Slytherin vs Hufflepuff



A vida de Harry depressa se tornou bastante atarefada.


Contou, finalmente, a Draco e a Daphne sobre Sirius Black querer matá-lo. Draco fez um sorriso triste, mas Daphne riu-se e disse que Black não podia ser pior do que Voldemort, e Harry já havia sobrevivido a Voldemort três vezes.


Evitar Zola Springfield nos corredores tornou-se uma tarefa essencial. A miúda do primeiro ano tinha decidido que afinal gostava de Harry, e andava a tentar encurralá-lo.


Evitar Colin Creevey era outra tarefa, se não se queria ver sufocado.


Draco deixava as cenas com Pansy andarem. Ela parecia ser uma namorada incrivelmente mandona e chata, mas Draco dizia que os beijos compensavam. O loiro ainda andava de braço ao peito, e ainda se notavam os golpes profundos no braço direito.


- Sabes quem é que anima o Draco, verdadeiramente? – Daphne sussurrou para Harry.


- Wells? – Harry sorriu.


- Podes crer. – Daphne acenou, com um sorriso.


E era verdade. Entre discussões de Quidditch e ajuda mútua nos trabalhos de casa, Draco Malfoy e Evelyn Wells pareciam entender-se muito bem.


- Espera até a Pansy reparar…Vamos ter um incêndio. – Harry sorriu.


- Pois vamos. – Concordou Daphne.


Ginny Weasley continuava a ter umas pernas espectaculares, a corar na sua presença e a não lhe dirigir a palavra. E Harry continuava a observá-la silencioso nos corredores, enquanto ouvia infinitas piadas vindas de Draco, Blaise e Theo.


Daphne Greengrass continuava a arrastá-lo em excursões nocturnas. Parecia que queria encontrar uma passagem secreta para Hogsmeade e tinha a certeza que alguém teria construído uma.


A noite era deles. E Hogwarts sempre lhes pertencera e pertenceria durante a noite.


As aulas eram rotina.


Lupin dava as melhores aulas de DCAT que eles tinham tido em muitos anos, eram entusiasmantes, mas não deixavam de ser fáceis. A culpa não era de Lupin, porque Lockhart e Quirrell não os tinham preparado. Mas Harry, Draco e alguns Slytherin esperavam matérias mais avançadas ao nível de Terceiro Ano. Draco vingava-se falando mal das roupas do Professor, mas, no fundo, nenhum deles queria saber.


- És incurável, não és? – Daphne perguntou, sarcástica.


- Olha quem fala. – Draco sorriu-lhe.


As aulas de poções continuavam a ser interessantes, mas exigentes. Os Gryffindor andava a sofrer mais do que o costume. O Sem Forma de Longbottom assumira a forma de Snape, e ele obrigara o Sem Forma a vestir as roupas da sua avó. A história correra a escola, e Snape implicava ainda mais com ele.


Cuidados Com Criaturas Mágicas era uma seca interminável, estudavam vermes desinteressantes a tempo inteiro.


Runas Antigas era uma aula aceitável. Daphne, Harry, Theo e Millie eram os únicos Slytherin a frequentá-la, o que significava que Harry e Daphne fartavam-se de mandar piadas e assobios sobre como Theo e Millie eram um excelente casal.


Aritmancia era uma das suas disciplinas preferidas, apesar de a Professora Vector competir com a carga de trabalho que Snape lhes dava a poções – a maior de todas. E continuava a tentar deslindar o mistério por detrás do horário de Granger.


- Potter, pareces o Weasley. – Hermione suspirou a certa altura.


- Retira o que disseste. – Harry fez-lhe cócegas. – Já.


- É verdade. – Hermione riu-se.


- Eu? O Weasley? – Harry sorriu, enquanto ela se contorcia. – De modo algum.


- Comportem-se. Menos cinco pontos para os Gryffindor e para os Slytherin. – Disse a Professora.


Ambos se tinham esquecido completamente que estavam na aula. Uma estranha amizade crescia nas aulas de Aritmancia. Draco, ao contrário do que Harry esperava, não fez qualquer piada sobre o sangue de Granger, e cumprimentou-a educadamente sempre que Harry passava com ela nos corredores. Harry acabara por contar a Draco como no ano anterior, Granger sabia que Harry era serpentês e não dissera uma palavra. Draco crescera. O ano anterior tornara-o acima do preconceito. Continuava a achar que era melhor do que toda a gente, e que Granger era uma insuportável sabe-tudo, mas isso já não estava propriamente relacionado com o sangue. Os muggles continuavam a ser uma ameaça, contudo.


A maior parte das piadas sobre o sangue de Hermione, e da nova proximidade entre ela e Harry vieram da parte de Tracey Dravis.


- Sim, ela dá cabo do juízo de qualquer um. – Suspirou Theo, quando viu Harry a afastar-se de Tracey – A Millie, às vezes, também, a evita. Quem é aquele?


Harry olhou para onde Theo apontara com a cabeça. Millie falava animada com um rapaz alto do quinto ano. Tinha um piercing na sobrancelha e outro  no lábio, usava a gravata meio larga em torno do pescoço, os cabelos castanhos estavam quase rapados e os olhos esverdeados destacavam-se na pele queimada pelo sol de Verão.


- Não faço ideia. – Harry encolheu os ombros. Mas era óbvio que Theo não gostara da conversa entre o rapaz e Millie.


Harry descobriu quem o rapaz era no sábado, quando Flint fez as provas de Quidditch. Os jogadores do ano anterior mantiveram as suas posições, mesmo Malfoy, apesar de estar lesionado. Defendera muito bem só com os pés, e Flint confiava que ele ia conseguir recuperar antes do primeiro jogo.


Cassius Warrington – o rapaz que conversava com Millie - ficou com o lugar de chaser disponível. E Harry reconheceu que ele era quase tão bom como Adrian Pucey.


E, assim, para além das aulas, começaram os treinos de Quidditch.


- Pessoal, é o meu último ano. Eu quero que nos mantenhamos campeões. Somos de longe a melhor equipa desta escola. Temos dois beaters que nunca nos desiludiram. – Flint apontou para Derrick e Bole – E são finalistas como eu. Queremos esta taça.


- E vamos conseguir! – Reforçou Bole. Sendo seguido por uma onda de urros.


- Temos um dos melhores keeper desta escola, que mesmo lesionado continua a ser espectacular. – Flint indicou Malfoy – Um seeker que nunca nos fez perder um jogo, mesmo que isso significasse fugir da Ala Hospitalar ou partir braços.


Harry sorriu. Derrick abraçou-o nesse momento.


- E o Weasley dos Gryffindor é péssimo, diga-se de passagem. – Comentou Cassius. Houve gargalhadas.


- E três chaser sensacionais. – Flint acrescentou com um sorriso nos lábios. – E merecemos ganhar pelo Pucey, também.


Graham Montague, agora no sexto ano, sorriu a um canto, era ele o terceiro chaser de Slytherin. 


- A Taça vai ser nossa. – Derrick gritou, cheio de ânimo.


Os treinos começaram mais intensos do que nunca. Harry via Malfoy remover as ligaduras do braço, durante a noite e esforçar-se para mexer a mão esquerda. Harry praticava boxe e karaté, durante os temporais de Inverno, para ter a certeza de que nada o ia impedir de apanhar a snitch durante o jogo.


Os alunos de Adivinhação consideravam uma perda de tempo irem àquelas aulas, mas não tinham escolha, e Harry não estava nada arrependido por não ter escolhido a disciplina.


A época de visitarem Hogsmeade chegou. Seria no fim-de-semana de Halloween.


Harry tentou falsificar a assinatura do Tio Vernon e entregou a Snape o papel no final da aula.


- Potter. – Chamou o Professor – Não é suposto seres tu a assinar.


Snape devolveu-lhe o papel.


- Os meus tios são muggles, senhor. Eles não querem saber de Hogwarts para nada. E eu queria muito ir a Hogsmeade…- Harry suspirou – Não me pode mesmo deixar ir, senhor?


- Existem regras, Potter. – Snape disse, seco – E não estás acima delas. Sem autorização, não vais a Hogsmeade.


- Sim, senhor. – Harry suspirou. 


- Aposto que foi por causa do Black. – Draco sibilou – Não é justo. Não tens culpa que ande um assassino atrás de ti.


Harry ficou praticamente sozinho na sala comum dos Slytherin. Como continuava a querer evitar Zola Springfield, resolveu sair e ir passear pelo castelo. Podia sempre esgueirar-se até à Câmara dos Segredos e praticar magia, sem que ninguém desse pela sua falta. Tinha muito pouco tempo para ir à Câmara e a verdade é que gostava de lá estar.


- Harry! – Chamou uma voz ao fundo do corredor, estragando-lhe os planos. – O que estás aqui a fazer? O resto dos Slytherin?


- Foram a Hogsmeade. – Harry respondeu.


- Ah! Olha porque não entras? Acabo de receber um Grindylow para a nossa próxima lição. – Lupin convidou-o.


Entrou no Gabinete do Professor de DCAT. A um canto estava uma criatura com uma cara horrível, pequenos cornos e longos dedos.


- O demónio da água. O segredo está em destruir-lhes o controlo. Repara nos dedos fortes, mas quebradiços. – Lupin sorriu – De qualquer maneira, não vamos ter grandes dificuldades com eles depois dos Kappa.


Harry viu o Grindylow esconder-se num monte de ervas. Lupin ofereceu-lhe chá, e Harry aceitou. Lupin deu a entender a Harry que já toda a escola sabia do cruel na sua chávena de chá.


- Professor, posso saber porque é que não queria que eu enfrentasse o Sem Forma? – Harry perguntou, cautelosamente.


- Pareceu-me óbvio. Não queria que Lord Voldemort se materializasse na minha aula. Mas eu estava enganado. – Lupin suspirou – Muito inteligente, Harry. O que te causa medo é o próprio medo.


Harry surpreendeu-se pelo facto de Lupin se atrever a dizer o nome de Voldemort. Não eram muitos os feiticeiros que o faziam. 


Nesse momento, bateram à porta. Snape entrou, tinha um copo na mão, mas pô-lo ligeiramente atrás das costas assim que viu Harry.


- Ah! Severus, muito obrigada. Podes deixá-lo aqui na secretária…- Lupin sorriu.


Snape pousou o copo atrás de uma pilha de livros, longe do ângulo de visão de Harry.


- Bebe isso de uma vez só, Lupin. – Snape sibilou. – E fiz um caldeirão inteiro, se quiseres mais…


- Talvez, amanhã. Obrigado, Severus. – Agradeceu Lupin.


Snape saiu sem mais uma palavra, Harry tentou ver o conteúdo do copo.


- O Professor Snape teve a gentileza de me fazer esta poção. Uma pena o açúcar estragar-lhe completamente o efeito.


Harry não conseguiu evitar franzir as sobrancelhas. Tentava reconhecer a poção, mas não conseguia.


- Tenho andado a sentir-me sem cor. – Explicou Lupin – Tenho muita sorte em trabalhar com o Professor Snape. Muito poucos feiticeiros conseguem prepará-la.


E foi aí que Harry teve a certeza de que Lupin tinha algo a esconder. Uma simples poção revigorante devolveria a cor a Lupin se ele assim o quisesse. O copo ainda fumegava, quando Lupin acabou de tomar a poção.


- Eu tenho de ir andando…- Harry levantou-se, de repente. Pousou a chávena e agradeceu ao Professor.


Harry passou a tarde agarrado a livro de poções, tentando reconhecer a poção de Lupin, sem sucesso. Quando os Slytherin chegaram de Hogsmeade, encheram Harry de doces e de histórias. Blaise adorara os Doces dos Duques, a loja que vendia todo o tipo de guloseimas. Daphne ficara fã da Zonko’s. E Draco sussurrou entusiasmado que encontrara o Cabeça de Javali, e o portal que ligava Hogsmeade à Gladiadores Arena na Diagon-Alley. O Três Vassouras e as suas cervejas de manteiga eram um dos pontos altos da Vila, e Millie parecia determinada a explorar a Casa dos Gritos.


Harry contou-lhes da estranha poção que vira Lupin tomar.


- O que será que o Lupin tem a esconder? – Daphne perguntou, quando Harry acabou a sua história,


O banquete de Halloween foi bastante agradável. Snape lançava os seus habituais olhares de ódio a Lupin, que conversava animado com Flitwick.


- Não acredito que ainda não fizemos nada este ano. – Daphne sorriu.


- Temos de mudar de vítima, ou ainda somos expulsos por fazer o Flitas ter um ataque cardíaco. – Draco comentou sarcástico.


- Hagrid? – Sorriu Theo expectante. – Ou então Lupin.


- Ou ambos. – Rematou Zabini.


Já estavam deitados, quando foram mandados voltar ao Salão pelos Prefeitos. E viram sacos de cama roxos espalhados pelo chão. Os Hufflepuff, os Ravenclaw e os Gryffindor já lá estavam. Sirius Black tentara forçar a entrada na Torre dos Gryffindor. Os Professores iam realizar uma busca ao Castelo.


Flint ordenou aos Slytherin que se deitassem. E Percy Weasley gritou que as luzes seriam apagadas em dez minutos.


As únicas luzes tornaram-se as dos fantasmas. Weasley andava pelo meio dos sacos de cama a mandar as pessoas calarem-se. Os Prefeitos faziam rondas. E de hora em hora um Professor vinha ao salão confirmar se estava tudo bem.


- Algum sinal dele, Professor? – Percy Weasley perguntou, num murmúrio, quando Dumbledore regressou ao salão. Eram três da manhã.


- Não. Tudo bem por aqui? – Dumbledore perguntou.


- Tudo sob controlo, professor. – Percy afirmou.


Trocaram alguns comentários sobre um novo substituto para a Torre de Gryffindor, enquanto a Dama Gorda estava escondida e assustada.


- Director? – Harry reconheceu logo a voz de Snape, e ficou muito quieto a ouvir. – Tudo visto. Ele não está em lado nenhum.


- Muito bem, Severus. Eu, também, não esperava que o Black se demorasse muito.


- Tem alguma ideia de como ele poderá ter conseguido entrar? – Snape perguntou.


- Muitas, Severus. E cada uma mais improvável que a anterior.


Harry abriu os olhos e conseguia ver raiva nos olhos de Snape.


- Lembra-se da conversa que tivemos, Director?


- E continuo a não acreditar que uma única pessoa deste castelo tivesse ajudado o Black a entrar. – Dumbledore afirmou. – Segundo as nossas suspeitas, ele atacou o sítio errado, Severus.


- Um engano compreensível, tendo em conta as circunstâncias. Só prova que ele está confuso e louco. – Snape sibilou


Dumbledore acenou. Depois, afirmou que tinha de ir avisar os Dementors. Snape saiu atrás dele. Harry olhou para o lado.


Draco dormia, profundamente. De manhã, estaria empolgado e cheio de energia, e acabaria os trabalhos de casa, enquanto Harry mal conseguia falar e desesperava por ter de se manter acordado.


Mas Daphne tinha os olhos abertos, e Harry sabia que ela ouvira tudo.


No dia seguinte, Harry foi à Câmara dos Segredos e disse a Mata Kemantian para, caso Sirius Black, voltasse a entrar no Castelo, descobrir como é que ele o fazia, mas não atacar ninguém. O Basilisk obedeceria.


Snape tentou impedir Harry de jogar Quidditch, em consequência do ataque, mas Harry conseguiu convencê-lo a pôr Madam Hooch a assistir aos treinos dos Slytherin.


Foi depois de um terrível treino, que Flint lhes deu uma novidade.


- Vamos jogar contra os Hufflepuff, não contra os Gryffindor.


- Porquê? – Harry perguntou, espantado.


- Eles dizem que o ataque de Black tornou as coisas instáveis lá para os Gryffindor. – Explicou Flint.


- Eles só não querem jogar com este tempo. – Derrick comentou.


- Mas o Dumbledore concorda, claro. O Dumbledore concorda sempre com os Gryffindor! – Montague suspirou. 


- Os Hufflepuff têm um novo capitão, o seeker Cedric Diggory. Ele conseguiu uma frente muito forte. Temos de nos preparar para um estilo de jogo completamente diferente. – Flint desabafou.


- Nós vamos conseguir, não te preocupes, Flint. – Warrington sorriu. Foi seguido por aplausos, e vivas.


- Malfoy, tu consegues jogar? – Flint perguntou, preocupado.


Malfoy limitou-se a acenar, apesar de ainda estar com um braço ligado ao peito.


- Contem comigo. – Disse num tom determinado.


No dia anterior ao jogo, estava uma tempestade que parecia prolongar-se. Ronald Weasley tinha um sorriso idiota nos lábios, de tão feliz que estava por não ir jogar. Wood parecia meio envergonhado. Os Slytherin e os Hufflepuff olhavam sem grandes expectativas lá para fora.


Flint perseguia Harry e Malfoy nos corredores. Harry e Draco tiveram de correr para a aula de DCAT, e Snape estava lá. Os Gryffindor tinham uma das aulas de DCAT da semana em conjunto com eles.


- Potter, Malfoy, sentem-se. Antes que eu resolva tirar pontos. – Snape ordenou, secamente. – Comentava a falta de sentido organizativo do Professor Lupin…


- Nós demos os Sem-Forma, os Barretinhos Vermelhos, os Kappa, os Grindylow, e íamos agora começar os…


- Não pedi que te exibisses, Granger. – Snape cortou.  


- É o melhor Professor de DCAT que já tivemos. – Gritou Dean Thomas.


- Vocês contentam-se com pouco. – Replicou Snape. – Barretinhos Vermelhos? Eu esperaria que alunos do primeiro ano soubessem lidar com eles. Hoje, vamos falar de Lobisomens. Abram o livro na página 394.


- Nós não devíamos dar lobisomens, íamos começar os Hinkypunks. – Hermione disse.


Harry achava que os Gryffindor tinham definitivamente de aprender a estarem calados. Os Slytherin abriram o livro sem hesitarem, apesar de estarem espantados com o salto na matéria.


- Quem é que sabe distinguir o lobo do lobisomem? – Snape perguntou.


As mãos de Harry e Hermione levantaram-se. Snape disse a Harry para responder. Os Slytherin ganharam pontos. Snape fez uma breve introdução aos lobisomens, e depois fê-los ler textos do livro e resolver exercícios teóricos, enquanto se divertia a ver os trabalhos anteriormente corrigidos pelo professor Lupin. Se fosse Snape a mandar, as notas teriam sido mais baixas.


Snape tinha definitivamente algo contra Lupin. Mandou-lhes uma composição como trabalho de casa sobre como se reconheciam e matavam lobisomens. 


Harry sabia quem Diggory era. Era um aluno do sexto ano, que era seeker desde o seu quarto ano. Harry defrontara-o no seu primeiro ano, na final de Quidditch e tinha-o vencido. Mas ambos tinham progredido muito desde esse jogo.


Na manhã do jogo, Draco retirou as ligaduras. Harry conseguia ver que os golpes ainda não tinham sarado, e tinham um aspecto ainda menos cicatrizado do que os do lado direito. Os olhos do loiro fecharam-se de dor, quando colocou as luvas e ele obrigou-se a mexer os pulsos e os dedos.


Trovejava. Harry pouco mais via do que chuva e nuvens, mal se distinguiam os jogadores e parecia impossível encontrar a snitch e não ouvia nada senão os trovões. Nem mesmo a multidão conseguia ouvir. Rapidamente, todos ficaram ensopados e cansados. Também, era difícil manter a sua Nimbus 2001 estável, no meio do temporal.


Derrick salvou-o de uma bludger. Foi então que Harry viu a snitch. Diggory, do lado oposto, também a vira. Estava por cima das cabeças de ambos. Harry começou a subir contra o vento, contra a chuva. A snitch parecia cada vez mais distante. E qualquer som pareceu desparecer, por momentos.


Harry sentiu-se, subitamente, a ser invadido por um frio. A voz que gritava voltou à sua cabeça.


- O Harry não. Por favor, não mate o Harry.


- Afasta-te, sua palerma, afasta-te.


- Não, o Harry não. Por favor, prefiro ser eu a morrer.


O cérebro de Harry estava entorpecido. A sua mãe gritava. Uma neblina branca misturava-se com a tempestade. Via Dementors por entre as nuvens. Relâmpagos de luzes ofuscantes rasgavam o céu. E a snitch estava cada vez mais próxima, mas parecia cada vez mais distante. O cruel surgiu por entre relâmpagos. Diggory ficara para trás. O cabo da vassoura gelava. E os gritos aumentavam.


- O Harry não. Por favor, tenha piedade.


“É o último ano do Flint, do Derrick e do Bole” Harry pestanejou. Ainda conseguia ver a snitch. Ainda conseguia ver as núvens, e sentir o vento.  “A tua mãe está morta, não há nada que possas fazer” A sua consciência tentava mantê-lo são. Já não via nada senão a neblina branca, já não sentia nada senão frio. “O Malfoy está a sacrificar ambos os braços para que ganhemos o jogo”, “Tens de apanhar a snitch”.


- O Harry não. O Harry não.


Sabia que Diggory estava atrás de si. Certos pensamentos pareciam trazer-lhe lucidez, e obrigava-se a continuar "O Malfoy está a sacrificar ambos os braços para que ganhem o jogo", focava-se nisso, e tentava ignorar os gritos. Mas os Dementors pareciam cada vez mais, e cada vez mais próximos Ele sentia-se fraco. Estendeu o braço, já não via nada senão neblina. Os seus dedos fecharam-se em torno da snitch. Não se conseguiu sentir feliz por tê-la capturado. Lágrimas escorriam pelos seus olhos. Conseguia ouvir a sua mãe soluçar.


O mundo deixou de existir durante uns minutos. Quando deu por si, estava a cair. Não via a sua vassoura. Precipitava-se na direcção do chão. A sua mãe ainda gritava, e ele ainda chorava por ela. Uma figura prateada passou por si. Achou que ia morrer, mas não se importava. O seu cérebro voltou a apagar. Quando acordou, estava estendido no relvado, sentia água da chuva contra a sua pele fria e uma figura voava por cima de si. Os Dementors pareciam ter sido afastados. 


- Ele tem a snitch! – Madam Hooch gritou, de repente. – Os Slytherin ganharam.


O estádio entrou em delírio. Malfoy aterrou ao lado de Harry, a sangrar abundantemente de ambos os braços. A equipa queria celebrar, mas Harry estava sentado no chão, a chorar.


- Vencemos! – Flint aterrou entusiasmado.


Um silêncio constragedor e preocupado reinava em torno do seeker. Snape agarrou-o pelos ombros, e obrigou-o a andar até ao castelo. Harry ainda ouvia os gritos, e via luzes verdes e parte do seu berçário.  


Levou-o para a Ala Hospitalar. Só quando Harry acordou de uma noite mal dormida, por entre os suores frios, é que lhe contaram que os Slytherin andavam delirantes com a vitória, mas que a sua Nimbus 2001 fora esmagada pelo Salgueiro Zuzidor. 

N/A: Então, pessoas, os comentários? :) 

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Comentários (1)

  • Xandevf

    BOA!!! GOSTEI DO CAPITULO MAS QUE TAL UMA APROXMAÇÃO DOS GÊMEOS COM O HARRY? IMAGINA HARRY, GÊMEOS WESLEY, DAFNE E DRACO TOMANDO CONTA DOS CORREDORES A NOITE E PREGANDO PEÇAS A NOITE, E UMA ENTRANDA PARA O HARRY RECEBER O MAPA DOS GÊMEOS E PODER SAIR PARA HOGSMED. QUEM SABE UMA DETENÇÃO ONDE OS GÊMEOS CONVERSAM SOBRE GINA COM ELE? A ARMADA DO HERDEIRO DOS FUNDADORES. (SEMPRE ACHEI QUE HARRY DESCENDIA DOS 4 E MELHOR A MÃE DELE TER SANGUE SLITERYN). KKKKK  

    2013-04-04
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