Capítulo 17
Capítulo 17
Narcisa Malfoy
O discurso de Hermione havia sido impecável. Ela tinha uma eloquência que assustava e uma entonação com um poder de convencimento que Narcisa jamais imaginara que ela pudesse ter. Realmente Hermione havia feito um excelente trabalho junto com a equipe de Theodoro, mas sabia que o dedo de Draco estava ali em algum lugar de maneira sutil e bastante discreta. Gostava de saber que seu filho não ignorava Hermione por completo. Ele sabia que ter alguém da família em mais um lugar de poder dentro do ciclo de Voldemort era um ponto a mais para os Malfoy.
Narcisa desceu a escada principal do auditório parando para cumprimentar os maridos de suas amigas que trabalhavam no departamento de Theodoro durante o caminho. As frases prontas e repetidas que mais ouvia eram: ‘Hermione realmente fala bem!’, ‘Que grande gênio que entrou para família de vocês, hein?!’, ‘Aposto que Draco está bastante satisfeito com uma mulher como essa.’, ‘Talvez as mudanças de Hermione façam os tribunais finalmente funcionarem como deveriam!’
Mas embora Narcisa soubesse que Hermione sabia suprir bem o lado profissional de sua família para com os esposos de seus amigas, seu lado perante o ciclo social ao qual realmente deveria se preocupar estava desmoronando como se fosse uma colossal construção de areia debaixo da chuva.
Chegou ao palco onde Hermione estivera de pé a alguns minutos atrás e foi obrigada a apertar o passo para chegar a porta na lateral por onde ela estava passando. Fugiu da imprensa com a agilidade que havia adquirido com os anos e passou para o lado de dentro de um corredor cheio de funcionários do departamento de Theodoro com suas devidas identificações penduradas no pescoço. Falavam todos de uma vez e analisavam pranchetas e agendas enquanto andavam como se não houvesse amanhã. Narcisa passou por eles sem nenhum problema e conseguiu chegar a porta onde um dos homens de seu filho estava parado.
A segurança da Catedral e de Brampton Fort inteira era serviço do departamento de Draco e Narcisa sabia bem que aquilo era o que menos lhe dava trabalho, e embora nenhum dos seguranças fizessem parte do número de zonas, todos eles sabiam reconhecer um Malfoy de longe. Talvez esse tenha sido o motivo para a reação do guarda a porta de Hermione.
- Ela está ocupada, Sra. Malfoy. – ele disse parecendo confuso em se decidir quem deveria obedecer.
- Não me importo. – ela foi neutra ao dizer aquilo, não havia sido rude, não havia sido gentil e talvez tenha sido por isso que ele temeu pelo que pudesse acontecer ao cargo que muito provavelmente provia algum tipo de status a sua família dentro de Brampton Fort e empurrou a porta para que ela passasse.
- ...e cancele as reunião da semana que vem. Preciso dar atenção a imprensa agora que... – a voz de Hermione morreu assim que seus olhos dourados caíram sobre a figura de Narcisa entrando em sua suntuosa sala improvisada.
- A senhora não deveria estar aqui. – Jodie que estava ao lado de Hermione anotando tudo que dizia levantou sua voz para a presença de Narcisa.
- Gostaria de trocar algumas palavras com Hermione e seria bom que você se retirasse por alguns minutos. – o tom que usou para falar foi claro para Jodie de que ela não tinha outra opção.
- Tenho a autoridade para retirá-la daqui e não me importo quem seja ou o sobrenome que tem. – Jodie usou de um tom bastante profissional. Aquela mulher era sempre toda profissional. Narcisa não gostava daquilo.
- Jodie, por favor. Não há necessidade. – Hermione interviu e voltou-se para Narcisa. – Podemos adiar essa conversa para o jantar.
- Não podemos. – Narcisa foi firme e o suficiente para mostrar que Hermione havia chegado a sua linha final.
O silêncio entre as duas durou pouco enquanto a troca de olhares fez com que Narcisa notasse o quanto a outra Sra. Malfoy estava incomodada.
- Jodie, poderia nos deixar a sós por um momento, por favor. – Hermione pediu com serenidade.
A morena não pareceu muito contente com isso.
- Sabe que tem compromissos, Hermione. – ela alertou.
- Ainda tenho vinte minutos antes da primeira reunião. – ela disse.
- Vinte minutos onde deveríamos discutir...
- Eu não sabia que dentro do departamento de Theodoro auxiliares podiam confrontar seus superiores. – Narcisa cortou a mulher.
- Narcisa, por favor. – pediu Hermione com mais firmeza dessa vez. – Jodie, saberei me lembrar da minha própria agenda. Agora, por favor. – apontou para a porta.
Jodie lançou um último olhar significativo para Hermione e deixou a sala.
- Tem me evitado. – Narcisa não esperou pra dizer nada assim que a porta foi novamente fechada.
- Eu não tenho tempo para isso. – ela deu as costas.
- Nunca tem tempo para nada, Hermione. Tem apenas tempo para o trabalho que presta a Theodoro!
- É o meu trabalho e não o faço por Theodoro! – pontuou Hermione enquanto se sentava detrás de uma mesa e espalhava uma dúzia de pergaminhos por ela.
Narcisa soltou o ar impaciente. Não insistiria em uma nova discussão sobre as precauções que deveria tomar com Theodoro. Ela apertou os lábios numa linha fina e se aproximou colocando as duas mãos sobre a mesa.
- O jantar dos Martin será semana que vem e você está na lista. – ela tentou começar por ali.
- Sim. Recebi o convite. – Hermione ergueu o olhar e forçou um sorriso rápido para ela antes de voltar para os pergaminhos – Foi bastante gentil da sua parte se esforçar para me colocar na lista, mas não poderei ir.
Aquela mulher só poderia estar querendo acabar com sua paciência.
- Podendo ou não, você irá. – ela usou de um tom pausado e seco. – Se esqueceu de que tem um papel a cumprir como Malfoy? As mulheres dessa família...
- Já estudei sobre os Malfoy, Narcisa. – Hermione a cortou folheando uma pasta – Não vou a esse jantar. Não preciso ser nenhuma intermediária de Draco dentro do ciclo social da família de vocês!
- Estou farta de a ver achando que tem alguma escolha! – Sim, Narcisa já estava irritada – Eu venho fazendo o meu e o seu papel dentro dessa família porque você simplesmente acha que pode se dedicar a carreira medíocre que lhe deram aqui! – ela estendeu a mão e fechou a pasta de Hermione sem se importar se estava sendo educada ou não – Draco mantém o vinculo profissional de nossas famílias e você mantém o vinculo afetivo. Isso é uma lei, Hermione! Nossa família funciona assim há anos e você já deveria estar sendo uma figura comum entre nós já faz um bom tempo, mas ainda não passa de uma curiosidade e um nome importante e pouco conhecido nos encontros, jantares e reuniões da elite de Brampton Fort. Vai desistir desse trabalho agora ou nunca saberá como tocar o nome dos Malfoy!
Hermione retribuía sua irritação com um olhar neutro, o olhar que Narcisa havia a ensinado a fazer, o olhar que mostrava que não se rebaixaria ao nível a que estava sendo submetida ali com o tom que Narcisa usava.
- É isso que quer que eu faça? Que eu desista do meu trabalho? – ela usava uma voz suave, porém firme. – O que aconteceu com o lema ‘nunca se render’?
- Um Malfoy deve saber pesar os prós e os contras muito bem para tomar uma decisão, Hermione. E um Malfoy nunca trabalha sozinho. Está sendo egoísta mantendo esse trabalho apenas para benefício próprio.
- Draco já se aproveitou bastante do meu status para promover alguns de seus ideais de maneira bem sutil dentro dos meus discursos. – Hermione cruzou os dedos sobre a mesa. – Não acredito que ele estaria de acordo com o seu pensamento de me fazer desistir do meu cargo.
- Draco pode ser tão teimoso quanto você e ele ainda não entende que querer ser diferente pode levar nossa família a ruína. – ela suspirou – As vezes ele arrisca demais apenas para não seguir as palavras do pai.
- Bem, mas sou casada com ele, não é?! – ela se levantou. – Agora, sei que irá se importar, mas essa não é uma boa hora para discutirmos sobre qualquer coisa. Terei que pedir para se retirar. Nos veremos no jantar.
Narcisa parou para observá-la por alguns segundos. Se inclinou apoiando-se na mesa.
- Você sabe o quanto isso é importante. Sabe o quanto nossas relações nos mantém no poder, Hermione! – cerrou os dentes – Por que está inventando de agir como se não se importasse? Nós caímos, você caí junto!
- Eu não posso ir. – sibilou ela.
- Eu disse que não é uma opção! – vociferou.
- Você não entende, eu não posso ir! – dessa vez ela usou do mesmo tom para replicar.
- Eu trabalhei duro para devolver o seu nome para aquela lista e...
- Eu estou grávida! – o tom auto de Hermione a cortou.
A informação foi como um tapa em sua cara. Tentou se recuperar enquanto observava Hermione olhar de um lado para o outro discretamente como se estivesse arrependida de ter usado o tom que usara. Narcisa balançou a cabeça de um lado para o outro como se tentasse colocar em ondem as milhares de vozes e pensamentos distintos que gritavam em sua cabeça. Se afastou da mesa.
- Mas... – sua voz saiu falha e ela precisou pigarrear. – Você não estava tomando poções? – até onde sabia ela estava.
- Céus! Será que eu o mundo inteiro sabia que eu estava tomando poções? – ela soltou abrindo um olhar cheio de angústia.
- Pensei que estivesse!
- Eu estava! Até o seu filho dizer isso a Voldemort!
- O que? – Ela uniu as sobrancelhas ouvindo mais vozes gritar em sua cabeça. – Draco não faria isso!
- Ele fez.
Ela parou e desviou o olhar. Não era possível.
- Se ele fez foi porque não teve outra escolha. – disse.
- Ele tinha outra escolha sim, a de se manter calado.
Narcisa tornou a olhá-la.
- Se ele fez foi para nos livrar de problemas maiores no futuro.
Hermione revirou os olhos e encostou as costas no encontro de sua cadeira.
- De qualquer forma, - ela mostrou as mãos – não posso ir ao seu jantar. Não tenho roupa. Minha barriga está crescendo e está se tornando cada dia mais difícil escondê-la. Voldemort não quer que o público saiba, não por agora.
- Mestre. – a corrigiu embora sua cabeça estivesse em outro lugar naquele momento. De repente o mundo pareceu pesar em suas costa. Levou uma das mãos até o pescoço e massageou um dos ombros. Sentou-se na cadeira a frente da mesa sentindo-se cansada demais. – Quantos meses? – perguntou.
- Não estou contando. – ela respondeu.
- Eu sei que está. – Narcisa sabia bem o que era ser mãe.
Hermione suspirou desviando o olhar. Precisou de alguns segundos antes de fechar os olhos, umedecer os lábios e responder:
- Acabei de chegar ao quarto.
- Quarto? – Narcisa se viu surpresa. Ela tinha uma barriga pequena. – Quando estava planejando me contar isso?
- Nem sequer pensei que deveria. – Hermione a olhou e Narcisa pode ver que ela se debatia com questões muito mais sérias do que aquela.
- E Draco? – ela quis saber.
Hermione apertou os lábios discretamente e balançou a cabeça negativamente.
- Não falamos sobre isso. Ele disse que esse era um fardo meu.
Narcisa soltou um riso fraco pelo nariz.
- Ele não quer mesmo ser como o Lúcio. – disse embora aquele comentário fosse mais para ela mesma do que para Hermione. Olhou nos olhos daquela pobre mulher a sua frente. Ela seria uma mãe. Uma mãe que não tocaria em seu filho, uma mãe que não o teria. Seria uma mãe que nunca escutaria seu filho chamá-la de mãe. Narcisa conseguia medir a dor daquilo. – Me lembro de quando disse a Lúcio que estava grávida de Draco. – ela tentou se transportar para aquele dia. Sorriu. – Aquele homem ficou louco. – ela queria poder voltar no tempo – As vezes penso que ele realmente me amou aquela época. Talvez tenha sido a única.
Hermione não replicou e elas entraram num silêncio profundo. Cada uma em seu mundo, como se aquela notícia tivesse o poder de sustentar uma lacuna de longas horas de silêncio.
- Meus pais tinham uma casa de campo ao sul da Inglaterra. – Hermione começou com a voz e os olhos baixo - Era uma viagem longa de carro, mas valia a pena. – ela parecia estar falando mais com si mesmo do que com Narcisa. – Quando eu estava no sexto ano meus pais passaram por uma crise no consultório e meu pai pensou em vender a casa, mas minha mãe insistiu que ela precisava de um lugar para levar seus netos para passar o verão e acho que esse foi um argumento de peso final. – ela soltou um riso fraco e infeliz. O silêncio durou por mais um tempo até que ela tornou a encarar Narcisa. Os olhos úmidos e a voz travada. – Quando eles foram assassinados... – sua voz morreu e ela engoliu a saliva como se estivesse engolindo veneno. Soltou o ar e desviou o olhar novamente como se tivesse vergonha do brilho que aumentava em seus olhos – Eu não pude nem mesmo ver o enterro deles. – havia tanta dor naquela voz – Nunca pude nem visitar o túmulo deles, nem passar perto, nem saber onde haviam sido enterrados. – ela puxou ar ajeitando a postura na cadeira como se tivesse consciência de que estava desmoronando na frente da mulher que a ensinara a manter seu orgulho de pé. – Seria como correr para uma emboscada. – concluiu e limpou o canto dos olhos. – Pensei que nunca no mundo inteiro eu pudesse sentir uma dor maior do que a que eu senti quando os perdi. Mas eu tinha amigos. Eles se tornaram minha família e eu pude ver o esforço de cada um deles para tomar a forma desse vazio que havia sido aberto em minha vida. – ela tornou a engolir a saliva de forma pesada. – Mas isso... – a mão dela tomou o tecido fino e escuro sobre sua barriga. – Dói mais do que qualquer dor que já senti. – ela amassou o tecido entre os dedos e apertou os lábios como se tentasse superar o nó que lhe subia. – Eu estou criando vida. – ela usou o restante de voz que ainda tinha. – Cresce dentro de mim. – Narcisa sabia perfeitamente o que ela sentia. – E não vai ser meu. – ela soluçou e dessa vez não foi possível impedir que uma lágrima grossa pulasse de seus olhos dourados.
Hermione precisou de seus minutos em silêncio para lutar contra toda a emoção que queria externar. No final ela puxou o ar refazendo toda a sua postura como se estivesse vestindo a mascara que havia deixado cair. Tornou a empilhar todas as pastas que havia bagunçado.
- O mestre lhe passou alguma informação? – foi tudo que Narcisa conseguiu dizer ainda desconfortável com toda a dor de Hermione.
Ela puxou o ar e soltou com calma antes de responder:
- Ele me dará um ano quando nascer. Disse que a criança ainda precisará do meu corpo.
Narcisa sabia que aquilo não era de todo uma verdade. Voldemort queria apenas que ela se apegasse ao filho para poder tirá-lo dela. Assentiu tentando mostrar que era uma decisão justa embora não fosse.
- Bem. – Narcisa se levantou – Você sabia que não seria fácil desde o começo. – alisou sua roupa colocando no lugar aquilo que talvez tenha saído dele – Encontrarei um vestido para você. – pigarreou – Ainda podemos esconder essa barriga. – deu as costas e seguiu seu caminho sozinha até a porta. Segurou a maçaneta ainda conseguindo calcular a dor que Hermione escondia por trás de sua máscara todos os dias. Voltou-se para ela. - Você precisa ser forte. – disse embora soubesse que ela não iria ser. Nada poderia prepará-la para aquilo e sabia que o único sofrimento para o qual havia se preparado eram para sessões de maldições cruciatos e torturas medievais. Nada daquela preparação a ajudaria ali.
Hermione piscou calmamente em resposta. Narcisa apenas puxou o ar e saiu dali sem saber ainda como lidar com a situação.
Draco Malfoy
A carruagem o levou direto do portão Sul até o pátio central da Catedral onde desceu sentindo o calor do início do verão. Olhou para o céu e viu as nuvens brancas tampando o azul. Nunca havia sol em Brampton Fort. Atravessou toda a extensão do pátio e passou para o lado de dentro do saguão onde logo pode enxergar, por entre as poucas pessoas que atravessavam ali, a figura de Hermione vindo em sua direção acompanhada por Jodie, como sempre. As duas pareciam discutir sobre algo e foi quando os olhos dourados de Hermione caíram sobre ele por apenas alguns segundos enquanto falava antes de se voltarem novamente para Jodie que fez ele levantar uma nota mental sobre a evolução da beleza natural de Hermione. Não a via a quase uma semana e ela parecia ainda mais bonita que a última vez que colocara os olhos sobre ela.
Usava um vestido estampado que não era inteiramente claro, mas era quase como se ela quisesse fazer com que o sol abrisse por entre as nuvens e ele percebeu que o modelo do tecido fino e levemente marcado na cintura disfarçava os quatro meses que ela carregava da gravidez. Lembrar-se de que ela estava grávida fez com que o verão parecesse se tornar final de outono.
A alguns passos de se encontrarem Jodie saiu pela tangente dela seguindo outro rumo e então Hermione avançou para fazer com que seus passos se igualassem ao dele.
- Esperava te encontrar no Portão Sul. – ele começou sem reduzir a velocidade de seu passo. Conseguia o acompanhar sem muito dificuldade.
- Não tenho tido tempo de deixar a Catedral com essa facilidade toda. – ela disse – Além do mais, não sabia que chegaria pelo portão sul. Desci assim que soube que sua carruagem já estava a caminho da Catedral.
- Como foi seu discurso de posse? – perguntou.
- As criticas tem sido bastante positivas. – respondeu ela. Ele notou que havia algo de diferente em sua voz, mas não conseguia classificar o que era. Parecia sem vida. – Deveria ler O Diário do Imperador.
- Não tenho tido tempo para jornais ultimamente. – ele disse.
- Como foi do outro lado da muralha? – ela perguntou se referindo a sua estadia fora de Brampton Fort. A verdade é que ela queria saber se havia acontecido algum confronto com a Ordem ou não, apenas não queria ser tão direta.
- Perdemos. – foi tudo que ele respondeu.
Eles deram alguns passos em silêncio antes que ela tornasse a abrir a boca.
- Sua mãe tem insistido para eu desista do meu cargo. – ela trocou o assunto por completo, afinal saberia sobre tudo que havia acontecido sobre a guerra no dia seguinte quando comparecesse a reunião do conselho.
- Vai desistir? – ele lançou um olhar rápido para ela quando fizeram a curva para dentro de um dos corredores.
- Não. – ela respondeu.
- Sabe que como uma Malfoy você deveria, não sabe? – comentou ele.
- Sim. – ela respondeu. – Mas não irei.
- Bom. – foi tudo que ele disse.
- Bom? – ela ergueu as sobrancelhas de um modo confuso.
- Sabe que sou interessado nos benefícios que seu cargo podem me trazer. E sei que você também tem bastante interesse neles. – o trânsito de pessoas se intensificava a medida que se aproximavam do QG e todas elas abriam caminho assim que os viam avançar. Um Malfoy nunca deveria desviar das pessoas. - Além do mais, não quero que minha mulher seja exatamente o que as pessoas esperam que ela seja. - Ela não fez nenhum comentário com relação a aquilo, mas sabia que muito provavelmente fizera uma nota mental cheia de críticas. – Que horas irá voltar para casa? – ele mudou o assunto assim que fizeram mais uma curva e foram jogados no hall de entrada do QG.
- Desde que deixou Brampton Fort tenho ficado na catedral até mais tarde. Devo esperá-lo para o jantar hoje? – perguntou ela.
- Não sei. – ele realmente não sabia – Tenho muito assunto para discutir com o mestre antes da reunião com o conselho amanhã. – ele puxou o relógio do bolso e o analisou por alguns segundos. – Ele não irá me chamar para o gabinete tão cedo então prefiro que siga sua rotina dos últimos dias. – ela não contrariou nem contestou, mas também não assentiu nem concordou. Sabia que ela não gostava de depender da palavra dele. – Assim que tiver um tempo livre, vá até minha torre. Tina tem algo para passar a você.
Tina era sua mais nova secretária. Era apenas uma das mulheres que tão loucamente almejavam pelo cargo mas se mostrava tão incompetente quanto qualquer umas das outras que não haviam levado a nomeação.
- Terei um tempo livre no final do dia. – Hermione lhe respondeu embora ele soubesse que na verdade tudo que ela queria ter perguntado era sobre a procedência do que significava esse “algo” destinado a ela.
A objetividade dela foi suficiente para fazer com que ele entendesse que ela tinha pressa em deixá-lo ou que na realidade nunca queria mesmo ter tido a necessidade de se encontrar com ele.
- Ótimo. – encerrou ele – E por favor, não faça sua amiguinha lunática tentar invadir meu escritório novamente. Você pode ter tido a chance de vasculhar até mais do que eu acreditava que pudesse, mas Lovegood não é tão esperta quanto você. – ela não reagiu, apenas escutou como se já esperasse que ele fosse fazer aquele comentário a respeito da invasão de Luna em seu escritório na noite em que deixara Brampton Fort. Hermione certamente teria passado por todos os sistemas de segurança, mas Hermione era Hermione e Luna Lovegood cometera um erro bastante previsível embora tivesse ido mais longe do que ele acreditava que ela conseguiria. – Por que confiou a Lovegood uma tarefa como aquela? Não é nada inteligente. Me faz questionar se não há nada por trás disso.
- Pense o que quiser. – ela soltou cansada. Ele a olhou enquanto Hermione reduzi a velocidade do passo e parava. A acompanhou parando para ficar de frente a ela. enquanto percebia que seu cérebro automaticamente se questionava o que havia dito de errado para que recebesse aquela reação.
Draco percebeu que ela tinha algo para dizer, mas ao mesmo tempo que parecia não saber como dizer ele também pode notar que ela estava cansada e não se parecia muito com cansaço físico. Seus longos cílios fizeram sombra sobre a cor amendoada que tinham seus olhos quando não estavam expostos a claridade. Os braços dela se cruzaram logo depois de ter umedecido os lábios e colocado as ondas de seus cabelos para trás das orelhas. Draco pode notar a ondulação na parte mais baixa de sua barriga. Era muito pequena, mas estava lá. Existia.
- Eu não tenho todo o tempo do mundo, Hermione. – quebrou o silêncio estranho que havia entre seus corpos.
Hermione ainda continuou a manter o silêncio. Draco observou seu peito se mover ritmado com sua respiração. A pele dela o atraiu mais uma vez. Se lembrou de quando a tocava com suas mãos, de quando sua boca percorria o macio do branco em sua pele, se lembrou da textura que ela tinha, o sabor de sua saliva. Ele já havia passado por isso antes, encará-la quando não estavam fazendo sexo e como ser humano racional questionar-se como podiam ainda ser duas pessoas com um infinito inteiro de distância os separando quando seus corpos já haviam quase se fundido em um. Como conseguiam fazer com que a vida entre eles funcionasse assim? Seria a rivalidade que tinham um pelo outro o grande mantedor dessa situação? Ele não conseguia medir o quanto era diferente tudo que envolvia sua relação com Hermione. Era tão confuso que não conseguia nem mesmo saber se gostava ou não, se era prazeroso ou não, se lhe servia de entretenimento ou não.
Deu um passo aproximando-se mais, talvez isso a intimidasse e ou fizesse com que ela se sentisse mais incomodada para finalmente abrir a boca e soltar o que quer que estivesse segurando. Funcionou, porque ainda com o olhar distante ela resolveu fazer com que a voz suave soasse despretensiosa:
- Quanto tempo ficará longe de Brampton Fort quando deixar a cidade novamente? – ela piscou e fez os olhos seguirem o caminho para focarem os seus. Ele odiou que ela quisesse dar a volta no assunto que tinha a tratar.
- Por que quer saber? – ele queria força-la a ser direta..
- Quanto tempo? – ela insistiu.
Certo, ela havia feito a pergunta primeiro e sabia que resistir era perca de tempo e energia. Deu de ombros.
- Isso depende dos rebeldes, depende do meu exército, depende da reunião do conselho e depende principalmente da discussão que terei com o mestre. – era a resposta que tinha. – Agora, por que? – era sua vez.
Ela puxou o ar e tornou a desviar o olhar.
- Tenho tomado poções e usado os feitiços que me foram passados pela equipe da enfermaria para mantê-los informado de que tudo está bem com o crescimento do feto. – ela quis parecer bastante profissional, mas Hermione era péssima em esconder as emoções que tinha e ele percebeu que aquilo a afetava bastante. Ela trocou o peso de perna, piscou e o olhou novamente. – Recebi uma carta ontem. – puxou o ar – Do mestre. – acrescentou – Ele marcou minha sessão inicial na Seção de Enfermarias para o fim desse mês.
Ele continuou a encará-la esperando que ela concluísse o porque da informação, mas ela não concluiu.
- E? – ele se viu perguntar.
Ela piscou os olhos de uma forma mais demorada dessa vez soltando o ar como se tivesse se frustrado com algo.
- Você irá? – o olhou deixando transparecer novamente aquele cansaço de quem já havia se entediado em dar murro em ponta de faca, mas não conseguia parar.
- A carta era para mim? – ele ergueu uma sobrancelha.
- Não. – ela respondeu.
- Então eu não tenho nada haver com isso. – concluiu ele.
Ela suspirou já sabendo que escutaria aquilo e ele pode perceber que não havia sequer uma simples réstia de esperança em seu olhar. Não esperança de que ele fosse se importar com a gravidez ou algo do tipo, mas ele não conseguia entender aquele olhar. Ela parecia quase derrotada, quase cansada, quase entediada, ele não encontrava nenhum adjetivo que pudesse descrever toda a linguagem corporal que ela carregava.
- Certo. – a voz dela soou baixa e suave, e foi quando ele finalmente conseguiu perceber que o que faltava no som de sua voz era o tom melodioso que naturalmente tinha. Ela tornou a umedecer os lábios. – Se caso for deixar a cidade ainda hoje me deixe saber. – ela pediu e agora que ele havia notado o que faltava em sua voz percebera que gostava bem mais do som natural de antes.
- Não dou informações aleatórias. – disse de maneira bastante egoísta embora o pedido dela não tivesse soado nada como uma ordem. Apenas não lhe queria fazer uma vontade.
- Eu apenas não quero me preocupar em estar perfeitamente pronta como uma Malfoy deve estar sem necessidade se caso não for aparecer em casa. – ela finalizou, deu as costas e seguiu a direção para entrar pelo corredor com o caminho mais curto para a Seção da Cidade.
Ele a observou ir, a bainha de seu vestido dançando no ritmo de seu andado firme e suave. Havia algo errado com ela. Draco queria não se importar e na realidade talvez não se importasse realmente, talvez tudo fosse culpa da convivência que haviam construído e que eram obrigados a ter. A figura um do outro havia se tornado tão familiar e tão constante que não pensar em Hermione como parte do seu dia, de sua semana ou de seu mês era quase impossível.
Deu as costas sabendo que deveria passar por cima daquilo, seu mundo girava em torno de preocupações muito maiores que Hermione. Passou pelo toten que indicava a entrada e avançou uma curta distância pelo foyer amplo e luxuoso de seu quartel até chegar ao balcão único de informação. Bateu com o anel de sua aliança no mármore o que fez a mulher bem arrumada do outro lado levantar os olhos e ajeitar a postura no mesmo instante.
- Faça com que o mestre saiba que eu estou de volta a Brampton Fort. – ele disse a ela. Sim, gostava de fazer de qualquer um seu secretário, mesmo sabendo que já tinha uma.
Ela pareceu assustada por um instante como se estivesse pensando em retrucar que jamais conseguiria ter contato com o mestre, mas Draco era uma figura bastante conhecida e ela conseguiu entender o porque ele usara as palavras “faça com que ele saiba” e não “avise”. A mulher assentiu recebendo o desafio que ele lançara. Ela não era burra. Por mais que estivesse em um balcão de informação em um foyer, era funcionária de seu departamento e isso já era o suficiente para saber que ela não era burra. Seu departamento não contratava estúpidos.
- Foi me deixado documentos que deveriam ser entregues em suas mãos. – ela pareceu se lembrar subitamente. – Me informaram para lhe passar mesmo que não chegasse a pedir por eles. – ela puxou de um dos nichos do balcão e lhe estendeu uma pasta de couro de dragão dura, a cor azul marinho indicava que vinha de sua torre.
Pegou-a e a abriu para se dar conta de que os pergaminhos do lado de dentro informavam sobre cada minuciosa atividade que havia ocorrido dentro de seu departamento durante sua ausência. Sorriu. Sua nova secretaria não era assim tão devagar quanto ele achava que fosse. Fechou a pasta e a estendeu para a mulher.
– Envie de volta. – disse. Ele sabia que deveria mandar uma nota de parabéns, elogiava bom serviço quando preciso, mas não queria paparicá-la com nenhum elogia agora no começo. – Tornarei a olhar quando tiver tempo. – isso era o suficiente para ela saber que ele havia apreciado o serviço. Como levantado, sua figura era bastante conhecida e se ele não tivesse gostado, com certeza teria o prazer de mandar uma nota bastante desagradável em resposta ao ato.
A verdade era que tinha tempo para rever uma pilha de pastas daquela, apenas não queria trabalhar. Havia passado por dias intensos do lado de fora da muralha e estava cansado de todo aquele ambiente. Quando deixou seus passos o conduzirem dentro da catedral percebeu que estava indo em direção a torre de Pansy. Não fazia aquilo havia muito tempo, mas até que sentia falta do pedaço de conforto que existia dentro do inferno que era aquele edifício. Costumava frequentar o quarto de Pansy sempre quando sentia que precisava se desligar por um tempo ou por alguma razão. Tomar aquele caminho novamente o fez se sentir leve, como se as coisas estivessem finalmente se normalizando depois de seu conturbado casamento com Hermione.
A porta do quarto de Pansy era sempre aberta para ele. Passar para o lado de dentro o fez se lembrar que a última vez que estivera ali fora no dia em que entregara o anel de sua família para uma Sangue-Ruim. Tinha a impressão de que havia sido há mil anos. Tudo que ele conhecia de Hermione naquela época era sua bravura e determinação em campo de batalha assim como seu esperto cérebro que conduzia a Ordem. Agora o que ele conhecia dela se limitava ao modo como orquestrava os talheres em suas mãos durante o jantar, a forma como passava a folha durante a leitura de um jornal, o gemido que fazia quando sentia prazer, como seu corpo respondia a um orgasmo, o gosto de seu beijo intenso, o toque de sua mão macia, a textura de sua pele, o silêncio de seu sono, o suspiro de sua respiração quando trocava de posição durante a noite, a forma como se espreguiçava pela manhã. E no final, isso era todo o apenas que ele conhecia de Hermione e nada mais. Ela ainda era um mistério. Um mistério que ele não tinha interesse em desvendar embora ainda se lembrasse de algumas poucas situações que haviam vivido que o fizera se questionar se ela não era um bom campo para se explorar.
A porta do quarto de Pansy estava sempre aberta para ele. Lembrou-se disso quando girou a maçaneta e viu que não estava trancada. Deixou seu passo o arrastar pelo carpete roxo. Ela não estava lá. O quarto cheirava ao perfume forte que sempre usava. Não era o perfume que ela tinha quando eram crianças, mas ele ainda conseguia se sentir bastante familiarizado com o ambiente. Familiarizado o suficiente para se sentir confortável. Sentiu o peso do cansaço o atingir. Agradeceu na realidade por não ter encontrado Pansy ou ela iria loucamente o fazer querer sexo. As vezes ele ainda ia ali ingenuamente esperando por uma boa conversa, as conversas que costumavam ter antes de ela ter se transformado na frustração que vivia todos os dias por ele nunca ter se apaixonado por ela. A verdade era que ela deveria ficar agradecida apenas por ele ter consciência de que ela era o mais perto de amar uma mulher que ele acreditava que um dia poderia chegar.
Aproximou-se da arca onde Pansy deixava suas bebidas absurdamente caras. Pegou um copo do que ela tinha de mais forte e deixou o líquido queimar por sua garganta. Passou a mão pelos cabelos, abriu os botões de sua blusa, tirou os sapatos e afundou no colchão da cama. Voldemort muito provavelmente ainda demoraria para chamá-lo. Ele ficaria a espera bem ali sem mover um músculo. Colocou os braços como apoio para a cabeça e fechou os olhos apenas para descansar a mente dos dias conturbados que tinha passado.
Combater as investidas da Ordem nos últimos dias havia sido uma tarefa mais difícil do que qualquer outra que já fizera. Hermione podia não estar mais com eles, mas definitivamente eles tinham alguma carta na manga que ele não esperava que tivessem. O nome Hermione veio em sua mente novamente. Sempre vinha com uma frequência que ele depreciava intensamente. Lembrar-se do olhar vago que ela lhe dera hoje foi a última coisa que sua mente processou ainda em estado consciente.
No estado seguinte ele foi transportado para onde era verdadeiramente verão. Havia sol. Havia grama verde. Macieiras, arbustos, dentes-de-leão. Mas o vento era diferente, era forte e bastante presente, o que o fez perceber que estava no topo de algum vale. Só podia estar do lado de fora da muralha e aquilo o fez se sentir imediatamente bem.
Passou seu olhar pelo local e a viu. O vento balançava seu vestido e o sol finalmente dava a ela a glória do verão que lhe era apagado nos dias cinzentos de Brampton Fort. Estava de costas e ele podia ver os lindos cachos de seu cabelo lhe descendo até a cintura ao mesmo tempo que eram levados pelo vento. Só podia ser ela e para sua surpresa, ele queria que fosse. Se aproximou e a medida que avançou tomou a consciência de que se fosse mesmo ela, ele não poderia estar do lado de fora da muralha. Foi assim que as nuvens cobriram o sol e a única coisa que o fazia saber que era verão, era o vento úmido e quente, assim como em Brampton Fort.
Ele parou a poucos passos de distância dela. Queria tocá-la, sentia falta de tocá-la. Por tanto tempo pode tocá-la e embora todas as vezes parecesse errado ele gostava. Tinha plena consciência de que estava em um sonho, portanto apenas deu seu passo final e colocou suas mãos uma de cada lado da cintura da mulher. Ele conhecia todas as formas dela. Deslizou suas mãos devagar alguns centímetros mais baixo enquanto colava seu corpo no dela. O cheiro dela o invadiu quando ele deixou o vapor de sua respiração passar pela orelha e encontrar o pescoço. Fez questão de inalar mais do seu cheiro. Ele gostava. Era embriagante, doce, floral e natural. Ela não reagiu a ele de nenhuma forma e ele continuou ali, tocando-a, estando fisicamente próximo mas com aquela distância universal entre eles.
“Quero pular.” a voz dela soou profundamente vaga. Exatamente como estava soando quando ele percebeu que não havia melodia em seu tom.
Pular aonde? Olhou para frente e pode enxergar um precipício sem fim afundar a apenas um passo dela. Se ela pulasse certamente morreria. Ele queria que ela morresse, só assim ele estaria livre novamente, livre como antes fora, como antes de enfiar a droga de uma aliança em seu anelar esquerdo.
“Pule.” sussurrou em seu ouvido com se pudesse ser alguma versão sedutora da morte.
Sua mão deslizou para longe dos quadris dela quando ela deu seu passo. Pequenos pedaços de pedras e terra caíram precipício abaixo. Uma lufada de vento soprou seus cabelos e seu vestido mais uma vez e Draco pode sentir seu perfume pela última vez. Ela se virou para ele. Seus olhos dourados, sua boca rosada, a linha de seu queixo, o desenho de suas sobrancelhas, tudo nela era perfeito demais. Tão perfeito que agora parecia até mesmo um desperdício que ela se jogasse dali. Mas ele a queria morta. Mesmo que nunca mais fosse tocar seu corpo, mesmo que nunca mais fosse ouvir seu gemido, mesmo que nunca mais fosse escutar sua respiração dormindo, observá-la acordar, sentir seu perfume, nem escutar sua voz irritante e ao mesmo tempo suave, ele a queria morta. Sempre quisera. Havia a trago para Voldemort para ter o prazer de assistir a sua morte dramática, lenta e dolorosa.
“Ainda quer que eu pule?” ela perguntou usando aquela voz doce.
Aquela havia sido a pergunta de sua própria consciência, não dela. Em primeiro lugar, quem queria pular era ela! Ele também queria que ela pulasse. Queria mesmo?
“MÃE!” escutou a voz fina de uma criança gritar longe.
Draco virou-se imediatamente em direção a voz e se viu com cinco-seis anos novamente correndo na direção de onde estava. O menino parecia desesperado, como se estivesse suplicando por algo. A medida que ele se aproximou Draco percebeu que não era realmente ele. Se parecia muito com ele quando criança, mas não era. Tinha cabelos castanhos quase loiros e ele não conseguia discernir exatamente se realmente se parecia com ele ou com Hermione.
“Draco.” sentiu uma mão em seu pulso. Virou de costas e viu Pansy Parkinson. “Eu sabia que voltaria para mim. Sempre volta.”
De onde ela havia aparecido? Ele não tinha tempo para ela agora. Voltou-se para a figura do menino e ele tinha lágrima nos olhos enquanto ainda corria. Virou-se para o penhasco e o lugar de Hermione estava vazio. Seu coração pulsou ao mesmo tempo que se desvencilhava da mão em seu pulso, avançava para o lugar onde Hermione deveria estar e o nome dela vinha como um vômito em sua garganta.
- Hermione! – ele abriu os olhos e tudo que viu foi o quarto escuro e arroxeado de Pansy Parkinson. Seu coração batia forte contra suas costelas e ele ainda conseguia escutar em seu subconsciente o eco de sua própria voz. Virou o rosto e ainda conseguiu pegar Pansy ao seu lado murchando o próprio sorriso.
O silêncio entre eles foi incomodo e Draco torceu para que tivesse dito o nome dela apenas em seu sonho.
- Sonha com ela? – ela soltou com desgosto. Não parecia nada contente e foi aí que ele soube que havia mesmo aberto a boca para pronunciar o nome de Hermione.
Ele soltou o ar e relaxou seus músculos. Se ela estava frustrada com ele, ele também tinha o direito de ficar frustrado com si mesmo. Ergueu as mãos e apertou os olhos com os dedos. Sentou-se pisando os pés no carpete apoiando os cotovelos um em cada perna e tomando seu tempo para soltar um longo suspiro enquanto sentia o próprio coração se acalmar. Foi apenas um sonho idiota.
- Draco. – a voz de Pansy o chamou séria a suas costas. Ele não queria lidar com ela agora. Não respondeu. – Draco! – ela tornou a chamá-lo. Ele continuou mudo. Escutou ela se arrastar para fora da cama. Parou de braços cruzados a frente dele. – Há quanto tempo não faz sexo com ela?
Ele uniu as sobrancelhas confuso pela pergunta dela. Ergueu os olhos para encarar sua figura vestida num de seus vestidos justos e curtos de verão. Não entendeu o porque da pergunta e considerando que Pansy sabia coisa sobre ele mesmo que nem ele sabia apenas respondeu considerando entender qual a teoria que ela tinha para ter feito aquela pergunta.
- Bastante tempo.
- Seja mais específico. – ela pediu ainda com os braços cruzados.
Ele puxou o ar.
- Quase um mês. – disse. Não sabia exatamente. Talvez não fosse realmente quase um mês, mas a verdade é que parecia quase um ano.
Pansy ergueu apenas uma sobrancelha, como se duvidasse da veracidade daquela resposta.
- Tem uma mulher na cama todos os dias e não a toca há quase um mês?
- Temos nos evitado. – foi tudo que ele respondeu tornando a abaixar os olhos para o carpete. Não queria chegar no tópico da gravidez, primeiro porque Pansy não sabia nem deveria, segundo porque não queria deixar a entender que estava respeitando o espaço de Hermione, o que na verdade não estava, apenas lhe faltava força de vontade e interesse para quebrar o muro que havia se erguido entre eles já que sabiam que na verdade faziam sexo porque ela precisava engravidar e agora que haviam cumprido com seus deveres e o peso do resultado os atormentava, sexo não parecia tanto a solução de seus problemas nem o mais atrativo dos entretenimentos.
- Esteve com outras mulheres, não esteve? – ela perguntou.
Claro que ele estivera. Sam havia sido uma delas, mas essas mulheres se resumiam ao número mínimo de três, em tempos passados ele teria duplicado esse número. E tudo bem que estava começando a se acostumar com a realidade de que ninguém lhe daria o sexo que ele tinha com Hermione, mas continuava a ser frustrante todas as vezes que se aventurava nesse campo e sexo nunca, em hipótese alguma, poderia ser frustrante.
- Sim. – respondeu.
- Mas você a quer, não é?
- Sim.
- Por isso sonha com ela?
- Não. – soltou sem hesitar e aquela foi tão esclarecedora para ele quanto para ela. Ele não estava sonhando que a tocava novamente, não sonhava que escutava seu gemido, nem sentia suas partes quentes, húmidas e apertadas o envolver, sonhara apenas que ela dava fim a própria vida.
- Não gosto da forma como tem demonstrado se importar com ela a esse ponto. – Pansy foi sincera como sempre era.
- Nem mesmo eu. – ele findou se levantando.
Passou por ela, pegou o copo que havia deixado em uma de suas estante, foi em direção a arca, o encheu e o virou de uma vez. Puxou o relógio do bolso e viu que já era madrugada. Não tinha noção de que estava tão cansado. Olhou a marca em seu braço e ela continuava lá, mas não queimava, não ardia, nem mesmo formigava. Se o Lorde queria adiar a conversa que deveriam ter sobre a guerra, para Draco era apenas benefício. Poderia continuar a levando da forma como bem entendia. Recolocou o relógio no bolso e virou-se para um dos espelhos na parede. Ajeitou os cabelos da melhor forma possível e abotoou os botões que estavam abertos. Sua camisa estava amassada e ele usou a varinha para se colocar novamente de forma apresentável a qualquer público que pudesse o ver aquela hora.
- Está indo embora? – a voz dela tornou a soar.
- Sim. – ele gostava de perguntar que poderia responder apenas com sim e não.
- Não vem ao meu quarto há quase um milênio e simplesmente vai embora assim? – ele conseguiu ver o olhar de insatisfação dela pelo espelho bem as suas costas.
- Eu apenas precisava de um lugar confortável que não fosse a casa infernal dos meus pais, a minha que é ocupada por uma esposa e meu escritório com aquelas pilhas de trabalho em cima da mesa.
Ela sorriu e ele soube que para ela aquilo havia soado como um coral de anjos e que o fato de ter dito o nome de Hermione enquanto dormia não passava de mais um dos infortúnio relacionado a presença da Sangue-Ruim em suas vidas agora.
- Sinto falta do nosso sexo. – ela disse usando a voz que sabia que o seduzia. – Você não sente? – perguntou enquanto se sentava na cama de uma forma muito provocadora.
Draco virou-se para ela. Na verdade o único sexo que ele sentia falta era o de Hermione, mas disso Pansy já sabia e ele não gostaria de lembrá-la.
- Sabe que um dia irei sentir. – optou por dizer.
Ela incorporou o teatro de sempre e fez aquele bico de quem estava falsamente chateada.
- Sei, mas está demorando muito. – ela disse e ele sorriu. Não gostava dos teatros dela, mas fazia bastante tempo que não a via em suas performances. – Estou me cansando de ser paciente. – ela deitou se apoiando nos cotovelos exatamente da forma como sabia que iria provocá-lo e aquilo o fazia se lembrar de como o corpo dela também era bom. Era o corpo familiar de Pansy e nunca deixava de ser sexy.
Ele se aproximou, deixou sua mão correr por uma de suas pernas, afasto-as, segurou Pansy pela cintura e a arrastou para o centro da cama encaixando seu corpo no dela quando se deitaram.
- Paciência é algo que aprendeu a ter quando se apaixonou por mim, Pansy. – disse bem próximo de seu rosto.
- Não posso ir contra esse argumento. – ela disse e eles sorriram. Ela enfiou sua mão nos cabelos dele tornando a bagunça-los. – Passe a noite aqui. – ela pediu.
Ele considerou enquanto analisava todas as linhas do seu rosto de perto. Ela era bonita, muito bonita. Ele sabia bem apreciar a beleza de toda mulher. Foi quando percebeu que a boca dela estava um pouco inchada e sem batom. Fez seu dedo desenhar a linha do seu lábio inferior. Puxou um sorriso.
- Com quem estava, Pansy?
Ela sabia do que ele se referia.
- Com dois dos seus homens. – respondeu ela e ele riu.
- Se divertiu?
- Sabe que sim. – ela usou daquele tom sedutor de novo. – Por que? Está com ciúmes?
Ele riu mais alto. Não tinha ciúmes dela, nunca tivera, e ela também dizia que não tinha dele, mas ele sabia que ela tinha. Ela dizia que não tinha porque sabia que ele gostava daquele relacionamento aberto. O relacionamento que teriam se caso chegassem a se casar.
- Eu tenho que ir pra casa. – essa foi sua veredito final sobre considerar passar a noite ali. A deixou na cama e colocou seus sapatos.
- Mas você não quer ir. – argumentou ela quase que em protesto.
- Hermione está me esperando e o assunto que eu e ela temos a tratar é do meu interesse. – Sim, ele sabia que ela estaria o esperando e já que Voldemort não havia o chamado ele adiantaria seus serviços.
- São duas e meia da manhã. Eu tenho certeza de que Hermione não estará te esperando. – ela se sentou novamente.
- Eu tenho. – foi tudo que ele disse antes de deixar o quarto.
Desceu as escadas da torre de Pansy e quando chegou ao pátio sua carruagem estava lá o esperando como sempre. Não teve nenhum problema durante sua viagem para a vila dos comensais. Ir para casa era apenas um problema no inverno com todo aquele gelo.
Quando olhou pela janela para ver a fachada de sua casa enquanto fazia a volta no pátio para estacionar de frente a escadaria ficou surpreso por não ver nenhuma luz acessa em nenhum dos andares, nem mesmo a sombra de alguma luz. Desceu assim que parou e quando passou para o lado de dentro foi recebido pelo silêncio e pela penumbra.
Ele tinha certeza que se Hermione tivesse buscado o que ele pediu para ela buscar em seu escritório ela não estaria dormindo. Passou os olhos pela enorme sala, fitou o lustre e as cortinas fechadas bem como gostava. Hermione ainda insistia em mantê-las abertas durante o dia. A verdade era que ela havia mudado bastante a rotina e a ordem daquela casa desde que chegara ali. De início lutara bastante, mas agora apenas havia se cansado. Estalou os dedos e num segundo Tryn estava a sua frente com os olhos apertados.
- Onde Hermione está? – perguntou.
- A sra. Hermione Malfoy se retirou para os aposentos a quase três horas atrás. – a voz da elfa estava rouca de sono.
Ele desconfiou. Passou pela criatura e seguiu caminho adentrando mais a casa. Seu estomago protestava pela falta do jantar e ele sabia que não deveria comer aquela hora, mas mesmo assim passou pelo salão da sala de jantar e pelas câmaras chegou até a cozinha.
Ele a encontrou lá. Sabia que ela não teria dormido. Desceu três degraus para o chão de madeira maciça e envelhecia da cozinha. Era o lugar mais simples que havia na casa e quem o frequentava eram apenas elfos, mas Draco não se importava com as lições de sua mãe e aparentemente Hermione também não.
Ela estava sentada na bancada que havia bem no meio do ambiente e ergueu os olhos para ele assim que apareceu. Eles estavam vermelhos e Draco soube que ela havia andado chorando. Sempre ficava grato por não presenciar quando ela fazia isso e ela também fazia questão de não deixá-lo ver.
- Não sabia que frequentava a cozinha. – ela usou uma voz baixa para se manifestar. Seu tom continuava sem aquela melodia que ele conhecia. Vê-la o fez se lembrar do sonho e de sua voz dizendo que gostaria de acabar com a própria vida.
- Venho quando tenho fome. – aquilo era uma mentira, mas sabia que ela apenas havia dito aquilo porque fora informada que a cozinha era local para elfos.
Ela não disse mais nada. Draco se aproximou e passou por ela que não se preocupou em ajeitar a postura como havia sido ensinada. Ele viu um pote de alguma comida estranha bem ao lado da pasta que pedira para ela buscar em seu escritório na Catedral.
Ele puxou a tábua de um pão e trouxe para a bancada, buscou um queijo que havia num dos gabinetes e de uma pequena adega embutida na parede pegou um vinho. Quando foi buscar sua taça, pensou nela.
- Quer vinho?
- Não. – ela respondeu e eles voltaram para o silêncio.
Draco se sentou bem a sua frente, derramou vinho em sua taça, cortou uma fatia de pão e uma fatia de queijo, juntou os dois e comeu um pedaço. Bebeu quando sentiu sede. Apenas não desgrudou os olhos de Hermione e ela também fez o mesmo colocando na boca uma colher do que quer que fosse aquilo em sua taça.
Ele sabia que ela tinha muitas perguntas. Tudo que Draco tinha certeza desde que ela entrara naquela casa era que ela tinha muitas perguntas e ela havia tentando resposta para algumas delas, mas a maioria ele não respondia porque não queria, o resto porque não poderia. Ele esperou que ela soltasse a pergunta, mas ela nunca vinha.
- O que é isso? – ele apontou com a cabeça para a taça dela.
- Sorvete. – ela respondeu com a voz muito uniforme.
Ele precisou de alguns segundos para se lembrar que aquela era uma comida trouxa.
- Onde conseguiu isso aqui?
- Fiz. – respondeu sem muito caso – Algumas vezes apenas não consigo superar o fato de não comer algo que quero.
Ele sabia que aquilo era culpa da gravidez e novamente se lembrar da gravidez o fez se lembrar daquele garotinho em seu sonho, correndo cheio de desespero. Draco não conseguia mais se lembrar do rosto que ele tinha.
Eles ficaram em silêncio. Um silêncio eterno. Draco estava começando a desconfiar de algo muito estranho. Ele sabia jogar com Hermione. Jogava com ela desde que assumira a posição de líder do exército. A conhecia e ali, vendo ela calada com aquela pasta na mão, era como não reconhecer a mulher com o qual esteve lutando uma guerra por anos.
- Não vai fazer suas perguntas? – ele teve que se manifestar depois de muito se perguntar o que havia de errado com ela.
Ela apenas piscou com calma, seu olhar vazio como nunca antes. O mesmo olhar que ela usara para olhá-lo naquele sonho. Sua boca pressionou a comida garganta abaixo e ela entreabriu os lábios.
- Não. – ela disse, a voz cansada e pesarosa.
Ele continuou a observá-la naquela troca de olhares que eles mantinham parecia fazer horas. Aquela não estava sendo a Hermione que ele esperava que ela fosse.
- O que há de errado? – perguntou sem pensar e se arrependeu no mesmo segundo em que se calou. Nunca, nunca fazia nada sem pensar! Maldita hora em que se sentia familiar demais com a presença dela.
A pergunta fez com que ela piscasse os olhos ainda com calma e deixasse uma linha de dúvida surgir em sua expressão.
- Você não quis fazer essa pergunta. – ela soltou. A voz suave.
Ele ocupou sua boca com vinho, apreciou o sabor antes de engolir.
- Tenho como voltar no tempo? – tirou as dúvidas dela..
Hermione suspirou e desviou o olhar para a pasta. Seus dedos correram a capa e ela a abriu. Mais uma colher de sorvete foi para sua boca. Ele teve curiosidade de experimentar aquilo. Santo Deus! Será que Hermione tinha consciência de como cada milímetro de seu rosto em cada movimento singular, principalmente sua boca, fazia com que ele tivesse vontade de sumir com aquele balcão entre eles? Levou outro pedaço de pão a boca enquanto checava se sua expressão continuava neutra.
Os olhos dela passaram pela folha tempo o suficiente para que o fizesse saber que ela lia. Talvez pela milésima vez. Quando ela tornou a erguer os olhos, havia mais sorvete dançando em sua boca. Ele teve inveja daquela comida maldita. Sustentaram aquela troca de olhar em silêncio mais uma vez por infinitos minutos.
- Uma saca de galeões pelos seus pensamentos. – Ele se viu quebrar o silêncio.
- Dez pelos seus. – ela retrucou.
Sentiu o canto de seus lábios se esticarem num sorriso. Tomou um gole de seu vinho. Estava odiando o rumo que tudo aquilo estava tomando. Ele estivera esperado por um comportamento muito diferente daquele.
- Acho interessante o conceito de sermos tão próximos e ao mesmo tempo tão distantes. – cortou um pedaço de queijo. – Algumas vezes acho que te conheço, outras acho que tudo sobre você é um grande mistério. – colocou-o na boca.
Ela piscou com calma.
- Não minta. Sabe que estou sendo bastante previsível.
- E deve estar se odiando por isso.
- Eu não me importo mais. – ela deu de ombros.
Ele sorriu.
- Você não quer se importar. Isso é muito diferente de não se importar. – o olhar dela mostrou que aquilo era uma verdade bastante dolorosa. Ele simplesmente odiava a forma como ela mostrava sua alma inteira por aqueles malditos olhos.
Hermione suspirou fechando e abrindo os olhos lentamente num ato completamente frustrado. Fechou a pasta e a pegou, usou a varinha para limpar a própria taça e se levantou. Quando ela deu a volta no balcão foi quase impossível fazer com que seus olhos não caíssem para a quase imperceptível ondulação que havia na parte mais inferior de sua barriga. Desviou o olhar o mais rápido que pode. Embora o tamanho fosse mínimo, para ele parecia estar quase em evidência pela forma como ela amarrara seu robe na cintura. Não era nada como o vestido que havia usado na Catedral.
O pedido para que ela disfarçasse mais aquela barriga quando estivesse em casa também ficou entalado em sua garganta quando ela colocou a pasta sobre a bancada bem a frente dele.
- Eu não sei quais os planos que tem me passando isso, Draco, mas farei o que quer que eu faça. – ela deu o seu ultimato sobre o assunto em seu tom sem vida.
- O quão horrível é saber que está confiando em mim? – perguntou com aquele sorriso irritante quando voltou seu olhar para ela.
- Eu tenho motivos demais para me martirizar, ainda é confuso saber qual deles mais me atormenta. – ela respondeu embora soubesse que ele nada mais fazia do que implicar.
Draco franziu o cenho nada contente com aquela resposta. Não era o tipo de resposta que ela daria para uma implicância estúpida dele. Hermione nunca se rendia as ignorâncias que ele gostava de lançar no ar para ela. A segurou pelo pulso quando ela fez menção de tomar seu caminho. A puxou para si abrindo seu corpo para ela. Cercou sua cintura e fez com que seus rostos ficassem a centímetros de distância.
- Eu não sei qual tem sido o seu problema, Hermione, mas é melhor tratar de resolvê-lo. Isso tudo é um jogo muito perigoso e se escolher desistir de jogá-lo vão te carregar para o fundo do poço. – começou baixo porém firme o suficiente. - Malfoys nunca vão para o fundo do poço. – Sibilou. Sentiu o hálito dela bater contra ele. Estava gelado. Tinha aroma de baunilha. – Não tem mais amiguinhos babacas para amarrar o cadarço dos seus sapatos quando se sentir fraca demais para isso. Aprenda a sobreviver sozinha. Use o cérebro que tem. Conseguiu ser brilhante para me fazer demitir minha ex-secretária e ter minha torre toda para você, mas mandar Lovegood invadir meu escritório? Aquilo não foi nada inteligente! Não pode deixar que o seu miserável estado de espírito desligue o cérebro que tem! – estava começando a ter raiva do quanto queria devorá-la por inteiro. Seu cheiro, sua respiração, seus olhos e a boca. A boca! – Eu não te quero no fundo do poço, porque se for parar lá, eu também irei e se eu souber que fui para o fundo do poço por sua culpa, juro que saberá o que é ter um péssimo marido. – havia aprendido bem com seu pai.
- Não é como se você fosse um bom. – ele continuava com aquele maldito tom.
- Escute! – seus dentes cerraram e ele soltou o pulso dela para lhe segurar pela mandíbula. Conseguia ver cada detalhe de sua íris de tão próximo e céus, como ele queria aquela boca. – Considere o recesso que estou dando para a relação física que temos um ato de extrema compreensão do seu estado atual.
Ela se desvencilhou dos dedos dele.
- Não é como se eu não gozasse todas as vezes que me toca, Draco. – ela usou um tom ríspido – Sim eu odeio saber que me dá prazer, mas isso só faz você se sentir bem, não é? Saber que eu tenho que conviver com o peso de gostar do sexo que temos. – como se ele também não tivesse que carregar esse peso. - Você não me toca porque quer sempre fugir do estado em que eu me encontro. Não quer ver, não quer se lembrar, não quer tocar. – afastou desvencilhando-se dos braços dele. – Ao menos pode fugir disso. Queria eu ser você.
Ela deu as costas e saiu deixando aquele tom infernal ficar ecoando pelas paredes. Ele voltou-se para sua comida sentindo o desconforto das palavras dela. Maldita hora em que se vira encurralado para dizer a Voldemort que ela tomava poções. Se a loira lunática ao menos tivesse encontrado uma forma de ocupar os espaços vazios que deixava nas gavetas da enfermaria talvez ainda estivesse tentando enrolar com o caso do maldito herdeiro.
Lançou o pedaço de pão que estava a meio caminho de sua boca em uma tentativa frustrada de externar a raiva que seus pensamentos lhe provocavam. Puxou a pasta que mandara entregar para Hermione disfarçada de memorandos para o departamento de Theodoro. A abriu e viu a lista de agendamentos para saída do portão norte do dia de amanhã. Ela havia marcado dois nomes. Os dois primeiros e os dois que ela sabia pelos históricos que havia colocado a mão que eram os que deixavam Brampton Fort diariamente.
Fechou a pasta e a empurrou para longe. Girou a varinha e ela se consumiu em fogo até virar cinzas sobre a mesa. Tryn daria um jeito naquela bagunça assim que o sol aparecesse clareasse o dia. O que ele precisava era de Luna Lovegood de volta na Ordem carregando tudo que sabia que Hermione faria ela carregar para fora daquelas muralhas.
NA: Quase que esse capítulo não sai! Eu quase não tive tempo para escrevê-lo e parece que a cada dia que se passa o dia var encurtando as horas! Tenho tanta coisa pra fazer que a fic tem ficado bastante em segundo plano, por isso abro pra escrever nas madrugadas da vida aí com o cabelo parecendo um ninho de pomba bêbada, um copo de café preto puro, um par de olhos inchados fundo e preto e um sono do caralho. Por tanto me perdoem por todos os eventuais erros de spelling! Espero que isso tudo passe logo!
Com relação a esse capítulo, ele é bem importante para o enrredo todo. É agora que a gente começa a ver um pouco da confusão que a Hermione tem causado na vida dos Malfoy, Narcisa pode ser uma Malfoy, mas ela não nasceu uma e é incapaz de se manter neutra diante do que vê Hermione passar. E Draco também pode ser bastante o pai dele, mas a mãe teve o cuidado de dar a ele um pouco de coração humano e não que ele goste mesmo de Hermione ou esteja começando a gostar, mas eu vejo que ele está começando a perceber que a falta de um cérebro e uma beleza como a dela no mundo poderia ser um grande desperdício. Será que ele iria querer isso?
Vou responder os comentários no próximo capítulo embora tenha alguns que eu preciso MUITO responder, mas o grande problema é: Amanhã eu tenho que madrugar como sempre e já não dormi noite passada para finalizar o capítulo, portanto eu estou simplesmente O-CACO! Me perdoem mesmo, mas entre atrasar o capítulo e responder os comentários, eu escolhi postar logo. Desculpem :(
Me digam, vcs preferem capítulo ou a resposta dos comentários? Eu iria atrasar dois dia só. As vezes eu me sinto muito culpada por não poder responder porque na verdade os comentários são uma das coisas que me dá mais animo pra escrever.
Novos leitores: SEJAM MUITO BEM VINDOS E OBRIGADA PELOS COMENTÁRIOS DE INCENTIVO!
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CAPÍTULO NÃO REVISADO!
Comentários (15)
Fico triste por vc estar tão esgotada, se tivesse mais tempo, teriamos mais capitulos, e fico com raiva por isso também.Mas não é sua culpa, espero que descanse bastante....Quando a fic, está otima, a Luna demorará para chegar a ordem e deixar as pessoas saberem do que realmente está acontecendo? Curiosa.Bjs
2014-06-05Porque quando você coloca eles dois juntos, minha adrenalina vai a mil? Eu sei responder: porque esse dois juntos mesmo brigando são maravilhosos. Achei incrível o sonho e essa necessidade que o Draco está sentido dela me faz ter cada pensamento insanop que nem te conto. Amo sua fic e mesmo que tenha esquecido de avisar no Fandon vim correndo saber se já tinha postado, mas pela sua explicação imagino o porque. pARABÉNS PELO TRABLAHO. SUA ETERNA ADMIRADORA. desde que continue a escrever dramiones.
2014-06-05Por favor, por favor, não demora postar. Sei que vocÊ anda muito ocupada, eu tbm nem tenho tempo para as minhas fics (Abandonei-as por um tempo) por conta do meu estágio e das minhas graduações (Curso Direito e Letras), portanto, eu te entendo. Só que essa fic é uma das poucas que ainda me prendem ao universo das fanfics. Eu entro todo começo de mês no site, pois já percebi que é nesse período que vocÊ atualiza, e fico com o coração na mão quando não tem att. Por favor *Carinha de pidona* Bejos!
2014-06-05esse capitulo foi tipo demais serio,e eu prefiro que vc poste o capitulo do que responder os comentarios.Se eu tivesse uma lista das coisas para se fazer antes do fim do mundo concerteza terminar de ler essa fic estaria nela.
2014-06-04Estou adorando!! A fic é maravilhosa!! Só estou morrendo de pena da Mione, tadinha está sofrendo tanto.
2014-06-04