A final do campeonato de quadr




E para assombro da turma, Hermione se dirigiu ao alçapão, abriu-o com um pontapé e desceu a escada, desaparecendo de vista.


– Hermione se revelando – disse Alice rindo. – Sabia que ela logo desistiria. Essa professora é ridícula.


Todos riram e concordaram. 
Levou alguns minutos para todos se aquietarem outra vez. A professora parecia ter se esquecido completamente do Sinistro.
Deu as costas, bruscamente, à mesa de Harry e Rony, respirando forte e ajeitando o diáfano xale mais perto do corpo.
— Oooooh! — exclamou Lilá de repente, assustando todo mundo. — Ooooooh, Profª. Sibila, acabei de me lembrar! A senhora viu a Hermione nos deixando, não foi? Não foi, professora? Na altura da Páscoa, alguém aqui vai deixar o nosso convívio para sempre! A senhora disse isso há um tempão, professora!
Sibila sorriu suavemente.
— É verdade, minha querida, eu sabia que a Srta. Granger iria nos deixar. Esperemos, no entanto, que tenhamos nos enganado com os sinais... A visão interior pode ser um fardo, sabem...


– Ah. Lá vem ela de novo com esse papo de visão interior. – disse Lily revoltada jogando as mãos para o alto.


Assim como Hermione, Lily detestava adivinhação, não só por ser um ramo muito inexato da magia, mas também por que para ela não se pode adivinhar realmente o futuro, afinal ele é feito das escolas das pessoas e não simplesmente de uma visão.



Lilá e Parvati pareceram profundamente interessadas e trocaram de lugar para que a professora pudesse parar à mesa delas.
— Um dia Hermione vai capotar, hein? — murmurou Rony para Harry, fazendo cara de espanto.
— É...
Harry examinou mais uma vez a bola de cristal, mas não viu nada além de uma névoa espiralada. Será que a professora vira, de fato, o Sinistro novamente?
Será que ele, Harry, veria? A última coisa de que precisava era outro acidente quase fatal, com a final de Quadribol cada dia mais próxima.


A menção da palavra ‘Quadribol’ todos olharam para James e Sirius que estavam sorrindo feito idiotas. Não só pelo fato de Quadribol ser o melhor esporte do mundo, mas também por que sabiam que assim como eles, Harry era um excelente jogador e mais uma vez ajudaria a grifinória a ganhar a taça da Casa.



As férias da Páscoa não foram exatamente relaxantes. Os alunos do terceiro ano nunca tinham recebido tantos deveres para casa.
Neville Longbottom parecia às vésperas de um colapso nervoso, e não era o único.


– Tadinho do meu filho. – disse Alice e todos sorriram, ela ia ser a mãe mais babona do mundo.



— Chamam a isso de férias! — bradou Simas Finnigan certa tarde na sala comunal. — Ainda faltam séculos para os exames, qual é a deles!


– Ah eu concordo, acho que deveriam passar deveres somente quando estivéssemos a mais ou menos um mês dos exames. – disse Sirius com cara de sabe-tudo.


Todos resolveram ignorar, afinal. Concordar com loucos só aumenta a loucura, é o que dizem.



Mas ninguém tinha tanto a fazer quanto Hermione. Mesmo sem Adivinhação, ela estava estudando mais matérias do que todos os outros.
Em geral era a última a deixar a sala comunal à noite, a primeira a chegar na biblioteca na manhã seguinte; tinha olheiras iguais as de Lupin e parecia estar constantemente prestes a cair no choro.
Rony assumira a responsabilidade pelo recurso de Bicuço. Quando não estava cuidando dos próprios deveres, estava examinando volumes grossíssimos com títulos do tipo ‘O Manual da Psicologia do Hipogrifo’ e ‘Ave ou Vilão? Um Estudo Sobre a Brutalidade do Hipogrifo.’ Ficou tão absorto que até se esqueceu de ser antipático com o Bichento.
Entrementes, Harry teve que encaixar os deveres entre os treinos diários de Quadribol, para não falar das intermináveis discussões de táticas com Olívio.
A partida Grifinória x Sonserina fora marcada para o primeiro sábado depois das férias da Páscoa. Sonserina liderava o campeonato por exatos duzentos pontos. Isto significava (conforme Olívio não parava de lembrar ao seu time) que eles precisavam vencer a partida por um número de pontos superior a duzentos para ganhar a Taça.


– Nessa situação o Harry teria que apanhar o pomo somente quando a Grifinória estivesse com cinquenta pontos ou mais, porque eles ganhariam a partida, mas perderiam a taça. – disse James com os olhos brilhando.



Significava, ainda, que a responsabilidade de vencer cabia em grande parte a Harry, porque capturar o pomo valia cento e cinquenta pontos.
— Por isso você deve capturar o pomo somente quando obtivermos uma vantagem de mais de cinquenta pontos — dizia Olívio a Harry constantemente. — Só se tivermos mais de cinquenta pontos Harry, senão ganhamos a partida mas perdemos a taça. Você entendeu bem? Você só pode apanhar o pomo se tivermos...
— JÁ SEI, OLÍVIO! — berrou Harry.
Toda a Grifinória estava obcecada com a próxima partida. A casa não ganhava a Taça de Quadribol desde que o lendário Carlinhos Weasley (o segundo irmão mais velho de Rony) jogara como apanhador. Mas Harry duvidava se alguém no mundo, mesmo Olívio, queria essa vitória tanto quanto ele. A inimizade entre Harry e Malfoy atingira o auge. Malfoy ainda sofria com o incidente da pelota de lama em Hogsmeade e ficara ainda mais furioso que Harry tivesse conseguido escapar do castigo.


– CHUPA MALFOY DE MERDA!!!! – gritou Sirius


– NA TUA CARA BABACA! – James


– RECALCADO!!!


Para a surpresa de todos quem gritou essa última foi Lily.


Marlene para descontrair ainda mais o momento colocou a mão sobre a testa de Lily como se estivesse medindo sua temperatura, fazendo todos rirem.



Harry, por sua vez, não se esquecia da tentativa de Malfoy de sabotá-lo durante o jogo contra Corvinal, mas foi o caso de Bicuço que o deixou ainda mais decidido a vencer Malfoy diante da escola inteira.
Nunca, na lembrança de ninguém, uma partida se aproximara com uma atmosfera tão carregada. Quando as férias terminaram, a tensão entre os dois times e suas casas estava a ponto de explodir. Pequenas brigas irrompiam nos corredores, que culminaram em um incidente perverso, no qual um quartanista da Grifinória e um sextanista da Sonserina acabaram na ala hospitalar, com alhos porós brotando dos ouvidos.


– Ah, mas que nojo. – disse Alice. – Odeio alho. 
Harry, pessoalmente, estava passando um mau pedaço. Não podia ir e vir sem que os alunos da Sonserina esticassem as pernas tentando fazê-lo tropeçar; Crabbe e Goyle não paravam de aparecer onde quer que ele estivesse e se afastar desapontados quando o viam cercado de colegas. Olívio dera instruções para que Harry estivesse sempre acompanhado em todo lugar, para a eventualidade de algum aluno da Sonserina querer inutilizá-lo para o jogo.


– Filhos da Puta, desonestos, idiotas, medíocres, recalcados. Depois vem e dizem que são melhores. Só conseguem ganhar jogando sujo e tirando os jogadores adversários do jogo. – murmurou Sirius. Ele estava se irritando cada vez mais com os sonserinos, e pensar que poderia ter ido parar naquela casa nojenta o fazia arrepiar.


Toda a Grifinória assumiu o desafio com entusiasmo, tornando impossível Harry chegar às aulas na hora certa, porque andava rodeado por uma aglomeração de colegas barulhentos. Mas o garoto se preocupava mais com a segurança da Firebolt do que com a própria. Quando não estava voando, ele trancava a vassoura no malão e muitas vezes dava uma corrida à Torre da Grifinória, nos intervalos das aulas, para verificar se ela continuava lá.


 Eu faria isso também, não se pode arriscar, com todos esses sonserinos andando por ai. – disse Frank . – Sem ofensas a você é claro. – disse diretamente para Snape que somente deu de ombros e assentiu.



Todas as atividades normais na sala comunal foram abandonadas na véspera do jogo. Até Hermione pusera os livros de lado.
— Não consigo estudar, não consigo me concentrar — comentou ela, nervosa.
Havia uma grande algazarra. Fred e Jorge Weasley enfrentavam a pressão agindo com mais barulho e exuberância que nunca. Olívio estava a um canto debruçado sobre a maquete de um campo de Quadribol, empurrando bonequinhos com a varinha e resmungando. Angelina, Alicia e Katie riam das piadas de Fred e Jorge. Harry se sentara com Rony e Hermione afastadoa do centro das atividades, procurando não pensar no dia seguinte, porque toda vez que o fazia, tinha a terrível sensação de que alguma coisa enorme estava tentando voltar do seu estômago.
— Você vai se sair bem — disse Hermione a ele, embora parecesse decididamente aterrorizada.
— Você tem uma Firebolt! — animou-o Rony.
— É... — respondeu Harry, o estômago se revirando.


– Tadinho, eu também fiquei nervoso em uma final uma vez. – disse James com cara de pensativo. – Qual foi almofadinhas?


– Foi uma contra a Sonserina que você sonhou que a gente iria perder e ficou que nem um viadinho andando pra lá e pra cá dizendo que se perdesse aquele jogo iria se matar. – todos riram. – O que foi que ele disse Remo?


– Ah eu achoq eu foi: “Digam para a Lily que o meu amor por ela sempre foi verdadeiro, e que eu espero que em uma outra vida possamos ir á Hogsmeade jutos” – disse remo colocando a mão na testa teatralmente e se jogando no chão.


A essa altura todos, menos Snape que se limitou apenas a um sorriso de canto, estavam com as barrigas doendo de tanto que estavam rindo.



Foi um alívio quando Wood se levantou e gritou:
— Time! Cama!
Harry dormiu mal. Primeiro, sonhou que perdera a hora e que Hood gritava "Onde é que você se meteu? Tivemos que chamar Neville para substituí-lo!". Depois sonhou que Malfoy e o resto do time da Sonserina chegavam para a partida montados em dragões. Harry voava a uma velocidade vertiginosa, tentando evitar o jorro de chamas que saía da boca da montaria de Malfoy, quando percebeu que esquecera sua vassoura. Começou, então, a cair pelo ar e acordou assustado.
Levou alguns segundos para se lembrar que a partida ainda não se realizara, que estava seguro em sua cama, e que, decididamente, o time da Sonserina não teria permissão para jogar montado em dragões. Sentiu uma sede enorme. O mais silenciosamente que pôde, levantou-se da cama de colunas e foi se servir de água de uma jarra de prata sob a janela.
Não havia movimento nem som nos jardins. Nenhum sopro de vento perturbava as copas das árvores na Floresta Proibida; o Salgueiro Lutador estava imóvel e transpirava inocência. Parecia que as condições para a partida seriam perfeitas.
Harry pousou o copo e já ia voltar para a cama quando alguma coisa prendeu sua atenção. Havia um animal rondando o gramado prateado.
Harry correu à sua mesa-de-cabeceira, apanhou os óculos, colocou-os, e voltou depressa à janela. Não podia ser o Sinistro — não agora — não na véspera da partida...
Ele tornou a espiar os jardins e, depois de uma busca ansiosa, localizou-o. O animal ia contornando a orla da floresta agora...
Não era o Sinistro... Era um gato... Harry agarrou o peitoril da janela aliviado ao reconhecer aquele rabo de escovinha. Era só o Bichento...
Mas seria só o Bichento? Harry apurou a vista, esborrachando o nariz contra a vidraça. Bichento parecia ter parado. O menino teve certeza de que estava vendo outra coisa andando sob a sombra das árvores, também. Naquele momento, ele apareceu, um cão gigantesco, peludo e negro, que se movia sorrateiramente pelos gramados. Bichento caminhava ao seu lado. Harry arregalou os olhos. Que significaria isso? Se Bichento também via o cão, como é que ele podia ser um agouro da morte de Harry?


 Mas o que será que o bichento estaria fazendo com o Sinistro? – perguntou Frank.


– Não tenho mais tanta certeza se esse é o sinistro. – murmurou Sirius pra si mesmo.



— Rony! — sibilou Harry. — Rony acorda!
— Hum?
— Preciso que você me diga se vê uma coisa!
— Tá tudo escuro, Harry — murmurou o amigo com a voz empastada. — Do que é que você está falando?
— Ali embaixo...
Harry espiou depressa pela janela.
Bichento e o cão haviam desaparecido. Ele subiu, então, no peitoril para ver lá embaixo, nas sombras do castelo, mas os bichos não estavam mais lá. Aonde teriam ido?
Um forte ronco lhe informou que Rony tornara a cair no sono.
Harry e o resto do time da Grifinória entraram no Salão Principal, no dia seguinte, sob uma tempestade de aplausos. O garoto não pôde deixar de dar um grande sorriso quando viu que as mesas da Corvinal e Lufa-Lufa os aplaudiam também. A mesa da Sonserina vaiou alto quando eles passaram. Harry reparou que Malfoy parecia mais pálido do que de costume.
Olívio passou o café da manhã inteiro insistindo para que o time comesse, sem, contudo, se servir de nada. Depois apressou-os a se dirigirem ao campo antes que os outros tivessem terminado, para terem uma idéia das condições de jogo. Quando saíram do Salão Principal, receberam novos aplausos.
— Boa sorte, Harry! — gritou Cho. Harry sentiu o rosto corar.


– Ah, que bonitinho Lily, seu filho está apaixonado. – disse Alice e as duas começaram a cochichar coisas puxando Lene junto, mas ainda assim James continuou a ler.



— Ok... Não tem vento... O sol está meio forte, o que pode prejudicar a visão, tomem cuidado... O chão está bem firme, bom, isso vai nos dar um bom impulso inicial...


– Condições boas para um jogo de final. – comentou Sirius e todos os intendentes de Quadribol assentiram.



Olívio andou pelo campo examinando tudo, com o time atrás.
Finalmente, eles viram as portas do castelo se abrirem ao longe e o restante da escola se espalhar pelos gramados.
— Vestiário — disse Olívio tenso.
Ninguém falou enquanto se despiam e vestiam os uniformes vermelhos. Harry ficou imaginando se todos estariam se sentindo como ele: como se tivesse comido alguma coisa que se mexia demais dentro da barriga. Não parecia ter transcorrido mais que um segundo quando ele ouviu Olívio dizer:
— Ok, pessoal, vamos...
O time entrou em campo sob uma onda gigantesca de aplausos, Três quartos da torcida usavam rosetas vermelhas, agitavam bandeiras vermelhas com o leão da Grifinória ou faixas com palavras de ordem: "PRA FRENTE GRIFINÓRIA!" e "A COPA DOS LEÕES!”.
Atrás das balizas da Sonserina, porém, duzentos torcedores se cobriam de verde; a serpente prateada da casa brilhava em suas bandeiras e o Prof. Snape estava sentado na primeira fila, vestindo verde como os demais, exibindo um sorriso muito sinistro.


 Por que você estava sorrindo ranho...quer dizer Snape?- disse Sirius atrapalhando mais uma vez a leitura. Coisa que estava irritando a ruiva presente na sala.


– ELE NÃO VIVEU ISSO AINDA SIRIUS. SERÁ QUE DA PRA VOCÊ CALAR A BOCA SÓ POR MAIS UM SEGUNDO E ESCUTAR A LEITURA DO LIVRO? – gritou e ao não ouvir resposta do moreno, que estava com seus olhos incrivelmente azuis arregalados, voltou a se sentar e completou:


– Obrigada.



— E aí vem o time da Grifinória! — bradou Lino Jordan, que, como sempre, fazia a irradiação. — Potter, Bell, Johnson, Spinnet, Weasley, Weasley e Wood. Considerado por todos o melhor time que Hogwarts já viu em muitos anos...
Os comentários de Lino foram abafados por uma onda de vaias da torcida da Sonserina.
— E aí vem o time da Sonserina, liderado pelo capitão Flint. Ele fez algumas alterações no esquema tático e parece ter preferido o peso à qualidade...
Mais vaias da torcida da Sonserina. Harry, porém, achou que Lino tinha razão. Malfoy era, sem discussão, o menor jogador do time; todos os outros eram enormes.
— Capitães, apertem-se as mãos! — disse Madame Hooch.
Flint e Wood se aproximaram e apertaram as mãos com força; davam a impressão de que estavam querendo quebrar os dedos um do outro.
— Montem nas vassouras! — disse Madame Hooch. — Três... Dois... Um...


James estava praticamente quicando na cadeira de tanta ansiedade. Começou a ler o jogo com uma voz animada que poucos já havia escutado antes.



O som do seu apito se perdeu no estrondo das torcidas na hora em que as catorze vassouras levantaram voo. Harry sentiu os cabelos voarem para longe da testa; seu nervosismo o abandonou na excitação do vôo; olhou para os lados e viu Malfoy na sua esteira e aumentou a velocidade para ir à procura do pomo.
— E Grifinória com a posse da bola, Alicia Spinnet da Grifinória com a goles, voando direto para as balizas da Sonserina, em boa forma, Alicia! Arre, não, a goles foi interceptada por Warrington. Warrington da Sonserina partindo em velocidade pelo campo.
PAM! 
— Uma boa rebatida de um balaço por Jorge Weasley, Warrington deixa cair a goles, que é apanhada por... Johnson, Grifinória com a posse da bola outra vez, aí Angelina, bom desvio de Montague. Se abaixa Angelina, aí vem um balaço! ELA MARCA! DEZ A ZERO PARA GRIFINÓRIA!


– AEEEE. UHUL, VÁI GRIFINÓRIA. – gritou James


– CHUPEM COBRINHAS. – esse foi o Remo.


Sirius estava quieto, olhava para Lily com a pergunta no olhar e ela simplesmente disse:


– Vai Sirius, comemora. – Ele sorriu e começou a gritar.


– VAI GRIFINÓRIA. CHUPA SEUS LIXO, A GRIFINÓRIA VAI GANHAR SEUS TROXAS... – a comemoração do moreno continuou por mais uns cinco minutos, enquanto todos estavam com uma pokerface, até ele se acalmar.



Angelina deu um soco no ar ao sobrevoar o extremo do campo; o mar vermelho nas arquibancadas berrou de felicidade...
OUCH!
Angelina quase foi derrubada da vassoura por Marcos Flint ao colidir em cheio com ela.
— Desculpe! — disse Flint enquanto os torcedores lá embaixo vaiavam. — Me desculpe não vi a jogadora!
Não demorou muito, Fred Weasley atirou o bastão contra a cabeça de Flint, cujo nariz bateu com força no cabo da vassoura e começou a sangrar.
— Chega! — gritou Madame Hooch, mergulhando entre os dois. — Pênalti contra Grifinória pelo ataque gratuito ao artilheiro do seu adversário! Pênalti contra Sonserina por prejuízo intencional ao artilheiro do seu adversário!
— Ah nem vem! — berrou Fred, mas Madame Hooch apitou e Alicia se adiantou para cobrar o pênalti.
— Aí, Alicia! — gritou Lino no silêncio que se abatera sobre as arquibancadas. — SIM, SENHORES! ELA FUROU O GOLEIRO! VINTE A ZERO PARA GRIFINÓRIA!”


Os mesmos comentários que os anteriores e até outros mais inapropriados foram feitos. Sirius conjurou umas bandeirinhas da Grifinória e ficava balançando-as de um lado para o outro igual a um retardado mental. Mas mesmo assim os outros decidiram fazer igual e conjuraram suas bandeirinhas.


James teve que continuar a ler, e não podia fazer isso com a bandeira na mão então pediu para o único que não tinha uma bandeira segurá-la.


– Vai Snape segura ai cara.


– Não obrigado.


– Ah é só segurar, não precisa balançar ela.


Snape pegou a bandeira com uma cara de profundo nojo. E enquanto James voltava a ler, segurou-a o mais longe possível dele mesmo.



Harry deu uma guinada na Firebolt para ver Flint, ainda sangrando à beça, voar para cobrar o pênalti contra Sonserina. Olívio sobrevoava as balizas de Grifinória, os maxilares contraídos.
— É claro que Wood é um esplêndido goleiro! — comentou Lino Jordan para os ouvintes enquanto Flint aguardava o apito de Madame Hooch. Esplêndido! Difícil de vazar — muito difícil mesmo — SIM SENHORES! EU NÃO ACREDITO! ELE AGARROU A BOLA!”
Aliviado, Harry se afastou velozmente, espiando para todos os lados à procura do pomo, mas sem perder nenhuma palavra dos comentários de Lino. Era fundamental para ele manter Malfoy afastado do pomo até Grifinória atingir cinquenta pontos de vantagem.
— Grifinória com a posse, não, Sonserina com a posse, não! Grifinória retoma a posse e é Katie Bell, Katie Bell de Grifinória com a goles, a jogadora corta o campo
— FOI INTENCIONAL!
Montague, um artilheiro de Sonserina, cortou a frente de Katie e em vez de agarrar a goles, agarrou a cabeça da jogadora. Katie deu uma cambalhota no ar, conseguiu continuar montada, mas deixou cair a goles.
O apito de Madame Hooch soou mais uma vez ao sobrevoar Montague e começar a gritar com ele. Um minuto depois, Katie tinha marcado mais um pênalti contra a defesa da Sonserina.


 Filho da Puta. – murmurou James dando uma pausa na leitura. Depois de respirar bem fundo voltou a ler:



— TRINTA A ZERO! TOMA, SEU SUJO, SEU COVARDE...
— Jordan, se você não consegue irradiar imparcialmente...
— Estou irradiando o que acontece, professora!
Harry sentiu um grande tremor de excitação. Acabara de ver o pomo, refulgia ao pé de uma das balizas da Grifinória, mas ele não devia apanhá-lo por ora e se Malfoy o visse...
Fingindo uma expressão de súbita concentração, Harry deu meia-volta na Firebolt e correu em direção ao campo da Sonserina, a manobra funcionou. Malfoy saiu a toda velocidade atrás dele, pensando evidentemente que Harry vira o pomo lá...
CHISPA.
Um dos balaços passou voando pela orelha direita de Harry, arremessado pelo gigantesco batedor da Sonserina, Derrick. Então, novamente...
CHISPA.
O segundo balaço roçou pelo cotovelo de Harry. O outro batedor, Bole, vinha se aproximando.
Harry teve um vislumbre fugaz de Bole e Derrick voando em sua direção, com os bastões erguidos...


 Ah meu Merlin. – gritou Lily segurando a mão da Alice com toda a sua força.



Virou a Firebolt para o alto no último segundo e os dois batedores colidiram com um baque de provocar náuseas.


– HEHEHEHEHEHEHEHEHEHE – Sirius começou a rir igual a um retardado, ou talvez a risada possa ser comparada a risada do bob esponja. – Esse dai é dos meus. Que lindo meu afilhado. – sorriu.



— Há! Há! Há! — bradou Lino Jordan quando os batedores da Sonserina se separaram, levando as mãos à cabeça.
— Mau jeito, rapazes! Vão ter que acordar mais cedo para vencer uma Firebolt! E Grifinória fica com a posse da bola mais uma vez, quando Johnson toma a goles, Flint emparelhado com ela, mete o dedo no olho dele, Angelina! — foi só uma brincadeira, professora, só uma brincadeira ah não — Flint toma a bola, Flint voa para as balizas de Grifinória, agora é com você Wood, agarra...
Mas Flint marcou; houve uma erupção de vivas do lado de Sonserina e Lino xingou tanto que a Prof.ª Minerva McGonagall tentou arrancar o megafone mágico das mãos dele.
— Desculpe professora, desculpe! Não vai acontecer de novo!
— Então, Grifinória está à frente, trinta a dez, e Grifinória tem a posse...
O jogo estava deteriorando no mais sujo de que Harry já participara. Enraivecidos porque Grifinória tomara a dianteira desde o inicio, os adversários estavam rapidamente recorrendo a todos os meios para roubar a goles. Bole atingiu Alicia com o bastão e tentou alegar que pensara que era um balaço. Jorge Weasley foi à forra dando uma cotovelada na cara de Bole. Madame Hooch puniu os dois times e Wood fez mais uma defesa espetacular, elevando o placar para quarenta a dez para Grifinória.
O pomo tornara a desaparecer. Malfoy continuou a acompanhar Harry de perto quando o garoto sobrevoou o campo, procurando, agora, o pomo, “quando Grifinória estiver cinquenta pontos à frente...”
Katie marcou. Cinquenta a dez. Fred e Jorge Weasley mergulharam cercando a garota, os bastões erguidos, caso os jogadores da Sonserina pensassem em se vingar.


Com a tensão do jogo ninguém se atrevia nem a respirar um pouco mais alto, exceto Sirius que fazia comentários sem sentido de vez em quando.



Bole e Derrick aproveitaram a ausência de Fred e Jorge para arremessar os dois balaços em Wood; eles o atingiram no estômago, um após o outro, e o goleiro virou de cabeça para baixo no ar, agarrando-se à vassoura, completamente sem ar.
Madame Hooch ficou fora de si.
— Não se ataca o goleiro a não ser que a goles esteja na área. — gritou ela para Bole e Derrick. — Pênalti a favor da Grifinória!
— Angelina marcou. Sessenta a dez.
Instantes depois Fred Weasley arremessou um balaço contra Warrington, derrubando a goles de suas mãos;
Alicia apanhou a bola e enterrou-a no gol da Sonserina.
— Setenta a dez.
A torcida da Grifinória lá embaixo estava rouca de tanto gritar, a casa passara sessenta pontos à frente e se Harry apanhasse o pomo naquele momento, a Taça seria dela. O garoto chegava quase a sentir as centenas de olhos acompanhando-o enquanto sobrevoava o campo, muito acima das equipes, com Malfoy correndo atrás dele. Então Harry o viu. O pomo estava brilhando seis metros acima dele.
O garoto imprimiu maior velocidade à vassoura; o vento rugiu em seus ouvidos; ele estendeu a mão, mas, de repente, a Firebolt começou a desacelerar...
Horrorizado, ele olhou para os lados. Malfoy se atirara para frente, agarrara a cauda da Firebolt e procurava atrasá-la.


 SEU FILHO DE UMA.. – começou Sirius, mas ai viu o olhar mortal de Lene e completou – MULHER QUE VENDE SEU CORPO HONESTAMENTE PARA HOMENS ESTRANHOS NA ESQUINA.
— Seu...
Harry se enfureceu o suficiente para bater em Malfoy, mas não conseguiu alcançá-lo. Malfoy ofegava com o esforço de segurar a Firebolt, porém seus olhos brilhavam de malícia. Conseguira o seu intento, o pomo tornara a desaparecer.
— Pênalti! Pênalti a favor da Grifinória! Nunca vi uma tática igual! — Madame Hooch guinchava, enquanto velozmente se dirigia até o ponto em que Malfoy deslizava de volta à sua Nimbus 2001.
— SEU SAFADO NOJENTO! — urrava Lino Jordan no megafone, saltando fora do alcance da Prof.ª McGonagall. — SEU SAFADO NOJENTO, FILHO...
A professora nem se deu o trabalho de ralhar com Lino. Na verdade ela sacudia o dedo na direção de Malfoy, seu chapéu caíra da cabeça, e ela também berrava furiosamente.
Alicia cobrou o pênalti para Grifinória, mas estava tão zangada que errou por mais de meio metro, O time da Grifinória começou a perder a concentração e os jogadores da Sonserina, encantados com a falta de Malfoy em cima de Harry, se sentiam estimulados a tentar voos mais altos.
— Sonserina com a posse, Sonserina corre para o gol... Montague marca. — gemeu Lino. — Setenta a vinte para Grifinória...
Harry agora estava marcando Malfoy tão de perto que os joelhos dos dois se batiam o tempo todo. Harry não ia deixar Malfoy sequer se aproximar do pomo...
— Sai da frente, Potter! — gritou Malfoy, frustrado, ao tentar se virar e deparar com Harry no bloqueio.
— Angelina Johnson pega a goles para Grifinória, aí Angelina, VAI, VAI!
Harry olhou para os lados. Todos os jogadores da Sonserina, a exceção de Malfoy, estavam correndo pelo campo em direção a Angelina, inclusive o goleiro do time, todos iam bloqueá-la...


 Merda, merda, merda. Isso vai dar merda. ALGUÉM TEM QUE FAZER ALGUMA COISA. – berrou Remo que até agora havia se mantido quieto na leitura.



Harry deu meia-volta na Firebolt, curvou-se até deitar o corpo sobre seu cabo, e impeliu-a para frente. Como uma bala, ele se precipitou em alta velocidade contra os jogadores da Sonserina.
— AAAAAAAAIIIIIIIII!
Os jogadores se dispersaram quando viram a Firebolt vindo; o caminho de Angelina ficou desimpedido.
— ELA MARCOU! ELA MARCOU! Grifinória lidera por oitenta a vinte!
Harry, que quase mergulhara de cabeça nas arquibancadas, parou derrapando no ar, inverteu a direção da vassoura e voltou a toda para o meio do campo.
E então ele viu uma coisa que fez o seu coração parar.
Malfoy estava mergulhando, uma expressão de triunfo no rosto, lá a menos de um metro acima do gramado, lá embaixo, havia um minúsculo reflexo dourado.
Harry apontou a Firebolt para baixo, mas Malfoy estava quilômetros à sua frente.
— Vai! Vai! Vai! — Harry dizia à vassoura. A distância que o separava de Malfoy foi diminuindo. Harry deitou-se no cabo da vassoura quando viu Bole arremessar um balaço contra ele, já encostara nos calcanhares de Malfoy, emparelhou...
Harry se atirou à frente, tirou as mãos da vassoura.
Afastou o braço de Malfoy do caminho com um empurrão e...
— PEGOU!


 GRAÇAS A MERLIN. OBRIGADO SENHOR POR OUVIR A MINHA PRECE. – gritaram Sirius e Remo ao mesmo tempo se ajoelhando no chão com os braços para o alto, fazendo todos rirem.



Tirou, então, a vassoura do mergulho, a mão no ar, e o estádio explodiu. Harry sobrevoou as arquibancadas, um zumbido estranho nos ouvidos. A bolinha de ouro estava bem segura em sua mão, batendo inutilmente as asinhas contra seus dedos.
No momento seguinte, Wood veio voando ao seu encontro, quase cego pelas lágrimas; agarrou Harry pelo pescoço e soluçou sem se conter no ombro do garoto. Harry sentiu dois grandes trancos quando Fred e Jorge colidiram com eles; depois as vozes de Alicia e Katie:
— Ganhamos a Taça! Ganhamos a Taça!
Embotados num abraço de muitos braços, o time da Grifinória foi descendo, berrando roucamente, de volta ao chão.


 Que orgulho do meu filhão, - disse James limpando uma lágrima do rosto e se jogando nos braços de Lily em um abraço apertado. A garota não soube o que fazer, mas decidiu retribuir quando escutou ele soluçando.


Frank olhou em volta e pode perceber que Remo e Sirius tinham os olhos lacrimejados também e Snape não se conteve


– Tudo isso pra que? Ele ganhou, pra que ficar chorando? Continua a ler isso ai.



Onda sobre onda de torcedores vermelhos saltou as barreiras do campo. Choveram mãos nas costas dos jogadores. Harry teve uma impressão confusa de ruído e corpos que o empurravam.
Então ele e o resto do time foram erguidos nos ombros dos torcedores. Empurrado para a luz, ele viu Hagrid, emplastrado de rosas vermelhas...
— Você os derrotou, Harry, você os derrotou! Espere até eu contar a Bicuço!
Lá estava Percy, pulando que nem maluco, toda a dignidade esquecida. A Profª. Minerva soluçava mais até que Wood, enxugando os olhos com uma enorme bandeira da Grifinória; e lá, lutando para chegar a Harry, vinham Rony e Hermione.
Faltaram palavras aos amigos. Simplesmente sorriram radiantes ao ver Harry ser carregado para a arquibancada onde Dumbledore aguardava de pé com a enorme Taça de Quadribol.
Se ao menos tivesse havido um dementador por ali... Quando um Wood, soluçante, passou a Taça a Harry e este a ergueu no ar, o garoto sentiu que seria capaz de produzir o melhor Patrono do mundo.


– Que fofo. – comentou Alice.


– Quem quer ler agora? – perguntou James olhando ao redor.


– Eu. – Remo pegou o livro.


 


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