Caindo Na Teia



Caindo Na Teia

Draco dormia profundamente, quando ouviu o telefone tocar. Ele abriu os olhos sonolentamente e olhou no relógio antes de atender:
-Quem é o filho da puta que ousa me ligar às 3h da manhã?
Do outro lado da linha, o Editor-chefe do Profeta Diário, engolindo em seco:
-É David Andrews, Sr. Malfoy. Desculpe-me pelo horário, mas...
-Sem rodeios, Andrews. Fale de uma vez! Eu quero voltar a dormir. –Draco reclamou.
-Acabei de receber uma matéria sobre o senhor.
-Qual é o título? –perguntou impacientemente.
-“O Maior Segredo de Draco Malfoy”.
-E do que fala essa matéria? –perguntou entediado.
-Sobre a sua filha com Virginia Weasley e tem duas fotos.
-O QUÊ?!? –Draco gritou e viu Parvati resmungar alguma coisa e virar de lado na cama–Que tipo de brincadeira é essa?
-Então não é verdade? –David perguntou.
-Claro que não, Andrews! Quem escreveu esse lixo?
-Rita Skeeter. Mas quem é a garota da foto com você e a Weasley? Ela é ruiva e tem olhos azuis.
-é sobrinha dela, Andrews. Não que eu tenha que te dar satisfações, mas eu não tenho nenhum caso com a Weasley e nem nunca tive. Não deixe a droga dessa edição ser publicada...
-Então detenha as entregas! –Draco mandou.
-Não posso fazer isso, Sr. Malfoy... Seria muito suspeito. Além disso, as corujas já começaram a entregar para os assinantes...
-Pra que porra serve você, Andrews? –perguntou, se esforçando para manter sua voz baixa e não acordar Parvati –Não devia ter deixado que uma matéria dessas sobre mim fosse publicada.
-Mas eu não estava aqui na redação quando isso aconteceu...
-Pro inferno com as suas desculpas! Isso vai me custar um bom dinheiro e você vai me pagar pelo se atestado de incompetência, Andrews. –Draco ameaçou e bateu o telefone.
A seguir discou para Percy:
-Quem é? –uma voz perguntou vagamente.
-Weasley. É o Malfoy. Preciso que dê um jeito de extraviar os caminhões do Profeta diário. Use os seus contatos de confiança e faça isso. Depois eu te ligo pra saber dos detalhes de como foi feito.
-O que aconteceu? –Percy perguntou.
-Sem perguntas, Weasley. Mas saiba que envolve a sua irmã. Depois eu explico melhor. Estou de mau-humor, então é bom que consiga.
-Sim, Sr. Malfoy. –Percy respondeu e Draco desligou.
Mais uma vez Draco fez um telefonema, dessa vez pelo celular:
-Flint. Tenho um serviço pra você. Apague Rita Skeeter, soldati.

***

Eram 7h e 30mim, Draco terminava de ajeitar a sua gravata, quando seu celular tocou:
-Deu tudo certo, Weasley? –o loiro perguntou, olhando-se uma última vez no espelho.
-Está feito e eu tenho uma edição em minhas mãos. O que significa isso?
Draco suspirou:
-O que foi feito com os caminhões?
-Explodiram ao cair “acidentalmente” de uma barroca, mas não mude de assunto, Malfoy. No que está metendo a minha irmã?
-Calma, Percy. –ele disse –Tem tempo livre durante o almoço?
-Tenho. Por quê?
-Vamos almoçar juntos e eu te explico.
-Ok. Eu apareço na M Corporation ao meio-dia pra garantir que não vai me dar o cano.
-Faça como quiser, Weasley. –Draco resmungou e desligou.

***

Faltavam 5 minutos para as 8h, quando Adelina chegou:
-Bom dia, Virginia.
-Bom dia, Adelina. Estou de saída, só esperava você chegar. Não deixe a Eve acordar tarde demais, comer só porcarias e sair sozinha. Também fique de olho no que ela assiste e não esqueça de fazê-la escovar os dentes. Até mais. –Gina disse e partiu.
-Era só o que me faltava. Agora, além de ser empregada da Weasley, tenho que ser babá da sobrinha pentelha dela... –Adelina murmurou para si mesma –Espero ser bem recompensada por isso.

***

Era cerca de 8h da manhã quando Gina entrou na sala de Samantha Parker. Gina postou-se na frente da mesa da secretária, que se levantou:
-Bom dia. Eu sou... –a ruiva começou, mas foi interrompida.
-Virginia Weasley, eu sei. –e apertou a mão de Gina em cumprimento –É um prazer conhecê-la. Ouvi falarem bem de você.
-Que bom! –Gina respondeu, sorrindo –Desculpe, eu não sei o seu nome. –ela mentiu.
-Sou Samantha Parker, secretária particular do sr. Malfoy.
-Bem, é um prazer também. Sabe por que estou aqui?
-Claro, vai trabalhar aqui. O sr. Malfoy me pediu para avisá-lo assim que você chegasse. Vou fazer isso, ok?
-Gina concordou e Samantha pegou o IB:
-Sr. Malfoy. Sim, ela está aqui. Ok. –e desligou –Pode entrar srta. Weasley.
-Obrigada. –a ruiva agradeceu e entrou na sala de Draco.
-Bom dia, Weasley. –o loiro cumprimentou –Sente-se e aguarde um pouco, estou no meio de uma ligação.
Gina fez o que lhe foi sugerido e ficou observando o Malfoy falando ao IB.
-Como eu estava dizendo, ontem houve um imprevisto e tive que sair. Eu sei disso. Não precisa disso. Pra mostrar como voe está enganado, eu oferecerei um jantar em homenagem a vocês. Pode escolher o local e a hora. Hum, hum-hum...Sim, sim. Perfeito. Nos vemos lá então. –e desligou.
-eu te fiz perder algum compromisso? –Gina perguntou e Draco fez que sim –Me desculpe. A Eve é realmente muito caprichosa e...
-Não se preocupe, eu já resolvi o problema.
-Era algum encontro de negócios?
-Sim, alguns sócios holandeses. Eu esqueci que tinha marcado uma reunião com eles ontem. Tinham vindo de Amsterdã especialmente pra essa reunião.
-Amsterdã? –Gina perguntou, a capital holandesa era conhecida por ter um bairro, o Red Light, onde prostitutas são exibidas nas vitrines.
-Sim. Por quê?
-Nada. –respondeu rapidamente –O que eu tenho que assinar? –emendou.
Draco arqueou as sobrancelhas, analisando a Weasley e em seguida pegou algumas folhas de pergaminho:
-Presumo que queira ler antes de assinar, não?
Gina pegou os pergaminhos:
-Isso mesmo, Malfoy. –e começou a ler.
O loiro conjurou uma pena e um tinteiro, pousando-os num ponto médio da mesa. Depois pegou uma pasta catálogo e começou a analisar os pergaminhos e folhas de relatório que nela havia.
Após algum tempo, ele fechou a pasta, pegou o IB e teclou para a sala do consigliere:
-Blás, ajeite tudo. Eu vou fazer uma doação. Cinco mil galeões para um orfanato. Você pode escolher e eu irei lá pessoalmente. Arranje para as 3h da tarde. –e desligou.
Gina olhou para Draco com surpresa, como ele sabia que aconteceria. Esperou ela dizer algo:
-Não é mais uma das falcatruas como as que você fez no St. Mungus, é?
-Eu apenas senti vontade de ajudar alguém. Eu tenho dinheiro pra isso, por que não fazer? –respondeu displicentemente.
-Peso na consciência, Malfoy? –a advobruxa não pôde deixar de perguntar.
Ele estreitou os olhos, tornando-os duas fendas cinzas e extremamente ameaçadoras. Gina sentiu-se desnudada pelo olhar dele e experimentou um certo medo. Do que aquele homem seria capaz? Não sabia e também não queria descobrir. Mas tinha que descobrir! Colocá-lo atrás das grades era uma questão de honra e ela iria até o fim em nome dessa honra.
Forçou-se a continuar encarando aqueles olhos, não queria mostrar fraqueza diante daquele homem, não deveria demonstrar...
-Não acredito que possua sentimentos nobres, Malfoy.
O olhar dele suavizou:
-Então comece a acreditar, Weasley. Se você não sabe, eu também sou um ser humano. –ele disse suavemente e Gina não respondeu –Já terminou de ler?
-Não, falta a última folha.
-Ah...Então leia.
A ruiva voltou os olhos para o pergaminho e Draco tamborilava os dedos em cima da mesa:
-Quer alguma coisa para comer ou beber?
-Não, obrigada. –agradeceu sem ao menos levantar os olhos –Acabei de tomar café-da-manhã.
Draco abiu seu Ibook [N/A: É o nome do laptop da Apple] e se começou a navegar pela internet. Queria ver como estavam indo seus negócios e fazer umas transferências bancárias.
“Quando se negocia também com trouxas, é preciso conhecer os macetes deles.” Era o que pensava.
De repente Gina perguntou:
-O que esse contrato quer dizer com “a contratada se compromete a manter sob sigilo assuntos referentes ao seu trabalho, os quais são considerados pelo contratante extremamente importantes”.
-Exatamente o que você leu. –ele disse desviando o olhar da tela do Ibook.
-E o que você tem pra esconder, Malfoy?
-Odeio a sopa de ervilhas da minha sogra.
-Estou morrendo de rir. –comentou sarcástica –Seu senso de humor é péssimo, Malfoy.
-Isso não foi uma piada. Se eu quisesse ser engraçado, você ainda estaria rindo.
-Duvido. Eu não aprecio humor negro.
-Se eu digo que te faria rir, é porque faria. Além disso, você nunca experimentou a sopa de ervilhas da minha sogra. É horrível, mas eu não posso nem pensar em dizer isso para a Parvati.
Draco conseguiu o que queria, desviou o assunto:
-Como a Parvati é? –Gina perguntou.
-Não se lembra dela em Hogwarts?
-Apenas da aparência.
-Hum... A Parvati é uma ótima mulher pra mim. Cozinha bem e faz tudo de acordo com o que eu quero...
Gina franziu o cenho:
-Então você não tem uma mulher, Malfoy, e sim uma escrava. Isso explica muita coisa...
-Explica o quê, Weasley?
-O fato de você continuar sendo mimado e egoísta, por exemplo.
Draco levantou o dedo indicador:
-Olha aqui, Weasley. Você não tem º..
-Claro que tenho, Malfoy. –ela interrompeu –Eu não sou como a sua mulher. Nunca fui submissa à ninguém e nem serei. De jeito nenhum servirei de tapete pra você!
O loiro respirou fundo e passou as mãos pelos cabelos sedosos, tirando os fios do lugar. Era incrível como aquela mulher conseguia a proeza de tirá-lo do sério tão facilmente. O Malfoy não admitia ninguém falando mais alto que ele, ninguém questionando o seu modo de agir e pensar. Não admitia ser desafiado sem responder à altura. Por mais difícil que fosse, ele pretendia domá-la. Não que a M Corporation não tivesse advobruxos brilhantes, mas Draco queria a weasley. Tinha que dar os devidos créditos à ela. Aquela mulher era excepcional, quase conseguira fazê-lo ganhar uma passagem só de ida para Azkaban. Ele sabia que Gina teria conseguido se ele não tivesse interferido sordidamente... O Malfoy tinha plena convicção de que Cho Chang sabia demais e tinha provas contra ele, era decididamente o trunfo da Weasley. Por isso Draco quebrara a base das acusações. Se Cho depusesse, ele sabia que estaria perdido... Realizado isso (a eliminação da principal testemunha de acusação), precisava achar um modo de parar a pretensão da Weasley em o trancafiar na cadeia. Teria que fazer isso sem matá-la naquele momento ou levantaria suspeitas demais. Resolveu que atrairia a vítima para a teia de aranha e a faria se enroscar gradualmente nessa teia, sem que pudesse escapar e o melhor, sem que ela percebesse.
-Como quiser, Weasley. Você tem toda razão. –Draco disse.
Gina abriu a boca, espantada:
-Eu te xinguei de mimado e egoísta. Insinuei que a sua mulher é uma escrava, um tapete que eu não vou ser...e você ainda diz que eu tenho razão?
-Foi o que eu disse. –falou sério –Não vai assinar?
-Ah...sim. Onde eu assino?
Draco molhou a pena no tinteiro e entregou-o para Gina:
-Na última página, weasley. Embaixo da minha assinatura.
“Se eu não cumprir com a parte do sigilo eu serei processada. Grande coisa, um processo desse nem consegue me mandar pra Azkaban. Não me importo de ser processada desde que coloque o Malfoy onde ele deve estar.” Ela pensou enquanto assinava.
Draco estava guiando Gina para uma falsa impressão de esperteza e superioridade. Antes que a Weasley se desse conta, estaria completamente envolvida pela teia, num caminho sem volta. Draco cuidaria para que isso acontecesse.
“E não vai adiantar se debater, Weasley, você caiu na minha teia e no momento certo, quando não tiver mais forças para resistir...Eu te devorarei como uma mosca e antes disso chegar ao fim, vai se arrepender de ter desafiado Draco Malfoy, eu juro que vai.” Ele pensou, um brilho maquiavélico passou pelos olhos cinzas, que irradiavam tanta frieza quanto o gelo.
-Pronto. –a ruiva anunciou, devolvendo o contrato e a pena pra ele.
-Ótimo. –Draco disse e se levantou –Vou mostrar a sua sala. Tem conexão direta com a minha.
O Malfoy dirigiu-se a uma porta, que Gina não havia percebido até aquele instante e que ficava do lado esquerdo. Sacou a varinha e tocou a fechadura, então aporta se abriu e eles entraram na sala:
-O que acha disso, Weasley? Se não gostar de algo, eu mando trocar.
-Assim está muito bom. –ela aprovou.
Era uma grande sala, do mesmo tamanho da do Malfoy, mas com uma decoração mais leve. Duas paredes eram brancas e duas rosa claro, nas quais haviam quadros impressionistas, como “O lago dos Nenúfares” de Monet:
-Não sabia que gostava de pintores trouxas. –a ruiva comentou.
-Foi a Samantha que escolheu tudo para decorar a sua sala. Confessou, dando de ombors.
“Ele a chama pelo primeiro nome. Hum...Provavelmente ela é mais uma das amantes do Malfoy...Mas a Samantha me pareceu ser gente boa e o tratou tão formalmente pelo IB. Preciso parar de pensar que só eu consigo resistir ao Malfoy.” Gina pensou e continuou olhando sua nova sala.
O tapete era persa e o lustre de cristal. Ficavam ao centro, onde havia uma mesinha e um conjunto de sofás de couro branco:
-Pra que isso?
-Para os clientes se sentirem mais à vontade. Como se estivesse em suas próprias salas. –Draco explicou –Gostou da sua mesa?
Em frente a janela estava uma escrivaninha de madeira pura, revestida com uma camada de ouro 24 quilates e também uma cadeira giratória tipo poltrona, que parecia ser muito confortável. Em cima da escrivaninha tinha um computador igual ao de Draco:
-Se precisar imprimir algo, mande por e-mail para a Samantha e ela imprime. –o loiro informou.
Gina ficou quieta.
“O Malfoy não confia em mim, pelo menos não plenamente. Como eu faço pra ganhar a confiança dele?”
-Quando começo a trabalhar? –a Weasley perguntou.
-Eu entro em contato com você quando aparecer algo. –e pegou o IB da sala dela, teclando –Samantha, leve a Weasley para conhecer a empresa. Estamos na sala dela. –e desligou –Não te perguntei, com quem você deixou a Evelyn?
-Com a Adelina.
-Hum... É mesmo, a Vance trabalha pra você. Mas a sua sobrinha ainda me acha “o cara mau”?
-Não, Malfoy. Ela adorou você. Não parava de dizer o quanto você era legal. Era o Tio Draco isso, o Tio Draco aquilo. Até que graças a Deus ela adormeceu.
Draco sorriu debochado:
-Ela não é uma garotinha adorável? Enxerga coisas que certas pessoas se recusam a enxergar.
Gina cerrou os dentes, ia responder, mas ouviram batidas à porta:
-Pode entrar, Samantha. –e a secretária obedeceu –Qualquer coisa, eu estarei na minha sala.
-Vamos indo, Virginia?
-Claro.

***

Ao retornar para sua sala, Draco continuou navegando pela internet e realizando suas transações bancárias, quando o IB tocou:
-Draco? –a voz de Lúcio perguntou.
-Sou eu. De onde está ligando?
-Daquela coisa móvel que os trouxas usam. –respondeu, como se o fato o desagradasse imenso.
-Ótimo, pai. Pelo menos aprendeu que é mais seguro usar celular. Está aqui em Londres? Como vai a minha mãe?
-Eu e sua mãe ainda moramos em Marselha, é aqui que estamos. Ela diz que sente saudades de você. –disse numa voz de quem pensa “Como-a-Narcisa-é-sentimental-quando-se-trata-do-Draco”.
-Hum, me deixe adivinhar. Você me ligou porque está com problemas, não é mesmo?
-Isso mesmo, Draco. Estou com uns problemas com o Ministério da Magia Francês...Querem me levar à tribunal porque andei sonegando impostos do Le Chateau. O hotel também é seu, Draco, tem que me ajudar.
-Por que não tenta suborno, pai? Ou já esqueceu dessa técnica que ensinou pra mim?
-Eu já tentei, mas não adiantou. Tudo o que consegui foi ganhar outro processo.
-está ficando incompetente, hein Lúcio?
-Mais respeito, moleque! Eu ainda sou seu pai!
“Pior que é.” Draco pensou, dando um suspiro de cansaço.
-Tudo bem. Eu vou te ajudar.
-Como e quando?
-Em breve. Agora vou desligar, estou ocupado. Adeus.
“E eis que surge o primeiro caso para a minha mais nova contratada resolver.” Pensou, sorrindo satisfeito.

***

-Qual é a do Malfoy? –Gina perguntou informalmente.
-Como é que é? –Samantha perguntou, parando no meio de um corredor.
-eu quero saber como o malfoy é como patrão.
Samantha estava sentindo uma pontada de ciúme pelo jeito que Gina falava de Draco, sem muitas formalidades. Na opinião da secretária, Draco estava dando demasiada liberdade e importância para a Weasley.
“Preciso tomar cuidado.” Samantha pensou “Não vou deixar que ela roube Draco Malfoy de mim. Perder para a esposa dele tudo bem, ele é casado com ela... Mas não vou aceitar perder para uma intrusa que há pouco tempo atrás queria metê-lo atrás das grades. Eu sou fiel a ele, o meu amor é.”
-Normal...
-Normal como?
-Normal do jeito dele. Perfeccionista, exigente e muitas vezes autoritário.
-E você o que pensa dele?
Os olhos de Samantha brilharam e ela controlou-se para não sorrir bobamente. Abriu a boca para responder, mas o que saiu foi uma pergunta:
-de que forma isso interessaria a você?
-Apenas quero saber a sua opinião pessoal. –Gina disse e Samantha olhou-a com desconfiança –Vamos fazer assim: Você me responde e depois eu também te digo o que penso do Malfoy.
A secretária ponderou por alguns instantes e então respondeu:
-Que ele é lindo você já deve ter percebido...Hum, ele é muito dedicado ao seu patrimônio e costuma não tolerar erros. Pra ele não existe meio termo. Ou você está ao lado dele ou está contra ele. O sr. Malfoy costuma ser muito generoso com os que o ajudam e inflexível com os inimigos. Parece irradiar uma aura de poder, um magnetismo que...
-Que o quê?
-Nada. –respondeu corando.
-Como nada, Samantha? –insistiu.
-Fascina. –murmurou muito constrangida.
“Ai, ela gosta dele...E agora?” Gina pensou.
-Hum... –Gina começou sem jeito –Você parece que o admira.
-de certa forma...E então, Virginia? Ainda não me disse o que pensa do sr. Malfoy.
-É...eu...Não tenho exatamente boas lembranças do Malfoy. Para falar a verdade nunca nos demos bem, tanto que me surpreendi quando ele quis me contratar.
-Se não se dá bem com ele, por que aceitou trabalhar aqui? –Samantha perguntou com desconfiança em cada sílaba.
-Pelo salário. Pretendo comprar uma casa e trabalhar no Ministério não rende tanto quanto aqui.
-Ah...
A ruiva colocou uma mão sobre da secretária:
-Posso te dizer uma coisa?
-Claro.
-É que eu percebi que você é apaixonada pelo Malfoy.
Num primeiro instante os olhos de Samantha se arregalaram e sua pele se empalideceu mais ainda, depois ela olhou para o chão e ficou roxa de vergonha:
-Droga! –murmurou –Se o sr. Malfoy fica sabendo, eu serei despedida. –e encarou Gina –Eu preciso desse dinheiro, sou eu que sustento sozinha os meus irmãos, que estão em idade escolar e o meu pai que é doente. Por favor, não conte pra ninguém, Virginia. Eu não tenho culpa. Eu sei que ele é casado e tudo o mais...Eu tentei não gostar dele, mas não se manda no coração. –disse Samantha, desesperada –Por favor, prometa não contar. –implorou quase à beira das lágrimas.
-Não se preocupe, eu não vou contar. Mas gostaria de saber se você já teve algo com o Malfoy.
-Sim. –respondeu, evitando focar seus olhos negros nos castanhos de Gina –Ele me chantageou. Disse que ou eu fazia o que ele queria ou eu seria despedida e minha família padeceria. Mesmo amando ele, eu juro não queria me envolver com ele.
Gina ferveu de raiva por Draco ter feito uma chantagem tão baixa com aquela e abraçou Samantha.
“Se eu pudesse convencê-la a testemunhar contra o Malfoy...Mas é impossível, ela ama o Malfoy.”
-Calma, Samantha. Eu não vou contar.
Samantha realmente não queria ter se envolvido com Draco, mas agora que já o tivera, queria mais. Sem saber, o loiro havia alimentado em muito a paixão que a secretária nutria por ele.
A ruiva soltou Samantha:
-Obrigada. Agora te levar pra conhecer as partes da M Corporation que ainda faltam.

***

Por volta do meio-dia, Draco falava ao IB com Samantha:
-A Weasley já foi embora? Ah...Por nada. Percy weasley virá aqui. Quando ele chegar, deixe-o entrar direto. Isso mesmo. –e desligou.
Após mais ou menos um minuto, Percy bateu à porta e entrou:
-Estou aqui, Sr. Malfoy, como disse que estaria.
-Sem formalidades, Percy. –disse se levantando e apertando a mão do ruivo.
-E então, Draco? O que significa isso? –perguntou, colocando o jornal em cima da mesa do loiro.
O Malfoy observou as duas fotos da manchete. Em uma delas, aparecia sentado num banco do parque, beijando as mãos de Gina. Não outra, Evelyn andava de mãos dadas com ele e a tia:
-Aqui não. –Draco respondeu –Durante o almoço. –disse e os dois saíram da sala –Vou almoçar. Diga ao Blás para me ligar depois. Ele sabe o porque, Samantha. –falou ao passar pela secretária.
-Bom almoço, Sr. Malfoy. –a secretária desejou e Draco agradeceu com um aceno.
Eles foram almoçar no King’s Menu, o mesmo restaurante que o Malfoy havia jantado com a Weasley. Estavam no meio da refeição, quando Percy pousou seus talheres no prato com uma certa violência e disse pomposamente:
-Hora de se explicar, não acha?
Draco levou o guardanapo a boca calmamente:
-Concordo. O que quer saber? –perguntou, tomando um gole de vinho branco.
-No que está metendo a minha irmã? O que significa essa matéria, Draco? Eu não quero que reduza a Gina a mais uma das vagabundas que você usa e joga fora.
O celular de Draco tocou:
-Com licença, Percy. Eu tenho que atender. –informou –Alô. Você fez? Por que demorou tanto? Hum...Sei...Muito bem. Agora eu quero que dê uma lição no Andrews. Ele mesmo e é apenas uma lição, ok? Me ligue depois. –e desligou –Onde estávamos? –perguntou para Percy.
-Falávamos da minha irmã. De como...
-Ah, sim, já me lembrei. Eu saí com a Weasley e a sobrinha dela, queria convencer a sua irmã a trabalhar pra mim.
-Como assim trabalhar pra você?
-Virgínia Weasley é a mais nova advobruxa da M Corporation. Eu a contratei hoje mesmo.
-O quê? A Gina não aceitaria...Por que você a contrataria?
-Ela é talentosa e foi isso o que eu disse à ela. Além de dobrar o salário dela, é claro...
Percy o olhou desconfiado:
-Espero que não esteja querendo se aproveitar da carência afetiva dela. Soube que a Gina e o Potter terminaram recentemente, não soube? A Gina pode não ser virgem, mas o Potter foi o único homem dela...A minha irmã é uma santa e não tem nada das luxuriosas a que você está acostumado.
“Será mesmo?” Draco perguntou-se com divertimento pela cara do Weasley.
-Serei franco com você, meu caro Percy. Acho sua irmã bem gostosinha. –e sorriu debochado ao ver a expressão assassina no rosto do ruivo –Mas como ela mesma disse, o que temos é estritamente profissional. Se ela quer assim, será assim. Ms se em algum momento ela quiser ou permitir que eu vá além...Bem, você sabe que a carne é fraca...
-Malfoy, a Gina não é assim. Ela sabe que você é mulherengo e é casado, não vai querer se envolver com você.
-Eu sei. Fique calmo, eu não pretendo assediá-la ou ela pediria demissão e não é isso que quero. Contratei-a porque acredito no talento dela, certo?
Mais uma vez o celular de Draco tocou:
-Como é que você agüenta? –o ruivo perguntou.
-É preciso. –respondeu e atendeu novamente –Ah. E então Blás, tudo certo? Ok, estarei lá às 3h. –e desligou –Satisfeito com a minha explicação?
-Não totalmente...E se a Gina aceitou trabalhar pra você só para descobrir os seus podres e poder usá-los contra você?
-Eu já pensei nisso, tenho gente de olho nela por mim.
-Mas e se for só isso? O que você vai fazer? –o Weasley insistiu em saber.
Draco encarou e demorou um pouco para responder:
-Tomarei as devidas providências....para que eu não seja preso, é claro.
Percy engoliu em seco e perguntou:
-Foi a Skeeter quem escreveu a matéria, não foi? O que haverá com ela da próxima vez que tentar algo do tipo?
-Próxima vez? –indagou, rindo despreocupadamente –Não haverá uma próxima. Digamos que aquela mulher não causará mais problemas pra ninguém. –respondeu, sem demonstrar qualquer tipo de emoção.
“Do que esse homem é capaz para se manter no pedestal das aparências? No que eu fui me meter, meu Deus? No que a Gina foi se meter?” o Weasley se perguntou e sorriu nervosamente para Draco.

***

Era cerca de 2h e 30min da tarde e Gina já estava em seu apartamento. Ela e Eve assistiam televisão, sentadas no sofá da sala, mas Eve freqüentemente lhe perguntava coisas:
-E então, Tia Gina? O Tio Draco falou de mim?
-Sim. Ele perguntou com quem eu tinha te deixado e se você ainda o achava um cara mau.
-E o que você disse?
-Que a Adelina estava cuidando de você e que eu me enchi de tanto você falar bem dele.
-Mas o Tio Draco é tão legal...
A campainha tocou e Gina foi pessoalmente atender, só para ter um pretexto para acabar com aquela conversa:
-Percy? –perguntou perplexa –O que faz aqui?
-Não vai me convidar para entrar?
-O que você quer aqui?
-Precisamos conversar. É sério.
-Pois bem. Então entre. Você se importa de conversarmos na cozinha?
-Não. –ele respondeu –Mas bem que você podia viver num lugar melhor que esse.
-Se vai criticar o meu apartamento, ponha-se porta afora agora mesmo. –a ruiva disse, irritada.
Quando chegaram na cozinha, Adelina usava mágica para lavar a louça:
-Boa tarde, Sr. Weasley. Eu sou Adelina Vance.
“Fingindo não me conhecer, é? Agora já sei quem anda vigiando a minha irmã para o Malfoy.” Ele pensou.
-Encantado. –Percy disse –Poderia nos deixar à sós?
Adelina se foi. Percy trancou a porta da cozinha e tornou-a imperturbável:
-Pra que tudo isso? –Gina perguntou –Parece até assunto de vida ou morte.
“E de certa forma é”. Ele pensou.
-Que loucura foi essa, Gina? Por que resolveu trabalhar para o Malfoy?
-Não te interessa, Percy. Além do mais, você também trabalha pra ele.
-Mas é perigoso pra você...
A ruiva interrompeu-o:
-Agora você diz ser perigoso? E por que perigoso pra mim? Pra você não é?
-Não se eu for fiel ao Malfoy...
-Foi pelo dinheiro. –disse de repente.
-Você não me engana, Gina, você não é assim. Eu sempre fui ambicioso, reconheço um quando o vejo. O que você quer é arrumar um jeito de botar o Malfoy em Azkaban e por isso se aproximou dele. Desista, Gina. Você não vai conseguir.
-Foi ele que te mandou falar pra mim esse monte de baboseiras? Eu não tenho medo do Malfoy!
-Pelo contrário, o Malfoy nem imagina que eu estou aqui. E se eu fosse você, eu teria medo de enfrentá-lo. Pra alcançar algo, ele não mede esforços. E você? Seria capaz de usar meios ilícitos para alcançar seus objetivos?
Seu coração gritava “Não!”, mas sua mente fê-la responder:
-Não sei. E também não sei o porque de me dizer isso tudo.
-Eu não quero que você caia nas mãos dele, Gina. Você é a minha única irmã. Eu queria te proteger...Mas você já deu a sua palavra, assinou aquele contrato. Bem- vinda ao labirinto, maninha. Uma vez dentro, não se encontra a saída.
-P-Percy...Eu não sabia que você se importava comigo. –e o abraçou –Mas então por que não me ajudou a mandar o Malfoy pra Azkaban? Você depÔs, você podia...
-Não, eu não podia. –e Gina o soltou –Eu não estou tão no topo da hierarquia. Os que estão ligados diretamente ao Malfoy poderiam ter provas suficientes, eu não.
-Entendo... –Gina disse cabisbaixa –Mas então do que adianta termos essa conversa?
-Pelo menos não dê o seu corpo a ele, não vale a pena por nenhuma informação. Você viu o que aconteceu a Cho Chang, não viu?
-Sabia que ele tinha um dedo na morte dela.
-Não podemos provar. Se você não entrou lá pra ser fiel ao Malfoy, pelo menos finja ser. E mais uma coisa...A sua empregada está espiando você à pedido do Malfoy.
-O que?!? Mas como...?
-Estou falando sério. Cuidado com ela, mas continue tratando-a como antes ou ela desconfiará.
-Por enquanto é só, cuide-se, maninha. –e saiu da cozinha, deixando pra trás uma Gina perplexa e pensativa, sentada à mesa.

***

Às 3h da tarde a limusine de Draco estacionou em frente ao Orfanato Santa Edwiges. Ao sair de seu carro, o loiro sorriu satisfeito ao sentir flashes sobre si. Havia vários repórteres por ali.
Uma mulher com cabelos muito claros e cara de fuxiqueira, se aproximou perguntando:
-Sr. Malfoy, é verdade que a sua intenção é doar uma boa quantia para essa instituição?
-Sim, é isso o que farei.
-Por que decidiu fazer uma doação? –um homem de cabelos muito negros indagou –E por que um orfanato?
-As crianças são o futuro da nossa sociedade. É preciso dar uma chance a ela, investir nelas. É isso o que estou fazendo. Exatamente o que chamo de responsabilidade social.
-Então se julga um cidadão consciente? –uma ruiva, que o fez se lembrar irresistivelmente de Gina, perguntou séria.
-Absolutamente e creio que se todos que pudessem ajudassem seus semelhantes, todos viveríamos muito mais tranqüilos e com a sensação de bem estar consigo mesmo.
-Ah, Draco, vejo que já chegou. –Blás disse, o levando para dentro da construção –Vou levá-lo até a diretora desse orfanato.
Os repórteres os seguiam e falavam todos ao mesmo tempo. Draco sorriu amigavelmente e virou-se para eles:
-Agora não irei mais dar nenhuma declaração à vocês, mas depois ficaria honrado em fornecer uma entrevista coletiva detalhada. –e continuou a andar com Blás.
Blás conduziu o Capo até a sala da diretora e fechou a porta após entrarem. Era um aposento escuro e um tanto pequeno, um cubículo, na opinião do Malfoy, que cheirava a mofo.
“Será que nunca aprenderam a abrir as janelas nesse lugar?” Draco perguntou-se, ainda examinando a sala.
-É um prazer conhecê-lo, Sr. Malfoy. –ele ouviu uma voz dizer.
O loiro tirou seus olhos dos livros aparentemente empoeirados e os focou na dona da voz. Era uma mulher de meia idade, com cabelos castanhos presos num coque e óculos de aro preto. Suas vestes eram comportadas e sérias.
O Malfoy aproximou-se da mesa da diretora:
-Como já sabe, sou Draco Malfoy. –e pegou uma mão dela –Tam´bem é um prazer conhecê-la, Sra...
-Srta. Waldman. –ela completou e Draco beijou-lhe a mão.
“Senhorita, é claro. Quem casaria com uma mulher que parece ser tão recatada quanto uma freira?” pensou.
-Por favor, sentem-se. Gostariam de beber algo? Talvez um café?
Draco e Blás sentaram-se:
-Não muito obrigado. –Draco recusou educadamente e retirou um cheque de sua carteira –O que as crianças fazem aqui? Quando não estão na escola, eu digo.
-Brincam após concluírem seus deveres escolares. –Waldman respondeu.
-Verificou o quanto corresponde a quantia que eu te falei em libras, Blás? –Draco perguntou e ele afirmou –Então poderia preencher pra mim? Depois eu assino.
Blás pegou uma caneta que havia em cima da mesa e começou a preencher o cheque.
-Então essas crianças não tem nenhuma atividade sem ser a escola, certo? Qual é a idade delas?
-Temos desde bebês até adolescentes de 17 anos. Quando atingem 18, não podemos mais ficar com eles.
-Hum...E a alimentação? É boa?
-Ah, isso sim...Eu me formei em nutricionismo, eu mesma preparo o cardápio. É totalmente saudável e adequado. –disse sorrindo orgulhosamente.
-Bem. Mas acho que deviam fazer oficinas e outras atividades de acordo com a idade. A srta. mesma me disse que aos 18 anos a pessoa é obrigada a sair daqui. E vai pra onde? –a diretora não disse nada e pareceu constrangida, então o Malfoy continuou –Essas pessoas que saem daqui precisam saber fazer algo ou aumentarão o exército de escórias da sociedade. Ensine essas crianças variados tipos de artesanato, culinária, informática...
-Mas como? –a diretora interrompeu –Não temos dinheiro pra isso. Não temos como comprar computadores...
-Agora têm. –o loiro disse –Com o que eu vou doar dá pra começar a fazer isso e a manutenção eu custearei mensalmente.
-Oh, Sr. Malfoy. O senhor é um anjo que caiu do céu. –a diretora disse, emocionada, com os olhos marejados –Não sei nem como agradecer o que está fazendo por este orfanato.
-Não agradeça, apenas faça o que eu disse. Essas crianças precisarão se virar no futuro. Mesmo se decidirem cursar uma faculdade, precisarão se manter de alguma forma também.
A essa altura, Blás já tinha terminado de preencher o cheque. Draco pegou-o e assinou, em seguida entregou para a diretora:
-Use bem esse dinheiro. –ele aconselhou –Eu saberei se as melhoras foram feitas ou não. Todo mês alguém virá lhe entregar um cheque meu, ok?
-Muito obrigada por se preocupar coma as minhas crianças. –falou, olhando-o com admiração, enquanto lhe apertava a mão.
-Nós poderíamos conhecer as crianças? –Draco perguntou.
-Mas é claro que sim, Sr. Malfoy e Sr. Zabini. –ela respondeu e todos se levantaram –Se fizerem o favor de me acompanhar. –e saíram da sala.

***

Gina continuava na cozinha, imersa em pensamentos. Apesar de ter ficado balançada pela conversa que tivera com Percy, ela não pensava em desistir de seu objetivo, mesmo sendo perigoso...
-Virginia, você está bem? –Adelina chegou perguntando –O que o Sr. Weasley tinha pra dizer?
Gina lembrou-se sobre o aviso de Percy sobre Adelina e então respondeu:
-Ele veio perguntar-me se era verdade que eu estava trabalhando para o Malfoy. Eu disse que sim, então ele me parabenizou. E a Eve?
Como se por enquanto, Evelyn apareceu na cozinha:
-Tô aqui, Tia Gina. O Tio Percy tá seeempre com pressa.
-Vem aqui, me amorzinho. –Gina disse e sentou Eve em seu colo –O Percy não te cumprimentou direito, foi?
-Ele me deu um beijo e disse que tava atrasado. –a garota respondeu.
Gina passou as mãos pelos cabelos da sobrinha:
-O que você acha de voltarmos na sala pra assistir tv? –perguntou e Evelyn balançou a cabeça afirmativamente.
Você mima demais essa garota. –Adelina disse.
-Bobagem. –a ruiva retrucou –Por que não faz milkshake e torta de morangos de café da tarde?
-Tudo bem, eu farei. –Adelina concordou e Eve sorriu radiante pela perspectiva de tal refeição.

***

Às 8h da noite, Draco chegou ao restaurante onde seria sua reunião com os holandeses. Eles já o esperavam em uma mesa mais afastada. O loiro cumprimentou os três homens com um aperto de mão cortês. Em seguida todos sentaram-se:
-Bem-vindos à Inglaterra, cavalheiros. Espero que a estadia dos senhores esteja sendo satisfatória. Gostam do hotel? É um cinco estrelas, é claro, mas se tiverem alguma reclamação...
-Não, Sr. Malfoy, o hotel é ótimo. –um deles, moreno de olhos verdes, falou.
-Fico feliz em ouvir isso, Philip. –o loiro comentou.
-Concordo com o meu irmão, Sr. Malfoy. –o outro moreno de olhos verdes disse.
-No entanto, -começou a dizer o holandês loiro de olhos azuis-esverdeados –Viemos para a Inglaterra a fim de tratarmos de negócios e até agora não fizemos isso, Sr. Malfoy.
“”Tinha que ser Robert Richardson, o insatisfeito. É bem mais fácil lidar com os irmãos Greenley.” Draco pensou.
-Eu já expliquei que ontem houve um imprevisto, Sr. Richardson. –o Malfoy disse, tentando se mostrar paciente.
-E que imprevisto seria esse? –Richardson indagou.
-Robert! –um dos irmãos o censurou –Não temos do que reclamar quanto a nossa estadia.
-Mas ele nos deve uma explicação, George. –Richardson disse.
-Foi um problema particular. –Draco disse –De saúde. –mentiu.
-O Sr. está doente?
-Não, Philip, é a minha esposa que teve um mal súbito. –o loiro respondeu –Mas enfim, tratemos de negócios.
-Primeiro, gostaríamos de trocar algumas de nossas garotas pelas suas. –Robert falou –Concorda, Sr. Malfoy?
-Vocês têm fotos das garotas? –Draco perguntou.
-Temos mais que isso. –George respondeu e seu irmão lhe passou uma pasta catálogo –Temos as fichas delas. –e entregou a pasta para o Malfoy –Cada qual com uma foto de rosto, uma de corpo inteiro e dados sobre cada uma.
Draco folheou as páginas, deslumbrado. Seria uma boa conseguir novas garotas para o seu bordel, tinha certeza que agradaria seus clientes:
-Eu concordo. –o Malfoy respondeu –Agora vou escolhê-las. Que tal 10?
Os três holandeses balançaram a cabeça, afirmativamente e Draco examinou mais atentamente o conteúdo da pasta. Algumas ele demorava a escolher, outras eram escolhidas num piscar de olhos. No fim ele escolheu, todas tinham entre 17 e 21 anos:
Duas eram negras, uma do Quênia e a outra da África do Sul. Duas eram mulatas, brasileiras. Havia uma morena do Caribe. Uma loira da Croácia. Uma oriental da Tailândia e duas ruivas irlandesas.
-Ótimas escolhas, Sr. Malfoy. –Philip comentou.
-E como nós escolheremos? –Robert cobrou.
-Pessoalmente. Após o jantar irei levá-los para conhecer e divertirem-se, é claro, no Fire Calderón.
Os três holandeses sorriram maliciosos e Draco sentiu-se satisfeito consigo mesmo:
-Devo pedir o jantar? –ele perguntou.
-Ainda não. –Robert alertou –Temos uma idéia e queremos ver se está interessado nela.
-Quanto isso vai me custar? –Draco perguntou precavidamente.
-Nove mil galões. Três para cada um de nós. George respondeu.
-E por que eu desembolsaria toda essa grana? –indagou, sorrindo ironicamente e encarando-os de maneira despreocupada.
-Porque o dinheiro do seu bordel vai duplicar.
-Não seja modesto, Philip. –Richardson falou –O dinheiro dele vai quadruplicar.
-Posso saber qual é a fonte de multiplicar dinheiro? –Draco perguntou com curiosidade.
-Poção Polissuco. –George esclareceu –Muitas pessoas tem fantasias sexuais com pessoas que não podem ter.
-Astros, por exemplo. –Robert disse –Não imagina a enorme procura por jogadores de quadribol, estrelas de cinema.
-O nosso rendimento realmente cresceu de forma vertiginosa. –Philip disse –Tudo o que é preciso é um estoque de Poção Polissuco e um fio de cabelo da pessoa que o cliente deseja.
Draco sorriu largamente, os olhos brilhando com divertimento:
-Parece ser uma idéia maravilhosa.
-Mas temos que avisar que de acordo com a lei bruxa, é ilegal. –Philip falou.
-Não importa. –o Malfoy respondeu –Mas quero ter certeza de que vai valer a pena.
Robert Richardson olhou com desagrado a excessiva cautela de Draco. Para a surpresa do Malfoy, o outro loiro olhava para a roupa dele atentamente:
-Ah há! Achei! –ele exclamou com um sorriso triunfante –Com licença. –e pegou algo sobre o terno de Draco –Hum...Uma ruiva. Quem é ela? Sua mulher?
O Malfoy olhou o fio cobre com atenção, era liso, comprido e levemente ondulado na ponta.
“Decididamente esse fio é da Weasley. Nem tinha percebido que tinha um fio dela caído no meu terno.” Ele pensou.
-Não. É Virginia Weasley, uma advobruxa que...
-Ouvi falar dela. –Richardson o cortou –Eu prefiro as morenas, mas essa ruiva é muito atraente. –ao ouvir isso, os olhos cinzentos de Draco estreitaram –Você transa com ela? –perguntou sem cerimônias.
O Malfoy ficou surpreso pela pergunta repentina. Deixou seu semblante inexpressivo e respondeu:
-Eu não. Ela apenas trabalha pra mim...
-Mas gostaria? –Robert novamente o interrompeu –Se tivesse uma chance, gostaria?
Draco se remexeu em sua cadeira, tentando achar uma posição mais confortável, mas era inútil. O problema não era o seu assunto e sim o rumo daquela conversa.
-Aonde você quer chegar me perguntando isso? O que é que esse assunto tem a ver com...
-O senhor mesmo disse que queria te certeza se o nosso esquema de Polissuco valia a pena. –Philip disse.
-E então? –Richardson recomeçou –Gostaria de provar pessoalmente o nosso método? O George trouxe um frasco de poção, não é? –e o moreno fez que sim –Não seria nenhum sacrifício testar o método dessa forma, seria?
Ele não podia negar que gostaria de fazer aquilo. Sorriu internamente. Não seria com a verdadeira, mas quebrava um galho.
-Eu topo. –Draco respondeu –Experimentar o método. –completou.
Robert guardou o fio vermelho dentro de um frasco e então dentro de um bolso:
-Vai estar bem guardado. Até a hora de usar. –o holandês disse satisfeito.
Draco ergueu a mão, chamando o garçom, agora mais do que nunca, ele queria que aquele jantar acabasse logo...

***

Gina estava jantando com Evelyn e Adelina, quando a campainha tocou:
-Quer que eu vá atender? -Adelina perguntou.
-Por favor. –Gina respondeu.
-Tá esperando alguém, Tia Gina? O Tio Draco?
-Não, Evelyn. Eu não estou esperando ninguém, muito menos o Malfoy. Agora pare de enrolar e tome a sua sopa.
-Mas tem legume, blargh! –a ruivinha disse, fazendo careta.
-Mas legumes fazem bem pra saúde! A sopa está ótima. Tem cenoura, batata... –Gina parou no meio da frase ao ver quem vinha com Adelina.
Era Olívio Wood:
-Boa noite, Gina. –ele disse, beijando a face da ruiva.
-Quem é? Quem é? –Eve perguntou animada.
-este é Olívio Wood, querida. Ele é meu amigo e joga como goleiro no União de Pludmere. Olívio, ela é minha sobrinha, Evelyn Delacour Weasley. É filha do Gui, meu irmão mais velho, com Fleur delacour.
-Muito prazer em conhecê-la, Evelyn. –o moreno disse, apertando a mãozinha dela.
Eve apenas sorriu quieta. Ela já tinha ouvido falar de Olívio, já que era fã de quadribol e torcia pelo time dele. Para evelyn era incrível demais conhecer pessoalmente um astro de quadribol. Estava tímida e nao conseguia falar mais nada. Para amnter a boca ocupada, resolveu tomar a sopa, mas Gina nao percebeu :
-O que o trás aqui? –a ruiva perguntou.
-Eu vim te convidar pra sair, mas se você nao puder...
-É, Olívio, eu tenho que cuidar da eve. –Gina disse.
-Não seja por isso, Virginia, eu posso ficar aqui até você voltar. –Adelina se ofereceu.
-Mas seria fora do seu horário de trabalho...
-Não vai ser incômodo nenhum. –Adelina respondeu.
-Pode ir, Tia Gina. Eu vou me comportar. –Eve conseguiu dizer, a idéia de sua tia sair com um astro de quadribol a fascinava.
Gina entao aceitou:
-Vou apenas escovar os dentes e me arrumar. –disse após colocar seu prato na pia e então se retirou da cozinha.

***

-Ah... –era mais um dos incontáveis gemidos que Draco dava.
Fizera de tudo com a então ruiva a sua frente. Desde o começo ordenara que ela o tratasse pelo primeiro nome e não questionasse nada. O loiro não lembrava de qual fora a última vez em que sentira tanto prazer. O Malfoy arremetia de maneira selvagem contra aquele corpo alvo coberto de marcas vermelhas, as quais ele próprio havia deixado. Percebia que estava agradando, pelo olhar de satisfação que os olhos castanhos exibiam.
-Diz...que...você é...minha. –ele disse ofegante –Só minha...
-Ah, Draco...Eu sou sua...ah, só sua... –a ruiva disse entre suspiros e gemidos.
-Isso! –Draco exclamou –Geme pra...mim. –ele ordenou e ela obedeceu –Você...me deixa louco...minha Gina...minha ruiva...Diz que você me quer! Implore por mais!
-Draco, eu te...quero...Faz mais...Por favor...Draco...
O loiro gozou e não era a primeira vez naquela noite. Olhou para aquelas lábios rosados e convidativos. Mandou às favas a regra que nenhum cliente poderia beijar a boca de uma das garotas de seu estabelecimento e a beijou com o que restava de sua energia. Depois caiu deitado ao lado dela. Ofegante e cansado, mas satisfeito.
-Você me beijou, Draco... –a ruiva falou surpresa e levando a mão aos lábios.
-E daí? Eu sou o dono daqui, faço o que bem entender!
-Eu queria ser essa Gina. Você sempre foi bom de cama, mas dessa vez foi demais.
-Você nunca poderia se comparar a ela. –o loiro disse seriamente.
-Eu sei que sou apenas uma garota de programa...Mas ela é melhor que eu na cama?
Por um tempo houve silêncio, então ele confessou:
-Nunca transei com ela.
-Ela não sabe o que está perdendo...Mas você vai.
-vou o quê?
-Conseguir transar com ela. Pela vontade que demonstrou, não vai deixá-la escapar.
Draco então levantou da cama e começou a se vestir:
-Você foi ótima, Vick. Daqui a pouco voltará ao normal. Vai ganhar uma nota por isso no fim do mês, tchau. –e foi embora após terminar de se trocar.
“Agora preciso muito falar com a verdadeira Weasley ou o meu pai vai se complicar mais ainda.” O Malfoy pensou, indo para sua limusine “E se ele se complica, eu me complico.”

***

Gina e Olívio tinham ido ao cinema e assistido “Irmãos Grim”. Aparataram em frente a porta do apartamento dela:
-Obrigada, Olívio. É sempre bom sair com você.
-Igualmente, Gina. É bom ver que está melhor. A sua sobrinha é uma gracinha, acho que está te fazendo bem ficar com ela.
-Eu adoro a Eve, é como se fosse minha filha. Ela ia ser dama de honra do meu casamento com o Harry, sabia?
Olívio passou uma mão pelo rosto de Gina:
-O Harry não ia querer que você ficasse triste por causa dele, não é mesmo?
-Você tem razão, Olívio. Você tem feito tanto por mim... –a ruiva falou e enlaçou o pescoço dele, o abraçando.
Olharam-se fixamente por alguns segundos e como Gina achou que Olívio não teria coragem de fazer isso, ficou na ponta dos pés e alcançou os lábios dele. Foi um beijo calmo e carinhoso, o qual a ruiva finalizou com um selinho:
-Você é um verdadeiro amigo, Olívio. Nunca me pediu nada em troca da sua ajuda. –ela disse e abriu a porta –A gente se vê.
-Até mais, Gina. –Olívio disse e desaparatou.
Adelina esperava na sala:
-Eu vou indo. –disse levantando-se do sofá –E não se preocupe, a Eve já está dormindo. Até amanhã, Virginia.
-Até. –a Weasley respondeu e foi direto para o banheiro, tomar um banho.
Após o banho, Gina enrolou-se numa toalha e foi direto para o quarto. O abajur estava aceso. Gina ficou de frente para o guarda-roupas, ia abrir pra pegar um pijama, mas algo lhe chamou a atenção no reflexo do espelho. Um vulto vinha se aproximando dela. Gina não se virou e fez mira por cima do ombro, olhando pelo espelho:
-Impedimenta. –e o vulto foi paralisado, ela então se virou e o reconheceu –Malfoy, espero que tenha uma boa explicação. –ela exigiu.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.