Capítulo 18
Capítulo 18
Hermione Malfoy
Quando abriu os olhos o dia estava começando a se mostrar. No verão amanhecia mais cedo embora o sol nunca realmente se mostrasse. O quarto ainda estava envolto no escuro devido as pesadas cortinas que Draco insistia em fechar. Se mexeu com preguiça enquanto percebia que havia acordado bem antes do horário de levantar. Olhou para o outro lado da cama e o encontrou ocupando seu espaço. Ele estava acordado com a cabeça apoiada em seu travesseiro em pé.
- Você ainda está aqui. – ela murmurou pesadamente. Achava que ele ficaria pouco tempo em Brampton Fort, mas já era a segunda noite que passava em casa desde que voltara.
- Vou embora hoje novamente. – a voz dele sempre parecia mais grave e profunda pela manhã. Ele esticou uma mão bem a frente dos olhos, a abriu e fechou como se quisesse melhorar a circulação ali e colocou o braço para apoiar sua cabeça. Virou os olhos para ela e eles se encararam em silêncio.
Havia sido uma noite difícil de se dormir para ela. O silêncio deles contava que sabiam as programações para o dia de hoje e talvez por esse motivo, ele também não tenha tido uma noite muito agradável.
- Tem certeza de que está tudo pronto para hoje? – ele fez sua voz soar novamente naquele tom que parecia fazer tudo vibrar.
Ela assentiu. Ficou de lado e ergueu um pouco o tronco quando apoiou um dos cotovelos no colchão e a cabeça na própria mão. Umedeceu os lábios e puxou os cabelos para trás fazendo-os pender para um lado só.
- Como foi com Voldemort ontem? – ela não havia tido a chance de perguntar já que ele chegara em casa bem depois da hora que ela se deitara.
A reação dele foi uma careta e um som engraçado com os lábios enquanto usava a língua para alisar os próprios dentes.
- Já disse para parar de usar o nome dele, Hermione. – ele sempre parecia tão aborrecido com aquilo.
- Não o chamo de mestre quando não é necessário.
- É sempre necessário. – ele pontuou com ênfase em todas as palavras.
- Como foi com o mestre ontem? – tornou a perguntar lutando para não revirar os olhos. Sabia que realmente não era muito apropriado usar o nome de Voldemort carregando a marca dele em seu braço. Voldemort parecia conseguir cheirar conspiração através dela.
Ele desviou o olhar para o nada a frente de si. Hermione sabia que ele tinha consciência de que ela perguntava aquilo porque uma reunião entre Draco e Voldemort jamais seria exposta em detalhes nas sessões com o conselho.
- Ele me disse para seguir a frente da guerra como sempre fiz. Continuou a me dar carta livre para tomada de decisões. Parece estar ocupado com outras coisas. – foi o que respondeu.
- Você diria isso em uma reunião do conselho. Não é isso que quero saber. – ela disse insatisfeita.
Ele tornou a encará-la.
- O que te faz pensar que terá uma resposta consistente?
Ela quis retrucar dizendo que sabia que eles estavam jogando do mesmo lado agora. Que por isso ela confiava em acreditar que ele realmente queria Luna de volta na Ordem.
- Escutei seus pais conversando. – ela resolveu começar finalmente – Os escutei depois do fim de um dos jantares que eles promoveram quando estava ausente da cidade. – disse – Seu pai dizia a sua mãe que o feitiço que criaram juntos, você e ele, havia feito com que o véu do Departamento de Mistério passasse a inspeção anual intacta e que não havia mais motivo para levantar assuntos relacionados ao sumiço do véu original. - concluiu. – O sumiço do véu original. – ela pontuou novamente. – Eu sei que acha que a ordem está em posse do véu original e acha que por isso eles tem conseguido vencer batalhas que jamais venceriam contra seu exército. Que talvez seja por isso que eles conseguiram sumir com os Dementadores e que por isso estejam conseguindo controlar forças mágicas que desconhecia. – ela sabia que ele odiava que ela participasse do conselho – Acha que a Ordem finalmente tem a chance de virar a moeda. Por isso quer Luna de volta na Ordem carregando todas as informações sobre Brampton Fort, seu exército, minha marca negra e toda mágica envolta desse lugar.
Ele esticou aquele sorrisinho de canto de boca tão típico.
- Gosto de como seu cérebro funciona, Hermione. – foi tudo que ele comentou. – Sim, eu acredito que a Ordem esteja em posse do véu original. Aliás, acredito até que tenha sido por ele que se deixou ser pega. Fez todo o sentido depois que soube sobre o roubo do véu.
- E por que exatamente quer Luna de volta na Ordem?
- Nós ainda não sabemos se ela conseguirá chegar até lá viva.
- Por que a que de volta na Ordem? – ela insistiu mostrando que não interessava o que ele havia respondido.
Ele tornou a focar o nada a sua frente.
- Você sabe que eu não jogo do lado de Voldemort nem do lado da Ordem nessa guerra. Jogo do nosso lado. Do lado dos Malfoy. Jogo por mim, pela minha própria pele e pelas demais pessoas que seguem com o meu sobrenome por estarem ligadas a mim. A quero de volta na Ordem porque quero realmente ver do que a Ordem é capaz. Eu não gosto muito do campo das incertezas e tendo reduzi-lo o máximo que posso. – ele disse como se estivesse contando sobre como o céu estava nublado.
Hermione piscou encarando seu perfil clarear quase imperceptivelmente pela luz que aos poucos escapava das brechas entre as cortinas. A barba lhe apontava o rosto e muito provavelmente ele a tiraria assim que se levantasse da cama. Hermione gostava daquele visual em seu rosto. Tirava um pouco de sua aparência perfeccionista e alinhada de todos os dias. Ela gostava dos seus cabelos bagunçados, como estavam ali agora. Gostava de sua voz assim que acordava. Ela até gostava dele pela manhã. Era uma figura menos detestável, menos Draco, menos Malfoy, era muito mais humana, mais tocável, mais longe do monstro que ela sabia que ele poderia ser quando queria ou devia, embora sempre vestisse aquela capa de indiferença e frieza típica de qualquer Malfoy.
Ela deixou o silêncio rolar enquanto o observava desfrutar dos últimos minutos que ainda tinha para ficar na cama. Queria soltar uma sugestão perigosa, e como nos últimos dias não estava se importando muito com bastante coisa e finalmente estava aceitando que a vida que vivia era um fardo que carregaria para sempre e que a carregaria para o fim do poço, abriu a boca e deixou sua voz fluir com a naturalidade que Draco havia usado anteriormente:
- Deveria me deixar jogar com você.
Ele piscou em silêncio e calmamente. Sua voz soou somente após um longo minuto.
- Sim, de fato seria excelente ter o seu cérebro jogando ao meu favor. – ele começou como se já tivesse refletido sobre aquilo mais de uma vez e tivesse a resposta exata para aquela pergunta. – Mas existem fatores de maior peso que me fazem desistir da ideia. O primeiro de todos é que não confio em você, o segundo é que jamais jogaria ao meu favor, o terceiro é que teria que compartilhar com você coisas que nem mesmo para minha sombra eu compartilharia.
Aquele era o decreto dele e ela aceitava. Realmente jamais jogaria a favor dele. A verdade é que ele a usava para jogar a favor dele até certo ponto e ela sabia muito bem que se soubesse das verdadeiras intenções dele nas jogadas que tinha, ela muito espertamente se aproveitaria para colocar seus interesses a frente e era isso que Draco inteligentemente evitava fazendo ela saber do mínimo de informação possível.
Deitou-se de costas encarando o teto distante e ainda escuro. Draco fazia bem em não confiar nela, e ela jamais confiaria nele. Eram tão diferentes, tão opostos. Eram lados diferentes de uma guerra e sempre seriam, mesmo que para Hermione tudo aquilo tivesse acabado e ela tinha que fingir se divertir trabalhar com leis e sistemas absurdos como se não soubesse de nada que acontecia do lado de fora daquelas muralhas enquanto vivia em uma casa com um homem que dormia e acordava ao seu lado em silêncio e carregando um filho que jamais escutaria chamá-la de mãe. Estava mesmo fadada a viver assim e eram em momentos como aquele, onde se deparava com sua realidade, que sentia que não seria uma má ideia ficar ali, naquela cama, parada encarando o teto até que o último dia de sua vida finalmente a consumisse.
Mas a vida em seu ventre mostrou sinal de que notara que o dia havia começado. Ela pouco o sentia e quanto sentia ainda duvidava de que realmente fosse o bebê que seu corpo milagrosamente criava. Sentia aquela vida como se fossem borboletas na parte mais baixa de sua barriga, mas com o passar dos dias aquilo se tornava mais consistente, mais presente e mais forte. Tocou o volume de sua barriga por cima da seda de sua camisola. Fechou os olhos e respirou fundo. Queria saber como seu corpo era capaz de produzir aquele milagre. Uma pequena paz invadiu seu coração e foi dela que tirou a força para se sentar, jogar as pernas para fora das cobertas e se levantar. Tinha que ser forte.
- Ainda está cedo. – Escutou a voz de Draco enquanto deslizava a manga de seu robe pelo braço.
- Se eu não levantasse agora, não levantaria hoje. – ela acabou por responder.
Sabia que na verdade deveria ter se mantido calada, ou dito qualquer coisa em relação a estar agoniada, mas a verdade era que realmente não tinha ânimo para levantar mesmo sabendo que aquele era o dia em que Luna talvez conseguisse fugir daquela maldita cidade. Suspirou e tirou os cabelos que ficaram para dentro da gola.
- Seu tom de voz tem me irritado ultimamente. – ele se manifestou novamente.
Ela parou de amarrar o laço da cintura de seu robe confusa.
- Pensei que sempre o havia irritado.
Draco se mexeu em silêncio na cama como se estivesse um pouco incomodado.
- Apenas não gosto da forma como tem soado ultimamente.
Ela quis perguntar a intenção daquele comentário, mas se sentiu desinteressada assim como andava se sentindo por tudo. Apenas se dirigiu até o lavatório. Prendeu os cabelos, lavou o rosto, escovou os próprios dentes, tomou seu banho, e quando chegou no closet se viu desafiada mais uma vez pela tarefa de ter que se vestir como a rainha que deveria aparentar.
Já havia se acostumado com aquela tarefa. Já a fizera tantas vezes que havia se tornado quase natural, mas nas últimas semanas, tentar esconder a barriga que lhe crescia a fazia colocar e recolocar peças de roupa com uma frequência que chegava a irritá-la.
Estava na quarta tentativa quando Draco apareceu com a toalha envolvida na cintura como todas as manhãs quando estava em casa. Ele foi em silêncio direto para o seu lado, assim como sempre fazia, e se dedicou a rotina de se alinhar em sua farda. Hermione desviou o olhar e tirou o vestido que usava para a tentativa seguinte.
Se olhou no espelho, virou de lado, usou a varinha para afrouxar alguns pontos, mas foi inútil. Em algum momento, durante algum movimento seu, sua barriga ficaria perceptível para o olhar atento de qualquer um. E visto que recebia olhares desconfiados das pessoas que a cercavam diariamente, uma hora ou outra seria colocada contra a parede. Sentou-se no banco de sua penteadeira, colocou os cotovelos sobre ela e cobriu o rosto. Sabia que uma hora pagaria por procrastinar seus estudos sobre feitiços de distração para gravidez.
- Qual o motivo da frustração? – a voz de Draco soou.
Hermione ergueu os olhos e o viu pelo espelho a sua frente. Ele lançou um olhar para ela do espelho a frente dele e tornou a voltar sua atenção para a luta que travava com o nó de sua gravata.
- Não consigo escondeu minha barriga. – respondeu sem temer pelo impacto de sua declaração.
- Até onde sei minha mãe havia a ajudado na compra de roupas para essa finalidade. – ele lançou o comentário.
- Roupas não vão esconder minha barriga para sempre, Draco. – disse embora ele já soubesse disso.
- Use um feitiço de distração. – ele parecia estar se irritando com o fato de estar errando na perfeição do nó de sua gravata.
- Ainda não encontrei nenhum confiável. – mentiu.
- Bem, - começou ele com os dentes cerrados desfazendo o nó que havia feito para recomeçar mais uma vez. Parecia mais irritado com a atividade que fazia do que concentrado no que saia de sua boca. – eu não me importo que o mundo saiba que está grávida. Sabe que quem quer que esconda isso é o mestre e não queira falhar com ele. – soltou o ar de uma vez enquanto puxava a gravata para longe do pescoço.
Hermione, que mais se empenhou em observar o guerra dele com a gravata do que absorver suas palavras, se levantou e foi para o lado dele. Havia o mapeado dezena de vezes com a rotina diária que tinham e sabia exatamente onde as mãos dele estavam falhando na hora daquele nó.
- Está apenas nervoso. – ela usou uma voz calma receando pela reação da proximidade e pela sua invasão de espaço. Segurou a gravata na mão dele como se pedisse permissão para tentar. Ele não reagiu de nenhum modo e foi assim que ela lhe tomou a gravata, precisou ficar na ponta dos pés para passá-la de novo no pescoço dele e começou com calma e precisão o nó que nem um feitiço faria com a perfeição que ele gostava. – Está errando aqui. - ela avisou com uma voz suave e concentrada enquanto passava a parte de cima pela parte de baixo exatamente como deveria ser. Quando deu o toque final e apertou o nó, abaixou a gola da blusa dele ajeitando-a numa perfeita simetria e levantou os olhos para encarar os dele fixos sobre ela em silêncio. Afastou-se. O olhar dele cravado sobre ela era de algum modo diferente. – Não é necessário se preocupar com hoje. Quero Luna longe de Brampton Fort muito mais do que você. Meu plano para hoje já existe faz um bom tempo. – disse mesmo sabendo que ele já sabia daquilo. Aquilo não era nada que o preocupava. Ela sabia o que realmente o preocupava, mas receava por perguntar porque o que o preocupava também a preocupava. Afastou-se um pouco mais e se apoiou numa das quinas da parede. Desviou o olhar. – Acha que Voldemort... – a careta dele a fez parar – O mestre. – concertou. – Acha que ele saberá que está envolvido com a fuga de Luna?
- Talvez. – comentou ele voltando-se para o espelho. – Possivelmente desconfiará. – disse enquanto analisava o nó que ela fizera. – Mas as evidências todas levam a você. Tem encontrado um modo peculiar de exercer sua rebeldia desde que chegou aqui, sem contar os registros de todas as vezes que violou o sistema de segurança da minha torre apenas para ter acesso aos meus arquivos confidenciais, não seria a primeira vez que seu cérebro genioso me passaria para trás. E porque afinal eu iria querer Lovegood de volta a Ordem carregando segredos do ciclo da morte? O mestre pensa que me conhece pelas provas de fidelidade que já passei e isso tem me ajudado até aqui. – findou colocando o terno.
A expressão dele era sempre única, fria e pálida, mas Hermione já se acostumara tanto com ela que conseguia ler seus olhos cinzas, e mesmo que de maneira bem incerta, ela poderia quase jurar que ele não estava tão certo de seus pensamentos quanto o tom de sua voz se provava.
- O fato de haver chances da guerra virar muda muita coisa. – ela disse e ele se voltou para ela.
- Nem tantas quanto imagina. – ele disse. – As chances que acha que existem não passam de especulações.
- E o mestre saberia que mandar Luna de volta para Ordem poderia ser a sua chance de especular algo.
- Para ele eu nunca me interessaria por chances como essa e fim, Hermione. – ele deu seu ultimado já se mostrando cansado pela insistência dela e deu as costas.
Hermione pode perceber que ele via a chance de ser culpado e talvez por isso estivesse nervoso. Por que ele estava tomando um risco como aquele?
- Você sabe que ele terá que castigar alguém. – ela se manifestou antes que Draco deixasse o closet.
- Por mais que eu gostaria que ele te fizesse pagar, ele não faria nada com você! Está gerando o precioso herdeiro que ele tanto quer. – Draco disse e foi embora. Aquele não seria um bom dia para insistir em qualquer assunto com ele.
Precisou se apressar visto que se ela não estivesse pronta até a hora que ele normalmente ia a catedral, ele iria embora sem ela fazendo com que ela precisasse pedir por outra carruagem o que a faria se atrasar.
Optou por um vestido escuro, leve e largo de pregas. Em algum momento alguém notaria o pequeno volume em sua barriga, mas sabia que em algum momento os rumores precisariam começar. E desconfiava que Voldemort tivesse a pretensão de tornar sua gravidez pública logo depois da sessão inicial na enfermaria que havia sido marcada para o fim do mês, o que seria no início da semana seguinte. Estava na metade de seu quarto mês e sentia que a cada dia que se passava sua barriga crescia o tanto que havia crescido em três. A cada dia a realidade lhe batia mais forte e tudo que sabia sobre a vida que carregava depois de todos os testes que fazia em sua ida quase diária a enfermaria era que tudo estava indo bem. Não era o suficiente para a curiosidade que tinha.
Tomou café com o Draco silencioso e dedicado ao seu jornal de todos os dias e partiram para a Catedral na mesma carruagem de sempre com o silêncio também marcante de todos os dias. Ela queria perguntar para onde ele iria dessa vez e quanto tempo ficaria fora de Brampton Fort, mas julgou que seria melhor se manter calada visto que ele não estava nos seus melhores dias.
Entraram por um pátio mais reservado. Ele desceu primeiro e ela desceu em seguida. Seus passos eram os únicos a serem escutados aquela hora da manhã quando avançaram pelo jardim interno.
- Siga sua rotina normal. – ele disse a apenas alguns passos do saguão onde se separavam.
- Não precisa me dizer o que fazer. Tenho esse plano já faz um bom tempo, Draco. Tive tempo o suficiente para poli-lo bem. – ela disse.
Ele não retrucou. Quando chegaram ao saguão para tomarem cada um o seu rumo, ele apenas lançou a ela um olhar significativo e virou em direção a ala que deveria tomar. Hermione continuou seu passo firme contra as pedras do saguão. Havia uma pouca movimentação de pessoas pelo horário, mas em apenas alguns minutos aquilo estaria tão cheio quanto o piso principal do Ministério da Magia no final do expediente. Olhou no grande relógio acima do vitral do piso duplo e administrou em sua cabeça os minutos que tinha.
Subiu as escadas em direção a Whitehall e quando chegou no andar que queria precisou tomar a direção da ala oposta. Nenhum comensal gostava dos quartos da ala leste que recebiam a primeira claridade do dia, nem mesmo o comensal que ela precisava alcançar.
Torceu para que não encontrasse ninguém em seu caminho e como os comensais que se apossavam dos quartos daquele andar eram comensais que iam e vinham para Brampton Fort com frequência, muitos deles ainda poderiam dormir até a horário em que receberam permissão de saída. O trânsito de gente saindo e gente entrando nunca podia ser intenso.
Hermione virou uma esquina e tomou a direção do quarto que vinha monitorando fazia um bom tempo. Parou de frente a sua porta de madeira escura e desenhada. Respirou fundo e percebeu que seu coração estava acelerado. Pigarreou e vestiu a máscara de seu sobrenome. O sangue correu em suas veias com um nível de adrenalina que surpreendentemente a deixou relaxada e de um certo modo feliz. Sentia falta daquilo. Bateu e esperou. Era diferente estar com aquela roupa, aquele salto, o anel em seu dedo, a maquiagem e o cabelo. Sentia como se estivesse sendo a Hermione ativa na guerra que sempre fora acostumada ser, em seu jeans e sweater, mas diferente, diferente de uma forma que estava gostado. Se sentia mais poderosa. Poderosa como uma Malfoy sempre deveria se sentir.
A porta a sua frente abriu. Um homem um pouco mais alto que ela apareceu. O bigode espesso acima de seus lábios era quase uma marca registrada. O rosto redondo, as bochechas rosadas, os poros enormes. Ele vestia um robe volumoso e vinho com o símbolo do departamento que trabalhava, o que fazia com que ficasse maior do que realmente era. Estava absurdamente confuso ao vê-la.
- Espero não tê-lo acordado, Alastair Harrow. – Hermione se aproveitou do olhar confuso que ele tinha, que muito provavelmente o impedia de raciocinar naquele momento. – Eu e você temos algo a tratar. - estendeu a mão e empurrou a porta o que fez com que ele automaticamente desse espaço para que ela passasse. Ninguém em sã consciência barraria um Malfoy.
- Desculpe... – ele soou um tanto perdido enquanto ela avançava com cuidado e passava os olhos pelo ambiente o mapeando com bastante calma e precisão. – Não entendo o que faz aqui.
- Eu disse que temos algo a tratar. – ela disse enquanto passava seu dedo médio sobre a poeira acumulada de uma das esculturas do quarto. Aquele era um bom quarto.
- Não tenho negócios com os Malfoy. – ele retrucou, sua voz ainda soava perdida.
- Acontece que esse é o seu dia de sorte. – ela sorriu e voltou-se para ele que ainda se mantinha com a mão na maçaneta. Limpou a poeira de seu dedo. – Hoje, terá a honra de prestar um grande favor a família Malfoy. – ela usou a varinha para fechar a porta o que fez com que ele se assustasse e mudasse um pouco de sua expressão para a defensiva. Notou que a mão dele foi parar no bolso onde detinha sua varinha. Ela se aproximou com calma enquanto notava a mão dele se fechar pelo volume do tecido de seu robe. Parou bem a frente dele e olhou bem em seus olhos. A confusão do homem já parecia ter dado lugar a toda desconfiança que um comensal poderia carregar contra uma Sangue-Ruim. – Apenas não terá a chance de dizer não. – apontou sua varinha para ele mostrando de vez para o que viera. Ele tentou reagir com rapidez puxando sua varinha na mesma velocidade, mas ela o desarmou com a mesma facilidade dos velhos tempos. Levantou uma sobrancelha vitoriosa em sinal de que ele não tinha muito para onde correr com a varinha dela empunhada em sua direção. Aproximou-se ainda mais encostando sua varinha no peito dele. Olhou fundo em seus olhos e sentiu a magia fluir de seu punho. A antiga Hermione teria começado com um pedido de desculpas, mas ela não se sentia tanto como a antiga Hermione. – Você vai me escutar com bastante cuidado. – começou assim. – Você está cansado. Muito cansado. Não dorme bem há dias. Tem feito seu trabalho com empenho por isso quase não tem descansado. Talvez seja por isso que perderá o horário hoje pela manhã. Irá me dar um fio de seu cabelo, o passe de identificação da segurança e o terno que havia separado para usar hoje. Depois disso irá dormir até que alguém o acorde. – ergueu a outra mão e começou a lhe puxar da memória as lembranças do que estava acontecendo agora. - Quando lhe perguntarem o que houve, dirá apenas que perdeu a hora, se lhe perguntarem sobre seu cartão de segurança, dirá que não sabe como perdeu. Ninguém nunca esteva em seu quarto. Não se lembra de nada estranho e nem nunca se lembrará. – ela terminou. Abaixou sua varinha e tudo que ele fez foi piscar, erguer a mão, puxar um fio de cabelo e lhe entregar.
Hermione o pegou e cruzou os braços enquanto o homem fazia tudo que ela havia lhe mandado. Quando se viu em posse do cartão de segurança e do terno que havia pedido, o observou voltar para sua cama, deitar e dormir como se nunca tivesse sido acordado.
Pegou uma pasta com o símbolo do departamento que ele trabalhava, a varinha que havia ficado no chão quando ela o desarmara, saiu do quarto e o trancou. Ela não era tão boa naquele feitiço de persuasão quanto Gina e não se daria a chance ter menos tempo se caso ele caísse em si ou acordasse antes do que ela pretendia que ele acordasse.
O caminho para cruzar para a ala leste ainda estava vazio e ela teria ajoelhado para agradeceu a Merlin por isso se não estivesse com os minutos contados. Precisou dar apenas uma batida na porta de Luna para que ela atendesse no segundo seguinte. Seus olhos estavam atentos e maiores do que o normal, o que mostrava que ela não havia dormido devido a ansiedade. Hermione passou para o lado de dentro quando a amiga deu espaço.
Em silêncio elas se prepararam. Enquanto Luna finalizava o Polissuco com o fio de cabelo, Hermione tratava de colocar tudo dentro da pequena pasta do homem inclusive o caderno que preparara para se comunicarem, o que ela duvidava bastante que passasse pela inspeção de segurança, mas que Luna havia insistido com afinco que tentassem. Nenhum artefato mágico ou enfeitiçado saia ou entrava sem a devida autorização. Fechou a maleta e a trancou. Virou-se para Luna. Ela estava de pé com o copo de café tampado que na verdade estava cheio de Polissuco. Os grandes olhos azuis estavam vermelhos.
- Não pode chorar, Luna. – estendeu a maleta para ela. – Eles irão notar os olhos vermelhos.
Ela permaneceu parada.
- Eu não quero voltar. – disse.
Hermione revirou os olhos recolocando a maleta sobre a mesa.
- Nós já passamos por isso. Não temos tempo para passarmos novamente. – pegou a varinha e a mostrou para Luna. – Essa é a varinha dele. Tente não fazer muita magia ou verão que não lhe pertence. – mostrou o cartão. – Esse passe é a identificação de segurança. Comensais que entram e saem com frequência o carregam para escaparem da burocracia de identificação que é o que não pode passar de maneira alguma ou verão que está sob o efeito de Polissuco. Não o perca. – deu a volta na mesa e colocou o cartão e a varinha sobre a maleta. – A chave de portal a levará direto para o saguão de entrada do Ministério. Assim que chegar lá tentará sair o mais rápido possível. Flu, cabine telefônica, entrada principal. Saia de lá de algum jeito. Encontre um bom lugar para aparatar. Sabe como chegar até a Ordem.
Luna continuava parada a encarando. Hermione devolveu o olhar. Elas ficaram em silêncio por um tempo até que Luna finalmente abrisse a boca.
- Está sendo a Hermione que eu era acostumada a ouvir na Ordem, mas veste a máscara deles agora. Se parece muito com uma autêntica Malfoy. E eu não estou falando só da roupa, do cabelo, da maquiagem e de todas essas joias que nem se vendêssemos a casa dos Black compraríamos, Hermione. – ela se aproximou – Você quer que eu vá embora, eu estou indo. E tudo bem! Eu entendo que está fazendo isso pela guerra e pela Ordem. Por Harry. Porque sabe bem de que lado está e de que lado sempre esteve. – colocou o copo em cima da mesa entre elas. - Mas não pode negar que de um certo modo, gosta de ser uma Malfoy.
Hermione não conseguiu evitar a reação de horror que teve ao ser atingida pelas palavras de Luna, mas já havia se acostumado tanto com a expressão fria que era obrigada a vestir todos os dias que apenas piscou e respondeu:
- Sabe que sou infeliz, Luna. Não diga coisas apenas porque está magoada.
- Todo Malfoy é infeliz de algum jeito. Está se encaixando entre eles. A cada dia que se passa você mergulha mais no mundo deles. Conhece a história deles, sabe o quanto eles são influentes, sente que deve um favor a história sendo um deles porque essa é quem você é. Você sabe que agora faz parte de um legado. Não quer desapontar o mundo. Não trocaria nada disso pelo seus amigos novamente. – a voz dela era aquela sonhadora de todos os dias, mas Hermione sabia que em algum lugar daquela voz estava o ressentimento que sentia.
- Não diga o que não sabe. Meus amigos são minha família! Sabe disso. Esteve comigo desde que perdi os meus pais.
- Você não pertence mais a essa vida, Hermione. Parou de enxerga-la há um bom tempo. Acha que não há nenhum escape para você e apenas enxerga a vida que está fadada a levar. Se afunda nela e está aprendendo a fazer parte dela. Te machuca, mas nós duas sabemos que esse processo tem te levado a ser cada dia mais como eles, como um Malfoy. Me pergunto se no futuro você conseguiria se encaixar na Ordem novamente.
- Pare, por favor... – Hermione pediu numa voz baixa, mas sem emoção. Temia pelas verdades das palavras dela.
- Notei isso quando me pediu para não contar a ninguém sobre ter se casado com Malfoy nem sobre o herdeiro que deve dar a Voldemort. Sabe que irei guardar seu segredo, Hermione. Sou boa nisso. Sempre fui a fiel dos segredos da maioria das missões da Ordem. Não quer que seus amigos saibam a vida que tem levado aqui por ter medo de não estar sendo fiel a quem verdadeiramente é, mas você está. Está se tornando uma Malfoy, mas do seu próprio jeito...
- Chega, Luna! – Hermione fez sua voz se sobressair sobre a da amiga – Eu mereço ter o direito de não querer que meus amigos saibam o que estou passando. É bem pior do que eu imaginava que pudesse ser...
- Seria muito melhor se eu apenas pudesse ficar aqui...
Hermione revirou os olhos novamente.
- Luna...
- É fácil pra você me mandar embora! – pela primeira vez a voz dela soou ferida – Vai ficar aqui esbanjando a influência que tem, o dinheiro em Gringotes que finalmente pode gastar. Paz! Uma casa, uma família! Por pior que seja! Eu vou voltar para o inferno do medo que costumávamos viver!
- Tínhamos uma vida difícil, mas estávamos entre amigos! Não era nenhum inferno!
- Você não achava nenhum inferno porque tinha Harry para te distrair. Era a linha de frente de uma guerra. Você mandava. Não era mandada! Estava sempre entretida em tentar superar o cérebro de Draco Malfoy. O medo para você era diferente! Perdeu seus pais, mas tinha seus amigos! Eu perdi tudo que eu tinha que era o meu pai e ninguém nem mesmo se importou em ocupar o vazio de uma lunática que mal sabia sobre as coisas que filosofava!
- Pare, Luna!
- Não! – dessa vez Luna realmente parecia querer expor o que sua calma voz escondera por muito tempo – Tudo bem que talvez eu esteja exagerando. Sua vida aqui está sendo bem pior do que eu poderia imaginar, mas para mim é diferente! Estou sozinha como sempre estive desde que meu pai morreu, mas pelo menos aqui eu não sinto que vivo debaixo do medo de sermos pegos ou de perdermos a guerra! O medo constante que vivíamos na Ordem! Estou cansada da guerra! Não quero voltar para ela! Aqui é uma prisão tanto quanto a casa dos Black é para a Ordem! Eu-não-quero-voltar!
- Você sabe que a guerra nos exige sacrifícios!
- Eu já me sacrifiquei bastante! Fui torturada por um período de tempo que para mim pareceu bastante com a eternidade! Não quero correr o risco de ter que passar por isso nova...
- CHEGA! – a voz de Hermione soou mais poderosa do que ela mesma havia medido. Deu a volta na mesa. – Você sabe de que lado está. Sabe o que tem que fazer. E tem cinco minutos para isso! – puxou o relógio na mesa e o colocou também sobre a maleta. Aproximou-se dela e olhou fundo em seus olhos. – É uma rebelde e pagará por isso com sua vida mais cedo ou mais tarde aqui dentro, mas juro que se me falhar hoje, Luna, farei com que se arrependa de achar que a vida aqui é calma e sabe que eu tenho influência o suficiente para isso.
Luna apenas piscou e pareceu absorver as palavras de Hermione.
- Ameaça em cima do poder que tem, hum? – a voz dela soou baixa e voltou ao seu tom sonhador de sempre. – Agora sim você se parece com uma verdadeira Malfoy.
Hermione até gostaria de se desculpar, mas sabia que realmente faria aquilo se preciso. Virou o relógio para a amiga.
- Cinco minutos. – Deu as costas. – Agora é com você. – disse e deixou Whitehall.
Encostou a testa na porta do lado de fora. Sentiu a respiração lhe apertar o próprio peito e soube que ainda era humana por sentir que tudo aquilo lhe doía ainda. Sim, era uma Malfoy de seu próprio jeito. Fazia aquilo pela guerra, por Harry, pela Ordem e por tudo que acreditava. Ameaçaria quem fosse preciso. Cinquenta vezes se fosse preciso. E não se desculpava mais. Ela não precisava ser a Hermione de coração bom que todos esperavam que ela fosse. Não estava mais no mundo que costumava viver. Agora ela era uma Malfoy e mesmo sendo uma Malfoy sabia de que lado estava, sabia a que lado deveria ser leal. Apenas jogaria diferente. Era uma Malfoy!
Puxou o ar e refez a postura. Era uma Malfoy. Tomou o caminho de volta descendo para o saguão. Já estava cheio e as pessoas abriam espaço para ela passar como se devessem até mesmo fazer uma reverência. Era uma Malfoy. Pegou o caminho oposto da Seção da Cidade e subiu as escadas da ala da torre de Draco.
- Onde está Draco, Muller? – perguntou a secretaria que já estava em sua mesa sem nem mesmo olhá-la ou diminuir o passo assim que chegou ao topo da torre. Estava disposta a esperar o tempo que fosse na sala dele.
- Acabou de chegar do discurso. Está na sala dele. – ela respondeu se levantando.
- Ótimo. – ela retrucou continuando a avançar em direção porta dupla ao fim da antessala.
- Espere, Sra. Malfoy! Eu devo anunciá-la...
- Não haverá necessidade. – Hermione a cortou. – Apenas não deixem que nos perturbem. – abriu a porta e encontrou Draco logo um pouco a frente analisando um pedaço de pergaminho. Ele ergueu os olhos para ela enquanto ela passava para o lado de dentro sem deixar seus pés perderem o ritmo em que estavam. Fechou a porta e agitou a varinha as suas costas para trancá-la.
- Não me diga que fez algo de errado. – ele disse parando e colocando uma das mãos dentro do bolso de sua calça.
Ela continuou a avançar em silêncio e bastante determinada. Era uma Malfoy, era a mulher dele e ninguém lhe tiraria esse título. Tomou da mão dele o pergaminho que segurava deixando-o de lado, ficou na ponta dos pés, deixou seus dedos se enfiarem entre seus fios loiros, colou seu corpo no dele e o beijou.
Hermione esperou que ele a afastasse, mas na realidade ele pareceu em choque apenas por um segundo, no outro ele se deixou levar e no seguinte ele a envolveu respondendo a sua boca como se nunca tivessem tido um motivo para ter deixado de fazer aquilo com frequência.
O gosto dele era familiar e céus, ela havia se esquecido o quanto ele era um maestro naquela arte. Agora que provava daquilo novamente podia perceber que havia sentido falta. Intensificou mostrando sua intenção e ele não a recuou. Colou ainda mais seu corpo no dele e sentiu falta daqueles músculos se movendo contra sua pele. Ela nunca deveria tê-lo provado. Seus dedos abriram o botão do terno e puxaram a camisa para o lado de fora da calça. Foi somente ali que Draco a afastou respirando pesadamente quase como se tivesse recuperado a consciência.
- O que diabos está fazendo? – ele a segurou pelos pulsos.
- Faça sexo comigo. – ela respondeu ofegante.
Ele fez uma careta.
- O que? – quase sorriu, mas o olhar confuso lhe venceu. – Você está grávida.
- Não significa que estou doente. – retrucou ela. – Faça sexo comigo. – repetiu.
- Qual é o seu problema? – os olhos dele se tornaram um irritado.
- COVARDE! – ela gritou e ele ergueu as sobrancelhas surpreso. Hermione se afastou. – Eu sabia que por trás dessa muralha que pensa que se tornou você continuava sendo o mesmo Draco mimado e covarde de Hogwarts. – ela quem tinha motivos para estar irritada.
- Saia da minha sala. – ele ordenou com bastante frieza.
- Não, seu maldito covarde! – sua voz estava forte como nunca estivera antes. Era uma Malfoy. – Sua mulher está grávida! Sim, sua mulher! Você colocou esse filho em mim! O filho é seu! É o seu sangue! O seu sobrenome! Você nem mesmo irá precisar cria-lo! Encare isso!
- Hermione, saia-da-minha-sala. – ele repetiu pausadamente em sua expressão dura e estável.
- Não! – ela disse com todas as letras auto e bastante audível. – Seja o homem que quer ser! Sim, eu estou grávida! Acha que pode simplesmente ignorar? Encare isso! – se aproximou novamente. Ele permaneceu a muralha que era. Ela se irritava com aquilo. Era o modo que ele tinha de ser o covarde que era sem ser questionado. – Encare isso! – repetiu firmemente mas ele continuou ali a encarando. Ela via naqueles olhos cinzas que ele apenas queria estrangulá-la. – ENCARE ISSO! – bateu na mesa.
- EU ESTOU ENCARANDO! – ele gritou de volta finalmente derrubando a máscara de gelo que usava. Deu as costas soltando o ar furioso. – Eu estou! – repetiu dando a volta da mesa para se manter afastado. – Sei lidar com problemas pessoais melhor do que pensa!
- Vê isso como um problema pessoal? – ela não gostou daquele título.
- Que outra coisa isso poderia ser, Hermione? Em primeiro eu te queria morta quando te trouxe para cá! Nunca quis uma mulher! Nunca quis um filho! Agora sou casado com você e você está grávida! O que quer que eu faça? Te leve para um piquenique em algum campo florido com sol?
Ela apertou os olhos.
- Não me dê esse tipo de desculpa, seu covarde! Teve o mesmo tempo que eu tive para superar essa realidade! – ela apertou os dentes.
- E conseguiu? – as sobrancelhas unidas dele mostrava o tanto que estava furioso.
- Tento o meu melhor todos os dias!
- Eu também! – ele mostrou as mãos.
- Mentira! – ele queria puxá-lo até o máximo. Queria ver até onde ele iria. Queria dar um fim aquilo. – Covarde! Está sempre fugindo!
- Deixei de fugir das coisas faz tempo!
- Então faça sexo comigo! – ela tornou a insistir. Ele se calou ainda com aquele olhar furioso. – Faça, Draco! – ergueu o queixo o desafiando. Ele continuou imóvel do outro lado da mesa. – Covarde. – riu fracamente em desdém. Aquela palavra o atingia de tal modo que parecia remoê-lo inteiro por dentro. Draco se moveu tornando a dar a volta para se aproximar. – Duvido que faça. – talvez aquilo o encorajasse – É um maldito Sonserino. Está no seu sangue. Egoísta. – ela ergueu a mão para detê-lo quando ele estava a um passo de distância, mas ele a segurou pelo pulso e a empurrou até que suas costas batessem contra a parede da sala.
- Você sempre tem que vencer, não é? – ele retrucou furioso e a beijou.
Sim! Era aquilo que ela queria e não, ele não era covarde. Ela apenas queria que ele superasse, queria que ele passasse por cima daquilo, que ele não regredisse e voltasse a ser o Draco que ela havia conhecido quando criança porque aquele Draco era muito mais irritante e insuportável do que o de agora e sabia que de certa forma, Draco estava entendendo aquilo por mais que sua reação tivesse sido a de querer matá-la. Ela nunca havia invadido tanto o espaço dele. Nunca havia quebrado o que conseguira quebrar quando o viu derrubar sua máscara de gelo e por isso entendia porque ele a olhava como se quisesse estrangulá-la.
Também nunca haviam se beijado o tanto quanto estavam agora.
Ele parecia querer fazer com que o tempo que haviam perdido fosse compensado. Parecia querer extrair todo o sabor dela e ela havia se esquecido o quanto ele era realmente bom naquilo. As vezes tinha até raiva por saber que ele era tudo que realmente diziam que ele era.
O corpo dele tinha a capacidade de esquentar o seu com muita facilidade. Os músculos se movendo por baixo dos tecidos era excitante e a intensidade com que maestravam aquele beijo a fazia ficar ansiosa pelo que já sentia falta. Draco puxou uma de suas pernas e Hermione o cercou com ela. Estava começando a perceber a urgência que crescia entre eles, mas não era o desejo, era a falta. A falta que fazia para os dois.
Ela ocupou suas mãos com a fivela do cinto dele. Ele com o seio dela. E céus, nunca haviam se beijado tanto. A mão dele escorregou para dentro de seu vestido, sentiu a pele de sua coxa, subiu puxando o elástico de sua calcinha e no momento que ele tocou o pequeno volume em sua barriga a boca dele desgrudou da dela arfando como se tivesse se esquecido daquele pequeno detalhe. Ela o olhou apreensiva ofegando. Hermione temeu que ele fosse se afastar, mas ele entendia que precisava tocá-la e foi isso talvez que o tenha feito mover sua boca para a mandíbula dela.
Hermione sentiu a necessidade de abrir um pequeno sorriso ao sentir a boca dele descer seu pescoço, lamber seu colo, beijar sua garganta. A mão dele subiu tocando seu seio por debaixo do tecido de seu vestido largo e ela escutou sua garganta emitir um som prazeroso. Ele colou ainda mais seu corpo no dela e o volume na calça dele estava lá.
Ela não precisava de preliminares. As mão dele tinham poder para muita coisa e foi assim que ele abriu espaço por entre as pernas dela, afastou sua calcinha e entrou fazendo com que ela fincasse as unhas nas costas dele e engolisse a própria respiração. Tinha até mesmo se esquecido do quanto era bom tê-lo dentro dela e talvez parecessem até mesmo desesperados pelo número de tecido que ainda vestiam. Não se importavam.
O prazer já lhe crescia como se quisesse explodir o cérebro. Fechou os olhos e sentiu a boca dele na sua novamente. O movimento começou fazendo com que ela perdesse o controle de sua respiração. Seus dedos entraram por entre os fios loiros da nuca dele e ela sentiu a necessidade de puxá-los. Tentou se manter silenciosa, mas a medida que a agonia lhe crescia ela ouvia seus sons se manifestarem em socorro.
Ele parecia tocá-la sem problemas agora. Hermione até notava que as mãos dele refaziam o caminho de sua cintura a seu quadril com frequência. Por um segundo ela gostou de Draco. Admitiu que talvez aquilo fosse realmente difícil para ele e ela deveria o admirar por estar sendo bastante corajoso para um infeliz Sonserino que era, mas foi apenas por um segundo. O segundo que a fez segurar uma das mãos dele por cima do tecido fino de seu vestido. Escondeu o rosto em seu pescoço e o sentiu parar quando ela estava quase chegando ao seu ápice. Ele recomeçou somente depois que abaixaram a respiração. Ela abriu um sorriso fino. Sim, faça durar. Pensou.
Aquilo era diferente de tudo que já haviam feito. Não era nenhum show performático. Eles dois sabiam o motivo e o objetivo daquilo. Não iriam fazer sexo como costumavam fazer antes. Era diferente agora, muito novo, muito temível. Precisavam começar de baixo, aos poucos. Cada um carregava seus receios ali. Precisavam quebrar cada muro de uma vez. Hermione gostava que estivessem entendendo aquilo juntos. Gostava que Draco estivesse sendo compreensível com relação aquilo. Jamais pensara que ele pudesse ser compreensível mesmo sabendo que ele não era de todo desprezível por pelo menos amar a mãe.
Veio primeiro que ele. Seu corpo tremeu todo por baixo do dele enquanto soltava seu som final com o rosto escondido no pescoço dele. Draco veio depois com seu som de alívio sendo abafado por seus cabelos castanhos. Eles ficaram ali em silêncio até que suas respirações voltassem ao normal. Hermione contou os segundos batendo no relógio próximo.
- Nunca mais faça o que fez hoje. – a voz dele soou grave e casada próxima ao seu ouvido depois do que se pareceram horas.
Ela sabia que havia passado da linha de segurança, mas talvez ele a agradecesse por ter feito ele encarar aquilo de alguma forma.
- Me desculpe. – sua voz saiu baixa.
- Malfoys nunca se desculpam.
- Não precisamos ser Malfoys um para o outro. – ela afastou o rosto para poder encará-lo.
Ele deu de ombros.
- Eu não me importo com você se desculpando. – ele disse – Gosto de vê-la se humilhar.
Ela estreitou os olhos soltando o ar com desgosto.
- Você não pode ser uma companhia agradável nem mesmo por um minuto, pode?
O som de batidas na porta trouxeram os dois para o alerta fazendo com que se separassem e passassem a ajeitarem suas roupas com agilidade.
- Sr. Malfoy? – era a voz de Tina do outro lado. – Sinto muito por interromper, mas Alastair Harrow está aqui com uma acusação que pode ser preocupante.
Draco parou e levou seu olhar para Hermione. Ela respondeu com um perplexo e duvidoso.
- O que Alastair Harrow está fazendo em minha torre, Hermione? – as sobrancelhas dele estavam começando a se juntar.
Ela balançou a cabeça confusa.
- Eu não sei. – respondeu – Tranquei a porta.
- Trancou a porta? – ele uniu os dentes sendo irônico. – Pensou em desacordá-lo?
- Usei um feitiço de persuasão e o deixei dormindo.
- O que? – ele a olhou como se ela fosse burra – Feitiço de persuasão? Que merda é essa? Por que não usou Imperius, inferno?
- Está doente? Eu não uso maldições imperdoáveis!
- Elas deixaram de ser imperdoáveis há muito tempo, Hermione! – ele socou a blusa de volta para dentro da calça. – Só espero que sua ingenuidade não me force a estragar o que tínhamos planejado. – abotoou o terno e passou os dedos pelos fios loiros que haviam saído do lugar. – Espero que seja boa de teatro.
Draco abriu a porta e ela ainda ajeitava a alça de seu vestido. Tina estava do outro lado com um olhar apreensivo. Apenas o modo como ela o olhava deixava Hermione entender que havia levado mais broncas do que elogios e não, nunca havia ido para cama com Draco, mas que isso não tirava o desejo que ela tinha desse fim.
- O Sr. Harrow perdeu o horário de sua chave de portal para o Ministério. – Tina recuou quando Draco deu um passo para fora mostrando que não queria que ela entrasse em sua sala.
- Ele não precisa vir até minha torre para isso. Deve descer ao quartel e pedir para remarcar uma chave de portal com urgência. – Draco se mostrou extremamente aborrecido.
- O problema é que tenho bastante certeza de que alguém usou algum feitiço em mim. – Harrow aproximou-se vindo das sessões de janelas do lado norte. Ainda usava o mesmo robe volumoso com o símbolo do departamento que trabalhava. Ele parecia também extremamente aborrecido. – Acordei sem minha varinha, sem meu cartão de identificação, com a porta trancada, dor de cabeça, e vestindo o que visto quando abro minha porta para alguém. Gritei até que alguém que estivesse passando no corredor destrancasse minha porta.
Draco deu um tempo para que as palavras dele fossem absorvidas.
- Muller, cancele e a chave de portal de Harrow imediatamente. – Draco disse dando espaço para que o homem entrasse em sua sala.
Alastair olhou fundo nos olhos de Hermione enquanto passava para o lado de dentro como se tivesse alguma lembrança recente não muito clara que a envolvia. Hermione apenas cruzava os dedos para que Luna já tivesse no Ministério a essa hora. Draco poderia apenas ter pedido para que Tina checasse a chave de portal, não cancelasse.
- Qual a última lembrança que tem? – começou Draco.
- Fui dormir tarde noite passada. Minha chave de portal de volta estava marcada para as onze da noite. Estava cansado, talvez por isso tenha perdido a hora. Mas não entendo o motivo de ter acordado no estado que acordei. Nem mesmo minha maleta e meu terno para hoje consegui encontrar. Sempre soube que o andar dos quartos tinha uma segurança precária...
- Não questione o trabalho que faço com a segurança da Catedral, Harrow. Não está aqui para isso. – Draco foi frio. O que fez o homem se calar no mesmo instante. O olhar de Alastair sempre se tornava um desconfiando quando se cruzava com Hermione. - Tem alguma justificativa específica para o fato de não encontrar seus pertences? – Draco perguntou e Hermione soube que seria ali que saberiam que Alastair tinha sido enfeitiçado.
O homem fez uma careta confusa, mas respondeu:
- Talvez eu tenha os perdido...
Draco soltou o ar lançando um rápido e discreto olhar de acusação sobre Hermione.
- Sim, você foi enfeitiçado. – concluiu ele.
Tina apareceu a porta, havia um ar de desespero em seus olhos azuis.
- A chave de portal foi usava exatamente há um minuto atrás. – ela interrompeu e Hermione sentiu um peso deixar seu coração. Luna havia conseguido. – Por Alastair Harrow. – concluiu Tina.
Draco precisou de apenas alguns segundos para absorver aquilo.
- Chame a zona um. Quero as masmorras confiscadas. Quero a contagem de todos os prisioneiros que temos. Todos! Quero a segurança inteira do ministério atrás de Alastair Harrow. Alerte o centro de Londres, o Beco diagonal e todos vilarejos bruxos e trouxas. Eu quero a pessoa que pegou naquela chave de portal ou alguém terá que morrer hoje! – voltou-se para Harrow – Preciso prendê-lo. Medidas de segurança. – o homem não gostou nada daquilo mas não lutou – Acompanhe a Srta. Muller e espero que esteja preparado para uma longa sessão de interrogatório. – Draco deu as costas para eles – Isso era tudo que eu precisava para hoje! – resmungou.
O homem continuou apenas com seu olhar desgostoso e acompanhou Tina quando ela saiu apressada para das conta das Ordens que havia recebido. Draco voltou-se para Hermione, a segurou pelo braço e a puxou para perto enquanto saia da linha de visão da porta.
- Que merda foi essa, Hermione? Pensei que tivesse um bom plano! – ele vociferou num cochicho.
- Eu tinha. Luna conseguiu, não conseguiu?! – ela usou o mesmo tom para responder embora soubesse que agora ele realmente tinha um motivo para se enfurecer.
- Isso aqui não é a Ordem da Fênix onde fica feliz por ter vencido por pouco! Por ter escapado por um fio! – ele apertou seu braço e ela temeu que ficasse a marca – Estamos conspirando bem debaixo do nariz de Voldemort! Não pode se dar ao luxo de pisar na bola nem mesmo um centímetro! Deve calcular as coisas com uma margem de erro muito precisa! Aprenda que se tiver que matar, mate! Se não conseguir trabalhar desse jeito me avise que eu te deixo de fora! – ele a soltou e ela cambaleou segurando o braço que lhe queimava enquanto o observava deixar a sala.
Draco parecia ser acostumado com um serviço impecável demais, o que automaticamente poderia liga-lo a um trabalho sujo. Hermione ainda precisaria se acostumar com o impecável embora se recusasse ao serviço sujo. Por agora, tudo que realmente lhe importava era que Luna havia conseguido.
Luna Lovegood
Fazia um bom tempo que não viajava por chave de portal para nenhum lugar. A sensação era de que havia se desintegrado ao voar quilômetros em um segundo, como se tivesse passado a velocidade da luz, como se tivesse morrido e ressurgido novamente.
A chave era a maçaneta de uma porta que havia em uma sala inteiramente de pedras na saída do portão em Brampton Fort. A porta ficava de pé e sozinha bem no centro do lugar. Tudo que Luna fez foi se aproximar e segurar a maçaneta. No segundo seguinte ela estava parada em uma sala retangular estreita com a mão na maçaneta de uma porta diferente.
- Dia, Harrow! – escutou a voz masculina ao seu lado e olhou para ver um homem também com a mão na maçaneta de outra porta alinhada a sua.
- Dia. – respondeu escutando a voz masculina sair de si mesma.
Não sabia o sobrenome de quem quer que fosse aquele homem, mas abriu sua porta imitando-o e se deparou presa em um cercado numa das laterais do saguão do Ministério da Magia, que aquele horário estava esbanjando vida. Haviam duas filas para sair do cercado e ela percebeu que era outra inspeção. Estava cansada de inspeções.
Saída dos fortes, era o que estava escrito numa das placas que estava pendurada acima do cercado. Luna tratou de ficar bem atrás do homem que o cumprimentara a segundos atrás na fila menor. Havia apenas uma pessoa a frente dele que já estava passando pela supervisão.
- Então, - o homem a sua frente puxou o assunto – aposto que não teve tempo de pegar ninguém acordado ontem na Catedral. – ele disse. Luna não teve a menor ideia do que responder e apenas concordou com um resmungo. – Não vejo o motivo de termos que voltar todos os dias. Eles podiam fazer um andar dormitório aqui no Ministério para esses dias que temos que ficar até tarde ou marcam nossa volta para a madrugada. – continuou ele mesmo quando foi sua vez de passar pela inspeção. Luna observou bem o que ele colocou sobre o balcão. Maleta, varinha, passe. – De qualquer forma. Estou a um passo de ser transferido para Brampton Fort. Minha família inteira tem esperado por isso. Os papéis estão todos em processo na Catedral. – Luna notou um grupo de homens uniformizados avançar pelo saguão em direção ao cercado onde estava com uma pressa que a preocupou - ...Oceania não tem sido o melhor lugar para nós e minha mulher com minhas filhas insistem que a vida inteira acontece em Brampton Fort. Aposto que é por causa dos Malfoy. Lucy diz que eles tem o poder de transformar qualquer pântano em uma Beverly Hills. – ele riu alto. – Esses adolescentes de hoje... – o homem pegou sua maleta e a varinha. – Talvez pudéssemos almoçar juntos hoje, Alastair. – o homem se despediu.
- Claro. – Luna respondeu quase que automático enquanto seus olhos continuavam vidrados no grupo que ficava cada vez mais próximo.
Colocou sua maleta, a varinha e o passe no balcão. Precisava sair dali logo. Olhou em volta mediu a distancia de onde estava para a cabine de telefone no centro do saguão.
- O copo com o café, senhor. – a mulher do outro lado do balcão pediu. Luna ainda estava com os olho voltados para o grupo de homens que se aproximava. Não gostava da seriedade em seus rostos. – Senhor. – a mulher tornou a pediu sua atenção. Luna finalmente acordou para o copo de café.
- Oh, claro. – colocou-o sobre o balcão também.
- Maleta cheia hoje, Harrow. – o homem ao lado da mulher do outro lado do balcão disse ao confiscar seus pertences. Luna apenas sorriu em resposta. – Soube que lhe apreenderam um artefato enfeitiçado na saída de Brampton Fort. Sem autorização. – o homem riu devolvendo a maleta para o balcão e pegando a varinha. – Quando vai aprender que não pode passar com artefatos mágicos sem autorização. É a quinta vez esse mês! Vão começar a pegar no seu pé. Sabe o quanto Draco Malfoy preza pela segurança desses portões e não me venha com aqueles resmungos de ‘Ele é só um garoto...’
O grupo de homens finalmente chegou ao cercado.
- Atenção! – um deles soou alto. Luna tratou de pegar logo a maleta que estava ao seu alcance. Não dava para esperar pela varinha. Passou para o lado de dentro do saguão se livrando daquele maldito cercado e seguiu seu caminho como se aquele atenção não se aplicasse a ela. – Precisamos de um homem chamado Alastair Harrow com urgência!
- Hei! – o homem atrás do balcão ainda em posse da varinha de Harrow exclamou um tanto confuso.
Luna não ousou olhar para trás e o que se seguiu dali foi uma grande confusão para ela. Precisou correr no momento em que o homem do balcão anunciou que ela era Alastair Harrow. Frases como “Parem aquele homem!” foram proferidas por diversas bocas e então o saguão inteiro pareceu ter sido chamado a atenção.
Correu e começou a desviar de feitiços que eram lançados em sua direção. O saguão estava cheio, o que a deixava usar muita gente com escudo humano. Correr com aquele corpo era um problema.
Precisava de uma varinha! Precisava de uma varinha! Precisava de uma varinha!
Fechou sua mão na primeira que viu a oportunidade e respondeu as azarações que lhe eram lançadas enquanto cortava as pessoas com a maior velocidade que conseguia em direção a cabine telefônica. Quando finalmente chegou até ela as pessoas que saiam apressadas e assustadas lhe liberaram o caminho ao contrário do que se era gritado pelo seguranças que agora haviam muito provavelmente brotado do chão e colunas.
- Suba! Suba! Suba! – torceu enquanto digitava agilmente o clássico código com uma mão e projetava uma barreira fajuta para proteger seu espaço com a outra que segurava uma péssima varinha. Ela era precária naquilo. Hermione teria dado conta do recado em dois segundos e uma piscada de olhos. – Suba! – suas mão suavam.
Mal acreditou que estava subindo quando a cabine deixou o chão. A velocidade talvez pudesse condená-la ao fracasso porque já haviam cacos de vidro em todo lugar e a cabine havia saído de sua rota normal alguns centímetros apenas devido aos feitiços que passaram sua barreira.
Quando a escuridão a envolveu tudo que ela conseguiu escutar durante os minutos que se passavam era o som do batimento de seu coração. Preparou a varinha novamente assim que tornou a ver uma réstia de luz e quando emergiu para o mundo de Londres, comensais uniformizados saindo de todos os cantos corriam com a varinha em punho na direção onde estava.
O inferno começou quando ela deixou a cabine. Não tinha para onde correr exatamente, mas correu para o lado que tinha mais espaço. Fugiu dos feitiços, lançou os seus e tentou recuar comensais para tentar abrir a brecha por onde pudesse escapar. Aquele era o campo de guerra e ela estava acostumada. Não havia sentido falta nenhuma e muito provavelmente Hermione estaria dando um show se estivesse ali.
Mal conseguiu acreditar quando achou uma brecha por entre dois comensais e um muro em pedaços. Pulou. Foi atingida por um feitiço e saiu rolando sentindo o gosto de sangue na boca. Não teve tempo para pensar, se levantou e correu. Correu como nunca havia corrido antes na vida. Foi atingida por outro feitiço. A dor lhe correu a espinha e ela caiu gritando em sua voz masculina estrondosa. Havia adrenalina demais em seu sangue e foi assim que ela lutou contra o crucio que lhe havia atingido. Cambaleou sentindo como se seu corpo fosse se desintegrar se desse mais um passo. Precisava conseguir. Precisava ficar mais longe. Gritou novamente.
Morreria.
Caiu no chão. Gritou. Ela sabia como superar aquela maldição. Sabia! Havia treinado para isso. Se levantou e correu. A roupa que vestia começou a ficar frouxa demais para si e ela sabia que a maldição a deixaria junto com o efeito do Polissuco. Isso lhe deu força e ela continuou correndo. Correu, correu e tropeçou nos próprios sapatos quando eles se tornaram grandes demais para seus pés. Saiu rolando pelo chão. Talvez estivesse longe o suficiente e foi assim que se agarrou a pasta e aparatou.
Abriu os olhos e rolava de uma calçada para o asfalto onde finalmente parou no mesmo momento em que escutou o barulho intenso de uma buzina junto com a freada de um carro há mínimos metros de si. Levantou-se quase que num pulo.
- Como pode aparecer do nada?! – gritou o motorista do carro a sua frente colocando a cabeça para o lado de fora da janela.
- Desculpe! – ela gritou de volta e a voz que lhe saiu foi a sua.
Deu as costas e correu. Estava nos arredores do largo Grimmaud e o exército de Draco tinha acampamento permanente montado ali. Deveriam estar a sua procura em cada centímetro de espaço.
Sua corrida foi atenta a cada esquina que virava e a cada alma inocente ou não pelas ruas. Quando finalmente alcançou a entrada da casa dos Black, tocou a mão nos lugares específicos proferindo as palavras corretas do feitiço. Escutou a porta abrindo suas trancas internas com uma lentidão que a agoniou.
Passou para o lado de dentro e foi recebida pelo escuro e por Arthur Weasley que havia sido tirado do cochilo de sua vigia. Ele a olhou assustado e seus olhos se abriram a cada segundo que a ficha lhe caía repetidas vezes.
Luna encostou as costas contra a porta ofegante. Estava de volta. Escorregou até o chão sentindo cada centímetro de dor lhe fisgar o corpo. O gosto de sangue ainda estava em sua boca e ela temia pelo estrago que havia ali. Estava de volta a Ordem da Fênix. Aquela maldita prisão. Aquele maldito medo. Aquela maldita solidão.
- MOLLY! – a voz de Arthur Weasley deve ter alcançado até o último andar daquela mansão.
Luna se deixou abrir o choro de um bebê.
NA: Humm... Hermione está entendendo que não está preparada para o universo onde foi jogada. Ser muito inteligente não é o único atributo que ela precisa ter pra sobreviver Brampton Fort. Ser um Malfoy tem muito a ensinar a ela. Hermione esteve passando por um momento difícil. Muitos paradoxos. Ela sempre foi a melhor em tudo e pela primeira vez ela está vendo que se não mudar nunca conseguirá a excelencia de Brampton Fort.
Leitores queridos, espero que tenham gostado bastante do capítulo. Estamos entrando em uma nova fase da fic. Mais mistério será abordado e o desenvolver da relação e Draco e Hermione vai sofrer algumas alterações que pode alegrar o coraçãozinho de vocês! Eles dois já estão muito familiares com a companhia um do outro. Está na hora de mudanças. hahaha Comentem sobre o que acharam do capítulo e quais as espectativas para a continuação da fic?
No mais, Bem vindo aos leitores novos e:
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Eaí? Thumbs up pra capa nova? hahaha!
Brasil na semi-final! o/
hykha: Me dá uma dó escrever sobre o sofrimento dela, mas aos poucos Hermione vai conseguindo encontrar forças em outras coisas.
jaquelinealvesleal: hahaha vou tentar sempre responder os comentários, mas nunca irei prender nenhum capítulo mais por não ter tempo de responder vcs! E desculpe não ter conseguido terminar um cap extra para a copa. hahaha
Tatah Weasley: Eu entendo muito sobre não ter tempo e quando eu tenho estou sempre tão cansada que acabo procrastinando. Já desisti de vários projetos de fic por não ter tempo. Fico feliz que CdP ainda te mantenha presa ao mundo das fics. Eu fiquei quase 4 anos longe das fics por não encontrar nenhuma que me prendesse.
Landa MS: Eu estou sempre tentando fazer com que nenhum momento entre Draco e Hermione seja apenas um momento. Agora eles já tiveram bastante tempo para sexo selvagem. A química entre eles sempre atrai esse tipo de coisa. Adoro. hahahaha. mas isso não vai fazer com que eles se amem. Esse próximo momento da fic vai aproximá-los mais. Alguns conflitos mais sérios vão surgir. Se apaixonar é muito fácil. Quero ver amar. hahaha Aperte os cintos!
Anne Lizzy Bastos: Aí temos Luna de volta na Ordem! Espero que isso traga alguma reviravolta de alguma das partes. Estou planejando fazer alguma cena na Ordem, mas não sei ainda se será cabível já que vamos ter muitas coisas acontecendo em Brampton Fort. E eu te entendo por ficar triste por eu estar sem tempo. Já acompanhei muitas fics com autores como eu e é um saco ter que ficar esperando anos e anos por capítulo.
Christine Martins: Eu tenho planejado um encontro entre eles e a Ordem no futuro, mas ainda é uma hipótese que gira junto com outras diferentes então nada tão certo. A relação Draco e Hermione vai começar a mudar um pouco. Eles estão muito familiares um com o outro nesse ponto da fic já.
Marina Ribeiro: Espero que tenha unhas para os próximos capítulos! hahaha
Jess Mesquita: Obrigada pelo seu comentário! Me serve de um baita incentivo!
Sra.T: Adoro quando as pessoas ficam sonhando com a fic e me contam! hahaha Obrigada pelo maravilhoso comentário!
Ariely: A Narcisa ficou doente em tentar ser uma Malfoy então o que ela pensa a cada minuto das 24hrs do dia e se manter em sua postura, nunca deixar de ser uma Malfoy, mas o verdadeiro epírito dela ainda existe. Ela não se tornou um robo por mais que procure ser um. Deslizes se tornarão bastante comuns. Eu adoro essa química de tensão sexual nas fanfics dramiones, super hot! hahaha! Mas fico frustrada quando leio fanfics que Draco e Hermione se apaixonam fazendo sexo. Eu sempre procuro deixar claro o máximo possível nas fanfics que eu escrevo que embora exista sexo entre eles e seja muito bom, eles não parar de se odiar por causa dele. Gosto quando eles aprendem que amar está mais fora da cama do que nela e quero tentar passar isso na fic. :) Seu comentário foi ótimo! Quer ver o Draco perder o controle das coisas também, ele acha que sabe lidar consigo mesmo muito bem porque superou sozinho todos os problemas dos pais. Tomara que a Hermione saiba tirar ele de órbita! hahaha
Helena Melbourne: Como eu disse para a Ariely ali em cima: Draco acha que sabe lidar muito bem consigo mesmo, mas Hermione já tem tirado ele da zona de conforto e o Draco já ta tendo que estar área do impasse entre o odiar Hermione, que pra ele sempre foi muito confortável, ou passar por cima disso para conseguir viver em paz. hahaa! Sim, eu tenho uma fic absolutamente maravilhosa que uma leitora me indicou capítulo passado e eu simplesmente tive que perder noites de sono para lê-la. Se bem que eu não terminei porque chegou a um ponto que eu percebi que estava acabando e eu não sabia se estava pronta para isso. O Draco dessa fanfic simplesmente me matou aos poucos. Fui intensamente seduzida por ele. hahaha Aí vai o link: https://www.fanfiction.net/s/3539272/1/Hallelujah
R Malfoy: Essa da Pansy é muito boa. Até pensei em considerar! Quem sabe! hahahaha
Natasha: Seja muito bem vinda! Continue comentando!
Escarlet Esthier Petry: Muito obrigada!
Marina Ribeiro: Não consigo encontrar o perfil, vc poderia mandar o link? Tem muita coisa pra corrigir na minha fic porque meu português é péssimo! haha
Karla Dumbledore: Eu não me importo com comentários grandes nem um pouco! Adoro comentários grandes! :) Hermione não pisou na bola com os planos dela, ela só tem que aprender a se adaptar a como sobreviver na cidade. A vida no ciclo dos comensais e uma muito diferente da que ela aprendeu desde que conheceu Harry e Rony. Ela está aprendendo que o ringue dentro de Brampton Fort é de luta livre ainda. Luna escapou por sorte, mas se Hermione fosse realmente esperta como qualquer outro comensal, ela não teria desacordado Harrow, ela teria usado imperius apenas para segurança e isso para ela é inconcebível, mas ela terá que aprender que trabalhar debaixo do nariz de Voldemort é assim ou bau-bau. hahaha
Renata Di-Lua Lovegood: Que maravilha que é ler um comentário como o seu e saber que alguém sabe apreciar com classe um bom capítulo! hahahaha
Pah F Potter: Eu sei bem qual é a sensação de passar muito tempo sem fic boa e encontrar uma que simplesmente te cativa por inteiro! hahaha Fico muito muito feliz por ter escrever uma que te cativa. Espero não decepcionar.
Dark Moon: Ainda não fez exatamente o um ano que estão casados. Eles casaram no outono, já se passou o inverno a primavera e estamos no meio do verão. Daqui a pouco fará um ano. Já estão bastante familiarizados um com o outro. Hora de avançar para uma nova fase da relação deles. hahaha Hei, espero que vc esteja melhor com seus problemas! Deprimir não é uma boa solução, tentei fazer isso há um tempo atrás, mas só serviu pra atrasar minha vida mais ainda. hahaha Eu tenho ido até bem, a gente sempre tem q estar pra cima, só assim conseguimos atrair coisas positivas e conseguimos construir dias proveitosos. :) Eu quero as capinhas! haha
Julian Santos: W-O-W essa fic que vc me indicou é simplesmente maravilhosa!! Fiquei super empolgada enquanto lia cada frasesinha! Se tiver mais alguma para indicar pode passar!
M R C: relação Rainha Cersei do das cronicas de gelo e fogo com o Draco. Tem hora que a gente ama, tem hora que a gente odeia.... hahaha
Danielle17: Espere pelo admirador da Hermione... ele logo logo vai aparecer pra abalar as estruturas e virar a cabeça do pobre Draco todinha.
OBS: Capítulo não revisado!
Comentários (18)
eu chorei junto com a pobre Luna quando chegou na Ordem...Ás vezes da a entender que a Luna tem uma certa inveja da Mione. Mas continuando...muitas emoções caramba! #proximocapitulo
2015-05-04Eu tenho que concordar com a luna, acho que a mione ta mesmo se adaptando a vida que leva e nao acho que ela sairia de la mesmo que tivesse a chance... devo confessar a a mione deu medo ate em mim ameaçando luna!! Acho que nesse capitulo que ela realmente começou a virar uma Malfoy
2015-02-16Amo sua fic, vc escreve maravilhosamente bem !!!! Uma das melhores fic dramione que eu ja li na minha vida, parabens !!! O que eu mais gosto é como as coias entre o Draco e a Hermione acontecem, não muito rápido e nem muito devagar. Nesse capítulo amei a parte a gravata, achei a coisa mais linda do mundo. Estou louca para ver o que contece na Ordem. Eu acho que a Hermione devia ter um admirador pra botar um ciumezinho básico no Draco kkkkkkk. Espero que vc atualize logo. ps.: estou tão ansiosa que sonhei que a Hermione tinha gemeos e tinha que esclher qual ela daria pro Voldemort; foi horrível kkkkkkk ps2: eu queria ter enviado esse comenterio antes, mas não estava indo....
2014-08-04amei esse capitulo tudo me agradou mau posso esperar pelo proximo capitulo #anciosa
2014-08-04Que coisa linda a Hermione fazendo o nó da gravata do Draco, pode ter parecido algo banal, mas pra relação dos dois foi tão :::: *-*, ainda mais porque ela fala que decorou os movimentos dele, sabe onde ele esta errado, isso por ter sentido pra relação deles e varias outras coisas #medeixasonhar
2014-08-02Olá, Estou amando o curso que a fic está tomando, e os personagens ^^. A Luna me surpreendeu, mas gostei e entendi a atitude dela. Feliz com a atualização da fic. Até próximo mes ! ;)
2014-07-18Meu Deus..que historia demais!!quando os dois vao começar a se "aproximar"???e estou ansiosa pela reação da resistencia
2014-07-13primeiramente, sobre o seu comentário ao final do post feliz pelo Brasil na semi final da copa .... isso foi antes do 7x1 né ?? hahahahaha =( sobre a fic: eu AMEI essa cena da hermione se jogando em cima dele e quebrando o tabu que eles mesmos criaram de so transarem para ter o filho. Isso foi um detalhe tao interessante na historia, pq essa transa deles marcou mais do que só mais uma transa, marcou uma mudança na atitude dos dois e tenho ctz que significa muito pro futuro dos acontecimentos.... assim como suas outras leitoras (que já comentaram) fiquei surpresa ao ver que a Luna estava ressentida e essa atitude de nao querer retornar me surpreendeu demais... to muito feliz por mais um capitulo maravilhoso !! espero que o proximo venha logo. =] beijos
2014-07-12Gnte essa fic fica cada vez mais fantástica, a fuga da Luna cheia de adrelina!! (qnto ódio no coração dela né, ressentida). To sentindo que Draco e Mione tão finalmente ficando mais próximos e entendendo que são mais fortes juntos, será que finalmente ele vai se tocar que tem q fazer algo pelo filho??? Ansiosa pelo próximos caps!!!! :)E adorei a nova capa!!
2014-07-11Gente que capitulo foi esse amei demais,não sei se. Vou conseguir esperar ate mes que vem, Eu queria saber quantos anos o Draco e a Mione tem nessa fic,espero qu.e. eles nao sejao tao velhos amei amei e amei. Esse capitulo a forma como escrevi esta orrivel porque estou p3 cell enfim amei o capitulo
2014-07-11