fez isso por ordem minha, tenho certeza de que está do nosso lado nessa guerra. Percebo algumas coisas que Voldemort não perceberia, pois está cego demais com o poder.
“Posso lhe garantir que o desagrado inicial do Lorde das Trevas com o meu atraso desapareceu completamente, quando lhe expliquei que eu ainda era fiel, e Dumbledore continuou achando que eu era o seu homem de confiança. O Lorde das Trevas de fato pensou que eu o tivesse abandonado para sempre, mas viu que estava errado.”
"Certo, Ranhoso. O Comensal em que Voldemort mais confia, ora, que surpresa". Debochou Tiago.
"Sr. Potter". Repreendeu Dumbledore, enquanto Snape rosnava.
— Mas no que é que você tem sido útil? — desdenhou Belatriz. — Que informações úteis você tem nos passado?
— Minhas informações têm sido transmitidas diretamente ao Lorde das Trevas. Se ele prefere não dividi-las com você...
— Ele divide tudo comigo! — disse Belatriz, inflamando-se. — Diz que sou a mais leal, mais fiel...
Sirius riu novamente da paixão da prima maluca pelo bruxo mais maluco ainda. Como alguém era capaz de gostar de Voldemort?
— Diz? — perguntou Snape, a voz subindo levemente para insinuar sua descrença. — E ainda divide, depois do fiasco no Ministério da Magia?
"Que será que aconteceu?". Questionou a que lia, pausando a leitura.
"É, o que aconteceu?". Perguntou Sirius.
"Prefiro não falar, vocês vão descobrir". Disse Remo.
Que será que ele vai dizer quando descobrir que foi morto pela própria prima?
— Aquilo não foi minha culpa! — protestou Belatriz corando. — No passado, o Lorde das Trevas me confiou seu bem mais precioso... se Lúcio não tivesse...
— Não se atreva... não se atreva a culpar meu marido! — disse Narcisa em tom baixo e letal, erguendo os olhos para a irmã.
"Uh, defendendo aquele idiota". Provocou Sirius, como se a prima estivesse ali.
— Não vale a pena atribuir culpas — disse Snape com suavidade. — O que foi feito está feito.
— Mas não por você! — bradou Belatriz furiosa. — Não, você esteve mais uma vez ausente enquanto nós corríamos riscos, não é mesmo, Snape?
"Por isso que digo que os Sonserinos são covardes". Disse Tiago.
"Nem todos, ta legal?". Uma menina loira levantou-se e desafiou o moreno.
"Pff, que medo". Debochou ele. Os Marotos caíram na gargalhada, enquanto ela ficava vermelha de raiva.
"Idiotas". Sibilou.
— Recebi ordens para permanecer na retaguarda. Quem sabe você discorda do Lorde das Trevas, quem sabe você acha que Dumbledore não teria reparado se eu fosse me reunir aos Comensais da Morte para combater a Ordem da Fênix? E... me desculpe... mas você fala de riscos... você esteve enfrentando seis adolescentes, não?
"Eu não gosto disso, aposto que Harry estava no meio, não?". Perguntou Tiago, dando uma de pai super protetor.
"Na verdade, ele é que liderava o grupo". Tonks riu.
"Pelo menos ele derrotou um bando de Comensais, isso quer dizer que ele deve ser demais, igual a mim".
Lilian revirou os olhos. Ai está o verdadeiro Potter.
"E quem eram os outros?".
"Bem, eu acho que vocês vão descobrir, então, não vou falar".
"Sua malvada". Sirius fez um biquinho, por quem muitas meninas suspiraram, mas não Dora.
"Não caio nos seus truques, Sirius". Ela riu.
"Ah!".
— Aos quais foi se juntar, logo em seguida, e não finja que não sabe, metade da Ordem! — rosnou Belatriz. — E, por falar nisso, você continua a insistir que não pode revelar onde é o quartel-general da Ordem, não é mesmo?
"Ordem?". Questionou Remo mais novo.
"Bem, acho que posso falar sobre a Ordem". Decidiu o mais velho. "A Ordem da Fênix é uma instituição criada por Dumbledore, para combater os Comensais e Voldemort. Todos nós fazíamos parte da Ordem original, que é a que vai surgir daqui a alguns anos. Mas somente alguns de nós sobramos, e uma nova Ordem foi criada, quando Voldemort ressurgiu".
"Nossa, que legal!". Exclamou Almofadinhas. "Menos a parte de que não sobrou quase ninguém da original, é claro".
— Não sou o fiel do segredo, não posso dizer o nome do lugar. Acho que você sabe como funcionam os feitiços, não? O Lorde das Trevas está satisfeito com as informações que lhe passei sobre a Ordem. Permitiram, como você talvez tenha imaginado, a captura recente de Emmeline Vance,
Emmeline soltou outro gritinho, como o de antes.
e, sem sombra de dúvida, a eliminação de Sirius Black,
Sirius rosnou.
"Então foi esse Seboso que ajudou a me entregar?".
Ele fuzilou Snape.
embora eu dê a você todo o crédito pela execução dele.
Sirius arregalou os olhos.
"Então foi a Bella que me matou?".
"Eu vou matá-la!". Gritou Tiago. "Eu prometi isso, e vou cumprir".
"Obrigado Pontas, mas eu mesmo quero fazer isso". Disse Sirius.
"Não sem uma ajuda minha!". Falou Remo.
E então os três juntaram as cabeças e começaram a fazer planos de como matar Bellatrix todo mundo olhava estranho pra eles.
Snape inclinou a cabeça e fez um brinde à Belatriz. A expressão da mulher não se abrandou.
— Você está evitando a minha última pergunta, Snape. Harry Potter. Você poderia ter matado o garoto em qualquer momento nos últimos cinco anos. Mas não matou. Por quê?
"Ele que não se atreva". Tiago levantou a cabeça. "Ou se não, ele é que vai morrer, pelas minhas próprias mãos".
— Você já discutiu este assunto com o Lorde das Trevas?
— Ele... ultimamente... estou perguntando a você, Snape.
— Se eu tivesse matado Harry Potter, o Lorde das Trevas não poderia ter usado o sangue dele para se regenerar e se tornar invencível...
Tiago escancarou a boca.
"Ele usou o sangue do meu filho pra viver de novo? Ele machucou o meu filho? Eu vou matar Voldemort!".
"Pontas, eu não acho que seja muito fácil matar Voldemort". Disse Remo.
"Mas eu vou dar um jeito, Aluado, e vou matá-lo".
"Ué, mas veja pelo lado bom, agora Voldemort tem o mesmo sangue que você, Pontas". Sirius fez piada.
"Cala a boca Almofadinhas, eu não quero que ele seja meu parente!".
[Ele seria parente do Tiago de qualquer jeito, não é mesmo?]
— Você está afirmando que previu o uso que ele faria do garoto? — caçoou Belatriz.
"Ranhoso, o Vidente". Disse Sirius, como se anunciasse uma propaganda, o que fez muitos rirem, e Snape fechar ainda mais a cara. [Se é que isso é possível]
— Não estou afirmando; eu não tinha a menor idéia dos planos dele; já confessei que julgava o Lorde das Trevas morto. Estou meramente tentando explicar por que o Lorde das Trevas não lamentou que Potter tenha sobrevivido, pelo menos até um ano atrás...
"Meu filho é demais, Voldemort nunca conseguiria matar ele". Se gabou Tiago.
"Claro, ele deve ter aprendido tudo o que sabe com o maravilhoso padrinho dele". Disse Sirius.
"Quem?". Tiago olhou em volta, como se estivesse procurando essa pessoa, só para provocar o amigo.
Dessa vez foi Sirius que lhe deu um tapa na cabeça.
"Eu, seu idiota. Vou ser o padrinho mais perfeito do mundo".
"Há, há. Não me faça rir. O pai dele é muito mais perfeito".
E continuaram discutindo.
"É melhor você ler, acho que eles vão demorar". Disse Remo para a garota, que prontamente continuou a leitura.
— Mas por que você o deixou vivo?
— Você ainda não me entendeu? Foi a proteção de Dumbledore que me manteve fora de Azkaban. Você discorda que se eu tivesse matado seu aluno favorito ele teria se voltado contra mim? Mas havia outras razões. Devo lembrar-lhe que quando Potter chegou a Hogwarts ainda circulavam muitas histórias a respeito dele, boatos de que era um grande bruxo das trevas, e por isso tinha sobrevivido ao ataque do Lorde das Trevas.
"Bah, meu filho nunca seria um bruxo das Trevas". Tiago pausou a discussão por tempo suficiente para gritar a frase, e então voltou sua atenção á Sirius.
De fato, muitos dos antigos seguidores do Lorde das Trevas pensavam que talvez fosse uma bandeira em torno da qual poderíamos nos reagrupar. Admito que fiquei curioso e nada inclinado a matá-lo quando desembarcou no castelo.
“É claro que rapidamente percebi que ele não possuía nenhum talento extraordinário. Conseguiu sair de muitos apertos graças a uma simples combinação de pura sorte e a ajuda de amigos mais talentosos.
"Meu filho/sobrinho é muito talentoso, Ranhoso". Gritaram Sirius e Tiago, pausando a discussão por um segundo.
Ele é medíocre ao extremo, e detestável e presunçoso como foi o pai.
Dessa vez Tiago parou totalmente a discussão, e olhou pra Snape, sorrindo debochadamente.
"E você nem teve coragem de falar isso na minha frente, não é? Preferiu esperar eu morrer, pra daí jogar tudo pra cima de mim e não ter como eu me defender. Quando eu morrer, eu vou puxar o seu pé, Ranhoso". E isso provocou mais um acesso de risos.
Lilian pensou que um dia ela achara tudo isso de Tiago, mas sua opinião mudara junto com o tempo. O Maroto era muito melhor que isso.
Fiz tudo para que fosse expulso de Hogwarts, onde acredito não ser o seu lugar, mas matá-lo ou permitir que o matassem na minha frente? Eu teria sido idiota de me arriscar com o Dumbledore por perto.”
— E dizendo isso você quer nos fazer acreditar que Dumbledore nunca suspeitou de você? Não faz a menor idéia de sua verdadeira lealdade; continua a confiar irrestritamente em você?
Dumbledore sorriu. Eu teria desconfiado se ele ainda fosse leal a Voldemort, mas tenho plena certeza de que não é mais, no tempo futuro.
— Representei bem o meu papel — afirmou Snape. — E você está se esquecendo da maior fraqueza de Dumbledore: acreditar no melhor das pessoas.
"De fato, tenho um fraco nesse ponto, mas não sou tão tolo assim". Disse o diretor.
Contei-lhe uma história de profundo remorso quando entrei para o seu quadro docente, recém-saído dos meus dias de Comensal da Morte, e ele me recebeu de braços abertos... embora, como disse, sem deixar que eu me aproximasse das artes das trevas até onde pôde impedir. Dumbledore foi um grande bruxo, ah, sim, foi (porque Belatriz deixara escapar um ruído sarcástico), e o próprio Lorde das Trevas reconhece isso. Mas fico feliz de poder afirmar que está envelhecendo. O duelo com o Lorde das Trevas no mês passado abalou-o. Deve ter sofrido um grave ferimento porque suas reações estão mais lentas do que no passado. Mas, durante todos esses anos, ele nunca deixou de confiar em Severo Snape e nisto reside o meu grande valor para o Lorde das Trevas.
"Professor, sem querer ofender, quantos anos o senhor tem?". Perguntou Tiago. Todos olharam em expectativa para o diretor. Ele lhes sorriu.
"Ora, nem eu mesmo sei direito a minha idade, senhor Potter, mas sou velho". Respondeu ele, ao que fez muitos rirem.
(N/A: Seu eu não me engano, no quinto ano dos Marotos, Dumbledore deveria ter uns 94 anos)
Belatriz continuava insatisfeita, embora insegura quanto à melhor maneira de continuar atacando Snape. Aproveitando-se do seu silêncio, o bruxo se dirigiu à irmã.
"Ela me matou, por isso eu não gosto mais dela, mas bem que Bella podia lançar uma maldição no Ranhoso". Brincou Sirius.
— Agora... você veio me pedir ajuda, Narcisa?
A bruxa ergueu os olhos para ele, seu rosto eloqüente de desespero.
— Vim, Severo. Acho... acho que você é o único que pode me ajudar. Não tenho mais ninguém a quem recorrer. Lúcio está preso e...
"Que dúvida de que ele seria preso". Disse Tiago sarcástico.
Ela fechou os olhos e duas grandes lágrimas escorreram por baixo de suas pálpebras.
"Comensais podem chorar?". Surpreendeu-se Sirius, e embora muitos pensassem que ele brincava, ele não estava brincando. Realmente tinha ficado surpreso.
— O Lorde das Trevas me proibiu de falar nisso — continuou, com os olhos ainda fechados. — Não quer que ninguém saiba do plano. É... muito secreto. Mas...
— Se ele proibiu, você não deve falar — disse Snape imediatamente. — A palavra do Lorde das Trevas é lei.
"Aposto que Snape sabe, já que é o servo mais fiel dele". Disse Lily, querendo atingi-lo.
E, claro, ela conseguiu.
Narcisa ofegou como se tivesse recebido um esguicho de água fria. Belatriz pareceu satisfeita pela primeira vez desde que entrara na casa.
— Ouviu? — disse triunfante à irmã. — Até Snape diz isso: você recebeu ordem de não falar, então fique calada!
Snape, porém, tinha se levantado e ido até a pequena janela. Espiou a rua deserta entre as cortinas e tornou a fechá-las com um puxão. Virou-se, então, para encarar Narcisa muito sério.
— Por acaso, eu conheço o plano — disse em voz baixa. — Sou um dos poucos a quem o Lorde das Trevas o contou. Mas, se eu não estivesse a par do segredo, Narcisa, você teria cometido uma grande traição.
"Falei que ele sabia".
"Sem dúvida, Lírio". Concordou Tiago. Ele se encolheu de medo, esperando ela gritar com ele, mas quando isso não aconteceu, ele relaxou.
"Nossa, acho que Merlin ta de bem comigo hoje!".
"Por quê?". Almofadinhas perguntou.
"Oras, por que. Porque a Lily não reclamou quando a chamei de Lírio, ela não reclamou". Ele disse feliz.
Lily piscou, como se só agora reparasse nisso.
"Ih, é mesmo. Potter, não me chame mais de Lírio". E Tiago murchou, enquanto os outros riam.
— Achei que você devia conhecer! — exclamou Narcisa, respirando mais aliviada. — Ele confia tanto em você, Severo...
— Você conhece o plano? — admirou-se Belatriz, sua momentânea expressão de prazer substituída pela mais pura indignação. — Você conhece?
— Com certeza — afirmou Snape. — Mas qual é a ajuda de que você precisa, Narcisa? Se está imaginando que posso persuadir o Lorde das Trevas a mudar de idéia, receio que não haja a menor esperança.
— Severo — sussurrou ela, as lágrimas deslizando pelo rosto pálido. — Meu filho... meu único filho...
"Ah, entendo o porquê de Narcisa estar tão desesperada. O filho dela deve estar correndo perigo, e mesmo sendo uma Comensal, amor de mãe é amor de mãe, é um amor infinito". Disse Lily.
"E como você sabe disso, Lily?". Perguntou Sirius. "Por acaso já é mãe?".
"Não, idiota. Mas minha mãe me disse isso uma vez, disse que amor de mãe é o amor mais forte que existe".
Sirius lhe deu um sorriso triste, e somente Pontas e Aluado entenderam o significado por trás daquilo. Além de Régulo, é claro.
"Minha mãe não é assim, ela nem mesmo gosta de mim. Ela me odeia, porque eu to na Grifinória, me odeia porque eu não quero ser um Comensal, me odeia por eu não ser como ela quer. E mesmo que eu fosse do jeito dela, ainda me odiaria". Todos ficaram em silencio diante ao pequeno discurso de Sirius.
"Isso não é verdade!". Disse Régulo, da mesa da Sonserina.
"Ah, é sim". Rebateu Sirius, sarcástico. "Ela me odeia, sempre me odiou. Você sempre foi o preferido dela, mas isso não importa mais. Eu agora tenho uma nova mãe, tenho uma mãe que gosta de mim".
Tiago sorriu e passou um braço pelo ombro do amigo. Sirius retribuiu o sorriso.
"Meu verdadeiro irmão não é você, Black". Sirius disse, ainda sorrindo. "Pontas é meu irmão".
"Almofadinhas é um Potter agora". Tiago concordou.
Régulo somente abaixou a cabeça.
(N/A: Feliz dia das Mães, pessoas)
— Draco devia se orgulhar — disse Belatriz com indiferença. — O Lorde das Trevas está lhe concedendo uma grande honra. E direi uma coisa em favor do seu filho: ele não está fugindo ao dever, parece contente com a oportunidade de ser posto à prova, excitado com a perspectiva...
Narcisa começou a chorar com vontade, sem tirar os olhos suplicantes de Snape.
Tenho pena desse menino. Pensou Minerva.
— E porque ele tem apenas dezesseis anos e não faz idéia do que o espera! Por que, Severo? Por que o meu filho? É perigoso demais! É vingança pelo erro de Lúcio, eu sei que é!
"O pai errou e agora o filho vai sofrer as consequências. Uma coisa muito típica de Voldemort". Disse Alvo.
Snape não respondeu. Desviou o olhar das lágrimas da mulher como se fossem indecentes, mas não pôde fingir que não a ouvia.
— Foi por isso que ele escolheu o Draco, não foi? — insistiu. — Para punir Lúcio?
— Se Draco for bem-sucedido — respondeu Snape, ainda sem olhar para Narcisa —, será mais prestigiado que todos os outros.
— Mas ele não será bem-sucedido! — soluçou Narcisa. — Como pode ser quando o próprio Lorde das Trevas...?
Tiago arregalou os olhos, compreendendo.
"As únicas pessoas que Voldemort não conseguiu matar, foram Harry e Dumbledore. Esse Malfoy que nem se atreva a chegar perto de meu filho". Rosnou ele.
"Acalme-se, senhor Potter". Silenciou Dumbledore. Não acho que esteja falando do menino Potter, Tom quer matar ele com as próprias mãos. Sem dúvida alguma estão falando mim, mas creio que sei me defender.
Belatriz soltou uma exclamação; Narcisa pareceu perder a coragem.
— Só quis dizer... que ninguém teve êxito até agora... Severo... por favor... você é, e sempre foi, o professor favorito de Draco... você é um velho amigo de Lúcio... eu lhe suplico... você é o favorito do Lorde, o conselheiro em quem ele mais confia... quer falar com ele, persuadi-lo...?
— O Lorde das Trevas não se deixa persuadir, e não sou bastante tolo para tentar — disse Snape sem emoção. — Não posso fingir que ele não esteja aborrecido com Lúcio. Seu marido controlava a operação. Ele se deixou capturar juntamente com os demais e, ainda por cima, não conseguiu recuperar a profecia. Com certeza o Lorde das Trevas está irritado, Narcisa, muito irritado mesmo.
"Nossa, que novidade. Ele sempre está irritado". Comentou Marlene.
"Pois é Lene, porque ele sempre fracassa, ai tem que ficar irritado mesmo". Concordou Sirius.
— Então tenho razão, ele escolheu Draco para se vingar! — disse Narcisa com a voz sufocada. — Não quer que ele seja bem-sucedido, quer que ele morra tentando.
Deve ser horrível pra uma mãe saber disso. Pensou Minerva.
Não ouvindo resposta de Snape, Narcisa pareceu perder o pouco controle que lhe restava. Levantando-se, cambaleou até Snape e agarrou-o pelas vestes. Com o rosto muito próximo ao dele, as lágrimas caindo no peito do bruxo, ela exclamou:
— Você poderia fazer isso. Você em vez de Draco, Severo. Você teria sucesso, e ele o recompensaria mais do que a qualquer um...
"Covarde assim? Nunca!". Exclamou Sirius.
Snape segurou-a pelos pulsos e afastou as mãos que agarravam suas vestes. Baixando os olhos para o rosto manchado de lágrimas, disse lentamente:
— Acho que a intenção dele é me mandar tentar depois. Mas decidiu que Draco deve tentar primeiro. Sabe, no improvável acaso de Draco se sair bem, eu poderei permanecer em Hogwarts por mais algum tempo, desempenhando o meu proveitoso papel de espião.
— Em outras palavras, não faz diferença para ele se Draco morrer!
"Mas é claro que não, ele não se importa que ninguém morra!". Exclamou Lily.
— O Lorde das Trevas está muito irritado — repetiu Snape em voz baixa. — Não conseguiu ouvir a profecia. Você sabe tão bem quanto eu que ele não perdoa facilmente.
Ela desmoronou aos pés dele, soluçando e gemendo.
— Meu único filho... meu único filho...
Todas as meninas mais sensíveis, já estavam à beira de lágrimas.
— Você devia se orgulhar! — exclamou Bela triz sem se apiedar. — Se eu tivesse filhos, eu os daria para servir o Lorde das Trevas!
"Provavelmente ela queria ter filhos com ele mesmo". Caçoou Pontas.
"Ugh, que nojo". Sirius franziu o nariz.
Remo riu.
Narcisa soltou um grito de desespero e agarrou os próprios cabelos com força. Snape se curvou, segurou a mulher pelos braços, levantou-a e sentou-a no sofá. Serviu mais um pouco de vinho e empurrou o copo na mão dela.
— Narcisa, chega. Beba isso. E me escute.
Ela se acalmou um pouco; deixando cair vinho nas vestes, tomou um golinho, trêmula.
— Talvez seja possível... ajudar o Draco.
Ela se empertigou, o rosto branco como uma folha de papel, os olhos arregalados.
— Severo... ah, Severo... você o ajudaria? Você o protegeria, cuidaria para que não sofresse nenhum mal?
"Ela realmente ama o filho, é Comensal, mas pelo menos não é idiota". Disse Sirius, pensando na própria mãe. Minha mãe nem é Comensal, e á a pior mãe do mundo.
— Posso tentar.
Ela largou o copo, que deslizou pelo tampo da mesa, ao mesmo tempo que, escorregando do sofá e se ajoelhando aos pés de Snape, segurou suas mãos e levou-as aos lábios.
— Se você estiver lá para protegê-lo... Severo, você jura? Você fará o Voto Perpétuo?
"O Voto Perpétuo?". Muitos perguntaram juntos, espantados.
— O Voto Perpétuo? — O rosto de Snape se tornou impassível, impenetrável. Belatriz, porém, soltou uma gargalhada vitoriosa.
"Ela sabe que ele não vai querer fazer". Riu Sirius. "Porque é covarde demais".
— Você ouviu bem, Narcisa? Ah, ele tentará, com certeza... as palavras vazias de sempre de quem tira o corpo fora... ah, e por ordem do Lorde das Trevas, é claro!
"Sirius, você e sua prima são muito parecidos". Disse Dorcas.
"Uh, não, muito obrigado". Ele estremeceu.
"Mas é verdade, porque você sabe exatamente o que ela vai pensar ou fazer". Continuou ela.
Sirius somente estremeceu novamente, pensando que não deveria ser legal ser parecido com Bellatrix.
Snape não olhou para Belatriz. Seus olhos negros estavam fixos nos olhos azuis marejados de lágrimas de Narcisa, que ainda lhe apertava as mãos.
— Certamente, Narcisa, farei o Voto Perpétuo — disse baixinho. — Talvez, sua irmã aceite ser a nossa Avalista.
Tiago, Sirius e Remo escancararam as bocas, surpresos.
"O Ranhoso vai fazer o Voto?". Tiago ergueu uma sobrancelha.
"Espera ai, tenho que fazer uma coisa". Disse Sirius.
Ele encheu uma taça com suco de abóbora e então encheu a boca. Remo e Tiago riram quando entenderam o que ele iria fazer.
"Sirius, sabia que o Ranhoso vai fazer o Voto Perpétuo?". Perguntou Remo.
Sirius cuspiu todo o liquido que tinha na boca, então levantou os braços e disse dramaticamente:
"Não, Aluado, não pode ser!".
Todos estavam rindo, menos, claro, a pessoa que foi atingida por todo aquele suco de abóbora.
"SIRIUS BLACK!". Marlene gritou. "VOCÊ VAI MORRER".
"Ah Merlin, fudeu!". E saiu correndo, com Lene em sua cola.
Demorou um pouco até conseguirem fazer os dois voltarem a sentar, e até ai, Sirius tinha uma marca vermelha na bochecha esquerda.
O queixo de Belatriz caiu. Snape se ajoelhou à frente de Narcisa. Diante do olhar assombrado de Belatriz, eles uniram as mãos direitas.
— Você vai precisar de sua varinha, Belatriz — disse Snape friamente. A bruxa, ainda espantada, puxou a varinha.
— E vai precisar chegar um pouco mais perto — acrescentou ele.
"Hmm, chegar um pouco mais perto, hein?". Disse Tiago, malicioso.
"Veja só Almofadinhas, se continuar assim, você vai ganhar um novo primo". Remo falou.
"NÃO! O Ranhoso não. Eu mato a Bella antes que isso possa acontecer". Dramatizou Almofadinhas.
Belatriz se aproximou dos dois, e colocou a ponta da varinha sobre as mãos unidas. Narcisa falou:
— Você, Severo, cuidará do meu filho Draco quando ele estiver tentando realizar o desejo do Lorde das Trevas?
— Cuidarei.
Uma fina língua de fogo-vivo saiu da varinha e envolveu as mãos como um arame em brasa.
"Legal, espero que esteja machucando". Comentou inocentemente Tiago.
— E fará todo o possível para protegê-lo do mal?
— Farei.
Uma segunda língua de fogo saiu da varinha e se entrelaçou com a primeira, formando uma fina corrente luminosa.
— E se necessário for... se parecer que Draco falhará — sussurrou Narcisa (a mão de Snape estremeceu, mas ele não a soltou)
"Com medo, é?". Provocou Tiago.
"Cala a boca, Potter".
"Nossa, o Ranhoso ta nervosinho".
—, você terminará a tarefa que o Lorde das Trevas incumbiu Draco de realizar?
Houve um momento de silêncio. Com a varinha sobre as mãos unidas dos dois, Belatriz observava de olhos arregalados.
— Terminarei — jurou Snape.
O rosto estarrecido de Belatriz se avermelhou, refletindo o clarão da terceira língua de fogo que saiu da varinha, enrolou-se nas outras e se fechou em torno das mãos, grossa como uma corda, como uma serpente de fogo.
"Terminou o capitulo". Anunciou a menina que lia.
"Creio que poderemos ler mais um antes de irmos dormir". Decretou Dumbledore.
"O meu filho vai aparecer no próximo?". Perguntou Tiago.
"Vai sim". Confirmou Tonks.
"EU LEIO ENTÃO". Gritou ele, correndo para pegar o livro.
"Nossa, que ansiedade pra ler!". Assustou-se Sirius.
"É o meu filho, pô". Disse quando já tinha voltado à mesa. "Capítulo 3 - Querer é poder".
...
(Autora aqui: Bem, então lá vão os motivos da minha demora...
Primeiro: Quando eu tentava escrever, eu sentava na frente do notebook e ficava encarando as teclas dele, porque simplesmente não me vinha nenhuma ideia. Eu já estava surtando com isso, porque já tive bloqueios criativos antes, mas nunca nada como esse. Sério, foi horrível. Eu não conseguia escrever nem uma misera palavrinha.
Segundo: Bem, err, digamos que eu ganhei a alguns dias atrás o primeiro livro de As Crônicas de Gelo e Fogo. E então, eu me distrai muito lendo esse livro, porque ele tem uma história realmente interessante, e é enorme. Eu ainda estou no começo!
Peço muitas desculpas pelo enorme atraso, mas o próximo sai mais rápido. Não se preocupem, não vou abandonar essa fic, nunca!
Terceiro: E, bem, quando eu começo uma nova fic, eu demoro um pouquinho pra pegar o ritmo, mas quando me adapto, os capítulos tendem a sair antes e com um mesmo tempo de intervalo entre eles.
Quarto: Quando eu finalmente consegui escrever alguma coisa, não sabia como fazer a reação dos Marotos ao saberem da traição de Pedro, nem a reação de Lily ao saber que era verdade o fato de Snape ser um Comensal. Tipo assim, não ficou muito bom por causa disso, mas eu tentei...
E, finalmente, quinto: Minha prima vem todo dia aqui em casa, e ela praticamente se apossou do meu notebook. Sério, já ta ficando um saco! E quando eu expulso ela do meu not, minha mãe vem e briga comigo... Isso não é legal? Não, não é nada legal. Sério, ela ta me irritando.
E desculpem pela demora...)
...
Teve coragem de ler até aqui? Deixe um comentário... :)
"Gonna dance all night to duel evil
Gonna dance all night with the ones I love
It's time that we decide where our allegiance truly lies
The passageway from Hogsmeade will bring Voldemort's defeat tonight...".
FELIZ DIA DAS MÃES!
Comentários (2)
amei o capitulo. ja tava surtando aqui achando que voce tinha desistido e morendo de saldade dessa fic pois apesar de esta no comeco ela e maravilhosa meu livro favorito sempre foi esse a vem voce com esse geito otimo de escrever que eu acabo me apaixonando pela fic adoro as reacoes dos marotos e dos outros tambem amo o sirius entao adoro que ele fale muito chorei com a reacao do thiago ao descobri a traicoa do pedro efim capitulo perfeito nota dez ansiosa pelo proximo .
2013-05-12Adorei o capítulo! O que mais adoro em você é que você não coloca UM capítulo só para a explicação de Tonks, você incrementa com a parte em que eles leêm o capítulo.Você escreve muito bem! =)Não preciso acrescentar o quanto estou adorando a sua fanfic ;)Continue sempre assim e nunca a abandone!
2013-05-12