Distância

FINALMENTE CAPÍTULO NOVO GENTE !!!!!





CAP. VIII - Distância






                Acordei com o sol batendo em meu rosto, tínhamos esquecido de fechar a cortina. Olhei para o lado e Hermione dormia tranquilamente. Tive pena de acordá-la, ela parecia estar tão descansada, mas eu ainda estava com um pouco de vergonha dos pais dela, por isso passei a mão nos seus cabelos, e ela abriu os olhos.

- Bom dia. – Eu sorri.

- Bom dia Ron. – Ela sorriu de volta. – Que vergonha, você me vendo de cara amassada e toda descabelada. – Ela riu.

- Continua linda na minha opinião.

- E eu acho que você está mentindo. – Ela riu e se sentou na cama.- Será que meus pais vieram aqui?

- Bom, julgando por esse bilhete na cômoda acho que sim. – Eu apontei para um papel ao lado da cama. Hermione o pegou e leu e voz alta.

- “Querida, eu e seu pai fomos dar uma volta no parque e iremos almoçar fora. Ficamos com pena de acordá-los, vocês estavam dormindo tão lindos... O café está na mesa, e deixamos dinheiro em cima da estante, se precisar... Aproveite o domingo. Beijos, mamãe e papai.”

- Bom, acho então que eles não acharam ruim termos dormido juntos. – Eu falei.

- Eles sabem que não fizemos nada. – Hermione riu. – Não se preocupe. Vem, vamos tomar café.

                Levantamos e fomos até a sala de estar. A mesa estava totalmente arrumada para o café da manhã, e segundo Hermione, raramente isso acontecia.

- Com certeza meus pais estão tendo um ótimo dia, graças a você. – Ela sorriu enquanto nos servíamos.

- Não fiz nada de mais... Apenas falei o que eu pensava toda vez que você reclamava da briga deles.

- Eu acho que agora eles param com isso.

 Continuamos conversando sobre várias coisas. Apesar de minha família ser grande e durante o café todos falarem ao mesmo tempo, era bom conversar com Hermione durante o café, e eu queria que isso acontecesse mais vezes.

 

 

                                                                      **

 

                 

                O domingo foi bastante animado. Depois de tomarmos o café da manhã, nós fomos até a casa da Luna e fizemos uma sessão cinema, junto com Neville (namorado de Luna), Gina, Harry. Foi divertido, mas notei que Rony não se aproximou de mim durante a tarde inteira. Seja um abraço, ou segurando minha mão... No início achei normal, aliás, nenhum de nós dois tinha certeza se éramos amigos, namorados ou apenas ficantes, mas depois que fomos embora, ele apenas acenou com a mão dizendo um rápido “Até logo”. Como Gina era minha melhor amiga, contei para ela tudo o que aconteceu.

- Rony é meio estranho assim mesmo Hermione... Não deve ser nada de mais.

- Não sei Gina... É estranho até demais. Até entenderia ele não querer demonstrar perto de vocês, mas ele nem ao menos olhou para mim.

- É eu notei mesmo que ele estava estranho. Pensei até que tivessem brigado.

- Ai Gina, não sei o que eu faço...

- Não se preocupe Mione. Vou tentar descobrir alguma coisa.

- Obrigada Gina. – Eu a abracei e então nos despedimos.

 

 

 

                                                                       **

 

 

                 Eu não sei o que estava acontecendo comigo. Eu estava parecendo um bobo perto de Hermione. Não conseguia nem olhar para ela direito. Ela deveria estar pensando que eu era um bobão, que falei aquilo tudo só porque estava com pena dela. Mas tudo o que eu disse era verdade, eu estava louco por ela... Mas não conseguia demonstrar isso.

- Rony, posso entrar? – Era Gina.

- Sim.

- Então... Está acontecendo alguma coisa? – Ela se sentou na minha cama.

- Por que estaria? – Comecei a me exercitar.

- Não sei... Você quase não conversou com Hermione hoje.

- Eu não tinha nada para falar ué.

- Rony, sério... Tá acontecendo alguma coisa?
- Gina não está acontecendo nada. Agora por favor, da licença que eu quero malhar em paz. – Falei nervoso e então ela se levantou e parou na minha frente.

- Hermione não é como as garotas do colégio que você pega e depois enjoa. Ela é decente e meiga, pense muito bem antes de magoá-la como você esta fazendo agora. Se tiver certeza de que vai magoar ela, é melhor nem continuar com isso. Ela irá sofrer menos. – Antes que eu a respondesse ela se virou e bateu a porta do meu quarto. Larguei o peso no chão e deitei na cama. Ela tinha razão... Eu não estava acostumado com namoros sérios, carinhos, presentes e romantismos, e com certeza Hermione queria um homem assim... Eu iria fazê-la sofrer, não poderia deixar isso acontecer.

 

 

 

                                                                       **

 

                Acordei na segunda sem ânimo algum para ir para o colégio. Rony não me ligou no domingo, e Gina disse que ele mal saiu do quarto. Alguma coisa estava acontecendo, e eu não sabia o que. Saí sem o café da manhã, e despedi dos meus pais (que estavam muito bem desde sábado). Encontrei com Gina na rua e ela me disse que Rony já tinha ido para o colégio. Tentei não demonstrar minha decepção, mas acho que não foi possível. Eu e Gina ficamos caladas durante todo o percurso até a escola. Assim que chegamos Gina me convenceu a nos sentarmos com a turma de Rony, e ele não me olhou nem para dizer “bom dia”. O estranho era que com os outros ele conversava normalmente, fazia brincadeiras, ria, e comigo nada. Será que ele não tinha gostado do beijo? Será que eu beijo tão mal assim?

                Lilá chegou e se sentou ao lado dele, e por incrível que pareça ele a tratou super bem. Ele a abraçava, ria de suas piadas sem graça que nem Harry entendia, mas uma coisa era estranho: Ele não olhava nos olhos dela. Reparei isso enquanto eles conversavam, ele apenas olhava para o chão ou para o lado, e eu não entendi o por que.

- Gina, vou até o banheiro. – Cochichei para Gina e ela afirmou com a cabeça, notando que eu estava desconfortável diante daquela situação. No banheiro eu respirei fundo e contei até dez. Não poderia chorar e nem parecer fraca, o que ele ia pensar de mim? Afinal, foi apenas um beijo... Tá certo que ele praticamente se declarou para mim, mas ele não disse que me amava, e também não disse que queria me namorar. Talvez ele só gostasse de mim algumas vezes, ou então disse aquilo por pena. Será que Ronald Weasley era capaz disso? Mas é claro que era. Acabei ficando com raiva dele, e então saí do banheiro, pronta para encará-lo, quando...

- Ai. –... Eu trombei com alguém.

- Por que tem que sair do banheiro nessa pressa? – Ele perguntou bravo.

- Eu não sabia que tinha uma placa “pare” aqui. – Retruquei.

- Acordou de mau humor hoje?

- Não Ronald, não acordei de mal humor.

- Então por que está me tratando assim?

- Assim como Ronald?

- Por que tá me chamando de Ronald?

- Esse é o seu nome não é? – Me recusei a olhar para ele. Por sorte o sinal tocou e eu saí, sem dizer nada.

 

 

                                                                       **

 

 

                Não a culpei por me tratar daquele jeito. Eu mal olhei para ela durante o dia inteiro, e ainda por cima estava dando atenção para Lilá. Isso ia contra todos os meus princípios, mas era necessário se eu não quisesse vê-la sofrer. Na sala de aula eu a observei o tempo inteiro. Eu me sentava no fundo da sala e ela na frente, por isso não percebia meus olhares. Percebi que ela e Vítor trocaram bilhetinhos durante a aula, e eu não estava gostando nada disso. Eu estava tomando todo o cuidado para não magoá-la, mas parece que ela não se importava comigo. Foi aí que durante o ataque de raiva eu falei em alto e bom tom:

- Senhor, quero mudar de dupla. – A turma inteira me olhou, e o professor Snape ergueu as sobrancelhas.

- Fico admirado com o seu interesse na aula Weasley. Sabe que não estamos falando disso não é?

- Sim Senhor.

- E por qual motivo quer mudar de dupla?

- Apenas... Quero, se possível Senhor.

- Verei o que posso fazer. – Ele continuou sua aula e Hermione me olhou decepcionada. Fingi que não vi e continuei escrevendo a matéria no caderno (ou fingindo escrever).

               

                Depois de Snape falar quase a aula inteira finalmente o sinal bateu. Quando eu estava saindo, Hermione segurou meu braço.

- Posso falar com você? – Ela perguntou.

- Sim. – Falei friamente. – Mas não posso demorar muito, tenho treino.

- Será breve. – Ela respirou fundo. – O que está acontecendo?

- Como assim?

- Você tem me tratado estranho desde sábado... Vai me dizer por quê?

- Isso é impressão sua. – Eu ia sair quando mais uma vez ela segurou meu braço. Sem conseguir me conter olhei nos olhos dela, e senti vontade de abraçá-la.

- Não me trate assim Ronald. Se sábado não passou de uma simples diversão pra você, por favor... Diga... – Ela quase suplicava.

- Está bem... – Dessa vez eu não olhei em seus olhos. – Foi apenas uma diversão. Agora tenho que ir. – Eu me virei, e senti o seu suspiro. Antes que eu pudesse sair da sala ela disse em alto e bom tom:

- Eu te amo.

                Fiquei parado por alguns segundos, mas não disse nada. Apenas continuei andando e fui para o treino.

 

 

                                                                       **

 

 

 

                Eu me senti a pessoa mais idiota na face da terra. Por que eu disse aquilo? Talvez eu esperasse que ele dissesse o mesmo para mim, mas era óbvio que ele não me amava. Disse claramente que foi tudo uma diversão para ele, e depois daquela cena seria uma diversão maior ainda. Naquele instante ele devia estar rindo para os amigos e contando o que tinha acabado de acontecer. Me senti mais idiota ainda. Peguei o meu material e saí praticamente correndo. Encontrei com Gina no corredor e ela estava conversando com Harry, olhei rapidamente e Rony estava ao lado com a turma do futebol. Eles estavam rindo. Claro que era de mim. Abaixei a cabeça e andei mais rápido, as lágrimas já rolavam em meu rosto. Gina veio atrás de mim, mas eu não queria conversar. Só queria chegar em casa e não sair de lá tão cedo.

 

 

 

 

                Não sei o que se passou em minha cabeça quando vi Hermione daquele jeito. Só sei que meu coração ficou despedaçado, como se alguém tivesse arrancado ele de mim e cortado ele em mil pedaços. Eu não deveria ter ficado calado quando ela disse que me amava. Na verdade, minha vontade era de abraçá-la forte e nunca mais soltá-la... Mas eu não conseguiria fazer isso. Minha mente estava a mil, eu não sabia mais o que eu sentia ou não, e o melhor a se fazer é deixá-la longe disso por enquanto... Não queria magoá-la mais do que ela estava magoada.

- Ai Dino, essa piada foi foda cara. – Harry se recuperava do riso.

- É foi mesmo. – Eu disse. – Ficamos meia hora rindo.

- Verdade. – Harry concordou. – Ei, o que será que a Mione tem? – Eu não entendi a preocupação de Harry, muito menos por que ele estava a chamando de “Mione”.

- Será que ela está se sentindo mal de novo? – Simas perguntou.

- Acho que não... De qualquer forma Gina foi atrás dela. – Falei um pouco frio.

- E deveria ser você né... – Harry falou.

- E por quê?

- Vocês não estavam amiguinhos? Até dormiu na casa dela... E você a beijou.

- Isso não quer dizer que eu tenha que ficar 24 horas por dia com ela.

- O que deu em você? Em um dia diz que está gostando dela, e no outro não quer nem saber mais.

- Foi só uma noite... Me precipitei com meus sentimentos.

- Parece que você passou tempo demais com a Hermione, tá até falando igual ela. – Dino disse e os outros riram. Eu não tinha vontade de rir. Estava preocupado demais pensando que Hermione deveria estar me odiando naquele momento.

 

 

                                                                       **

 

 

- Foi horrível Gina! Eu não sei por que eu disse aquilo... Como se... Como se fosse fazê-lo voltar e dizer que também me amava. Eu fui uma burra! Uma burra! – Eu disse aos prantos. Eu e Gina estávamos sentadas na calçada em frente minha casa.

- Amiga, não sei nem o que dizer... Dessa vez Rony passou dos limites. Mas você não tem que se sentir assim... Você não foi burra, foi corajosa, e isso é uma qualidade que poucas garotas da nossa idade têm.

- Preferia não ter então.

- Nada disso, continue assim... Ele não merece você Hermione, não vê isso? Se fosse para ficarem juntos, o destino estava a favor... Mas não está.

- Não acredito em destino Gina... Você sabe disso.

- Mas eu acredito, e enquanto ele não me der uma prova concreta de que vocês foram feitos um para o outro, como eu achava há um dia, eu vou continuar achando que vocês não devem ficar juntos.

- Não vamos, pode ter certeza. Não quero nem ouvir a voz dele mais, nem quero chegar perto dele. Ainda bem que ele pediu para mudarmos de duplas na excursão, não suportaria ficar mais de dez minutos perto dele, ainda mais em uma floresta.

- Não se preocupe mais com isso... Apenas ignore ele está bem? Tudo vai se acertar, pensa bem: Foi só um beijo.

- É, tem razão. Já beijei outros... Er... Outro garoto antes.

- Exatamente.

- Bom, agora vou entrar e fazer os deveres. Te ligo mais tarde está bem?

- Sim, fique bem Mione. – Gina me abraçou e eu apertei o abraço.

- Obrigada por ser uma amiga tão boa Gina.

- Não precisa agradecer, você faria o mesmo por mim. – Ela sorriu.

- Pode ter certeza disso. – Eu sorri de volta e entrei em casa, acenando para Gina antes de fechar o portão.

 

 

                                                                       **

 

 

 

 

                Cheguei em casa e assim que fechei a porta fui recebido com uma almofadada na cara.

- EI, O QUE É ISSO? – Perguntei bravo, e então Gina se aproximou.

- QUEM VOCÊ PENSA QUE É PRA FAZER MINHA AMIGA SOFRER ASSIM?

- TÁ LOUCA GINA?

- TO LOUCA PRA TE DAR UNS TAPAS GAROTO!

- Posso saber pelo menos porque está me xingando assim?

- Você sabe muito bem, fez Hermione chorar.

- Eu não fiz nada Gina, deixa de ser maluca.

- Ah é? Então por que você a beija em um dia, diz coisas tão românticas e depois diz que tudo não passou de uma simples diversão?

                Fiquei calado, não sabia o que responder. Apenas sentei no sofá e passei as mãos no cabelo.

- Então ela estava chorando por isso?

- Obvio Rony! Ela disse que te amava, e você não disse nada.

- Gina, você não sabe nem da metade da história.

- Sei, sei sim! Sei que você acha que ela é como a Lilá, que você pode fazer o que quiser com ela e depois tratá-la como um lixo... Mas fique sabendo que ela não é como a Lilá. Ela não vai voltar pra você quando você quiser, porque ela já vai estar com outro que a faça mais feliz do que você.

                Aquelas palavras doeram tanto quanto um soco no estômago.

- Não queria tratá-la como um lixo, longe disso... – Eu disse abaixando o tom de voz.

- Ah não? Então me explica o que é deixá-la falando sozinha na sala de aula depois que ela disse que te amava? Isso é tratar como um lixo. Não vem não Ronald. Sei muito bem seu tipo, te conheço, você é meu irmão, não teria como não conhecer, convivo com você há dezesseis anos! Você tem vários pôsteres de mulheres seminuas no seu quarto, fica de conversinhas com as líderes de torcida, pega o telefone delas e depois joga fora quando não quer mais. Hermione não é assim Rony. – Ela não parava nem para pegar fôlego. – Ela é simples, não liga para roupas ou maquiagens. Não liga para futebol muito menos se você é malhado ou não. Ela prefere ler livros ao invés de ir assistir futebol como todos da escola fazem, e ela prefere passar um sábado a noite em casa vendo um bom filme do que indo às festas da escola beber e passar vergonha. E você deveria saber disso!

                Eu sabia, sabia muito bem...

- Agora deixa de ser infantil, e se não quer nada com ela, ignore-a! Não fique jogando na cara que ela não é como você queria, e que ela não faz o seu tipo. Não fique esnobando ela pela escola... Volte a ignorar ela como você sempre fez, ela ficará muito mais feliz assim, já que você não a ama e não pode fazê-la feliz. – Depois de muito tempo Gina respirou fundo. Ficamos calados por um bom tempo, então eu me levantei e olhei para ela.

- Diga para ela que não vou mais incomodá-la, e que se isso será melhor para ela... Não irei mais conversar com ela, muito menos olhar para ela. Farei o que sempre fiz. – Eu disse tranquilamente e parei antes de subir as escadas. – Sobre sua última frase... Esse é o problema de tudo isso... Eu a amo, mas não posso fazê-la feliz. – Não olhei para trás, apenas fui em silêncio para o meu quarto.

 

 

 

 

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