Sirius Black




Harry deslizou pelo declive térreo e aterrou num túnel. O cão arrastava Weasley um pouco à sua frente Era um longo túnel, que estava, de facto, assinalado no Mapa do Salteador, mas não se sabia onde ia dar. Fred e George tinham dito a Harry que ninguém o usava.


- Lumus. – Harry iluminou o caminho com a sua varinha. O cão, acostumado ao túnel, ganhara-lhe avanço.


O cão entrou numa sala cheia de pó e toda desarrumada, o papel de parede parecia cair e marcado por o que pareciam ser garras, a mobília destruída como se alguém a tivesse partido e as janelas bloqueadas.


Weasley fora largado junto de uma cadeira, a perna sangrava e mandara um grito de susto. Harry entrou na divisão, nesse momento, e viu Sirius Black com o rosto meio iluminado encostado a um canto.


- Expelliarmus. – Black apontou-lhe a varinha de Weasley.


- Protego. – Defendeu-se Harry.


Fintaram-se por um momento, com as varinhas apontadas um ao outro.


- Eu baixo, se tu baixares. – Sussurrou Black.


- Porque haveria de acreditar na palavra do assassino que traiu a minha mãe e o meu pai, e tanto quanto me dizem quer matar-me? – Harry perguntou. Havia uma raiva fria na sua voz.


Naquele momento, Daphne, Draco, Hermione e Neville entraram, seguindo Crookshank. 


- Expelliarmus. – Harry aproveitou o momento. A varinha de Weasley saltou das mãos de Black. E Harry recuperou-a com um encantamento de convocar.


Black tentou atacar Harry com os braços, mas Draco mandou-o contra a parede com um feitiço. Black caiu de joelhos no chão. Harry deu a segunda varinha a Daphne,


- Vais matar-me, Harry? – Perguntou Black.


- Tu mataste os meus pais. – Harry replicou.


- Para todos os efeitos, matei-os…- Black suspirou – Mas não como pensas…não como se pensa que foi… Tens de me ouvir, se não me ouvires vais-te arrepender.


Harry viu Daphne morder o lábio. Draco ainda tinha a sua varinha apontada para Black, e olhava para Harry.


- Entregou-os a Voldemort ou não? – Os olhos de Harry cintilaram de raiva. Encostou a sua varinha à garganta de Black.


- Não directamente. – Black disse – A culpa foi minha, mas eu jamais teria revelado ao senhor das trevas a localização…


- O senhor era o guardador secreto. – Harry cortou  – Mais ninguém os poderia ter entregado.


Black parecia querer responder. O rato de Ron chiava desesperadamente.


- Não largues esse rato. – Foi tudo o que Black respondeu. Parecia que ia dizer mais alguma coisa, mas a porta abriu-se.


Lupin entrou e desarmou Harry, Draco e Daphne com um único feitiço.


- Veio ajudar o seu amigo, Professor? – Harry perguntou. Agarrou a varinha de Neville e gritou o feitiço de desarmar, antes de Lupin conseguir percepcionar o seu movimento.


Lupin caiu contra a parede. E as varinhas voaram pelo ar. Harry recuperou a sua, mas Black tinha agora a de Draco nas mãos. Saltou sobre Ron e arrancou-lhe o rato das mãos.


- Calma, Sirius. – Lupin levantou-se, segurando a sua própria varinha. – Eles merecem a verdade. O Harry merece a verdade.


- Ele não precisa de nenhuma verdade vinda de um assassino e do seu cúmplice lobisomem. – Draco replicou, agarrando a varinha de Neville e apontando-a a Lupin. – O senhor entrou aqui e desarmou-nos, e agora vem-nos dizer que há uma verdade que devemos ouvir? Dê-me uma única razão para confiar em si.


- Eu só não queria que atacassem o Sirius. – Respondeu Lupin, calmamente. – Mas garanto-vos que nunca o ajudei ao longo destes meses, e só descobri a sua inocência esta noite.


-PROVE-O. – Hermione gritou, juntando-se a Draco, de varinha apontada a Lupin. Uma sorte que o Professor de DCAT não tivesse sido capaz de desarmar 5 com um único feitiço. 


Lupin deitou a sua varinha ao chão. Harry ouviu-a cair na madeira, e ouvia as palavras do Professor, mas os seus olhos não se desviavam de Black.


- Deixa-me falar. – Lupin falou – Eu hoje estava a analisar o Mapa com toda a atenção, porque achei que a Greengrass iria tentar libertar o Buckbeak. Há semanas que vos oiço falar disso nas minhas aulas, e tinha razão, não tinha? Mas mesmo debaixo do Manto de Invisibilidade é-se visível no Mapa do Salteador.


- Que Mapa é esse? – Hermione perguntou confusa.


- Se sairmos vivos daqui, eu conto-te, Granger. – Harry limitou-se a responder.


- Estes três Gryffindor foram visitar o Hagrid, claro. E quando voltaram vinham acompanhados de mais alguém.


- Está a delirar. Não vínhamos nada. – Neville reclamou.


- Achei que o mapa poderia estar estragado…- Lupin suspirou.


- E está. Vimos o Pettigrew no Mapa há umas semanas. – Draco sibilou - Mas todos sabemos que Sirius Black o matou.


- O Sirius puxou dois de vocês para dentro, e o Harry seguiu-vos. – Lupin suspirou.


- É bastante óbvio que não está aqui mais ninguém. – Weasley comentou.


- A não ser…- Daphne disse devagar – Que o teu rato seja um Animagus.


O rato de Weasley começou a debater-se na mão de Sirius, que se limitou a fazer um aceno na direcção de Daphne.


- Todos sabemos que o Black matou Pettigrew. – Hermione opôs-se.


- Quem me dera. – Black cuspiu. Apertou ligeiramente o rato, Harry mantinha a sua varinha apontada ao assassino, confiando em Draco para o proteger de Lupin.- Mas não passa de hoje, Peter. Esse teu gato foi uma grande ajuda. Percebeu logo que eu não era um cão e concordou em ajudar-me.Quero despachar isto, Remus! 


- Calma, Sirius. – Lupin repetiu – Eles têm de compreender. Temos de lhes contar.


- Despacha-te. – Black relicou com alguma rispidez. 


Lupin contou-lhes como James Potter, Sirius Black e Peter Pettigrew se tinham tornado Animagus para o poderem acompanhar nas noites de Lua Cheia. O Salgueiro Zuzidor fora plantado para que ele pudesse vir de Hogwarts para Cabana dos Gritos sem ser seguido, e sofrer a sua transformação mensal. Os lobisomens não atacam animais e os seus melhores amigos tornaram-se Animagus para que pudessem acompanhá-lo. 


Lupin admitiu que não contara a Dumbledore e aos outros Professores que Black era um Animagus, por covardia, por ter de admitir que traíra a confiança do director nos tempos da escola.


Acabou por conceder que Snape tinha alguma razão, quando afirmava que ele não era digno de confiança. E contou-lhes de uma partida que Sirius fizera a Snape, que quase resultara na sua morte. Fora James Potter quem lhe salvara a vida.


Isso explicava duas coisas: primeiro o ódio com que Snape tratara Harry na sua primeira aula de poções, era óbvio, agora, que Snape odiava James Potter. 

- É, por isso, que o Snape o odeia tanto. - Hermione suspirou - Porque pensou que, também, esteve envolvido na partida... 


- Exactamente. – Disse uma voz gelada atrás deles.


Snape retirou o manto de invisibilidade, e tinha a varinha directamente apontada a Lupin.


- Encontrei isto junto ao Salgueiro Zuzidor. Muito útil, Potter. – Snape deixou cair o manto de invisibilidade no chão. – Fui levar-te um copo da poção, e vi um certo mapa na tua secretária. Bastou-me olhar para ele para saber onde tu estavas.


- Severus. – Tentou Lupin explicar-se.


- Mais dois vão para Azkaban esta noite. Tenho dito vezes sem conta ao nosso director que tu não és de confiança, mas claro que o Dumbledore tinha de achar que tu és inofensivo…Quero ver como ele reage a isto. Nunca pensei que tivesses coragem de usar este lugar como esconderijo, Lupin. 


- O Sirius não está aqui para matar o Harry. – Lupin disse, tentando mostrar calma, mas Harry percebeu que havia uma certa hesitação na sua voz.– Não sejas idiota, Severus. Uma briga nos tempos da escola não é motivo para se mandar um homem para Azkaban.

- Acho que não estás em posição de me dizer o que devo ou não fazer, e o que me motiva. - Snape sibilou friamente. Os lábios de Draco curvaram-se em admiração, naquele seu característico meio sorriso arrogante.  


Snape ergueu a varinha e cordas enrolaram-se em torno dos pulsos, tornozelos e boca de Lupin. Black ergueu a varinha e apontou-a a Snape com um grito de raiva, mas Harry e Daphne desarmaram-no, reagindo ao movimento. Hermione voltou a agarrar o rato, que quase conseguiu escapar.


- Professor Snape, também não faz mal ouvir o que eles têm para dizer, certo? – Sugeriu a Gryffindor. Draco franziu as sobrancelhas, o loiro pensava apenas que Black criara uma história para tentar ganhar tempo e arranjar maneira de não morrer. 


- Vocês estão na companhia de um lobisomem e de um assassino em zona proibida. Por uma vez na vida, fiquem calados. – Snape sibilou.


- Continuas a ser uma anedota, Snape. Desde que esse rapazinho leve o rato até ao castelo, eu vou de bom grado. – Black encolheu os ombros.


- Não creio que haja necessidade de ir tão longe, Black. – Snape deu-lhe um sorriso de desdém – Há Dementors por todo o lado, basta sairmos daqui…Como é doce a vingança, como desejei ser eu a capturar-te.


Black empalideceu. Daphne sentiu um rasgo de pena pelo homem. Ela não via o rato do Weasley há semanas, na mesma altura que Harry vira o nome de Pettigrew na cabana de Hagrid. Havia uma possibilidade de Sirius Black. Fintou Harry, que tinha a varinha apontada para Black numa expressão imponente e fria, enquanto os seus olhos verdes reflectiam uma mistura entre ódio e compaixão. Era a ele que cabia a decisão, ela sabia que ele era o único que Snape ouviria. 


- Mas… o Professor Lupin não teve dezenas de oportunidades para matar o Harry se tivesse realmente a ajudar o Black? – Weasley perguntou, irritado.


- O Black poderia achar que era o único que tinha o direito de matar o Potter. – Draco contra-argumentou.


- Eu? Matar o Harry? – Black rugiu. – Nunca. Tens de acreditar. O rato…


- Venham, todos vocês…- Snape estalou os dedos e os fios que prendiam Lupin vieram até às suas mãos.


- RIDICULO. SÓ PORQUE ELES GOZARAM CONSIGO NA ESCOLA, ISSO NÃO É MOTIVO PARA…- Longbottom gritou. O queixo de Draco caiu, quando viu Neville Longbottom a atrever-se gritar com Snape.


Havia um brilho nos olhos de Snape que parecia estar para além da razão, Harry nunca o vira assim antes.


- Silêncio, Longbottom. – Ordenou Snape. – Não admito que me falem assim, ainda menos quando acabo de vos salvar a vida.


- Pode amarrá-lo, Professor Snape? – Harry perguntou, apontando para Black. Era a primeira vez que intervinha e a sua voz cortou todos os outros ruídos. A sua voz estava meio rouca e havia uma certa melancolia nela - Por favor.  


Snape acenou. Os seus olhos continuavam a cintilar de raiva. Esforçou-se demasiado com as amarras, tentando impingir dor a Black. O rosto de Sirius Black não transmitia nada senão agonia e desespero, não pelas amarras de Snape, mas por - por uma fracção de segundo - achar que Harry concordara com Snape e que o deviam entregar aos Dementors. No segundo seguinte, Harry baixou a sua varinha e agarrou no rato que Hermione segurava

- Potter, eu já disse que vamos voltar para a escola. – Snape sibilou – O teu pai morreu demasiado arrogante para achar que o Black o poderia enganar. Sabias que ele poderia ter tido o Dumbledore como Guardador Secreto? Esse homem traiu os teus pais e não merece que o oiças. E tu estás em risco de ser suspenso. Vamos embora, Potter.


- Eu mereço a verdade, senhor. – Os olhos de Harry faíscaram na direcção dos de Snape. 


- Potter... Chega! – Snape virou costas e começou a arrastar Lupin atrás de si.


- O Black é um Animagus, nós vimo-lo transformar-se em cão. Eles dizem que o Pettigrew também o é. Falta um dedo a este rato. Que maldição mata treze pessoas e desfaz uma em pedaços deixando apenas um dedo?


- Não me peças para conhecer a magia que esse assassino usou. – Snape replicou.


- Senhor, eles estão ambos amarrados e à sua mercê. – Harry falou cuidadosamente – Por favor…tente destransfigurar este rato. Se ele for um Animagus, será obrigado a assumir a sua forma humana. Se não for, continuará a ser apenas um rato.


Os olhos de Black encheram-se de esperança, mas Snape limitou-se a fintar Harry. O brilho de loucura pareceu desaparecer dos olhos pretos do Professor de Poções, apesar de ainda restar um certo ódio reservado para Black e Lupin.


- Dá-me esse rato, Potter. – Snape cedeu - Vamos lá despachar isto. 


O rato debatia-se loucamente. Snape segurou-o e aplicou-lhe um feitiço. O rato ficou suspenso no ar por uns momentos, depois caiu no chão e começou a crescer e a ganhar forma humana.


Peter Pettigrew ficou de joelhos à frente de Harry. Snape apontou-lhe, imediatamente, a varinha. Pettigrew fixou os olhos nele.


- Snape…eram eles que te perseguiam na escola, não eu. Tu sabes que eu sou fraco, incapaz de…- Pettigrew balbuciava.


- Silêncio. – Snape ordenou, de sobrancelhas franzidas – O que é que isto prova, Potter?


- Ele… Ele estava na minha família há séculos, como é que…- Weasley disse num tom repugnado.


- Há doze anos, provavelmente, Ron. – Suspirou Hermione, sem paciência.


- Que havia alguma verdade naquilo que o Black estava a dizer, senhor. – Harry respondeu, olhando para o homem amarrado ao seu lado. – E que ele foi condenado por um crime que não cometeu. Podemos deixá-lo falar, senhor?


Os lábios de Snape contorceram-se numa expressão de repulsa, mas soltou as cordas que amordaçavam Black, com uma aceno seco e contrariado.


- O senhor admitiu que matou os meus pais. Era o seu guardador secreto. Como é que o facto de Pettigrew estar vivo altera isso?


- Eu convenci os teus pais a mudarem-se para o Peter na noite em que tudo aconteceu. Era um bluff, um plano perfeito. O Voldemort viria atrás de mim, mas…


- Tu não acreditas nisto! – Pettigrew guinchou – Ele matou a Lily e o James e tentou matar-me. Sabia que ele havia de voltar a tentar matar-me. Há doze anos que espero por isto. Ele era o seu espião. De que outro modo poderia ter escapado de Azkaban senão com o conhecimento que Aquele Cujo Nome Não Deve Ser Pronunciado lhe transmitira?


- Foi dos restantes Devoradores da Morte que te escondeste durante doze anos, não de mim. - Sirius replicou – Eles acham que o espião os enganou, também, a eles. Acham que foste o culpado pela queda do seu mestre, não é?


- Não podem acreditar nisto. – Pettigrew guinchou.


Pettigrew interrompia e guinchava. Mas Sirius explicou-lhes como saíra de Azkaban por acreditar que estava inocente, um pensamento que o manteve lúcido o suficiente para conseguir passar pelos Dementors usando a sua forma de cão. Como Fudge lhe trouxera o jornal, onde aparecia a fotografia de Peter no ombro de Weasley e ele o reconhecera imediatamente, e fora isso que o incentivara a fugir.


Pettigrew tentou convencê-los que Black era um Devorador da Morte, mas os seus argumentos rapidamente se revelaram mentiras. E tornou-se óbvio que traíra os pais de Harry porque Voldemort representava poder, e Pettigrew sempre gostara de ser protegido por aqueles que sentia serem os mais poderosos. E Harry acreditou em Black. 



- Eu não, eu não...- Pettigrew guinchava.

- Mentiroso. - Harry sibilou, friamente.

Os seus olhos lembravam gelo. Dois passos ecoaram no chão de madeira. O seu braço moveu-se num movimento rápido e apontou a sua varinha para Pettigrew. Era uma sentença de morte, e todos naquele quarto perceberam isso. Pettigrew soluçou ainda mais audivelmente, e atirou-se aos pés de Harry, que se limitou a afastá-lo com um simples feitiço. Pettigrew foi contra a parede com um estrondo que fez Hermione suster a respiração. 


- Não, Harry, por favor…pensa no teu pai, no James … Ele ter-me-ia perdoado, ele teria compreendido. – Soluçou Pettigrew. - E a Lily...a Lily...


- Como te atreves a falar do James ao Harry? – Rugiu Black.


- Por sua causa, nunca vou saber isso, não é verdade? – Harry replicou num murmúrio.


Pettigrew  tinha as unhas cravejadas no chão. Gemia de medo, e soluçava baixinho, enquanto murmurava "Por favor" de maneira quase incompreensível. Mas Harry só via os olhos dele, e via neles o traidor que condenara os seus pais a Voldemort, via alguém que desejava matar. O seu coração disparou contra o seu peito. Os seus lábios entreabriram-se para murmurar o feitiço, com todo o ódio que sentia acumulado dentro de si...
Até que uma mão gelada se enrolou à volta do seu pulso. E ele voltou a ouvir a súplica de Pettigrew, ouvia a respiração de Neville que parecia mais nervoso do que ele... 


- Não sujes as tuas mãos com ele, Harry. – Snape murmurou. 

- Ele merece. - Harry murmurou - Ele merece morrer por aquilo que fez. 

- Mas não uma morte digna às tuas mãos. Ele não merece isso. A tua mãe não quereria que te transformasses num assassino por causa dele. - Snape continuou - Anda. Vamos entregá-lo aos Dementors. 

Harry acenou lentamente, e baixou o braço. Snape ficou satisfeito. Lily nunca o perdoaria se ele deixasse que tal acontecesse. Black parecia surpreendido com a intervenção de Snape, e envergonhado por ter incentivado. 

- Obrigado, Snape. Obrigado. - Pettigrew agarrou-se ao manto de Snape.

- Larga-me. - Snape afastou a túnica com um olhar cheio de repulsa. E virou costas. 


- Er…Professor, não devíamos soltar o Professor Lupin e…hum...Mr. Black? – Perguntou Daphne. 


O Professor Snape parecia extremamente desapontado por a verdade ter sido revelada. Soltou Lupin, mas estendeu as cordas que prendiam Black a Daphne.


- O Black continua a ser um fugitivo de Azkaban e assaltou pelo menos duas vezes Hogwarts ao longo deste ano.Podes trazê-lo, Greengrass. - Havia um certo regozijo na sua voz.  


- Mas não vai entrega-lo aos Dementors, pois não? – Weasley pôs-se de pé.


- Continuo a ser teu Professor, Weasley, olha o tom. E senta-te. Lupin? – Snape apontou com a cabeça para Pettigrew.


Lupin fez com que o seu braço esquerdo ficasse amarrado ao direito de Pettigrew, e o outro braço a Draco Malfoy, que se voluntariou para o levar.


Snape observou a perna de Weasley com um ar de desaprovação. Ergueu a varinha e fechou a maior parte dos golpes.


- Vais precisar de ir à Ala Hospitalar. – Comentou Snape. – Não podias limitar-te a apanhar o rato? Tinhas de arrastar cinco alunos para fora do castelo, Black? E ferir um deles...


- Se passares doze anos em Azkaban por um crime que não cometeste, talvez percebas o desespero. – Black retorquiu, rispidamente.


Havia um ódio palpável entre ambos. O grupo atravessou o túnel num passo lento. Pettigrew choramingava entre Lupin e Malfoy. Sirius e Daphne conversavam. Ambos eram morenos de olhos azuis. Os Black e os Greengrass descendiam de ramos muito próximos. Harry e Snape iam à frente. 


- Então, tu és amiga do Harry? - Sirius perguntou. - Ele é feliz?

- Ele é feliz. - Daphne sorriu.

- Não imaginava o filho de James nos Slytherin.

- E eu não imagino o Harry Potter noutro sítio. - Daphne retorquiu sem compaixão pelo sentimentalismo de Sirius.

- E...er...sabes eu sou padrinho do Harry...e...er...Guardião. - Tudo foi dito num sussurro - Tu sabes se ele gosta de viver com os tios? Ou se ele gostaria de ir viver comigo?

- Eu sei que ele detesta os tios. - Daphne encolheu os ombros - Mas acho que agora vai ter tempo para falar com ele e para o conhecer. 

- Professor Snape...se eu tivesse realizado a maldição, eu teria conseguido assassinar o Pettigrew? 

- É díficil saber, honestamente. - Snape respondeu, depois de lhe lançar um olhar penetrante durante o qual Harry suspeitou que ele estivesse a recorrer à legilmancia - Mas se queres a minha opinião, eu acho que sim. Eu acho que conseguias. 

Harry meditou sobre as palavras durante um segundo. E fintou Pettigrew. Snape salvara-lhe a vida, e isso era um laço que ele não conseguiria quebrar.

- E...eu assumo toda a responsabilidade pelos acontecimentos, senhor. Eu sei que nos metemos em demasiados problemas. Mas eles vieram por mim, e agradecia que deixásse os meus amigos fora disto. - Harry suspirou.

- Terei isso em consideração. - Snape replicou, secamente.
 


A noite estava iluminada pelo luar, e Harry inspirou o ar nocturno com um sorriso. Quando se virou para trás, viu Lupin a tremer com os membros rígidos. 


- Ele não tomou a poção esta noite. – Daphne relembrou o grupo, saindo do túnel em último lugar. 


Snape ergueu a sua varinha. “Saiam daqui. Voltem para a Escola. Já.” Ordenou o Professor.


Snape saltou sobre Lupin que se libertara das correntes que o prendia a Pettigrew, e caíram os dois pela colina. Snape tinha a varinha apontada à cabeça de Lupin e mantinha os dentes afastados de si, enquanto as garras o dilaceravam e ele continuava a murmurar um estranho feitiço.


- Liberta-me. – Sussurrou Sirius. Harry cortou as cordas que o prendiam.


- Eu vou chamar ajuda! – Gritou Longbottom.


Pettigrew agarrou a varinha de Lupin. Ouviu-se uma explosão e Malfoy caiu no chão, seguido de Weasley que era quem estava mais próximo. Crookshank voou até meio dos campos.


- Ele vai fugir. – Daphne tentou atingir Pettigrew com um feitiço – Não. Não.


Harry tentou imobiliza-lo com um feitiço, mas ele assumiu a forma de rato e desapareceu na noite.


O feitiço de Snape surtiu efeito antes de Sirius os alcançar, porque Lupin subitamente largou Sirius e fugiu para a floresta. Harry começou a correr para o local. Snape sangrava abundantemente. E Sirius estava ajoelhado ao seu lado, já em forma humana, pálido e horrorizado. Uma núvem de Dementors aproximava-se de ambos. Harry correu na direcção deles. 


Daphne e Hermione estavam atrás dele.


- Harry, não faças isso. Harry, Harry. – Chamava Daphne.


O frio invadiu-lhe a alma. A névoa obscureceu-lhe a visão.


- EXPECTO PATRONUM. – Harry tentou concentrar-se em pensamentos felizes. – Ajudem. EXPECTO PATRONUM.

Apenas pequenos escudos. Nenhuma memória parecia suficientemente feliz. Harry sentia-se fraco, deprimido, mas continuava a correr, guiado pela adrenalina do medo que se sobrepunha à tristeza. 

- Sirius. Sirius. - Harry gaguejou, encontrando o Professor e o Padrinho nas sombras da noite. - Tens de fugir. O Pettigrew fugiu. Não há provas da tua inocência. Vai, por favor, vai.  

- Harry. - Sirius parecia que ia desmaiar. - Eu...

Harry concentrou-se para lançar mais um pequeno escudo. Sirius disse mais umas quantas palavras. Harry gritou para que fosse embora dali, que a ajuda chegaria em breve e tudo ficaria bem. Sirius transformou-se num cão e fugiu. Harry viu o enorme cão preto confundir-se por entre as sombras dos Dementors. O frio congelava-lhe a alma, e ele sabia que precisava de um milagre. 


Deixou que a dor o invadisse. Ouvia a mãe gritar. Via o seu quarto, quando tinha um ano. Ouvia o pai gritar para a sua mãe fugir com ele. Ouvia a gargalhada fria de Voldemort. E viu o corpo da mãe tombar contra o seu berço, quando ele a matou. Aceitou a dor. Aquele momento era, simultaneamente a sua força e a sua fraqueza. Era a morte e o sacrifício dos seus pais, mas, no mesmo instante, a indubitável prova do seu amor.


Lágrimas atingiram-lhe os olhos. Procurou esse amor dentro de si.


Os Dementors nunca conseguirão destruir quem sou, porque a cada momento que me atacam relembram-me o quão amado fui. 


E foi como se uma chama se acendesse dentro de si, algo que os Dementors não conseguiam compreender e absorver. Era uma prova de felicidade expressa através da dor. Ouvir os gritos dos seus pais, deu-lhe a força que precisava para se lembrar de que devia manter-se vivo. 


- EXPECTO PATRONUM. – Harry gritou em plenos pulmões.


E então viu-o. Uma figura prateada saiu da sua varinha. Harry não conseguia distinguir o que era. O calor voltou ao seu corpo. Os Dementors tinham-se afastado. No momento a seguir, desmaiou.


 
N/A: E que tal? Gostaram? 

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Comentários (2)

  • Xandevf

    SHOWW ESTAVA ESPERANDO ESSE ENCONTRO A UM BOM TEMPO.

    2013-04-13
  • Guilherme L.

    ficou ótimo! Agora está aí algo que pensei que nunca veria nem em fanfics,Severo Snape escutando Harry Potter! hahaha

    2013-04-13
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