Um Novo Começo











CAPÍTULO II







CAPÍTULO II



Novo Começo





As férias tomaram um novo ânimo para Harry. Tudo o que o atormentou durante aquelas semanas parecia agora distante, as preocupações afastadas pelo prazer da companhia dos amigos e pela esperança de voltar a ver Sirius. A única coisa que o aborrecia era que não conseguira que Lupin lhe contasse nada sobre sua missão de resgate.





- Não é justo! - desabafou uma noite com os amigos, depois de outra tentativa frustrada de descobrir como andavam as coisas - Eles deviam me dizer o que estão fazendo! Sabem como é importante pra mim!





- Por isso mesmo não vão dizer nada. - retrucou Mione calmamente, enquanto escrevia uma carta, deitada de bruços na cama de Harry.





- O que você quer dizer com isso, Mione? - perguntou Rony, olhando desconfiado para a carta em suas mãos. "Outra carta para o Vitinho!", pensou, ciumento.





- É óbvio, não é mesmo? - respondeu com aquele ar superior que tanto irritava o amigo - Pelo que a Gina contou, eles não sabem se vão conseguir trazer o Sirius de volta, e se é assim, não falariam nada com Harry, para não lhe dar falsas esperanças.





- É, faz sentido. - concordou Harry, sentando-se ao lado de Rony.





- É claro que faz.





- Mione, você é tão humilde. - ironizou Rony, com voz falsamente doce.





Hermione o ignorou, concentrando-se em sua carta, o que o irritou ainda mais. Harry esforçou-se para conter o riso. O amigo não dava o braço a torcer, mas estava claro para qualquer um o quanto ele gostava de Mione, e seus ataques de ciúmes eram muito engraçados.





- Será que você pode deixar o Vitinho de lado um pouco, - Rony falou com voz pomposa, que não escondia o despeito - e prestar um pouco de atenção em seus amigos?





Hermione fechou com força o caderno no qual apoiava o pergaminho, sentando-se e dirigindo um olhar cheio de indignação para o rapaz.





- Se existe alguém aqui desatento e sem consideração para com os amigos, não sou eu! - exclamou extremamente irritada, antes de sair em disparada do quarto, batendo a porta com tanta força que acordou o retrato da mãe de Sirius, que começou seu habitual escândalo.





- O que foi isso? - Harry perguntou, confuso.





- Não faço idéia. - respondeu Rony, dando de ombros. Mas a postura despreocupada do amigo não o enganou.





- Rony, você está me escondendo algo? - perguntou desconfiado, e notou que as orelhas do amigo ficavam vermelhas, e que ele olhava para tudo que é lado, menos para Harry - Eu não acredito! Pensei que fôssemos amigos!





- E somos!





- Então por que está mentindo pra mim?





- É que é complicado... - Rony levantou, passando a andar nervosamente pelo quarto.





- Não pode ser tão difícil assim contar algo ao seu melhor amigo. - Harry fingia indignação, mas a sua vontade mesmo era rir do ar desconsolado do amigo. Desconfiava do que o amigo iria dizer, mas queria torturá-lo um pouco por não ter contado antes.





Rony ficava cada vez mais vermelho. Por fim, suspirou profundamente, e voltou os olhar constrangido para o amigo, enquanto coçava o pescoço, nervoso.





- Eu beijei a Mione.





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Gina deixou o livro que lia cair quando Hermione entrou como um furacão no quarto que dividiam, assustando-a.





- Tudo bem, o que meu irmão fez agora? - perguntou calmamente, pegando o livro do chão enquanto Hermione se jogava na cama ao lado, bufando irritada.





- Ele existe.





Gina riu. Sabia que a outra era louca pelo irmão, e há anos esperava que ele tomasse alguma atitude sobre o relacionamento dos dois.





- Que droga, Gina! - desabafou a amiga, triste, afagando Bichento, que pulara em seu colo - Pensei que finalmente nós iríamos nos acertar, mas o idiota está agindo como se nada tivesse acontecido!





- Dê um tempo a ele, Mione. Você sabe que romantismo não é o forte do Rony. - falou com ar de quem sabia das coisas - Meu irmão não sabe lidar com garotas. Lembra como ele tratou a Patil no Baile de Inverno? Apesar de que ele tinha uma desculpa, estava se roendo de ciúmes de você!





- Eu sei disso, e não duvido que ele goste de mim, mas estou ficando cansada dessa espera toda!





- Se é assim, parta para o ataque! - retrucou com ar decidido, continuando irônica - E não faça essa cara de espanto. Você nunca teve problemas em fazer o que achava certo, ou em lutar pelo que quer. Onde está escrito que os garotos têm o monopólio da iniciativa?





- Diz isso agora, mas não vi você fazer isso com o Harry.





- Porque o que sentia por ele era uma paixonite infantil. Quando me toquei disso, parti para outra. Você é quem tem que decidir se vale a pena ou não o esforço.





Hermione ficou pensando sobre as palavras da amiga, e decidiu que ela tinha razão. Gostava de Rony, e não perderia suas chances por algum pensamento machista. Se ele não se decidisse rápido, ela iria agir.





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- Psiu! - sibilou Gina, acrescentando muito baixo - Fiquem quietos!





Estavam todos no quarto dela, que ficava exatamente em cima da sala de reuniões da Ordem, usando as Orelhas Extensíveis, que Gina conseguira fazer passar por uma fresta no assoalho. Deixaram os problemas amorosos de Rony e Mione de lado por algum tempo, porque Dumbledore chegara para conversar em particular com Remo.





- Agora vamos descobrir alguma coisa. - murmurou Harry animado, calando-se ao receber um olhar irritado de Hermione, que dizia claramente para ficar quieto.





- E então, Remo? Como vai a missão?





Remo demorou um pouco para responder, ciente do olhar perspicaz de Dumbledore sobre ele.





- A boa notícia é que não o achamos na dimensão dos mortos.





- E a má notícia?





- Levamos esse tempo todo apenas para verificar essa dimensão. E existem várias outras onde ele pode estar. - concluiu desanimado.





- Tenho certeza, - começou Dumbledore, confiante - de que vocês conseguirão encontrá-lo. Por hora já basta sabermos que está vivo. - ele voltou a analisá-lo por sobre os óculos de meia-lua - Mas sinto que tem algo mais a incomodá-lo.





Remo suspirou. Tinham chegado ao ponto que o perturbava.





- Está sendo muito difícil trabalhar com Ana, Dumbledore. - confessou, levantando-se e caminhando pela sala, sentindo o olhar do professor acompanhá-lo.





- Sei que vocês têm uma história juntos, Remo, e assuntos mal-resolvidos, mas não deve deixar que isso interfira em sua missão. O partido das trevas está se reunindo, ficando mais forte a cada dia, e precisamos de união para vencê-lo.





- Falar é fácil. - retrucou, irônico. Dumbledore suspirou, aquiescendo com a cabeça. Sempre soubera dos problemas que os dois enfrentariam.





- Você ainda a ama?





- Como posso amá-la? Ela me abandonou!





- Duvido que isso o impeça de sentir o mesmo que sempre sentiu por ela. - retrucou Dumbledore calmamente, um sorrisinho no canto da boca - No máximo o fará lutar contra esse sentimento.





Remo se recusou a responder, continuando a andar nervoso pela sala.





- Remo, as garotas Donovan sempre mexeram com você e Sirius, e os feriram muito quando sumiram, apesar de Sirius esconder isso melhor do que você. Mas você sabe que são muitos os mistérios que envolvem Avalon e a Tríade, e posso te garantir de que elas tiveram um bom motivo para agirem como agiram. Sim, eu sei o que aconteceu. - completou ao ver o olhar surpreso que Remo lhe lançou - E não, não vou lhe dizer o que foi. É um segredo que não me pertence, e não cabe a mim revelá-lo. Tudo o que posso fazer é pedir que não as julgue tão severamente, e mantenha sua mente aberta ao que seu coração diz. Ele é sempre o melhor conselheiro. - depois disso, Dumbledore resolveu voltar aos problemas da Ordem - E agora, mudando de assunto, como estão nossos amigos?





- Ana está animada com seu progresso, parece que algumas semanas serão suficientes. - respondeu animado, e o rosto de Dumbledore se iluminou de contentamento.





- Essa é mesmo uma excelente notícia!





Acertaram uns últimos detalhes, e dali a pouco Dumbledore já se retirava.





No andar de cima, os amigos se entreolharam, confusos. Rony foi o primeiro a se manifestar.





- Alguém entendeu alguma coisa?





Depois dessa conversa, Harry e seus amigos dedicaram o restante de suas férias a tentar descobrir algo sobre os mistérios que Dumbledore mencionara. Foram muitas horas de pesquisa na vasta biblioteca da casa dos Black, revezando-se para não despertar a suspeita da Sra. Weasley.





- Descobri!!!





Harry, que limpava a gaiola de Edwiges, deu um pulo, acabando por derrubá-la, enquanto Rony caía da cama com o susto.





- Hermione, quer, por favor, não nos matar do coração?! - reclamou, esfregando o quadril que batera na queda.





- Deixe de ser molenga, Rony! - retrucou Gina, que vinha logo atrás de Mione. Sentaram-se na cama de Rony, Mione deixando o grande livro que trazia aberto em seu colo.





- Afinal, o que você descobriu, Mione? - perguntou Harry, curioso, sentando-se ao lado do amigo, de frente para garota. - Algo a ver com a conversa do Lupin com o Dumbledore?





- Isso mesmo, Harry, ouça só isso. - e Hermione passou a dissertar sobre o que descobrira no livro que encontrara na biblioteca dos Black – a história de Avalon, incluindo a Tríade e seus dons especiais.





- Mas Avalon desapareceu há séculos. - argumentou Rony, franzindo a testa ao examinar o livro que pegara da amiga - O que pode ter a ver com essas tais Donovan?





- Parece óbvio, não é? - Rony sempre se irritava quando Mione falava naquele tom de sabe-tudo - Essa tal de Ana é quem está tentando localizar o Sirius, com a ajuda do Remo, portanto, ela deve ser uma Sensitiva, que é um dos dons especiais da Tríade.





- Pelo que ouvimos, eles tiveram algum tipo de romance. - comentou Harry, pensativo - E o Sirius também, com uma outra Donovan.





- Que deve ser uma Vidente ou uma Feiticeira. - acrescentou Gina, apontando para um trecho do livro.





Nesse momento tiveram que interromper a conversa, pois a Sra. Weasley entrou no quarto, depois de uma batidinha na porta.





- O que estão aprontando? - perguntou, mãos na cintura, enquanto os olhava desconfiada.





- Nada, mamãe! - responderam Gina e Rony em uníssono, fazendo-a estreitar ainda mais os olhos.





- É verdade, Sra. Weasley, eu estava apenas mostrando a eles um livro muito interessante que encontrei na biblioteca. Sabe que os livros me fascinam. - Hermione falou com um sorriso meigo, o tom mais inocente do mundo.





A Sra. Weasley relaxou, sorrindo, para então se dirigir a Harry.





- Harry, querido, por favor, vá até a sala de visitas, sim? O professor Snape precisa falar com você.





Harry ficou trocou olhares com os amigos. O que Snape podia estar querendo com ele? Nem sequer chegara em Hogwarts e ele já começara a persegui-lo. Com um suspiro desanimado, seguiu a mãe de Rony para fora do quarto, indo ao encontro do odiado professor.





Harry entrou na sala de visitas, enquanto a Sra. Weasley seguia para a cozinha. Snape não o viu logo, estava de costas, analisando muito atento a tapeçaria com a árvore genealógica dos Black. Harry notou que ele fitava fixamente um buraquinho carbonizado, muito parecido com o que ocupava o lugar do nome de Sirius, ao lado do nome do pai deste. Sua face estava mais rígida que de costume, e o olhar tinha um brilho muito estranho.





Não querendo se indispor ainda mais com o professor, Harry pigarreou, chamando sua atenção. Ele voltou-se rapidamente, o brilho estranho sumindo do olhar enquanto aproximava-se do rapaz.





- Potter, Dumbledore me disse para vir conversar com você. - um músculo da sua face tremeu, evidenciando o esforço que isto lhe custava - Os últimos episódios comprovaram que você não conseguiu nenhum avanço na arte da Oclumancia, e evidenciaram a necessidade de você dominá-la. Portanto, assim que você retornar a escola, na próxima semana, nós retomaremos as suas aulas.





- Mas...





- Sem "mas", Potter. - cortou Snape, dirigindo-se para a saída - Se quiser discutir o assunto, faça-o com quem estiver disposto a ouvi-lo.





Com isso ele se foi, deixando um Harry indignado plantado no meio da enorme sala. Passado o instante de raiva, ele foi até a tapeçaria, olhando curioso para o buraquinho ao lado do pai de Sirius. Passou o dedo por ele, pensativo.





- Quem será que estava aqui?





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O restante do tempo até o dia do embarque para Hogwarts passou voando, e logo eles estavam se preparando para deixar o número doze da Grimmauld Place. Harry estava perto da escada, no primeiro andar, ajudando Rony com os últimos preparativos antes de saírem, quando a voz deste o fez dar um pulo.





- ONDE VOCÊ PENSA QUE VAI ASSIM?!!!





Harry virou-se, as mãos no ouvido, rindo ao ver o que causara a explosão do amigo. Gina continuou descendo as escadas calmamente.





- Assim como, Rony?





- Não se faça de desentendida, mocinha! Esqueceu de vestir a saia, foi? Porque isso que está usando só pode ser um cinto!





Harry não via nada de mais na roupa da garota. Certo, a saia era curta, mas nada realmente anormal, e ela estava muito bem naquele traje.





- Você está muito bonita, Gina. - externou seu pensamento, mais para provocar o amigo. - Vamos, Rony, deixe-a em paz.





- De que lado você está? - perguntou ofendido, as orelhas muito vermelhas - Olhe só como as pernas dela estão a mostra!





- E são belas pernas, os rapazes vão ficar muito felizes em poder admirá-las. - Harry teve que correr para fugir da fúria de Rony, que reagiu com um ataque violento ao amigo.





Nesse momento a Sra. Weasley chegou, impedindo o filho de dar vazão aos seus instintos assassinos.





- Mãe, - correu para o lado dela, indicando a irmã - veja só como a Gina quer ir para a estação.





- Do que está falando, Rony? - a Sra. Weasley examinou a filha com atenção, e aparentemente não encontrou o motivo da perturbação do garoto.





- Não está vendo o modo vergonhoso como ela está vestida?





- Deixe de ser bobo, filho, sua irmã está muito bem. Tanto ela como Hermione estão muito bonitas.





Harry não conseguiu se controlar, explodindo numa gargalhada ante a cara do amigo ao ver Hermione – com uma saia tão curta quanto a de Gina – descendo a escada. Depois disso Rony fechou-se num silêncio emburrado durante todo o caminho até a estação.





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Conseguiram chegar a estação com certa antecedência, mas o Expresso parecia mais cheio que de costume. Harry e Gina encontraram uma cabine relativamente vazia quase no fim do trem, onde estavam apenas Luna Lovegood e duas outras garotas.





- Oi, - disse Gina, enfiando a cabeça pela porta da cabine - podemos ficar aqui?





As três garotas acenaram, concordando, e eles rapidamente acomodaram suas coisas. Depois de cumprimentar Luna – que mais uma vez lia o Pasquim de cabeça para baixo – Harry observou as garotas a sua frente. Uma era ruiva, os cabelos lisos chegando aos ombros, usava um lenço negro amarrado na cabeça, uma calça jeans rasgada em vários pontos, uma camiseta negra com a estampa de uma banda de rock trouxa, botas e jaqueta negras de couro de dragão. A outra tinha cabelos castanho-claro, e suas roupas eram parecidas com a da ruiva, sendo que em sua camiseta estava estampada a frase: "Liberdade: respeite a minha que eu respeito a sua!".





Antes que qualquer um deles tomasse a iniciativa de uma conversa, a porta da cabine foi aberta novamente, e dessa vez foi um rapaz loiro quem enfiou a cabeça por ela.





- Ah, que bom! Finalmente encontrei um lugar! - exclamou, abrindo totalmente a porta para passar com seu malão.





- Se não fosse tão lerdo, e não tivesse se atrasado como sempre, não teria tido tantas dificuldades. - respondeu a ruiva num tom irônico.





- Nicky, meu amor, sei que não vive sem mim, e já devia estar se descabelando pensando no que seria de você se eu não viesse, mas deixe eu me acomodar antes de me dar as boas vindas, está bem?





Harry ajudou o rapaz a guardar as coisas no espaço exíguo da cabine, e logo depois voltava ao seu lugar, enquanto o outro sentava-se entre as duas garotas. Harry o achou meio maluco, com uma camiseta negra que tinha um grande "X" verde fluorescente estampado na frente, enquanto nas costas estava um pôster estranho, com um disco-voador e a frase "I want to believe" impressas. Também usava jeans rasgados e botas.





- Obrigado pela ajuda, amigo. - agradeceu, estendendo a mão para Harry - Sou Alex Martin.





- Harry Potter.





- Já conheceu essas duas feras, eu suponho?





- Ainda não tivemos tempo de nos apresentar, Alex. - respondeu a morena.





- Então permitam-me a honra. Essa bela ruiva é Nicky Santos. - a garota tocou a varinha que segurava na testa, num cumprimento mudo - E essa linda morena é Sammy Angelos. - ela imitou a amiga - Não se engane com as carinhas de anjo, são verdadeiros monstros, as duas.





- Só porque nunca aceitamos sair com você. - retrucou a morena, voltando-se a seguir para Harry - Não ligue para Alex, ele adora provocar os outros.





- Bom, e essas lindas gatas, quem são? - perguntou, insinuante, olhando ostentosamente para as pernas de Gina, que riu, divertida.





Harry prosseguiu com as apresentações, achando que o rapaz tinha muita sorte por Rony não estar presente, porque sua reação aos galanteios dele para sua irmã com certeza não seria nada boa.





- Weasley? - perguntou Nicky, interessada - Alguma relação com a "Gemialidades Weasley"?





- Meus irmãos são os donos.





- É uma ótima loja. Nós estivemos lá quando fomos comprar nosso material. - explicou Sammy.





Eles passaram a conversar animadamente, e logo descobriram que os três faziam parte de um grupo que viera de várias escolas bruxas, uma tentativa de Dumbledore em estreitar os laços da comunidade bruxa. Parecia que pelo menos uns trinta alunos novos integravam esse grupo, o que explicava o porquê do Expresso estar mais cheio do que o costume.





Depois de algum tempo de viagem Rony e Hermione juntaram-se a eles na já apertada cabine. Tinham esvaziado o carro de doces da velha bruxa, e agora devoravam as guloseimas, enquanto Rony lançava olhares desconfiados para Alex, que continuava a paquerar Gina descaradamente.





- Ora, ora, o que temos aqui?





Harry ficou tenso, enquanto todos se voltavam na direção da voz arrastada. Malfoy estava na porta, ladeado como sempre pelos seus gorilas, Crabbe e Goyle. Seu olhar desdenhoso assumiu durante instantes um brilho diferente ao passear pela cabine.





- Desinfeta daqui, Malfoy. - Rony sibilou.





- Ponha-se no seu lugar, Weasley. - retrucou o loiro, olhando-o com desprezo. Então, ao ver que estava em evidente desvantagem numérica, pareceu decidir que não era o momento para o que quer que estivesse pretendendo - E você, Potter, saiba que ainda temos contas a acertar! Você não perde por esperar!





Voltou-se rapidamente, colidindo com um rapaz que vinha pelo corredor, acompanhado de duas garotas.





- Olhe por onde anda, idiota! - gritou, antes de se afastar seguido por seus guarda-costas.





- Tsc, tsc... - fez Alex, com uma expressão engraçada no rosto - Esse imbecil não sabe onde está se metendo.





- Por que diz isso? - perguntou Mione, intrigada, recolhendo Bichento, que estava na porta da cabine, os pelos eriçados, enquanto observava o trio se afastando pelo corredor.





- Ninguém mexe com os Deveraux. - respondeu Sammy, abrindo uma embalagem de sapos de chocolate.





Harry voltou a olhar pelo corredor, vendo o trio entrar na última cabine do vagão. Eram muito parecidos, com cabelos negros, olhos azuis, usando preto da cabeça aos pés.





- Sujeitos estranhos. - continuou Alex, jogando alguns feijãozinhos de todos os sabores na boca - Entraram na escola quando estávamos no terceiro ano, cheios de mistérios, e sempre que alguém mexe com eles, acaba se dando mal. A única que escapou ilesa foi a nossa Nicky aqui.





- Pensei que tinham esquecido isso. - resmungou a garota, aborrecida.





- Ah, Nicky, a sua imagem atingindo Wezen Deveraux com o bastão de quadribol vai ficar para sempre gravada na minha memória. - retrucou Alex, com ar sonhador.





- Você o atingiu com o bastão?! - Rony olhou incrédulo para a garota.





- Foi um acidente!





- Que resultou num tremendo galo para o Deveraux. - completou Sammy, divertida - E acho que ele só não se vingou porque sente algo por você.





Vendo que a garota não estava muito satisfeita com aquela história, Gina tentou desviar o assunto.





- O que você estava fazendo com um bastão?





- A gente tinha acabado de treinar, eu segurava o bastão quando ele me chamou, e quando eu me virei... BAM! Como eu disse, um acidente.





- Você joga quadribol? - interessou-se Harry.





- Nós três jogamos. - respondeu Alex, orgulhoso - Sammy é artilheira, Nicky e eu somos batedores.





- Batedora? - Rony voltou-se para a garota, espantado.





- É, por quê? - ela o olhou com ar superior - Algum problema?





Rony ia responder, mas foi interrompido por Gina, que conhecia bem o irmão e não queria arrumar encrenca com ninguém.





- Claro que não, imagina. - deu uma cotovelada no irmão, ao notar que ele iria protestar, e sorriu inocente para a garota.





O resto da viagem foi passado em meio a discussões sobre quadribol e os times que estavam se destacando naquele ano. Quando enfim chegaram ao destino, eles se separaram, os três novos alunos seguindo Rony e Hermione para junto do restante do grupo, que iriam para o castelo em carruagens separadas.





A cerimônia de seleção foi bem mais longa que de costume, já que os alunos do "intercâmbio" de Dumbledore também precisavam ser selecionados. Alex, Nicky e Sammy foram para Grifinória, assim como os tais Deveraux e mais quatro alunos que eles não tinham visto no trem.





- O que vocês acharam disso? - perguntou Harry, referindo-se aos novos alunos.





- Bom, é uma boa atitude do Dumbledore, não é? - respondeu Hermione, servindo-se de purê de abóbora - Se a idéia é estreitar os laços, esse é um bom caminho.





- Pode ser, mas esse tal Alex Martin é muito abusado. - retrucou Rony, ainda aborrecido com o assédio do outro com Gina.





- Estou mais interessado nesses Deveraux. - comentou Harry, olhando para a outra ponta da mesa, onde o estranho trio se sentara - Tem algo neles que me é familiar, principalmente o tal Wezen.





- Que decepção, Harry! - brincou Rony, afastando o mau-humor - Achei que iria ficar mais interessados nas garotas. Essas Deveraux são uma beleza!





Foi a vez de Hermione fechar a cara, passando a comer em silêncio. Rony notou que dera mancada, e se calou também. Harry riu internamente. Esses seus amigos não tinham jeito.





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Quando o jantar acabou, o diretor se levantou para os habituais avisos de começo de ano letivo. Deu as boas vindas aos novos alunos, informou a todos sobre os perigos da floresta proibida, e etc.





- Como nossos alunos mais antigos sabem, nós tivemos problemas com nossa última professora de Defesa Contra as Artes das Trevas. - ouviu-se um "hem-hem" no salão, e todos riram. Com um risinho disfarçado, Dumbledore continuou - Tenho imensa satisfação em comunicar que o Ministério não precisou indicar alguém para o cargo esse ano. Me encarreguei pessoalmente disso, e posso dizer que não poderia ficar mais satisfeito com o resultado. Sua nova professora vem de longe, e deve chegar ainda essa noite. - ele foi interrompido por alguém que entrava no salão. - Ah, aí está ela.





O barulho dos saltos das botas ecoando pelo salão era o único som que se ouvia, enquanto todos observavam, espantados, a bela mulher encaminhando-se com porte altivo para mesa dos professores. Por sob a capa negra, calça e camiseta dessa mesma cor ajustavam-se ao seu corpo, evidenciando como era atraente. A cabeleira negra chegava ao meio das costas, e os olhos azuis brilhavam intensamente no rosto de expressão decidida. Ela parou ao lado do diretor, que a apresentou alegremente.





- Sua nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, Kristyne Donovan!





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N/A: Aí está ela, pessoal! Como alguém já tinha adivinhado, é nossa nova prof. de DCat. Nos próximos caps vamos começar os romances da fic (vão ser muitos, a Tonks me disse que estou escrevendo uma novela, não uma fic!). Por favor, comentem!







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