Novidades e Lados



- Quanto tempo vamos ficar aqui, meu senhor? – Era voz chiada de Wormtail.


- Uma semana. – Respondeu uma voz autoritária. – Seria um disparate fazer alguma coisa antes da final de Quidditch.


Inglaterra iria estar cheia de feiticeiros, vindos de todo o mundo e o Ministério da Magia estaria alerta a qualquer movimento antes do final da Taça de Quidditch.


Queria usar Harry Potter num qualquer plano não mencionado. O servo parecia inseguro. O Lord via-o como um covarde, ingrato e sem miolos, mas precisava que ele continuasse o plano até que um servo mais leal se lhes juntasse. Esse seria capaz de afastar Harry Potter da segurança que o rodeava e levá-lo ao Lord.


Wormtail teria a sua recompensa pela captura de Bertha Jorkins, que se revelara muito útil ao Lord.


Um muggle escutava tudo isto atrás da porta. A serpente denunciou a sua serpente. Lord Voldemort matou-o.


Harry Potter acordou na sua cama, agarrado à cicatriz em forma de relâmpago. A marca que Lord Voldemort lhe deixara na noite em que tentara assassiná-lo.


A cicatriz doera no passado quando Voldemort se encontrava por perto, mas Harry sabia que o Senhor das Trevas não estava em Privet Drive.


Levantou-se. Suores frios cobriam a sua pele. Sentia-se cansado como se não dormisse há horas e, contudo, acabara de acordar.


Não iria contar a ninguém das dores que sentia na cicatriz. Sabia que ninguém, a não ser talvez Dumbledore, lhe conseguiria explicar o que se passava. E Harry não confiava em Dumbledore.


O seu padrinho Sirius Black andava fugido, apesar de ser um homem inocente. Harry sabia que Curtis Dinzanfar o escondera algures no Sul, a julgar pelas aves coloridas que entregavam as cartas no lugar das habituais corujas. Harry não queria preocupá-lo.


A vantagem era que os Dursley tinham um medo horrível que Sirius aparecesse e os amaldiçoasse caso achasse que estavam a tratar mal Harry e davam-lhe muito mais liberdade. Pela primeira vez, tinha as suas coisas da escola no seu quarto e não trancadas no quarto debaixo das escadas.


Mas precisava de sair dali.


Perto de Privet Drive ou não, Voldemort estava a fazer qualquer coisa. E Harry não iria ficar quieto em casa dos tios como Dumbledore quereria. Ele tentaria descobrir o que estava a acontecer.


Além disso, a tia Petúnia pusera a família toda a seguir a dieta prescrita para Dudley, porque mesmo que conseguissem arranjar explicações para as fracas notas e o mau comportamento de Dudley, não conseguiram justificar o tamanho que Dudley conseguira atingir aos 14 anos. A tia Petúnia parecia achar que dar a Harry porções ainda mais pequenas do que a Dudley era uma excelente motivação para o seu filho.


Mesmo com bolos enviados pelos seus amigos e escondidos nos cantos do quarto, Harry sentia que precisava de sair dali.


 Olhou para o céu. Chovia e estava nebulado. Se pegasse na sua vassoura e subisse uns metros, deixariam de o ver em segundos. Era completamente seguro.


Pôs um manto preto de feiticeiro. Sabia que segurar na mala, enquanto voava iria exigir um imenso esforço físico, mas se não queria problemas com o Ministério da Magia não podia realizar qualquer magia, enquanto estivesse perto de Privet Drive.


Soltou Hedwig, a coruja que Sirius lhe oferecera, com uma carta para Daphne Greengrass.


Sábado. Onze Horas. À porta da Livraria.


Daphne passara a maior parte do Verão em casa do seu namorado, Cassius Warrington, chaser da Equipa de Slytherin.


Era Quinta-Feira o que lhe dava dois dias para chegar a Londres e encontrar-se com Daphne. Levantou voo pouco depois de ter deixado Hedwig partir.


Quando se sentiu o suficiente longe de Privet Drive aplicou um Encantamento de Redução na mala, e colocou-a dentro de uma mochila preta que tinha às costas.


Aterrou num beco de Londres onde ninguém o veria, reduziu a sua Flecha de Fogo e colocou-a dentro da mochila.


Entrou na Diagon-Alley, e foi directo para a Gladiadores Arena.


- Franz, viste o Dinzanfar? – Harry perguntou ao dono do estabelecimento.


- ‘Tá a lutar. – Franz respondeu.


Harry correu para a Arena. O seu inimigo era um homem com o tronco peludo e cheio de cicatrizes, usava as unhas compridas e limadas para serem pontiagudas e tinha dentes que lembravam caninos.


- O que te traz por cá, Potter? – Perguntou uma voz atrás de si.


Com apenas metade do rosto iluminada, Ash Carter estava sentado atrás de si. Os seus olhos não se desviavam do duelo. A estranha criatura parecia mais preocupada em morder Curtis do que ataca-lo com magia.


- Feiticeiros das Trevas. – Harry respondeu.


- O que é que tu sabes, Potter?


- O que é que tu sabes, Carter? – Harry replicou com malícia.


Os olhos de Ash pareceram desviar-se do combate pela primeira vez e fintou Harry.


- As marcas negras andam a ficar cada vez mais brilhantes. – Ash limitou-se a dizer – Eles às vezes vêm aqui, e eu oiço-os conversar uns com os outros. Uns são demasiado aristocráticas para porem aqui os pés, mas nem todos. Há sempre gente como o Macnair.


Apontou para um homem que aplaudia do outro lado da sala. Harry reconheceu-o como o carrasco que fora nomeado para executar Buckbeak no ano anterior.


- E mais? – Harry insistiu.


- Aquele que o Curtis está a combater é Greyback. Ele é um lobisomem que desenvolveu um gosto por atacar fora da lua cheia. É um bom cão dos Devoradores da Morte. Não o víamos há quase treze anos…


Harry acenou. Curtis venceu o combate e juntou-se-lhes.


- Nem sequer me atrevi a tocar no sangue nojento daquele lobisomem. – Curtis afirmou com uma nota de repugnância na sua voz.


- O Sirius está no Sul? – Perguntou Harry.


- Claro que não. Mais esperto do que julgas. Mas arranjei-lhe umas quantas aves exóticas para o caso de alguém te estar a vigiar. – Curtis sorriu. Harry sabia que ele nunca revelaria a localização de Sirius, nem mesmo a Harry, o risco era demasiado elevado. 


- O Ash estava a contar-me que tudo indica o regresso de Voldemort. – Harry disse – A Trelawney fez uma profecia o ano passado, dizendo que o servo regressaria ao mestre, nessa noite, e ajudá-lo-ia a recuperar o seu poder. Wormtail, o espião que denunciou os meus pais, conseguiu escapar-nos e é provável que seja ele o servo referido.


- Hum…E o que te fez sair de casa hoje? – Curtis ergueu uma sobrancelha – Tenho a certeza de que não foi só uma súbita vontade de matar saudades.


- A minha cicatriz voltou a arder - confessou Harry – Um sonho estranho em que Voldemort matou um muggle e estava à espera de um fiel servidor. E que a informação de Bertha Jorkins fora preciosa. Acho que ele a matou, também.


- Os únicos verdadeiramente fiéis a Voldemort são os que estão em Azkaban. – Bocejou Curtis – O que sabia esta Bertha Jorkins, Ash?


Ash encolheu os ombros, “Nada?”.


- Pode ter sido só um sonho. – Curtis acenou – Mas a Bertha Jorkins desapareceu algures na Albânia este Verão….


- Segundo o Dumbledore, o Voldemort estava na Albânia, fraco, mas vivo. – Harry disse.


- Aposto que estão a conspirar sobre o regresso do Quem-Nós-Sabemos. Não é verdade? É o que toda a gente faz, agora. – Daphne Greengrass estava, subitamente, ao lado de Harry – Assim que recebi a tua carta percebi que tinhas saído de casa dos teus tios, e arrisquei que poderias estar aqui.


- Vais para casa do Drak? – Harry perguntou.


- Claro. – Daphne sorriu. – Só volto a ver o Cass na Taça Mundial, agora.


- Um conselho, Potter. – Ash disse – Se o Voldemort regressar, e quiseres estar um passo à frente dele, tens de o conhecer. Tens de desvendar os seus segredos.


- É isso que tu fazes? – Harry perguntou curioso.


- Todos os dias, Potter. – Ash sorriu – Eu sou um perseguidor, tenho de saber como as minhas vítimas pensam.


Curtis abanou a cabeça. Harry sorriu. Daphne suspirou. Harry sabia que Ash e Curtis, tal como ele, eram contra Voldemort, mas não a favor de Dumbledore. Naquele momento, sentiu que era como se houvesse um lado que fosse apenas seu.  


- Vocês os dois vão à Final de Quidditch? – Daphne perguntou, mudando de assunto. 


- Talvez. – Curtis sorriu.


Harry riu-se. Mas Ash tinha razão. Havia, contudo, uma outra variável. Voldemort era o seu inimigo, mas Harry sabia que Dumbledore o via como uma peça do seu tabuleiro. Ambos tinham planos para si, e Harry tinha de assumir o controlo antes que fosse demasiado tarde.


Harry e Daphne dormiram no Caldeirão Escoante nessa noite. No dia seguinte, foram para a Mansão Malfoy.


Harry celebrou lá o seu aniversário, rodeado pelos seus amigos e respectivas familias: menos os Greengrass, que só eram representados por Daphne. Sentia-se em casa.


Uns dias depois, Lucius, Narcisa, Harry, Draco e Daphne apanharam um botão de transporte e ficaram acampados numa enorme e luxuosa tenda, de várias divisões.  


Cruzaram-se com imensos conhecidos de Hogwarts.


Draco convidou Evelyn Wells para se juntar a eles no Camarote de Honra no dia de jogo. Harry e Daphne trocaram um olhar. "Quando a Pansy souber...". Estavam à espera de um "incêndio" desde o ano anterior.


Encontraram Theo e Millie que estavam demasiado ocupados a namorarem para desejarem verdadeiramente a sua companhia.


Adrian Pucey, antigo chaser de Slytherin, trabalhava agora no Departamento para Acidentes e Catástrofes Mágicas.


- Passo o dia a fazer feitiços de memória e a tentar manter a Taça um evento secreto para os muggles, além de que com tantos feitiçeiros juntos há sempre acidentes a acontecer, não é? - Sorriu Pucey. Tinha a varinha na mão e atirava-a ao ar, como se tivesse ganho o hábito de nunca a arrumar, mas o seu rosto mantinha traços de diversão e serenidade, como se encantar muggles fosse infinitamente divertido ou a adrenalina da Taça compensasse o trabalho - Mas o Flint está pior. Ele trabalha para o Departamento de Jogos e Desportos Mágicos, agora. E está sempre a dizer-me que o Ludo Bagman é um irresponsável. Acho que é a primeira vez que ele e o Percy Weasley concordam em alguma coisa.


Pucey era sempre divertido. Apresentou-lhes a uns quantos colegas e amigos, e deu-lhes a conhecer metade da população do Ministério. Referiu, também, o desaparecimento de Bertha Jorkins e como Ludo Bagman não fazia nada para o resolver.


A tenda dos Malfoy ficava junto a uma elite do Ministério, por onde Percy Weasley gostava de se passear. Cumprimentara pessoalmente Mr. Malfoy, apesar da rivalidade existente entre as duas familias.


Encontraram, também, Peregrine Derrick, ex-beater dos Slytherin e a sua namorada Lynn Rose. Derrick conseguira entrar para o Departamento de Transporte Mágico, e, também, andava ocupadíssimo a regular os botões de transporte por entre cinco continentes e com os acidentes de Aparição, o que o levava a trabalhar muito com o Departamento para Acidentes e Catástrofes Mágicas.


- Sim, todos sabemos como os rapazes ficam felizes por trabalhar juntos. - Comentou Lynn com um sorriso, referindo a Pucey e Derrick - Então, quando o Flint se junta, porque o Departamento dele, também, está super envolvido parece que estão outra vez a jogar Quidditch em Hogwarts.


Todos se riram.


Lynn Rose trabalhava para Gringotts, encarregada de realizar feitiços de protecção em torno dos cofres e das minas dos goblins. Estava a fazer uma formação de auror ao mesmo tempo para melhorar as suas aptidões, mas não planeava trabalhar para o Ministério.


Daphne passou algum tempo com Warrington, quando ele chegou.


No dia do jogo, estavam no Camarote de Honra. Os Weasley, Longbottom e Granger, também, estavam por lá, graças aos bilhetes de Ludo Bagman lhes arranjara.


O Ministro cumprimentou-os, e apresentou-os ao Ministro da Bulgária, com quem parecia ter problemas de comunicação por causa do inglês. Estava desejoso que Barty Crouch chegasse, mas só lá estava o elfo doméstico da família, Winky, que tinha medo de alturas.


Harry não deixou de reparar no olhar de desprezo que Lucius Malfoy lançou a Hermione.


A voz de Ludo Bagman ecoou no estádio. O famoso beater de Inglaterra tinha agora uma ligeira barriga, mas mantinha uma cicatriz no nariz, onde uma bludger lhe acertara. Começou.


Primeiro, entraram as veela da Bulgária, que deixaram os rapazes deliciados. Depois, vieram os duendes da Irlanda.


O jogo começou. Viktor Krum parecia ter nascido para voar. E as equipas jogavam a um nível que Harry nunca sonhara. As legendas com as diferentes técnicas apareciam nos seus omnioculares.


As veelas atrapalhavam o julgamento do árbitro vindo do Egipto. Houve algumas faltas. Lynch caiu duas vezes. Mas Harry iria recordar a última descida de Krum para sempre. O nariz sangrava devido a uma bludger que o atingira em cheio no rosto, o árbitro demasiado ocupado a discutir com as veelas para prestar atenção, mergulhara atrás de Lynn e agarrara a snitch, enquanto o seeker da Irlanda caíra contra o chão.


Krum capturara a snitch, apesar da vitória já ser da Irlanda. Harry sabia que ele só queria acabar em igualdade de circuntâncias.


As celebrações dos irlandeses arrastaram-se na noite. Estava deitado na sua tenda, meio adormecido, quando uma mão o puxou.


- Anda. - Disse Draco Malfoy com um dedo nos lábios.


Feiticeiros encapuzados incendiavam tendas e lançavam feitiços. Os muggles responsáveis pelo acampamento tinham sido enfeitiçados e voavam por cima do exército que marchava. Despiram a mulher. Fizeram a criança rodar no ar.


- Devoradores da Morte. - Sibilou Daphne. - Draco, diz-me que...


- O meu pai está ali no meio. - Draco disse, com uma nota de pesar na sua voz.


Harry sentiu-se enojado. A mulher caiu no chão completamente nua. Gargalhadas varreram a noite. De repente, a marca negra surgiu no céu e os Devoradores da Morte começaram a desaparecer.


Caminharam por entre as cinzas do acampamento. Aparentemente, não havia gente ferida, mas muitos choravam e todos estavam assustados.


- Isto é inumano. - Comentou Harry.


- Draco, Harry, Daphne, não deveriam ter saído sem dizer nada. Venham daí. - Chamou Narcisa Malfoy - Vocês estão bem?


Lucius Malfoy só regressou umas horas mais tarde, Harry não o conseguia olhar nos olhos. Tivera a informar-se dos acontecimentos da Floresta, onde a elfo de Barty Crouch fora encontrada com a varinha que projectara a marca negra no céu, que, por sinal, era a varinha de Longbottom.


- Divertiu-se, Mr. Malfoy? - Harry perguntou, friamente.


- Harry...- Lucius começou - Tu não compreendes.


- Eu compreendo. - Draco, para espanto de todos os presentes falou - O Senhor das Trevas, também, é mestiço, pai. Fizeste isto para o impressionar, não foi? Para que no seu regresso ele visse que ainda manténs os velhos hábitos.


Lucius empalideceu, e não disse nada.


- Não te esqueças que o teu Senhor das Trevas tem Harry Potter como seu inimigo. Eu não gosto de muggles, pai. Não gosto como eles se assustam com o nosso poder e atacam o que não compreendem. Mas se houver uma guerra, ambos sabemos de que lado é que eu vou ficar. E tu tens de fazer uma escolha. - Draco finalizou. - 'Bora, Harry. Acho que é melhor ficarmos afastados de minha casa por uns tempos.


Narcisa Malfoy tinha lágrimas nos olhos. Lucius sentou-se numa cadeira, parecia cansado e incapaz de olhar Draco nos olhos.


- Fiquem, rapazes. - Disse Narcisa, agarrando Draco.


- Mãe, nós vamos ficar bem. - Ele disse num tom claro.


Ela abraçou Harry como a um filho. Daphne levantou-se e disse que era melhor ir, também. 

N/A: Uma boa estreia?

Guilherme: Hum...O meu Snape anda muito bonzinho, é isso?...Eu posso tentar mudar isso, mas sempre imaginei que seria uma das principais diferenças, se o Harry fosse um Slytherin - o ódio de Snape diminuiria e ele acabaria por defendê-lo mais ;)Que tal o capitulo? 

Xandevf: Ahaha. Adorei o entusiasmo dos seus últimos comentários. Espero que tenha gostado deste novo cap...o que achou? :) :) 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (2)

  • Kaos StoneHange

    Mais um ano começando! E começando agitado!Gostei muito do "desafio" do harry ao lucius! 

    2013-04-14
  • Guilherme L.

    Hmm,é que acho que mesmo se Harry fosse um Slytherin isso não diminuiria tanto o ódio de Snape para com ele. A razão de Snape o odiar não é por ele ser um Gryffindor na história real e sim por ele ser filho de James. Acho que Harry como um Slytherin, o Snape ficaria apenas ligeiramente mais dócil. Mas você já está no quarto ano da fic,mudar o comportamento do Snape agora seria pior,porquê de acordo com o começo a mudança de comportamente seria inexplicável,mas isso é uma fic,nenhum problema do Snape ser tolerável ou mesmo gostar do Harry(já que esse Harry,convenhamos,é um verdadeiro Slytherin e não se parece em nada com o peão de Dumbledore da Rowling),podemos pensar que nessa fic o Snape gosta muito dele por ser mais parecido com a Lílian,também. Ah,o Capítulo ficou bom e eu estou ansioso como sempre :P

    2013-04-14
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.