Epílogo
EPÍLOGO (18 ANOS DEPOIS)
O sol brilhava muito forte, e fazia calor, o que não era muito comum se comparado à época em que estavam. Setembro, quase início do inverno. Nas ruas da cidade aos arredores de Londres, o outono era visto em
todos os lugares. As folhas secas das árvores caídas ao chão e a paisagem amarelada contrastava com o brilho do dia, e por não estar frio, as ruas eram um local confortável para se permanecer.
Na casa pertencente à família Malfoy em, todos os habitantes da casa estavam sentados à mesa tomando o café da manhã pacificamente. A rigidez que mantinha a família de forma pomposa e arrogante por tantos
séculos, ainda era perceptível, ainda que mínima. No cômodo de paredes brancas em que se encontrava, Draco Malfoy olhava para os lados, sentindo-se vazio.
Ela provavelmente estará lá, pensou, e logo retirou essas coisas da cabeça. Esticou o braço por cima da mesa, e agarrou a garrafa com leite. Jogou o líquido esbranquiçado dentro de uma tigela com cereais e pegou uma colher.
Apesar de terem uma casa muito grande, com vários cômodos e tantos lugares para fazer uma refeição, a família preferia fazer isso na cozinha mesmo, mais uma parte da grande tradição da família que vinha a séculos, estava sendo quebrada por pura diversão. Os jantares em que recebiam alguém em casa do trabalho de Draco ou de Pansy, eram os únicos que necessitavam de um local mais apropriado. Quando estavam sozinhos, a cozinha era um lugar suficientemente bom, já que a família era pequena para tanto luxo em uma coisa só.
Da ponta oposta da mesa não muito grande, levantou-se o garoto de cabelos louros e olhos cinzas. Scorpius saiu da mesa e andou a passos rápidos e precisos até a geladeira, e, segurando a porta, ficou olhando o
conteúdo dali de dentro.
-Scorpius, fecha essa geladeira. Isso daí não é uma vitrine – acusou a mãe quando já faziam uns bons cinco minutos que ele estava na mesma posição, indeciso sobre o que pegar dali de dentro. –Draco, quer fazer o favor de falar com o seu filho?
Severo, Draco virou e ficou de frente para o filho e bradou com uma voz esganiçada:
-Scorpius Hyperion Malfoy, fecha essa geladeira agora!
Em alguns anos, as aparelhagens trouxas foram ficando mais comuns no meio do mundo bruxo. A geladeira fazia parte das tecnologias mais avançadas que os seres não-bruxos haviam criado, e que os bruxos utilizavam em demasia. Não se contentando com materiais “da antiga”, Draco se sentiu obrigado a comprar tal objeto quando todos seus colegas o tinham, e veneravam tal objeto. Quando não estava resfriando alimentos, poderia ser usada como uma fonte de vento para os moradores. Claro que quase nunca essa última técnica era usada.
Contrariando o pai, Scorpius pegou uma maçã dali de dentro, e fechou a porta, indo se sentar novamente na cadeira onde estivera segundos atrás. Era dia primeiro de setembro, e o garoto estava usando uma calça jeans clara e uma camisa branca para colocar o uniforme mais rapidamente quando estivesse perto do castelo de Hogwarts.
Scorpius lembrava muito o pai. Não apenas pelos olhos e a cor dos cabelos, como também pelas atitudes. A teimosia, o sorriso irônico, a explosão de genes sonserinos... Entetanto, havia uma coisa que Draco deixara bem claro para o filho desde que ele nascera: nunca insultaria nascidos trouxas.
Não, não era pela aparelhagem totalmente inovadora que eles proporcionavam. Em parte porque os trouxas estavam dominando grande parte do mundo bruxo, e não admitir isso seria muita burrice. O outro
lado era o grande amor do patriarca Malfoy: Hermione Granger. Mas para os outros bruxos que não sabiam deste romance, os Malfoy estavam “tomando jeito e evoluindo”. As más bocas até mencionavam algo sobre
um disfarce para encontrar uma forma de trazer o Lord das trevas de volta para esse plano, mas essa era uma idéia estúpida, que foi logo descartada pela comunidade bruxa.
-Pai! – Scorpius chamou pela segunda vez.
-O que? – perguntou com uma voz arrastada. Scorpius já estava acostumado com a troca de humor de seu pai. Desde o dia em que ele preferira Hogwarts à para Durmstrang – da qual ele também recebeu uma
carta de aceitação-, Draco agia diferente. Mas o garoto não ligava para isso. Sabia que o pai o amava incondicionalmente.
-Eu já terminei. Vamos?
Draco largou a colher dentro da tigela vazia, limpou os resquícios de leite de seu lábio superior, e foi andando até o quarto.
Escovou os dentes apressadamente, e voltou para a entrada da casa, onde Scorpius acarinhava Afrodite, sua gata de estimação que este ganhara no seu aniversário de onze anos, presente de Blair, filha de Blaise.
O loiro mais velho pegou a mala do filho, e colocou no carro. Ainda que aparatar fosse muito bom, Scorp nunca havia conhecido a aparatação, então o meio mais fácil e prático era ir de carro até a estação. Antes
de comprar o carro, Draco e Blaise fizeram algumas adaptações no motor, adicionando algumas coisas essenciais para bruxos, como uma ferramenta para encolher, um alarme ouvido apenas por seres mágicos,
e um dispositivo que aumentaria ainda mais a velocidade do transporte. Também tiraram coisas estúpidas, como espelhos retrovisores e airbags, adicionando, ao invés disso, um super computador que dirigia o veículo apenas com o comando da voz. Ainda fizeram alterações básicas e antigas, como adicionar um porta-varinhas no teto juntamente com um som de última geração, DVD, e tinha até espaço para uma pessoa dormir.
Entraram no automóvel, e Draco ligou o computador que em minutos os levava para a estação de Kings Cross. Antes disso, mandou o filho apertar bem o sinto de segurança.
-Acorda dorminhoco! –chamou- Se você não se acordar eu vou ter que fazer uma guerra de cócegas. – ameaçou, e aguardou um pouco. Hermione viu o filho virar de costas para ela, e enterrar a cabeça embaixo do travesseiro, resmungando alguma coisa inaudível. Logo ele já voltava a roncar. – Hugo! Eu, o seu pai e a sua irmã já estamos prontos. Se você não se levantar vai ficar em casa.
Sob ameaça, o garoto de cabelos ruivos saiu de debaixo de seu lugar secreto, e abriu um dos olhos azuis e sonolentos para encarar a mãe que lhe sorria.
-Vamos amor. Rose vai se atrasar se você demorar mais. – beijou a testa sardenta do filho e foi para fora do quarto.
Kluffy, a elfa da família – que aliás era muito bem remunerada- quase esbarrou em sua senhora, e saiu correndo em busca de uma parede gritando “perdão”. Hermione apenas gritou de onde estava que se a elfa se mutilasse, seria mandada embora. Isso foi suficiente para que o pequeno ser parasse de correr pela casa.
Hermione se dirigiu até a sala, e lá estava ela. Sua princesa. Rose. Tinha seus olhos cacheados, mas os cabelos de um ruivo vivo, e a pele pouco leitosa, mas sardenta. Completara onze anos durante o verão, e agora era seu momento de conhecer Hogwarts.
Emocionada, a morena limpou com o indicador uma lágrima que saiu pelos seus olhos. Instantaneamente lembrou-se do dia em que a filha nascera, a emoção que sentira nunca teria comparação com qualquer
outro dia. No entanto, ela estava lá. O bebê ruivo que pegara nos braços logo ao nascer se tornara uma jovem atraente, e dava seus primeiros passos em rumo ao seu futuro.
Hugo deixou o quarto vestido adequadamente. Seus olhos, antes quase fechados, traziam consigo a excitação por estar indo à plataforma. Ainda faltava dois anos para que ele pudesse ir para Hogwarts, e não era uma coisa que o alegrasse. Ele passou correndo pelo lado da mãe que lhe afagou os cabelos. Pelo menos ela ainda teria o filho mais novo para paparicar enquanto Rose estivesse fora.
Hermione era uma mãe excepcional: amiga, carinhosa, e severa quando tinha que ser. Aprendera a ser assim quando a Sra. Weasley, sua sogra, lhe disse que Hugo deveria ser exatamente como os gêmeos, uma vez que por um mês não a deixou dormir durante a noite. Desde então impusera limites nele e em Rose, pois, apesar de serem divertidos, os gêmeos infringiram muitas regras na escola.
-Hermione? – chamou Rony.
-Sim?
-Eu perguntei se já estamos prontos, amor.
Ela sorriu, e pegou a mão do filho mais novo.
-Claro, vamos indo.
Rony levou a mala da filha até o carro trouxa que comprara alguns dias atrás, e a mesma se dirigiu para o banco de trás puxando o irmão pelo braço.
No caminho Hugo abriu um sapo de chocolate, mas antes que pudesse pensar em fazer alguma coisa com ele, o mesmo foi até a janela em um único salto.
Hugo fechou os olhos, cruzou os dedos.
-Qual você precisa, meu amor? – perguntou sua mãe.
-A figura do papai. – falou abrindo os olhos e encarando a figurinha que vinha na embalagem do sapo. Encontrou mais uma foto de Alvo Dumbledore, e a jogou pela janela.
-Não fique triste meu amor. Você pode ver o seu pai quando quiser. Essa é a vantagem que você tem sobre os outros colecionadores. –disse ela.
Logo a estação de King’s Cross foi vista. Rony estacionou o carro, pegou um carrinho e colocou as coisas da filha. Hugo as empurrava enquanto caminhavam, e Hermione revisava as últimas orientações para a filha.
-Fique tranqüila, Herms, ela vai se dar bem. Falando assim você só a deixa mais nervosa.
Hermione abraçou a filha.
-Acho que ainda não estou pronta pra te soltar, Rose.
-Você ainda tem dois anos até o Hugo ir pra Hogwarts. Até lá a gente pode tentar outro filho.
-E ficar grande e dormir mal de novo? Nem em sonho, Ronald.
Atravessaram a barreira mágica entre as plataformas 9 e 10. Rose ia com o pai, e Hugo foi logo atrás com Hermione. Em pouco tempo as malas da Weasley estavam dentro do trem.
-Mãe, veja! – apontou Hugo para um grupo de pessoas que se aproximava lentamente vindo de frente para eles.
Harry Potter, agora no auge de seus quase quarenta anos, abraçava o filho do meio, Alvo, com uma força descomunal. Harry era muito apegado aos filhos, principalmente pelo que havia acontecido aos seus pais. Ele e Gina tinham três: James, com doze anos, Alvo, que tinha a idade de Rose, e Lílian, que tinha a idade de Hugo. Todos os nomes de seus filhos eram homenagens às pessoas que ele mais amara na vida.
Hermione estava inquieta, e Gina percebeu logo isso. Chegou ao seu lado e segurou em sua mão, fazendo um gesto de cabeça para que ela se acalmasse.
-Veja só quem está ali. – disse seu marido, e ela voltou a olhar nervosa para todos os lados.
Draco Malfoy estava parado com o mesmo charme de sempre, na companhia da mulher e do filho, um sobretudo escuro abotoado até o pescoço. Seu cabelo estava mais comprido, e parecia ainda mais loiro. Agora tinha uma barba crescida. Ele passou a mão nas costas do filho, acenou levemente para os outros, e virou-se indo na direção oposta à qual os heróis se encontravam.
-Então esse é o pequeno Scorpius. Deve ser idêntico ao pai, por ter sido criado naquele meio de cobras. – disse Rony para ninguém em particular, e depois se dirigiu ao melhor amigo – Ouvi dizer que Lucius tentou fugir da prisão alguns anos atrás e que acabou morto por um dementador, mas deserdou o filho antes de morrer. Os Malfoy devem estar na miséria.
-Isso explicaria seu desaparecimento repentino de Azkaban, mas não explicaria o fato de Malfoy filho continuar com o nariz erguido como se fosse superior.
Rony se ajoelhou no chão, e segurou as mãos da filha mais velha, a olhando nos olhos com uma aparência séria.
-Não deixe de superá-lo em todos os exames, Rose. Graças a Deus você herdou a inteligência de sua mãe.
-Rony, pelo amor de Deus. Não tente indispor os dois antes mesmo de entrarem para a escola!– repreendeu a mulher, e o último apito do Expresso de Hogwarts soou, avisando que estava na hora das crianças irem.
-Você tem razão, desculpe- mas, incapaz de se conter, ele acrescentou -, mas não fique muito amiga dele, Rose. Vovô Weasley nunca perdoaria se você casasse com um sangue-puro.- Hermione deu um beliscão no braço dele, fazendo todos rirem.
-Procure uma cabine próxima, e não esqueçam que nós amamos vocês. – disse Gina para Alvo e James.
Rose os acompanhou, e Lílian e Hugo ficaram de cara emburrada do lado de fora do trem.
-Não esqueça que eu te amo, Hugo. – disse Rose sorrindo, e o irmão lhe acenou.
Hermione sentiu um braço enlaçando-a pela cintura, e lembrou-se de anos atrás, de quando ela própria entrara em Hogwarts.Procurou os olhos de Draco na estação. O trem já estava fazendo uma curva. Rose acenava da janela, mas ela nem percebera.
Malfoy a encarou fixamente também, e por um tempo os dois voltaram para o passado, no tempo em que ficaram juntos. E naquele momento, já não existiam mais ninguém, só eles dois.
-Vamos. – Rony puxou sua mão, quebrando o contato visual.
Ela amava Rony, e os filhos que tinham juntos. Porém, fora Draco seu primeiro amor verdadeiro. Fora Draco por quem se apaixonara perdidamente. Draco. Malfoy.
-Foi só um amor platônico- sussurrou baixinho para si mesma, tentando se convencer disto. Fechou os olhos por um instante, e seguiu Rony.
Draco ainda a olhava, e coincidentemente, dizia a mesma frase.
*****
N/A: Estou muito emotiva, devo admitir. É duro terminar uma fic, já estou sentindo até saudades. Vou postar uma fic nova (pretendo, né...) em breve, mas ao contrário desta ela não está terminada, é Dramione também. Gostaria que vocês me acompanhassem. Obrigada por tudo, especialmente para os que comentaram e votaram:
* Rayza;
*JOSY CHOCOLATE;
*Luara Radcliffe Watson Grint;
*Landa MS;
*Vicktoria Fernandes;
*Dark Moon;
*Slytherin Pride;
*Olivia Kaily Malfoy;
* M R C;
Beijos, continuem comentando, okay?
Comentários (3)
Achei sua fic bem escrita, mas sinceramente nao entendi, vc diz no epilogo que o Draco foi o primeiro amor da Hermione , mas durante toda a fic pareceu que ela sentiu uma leve atração apenas, em nenhum momento me pareceu que ela estava apaixonada, quanto mais que o amava...desculpe minha sinceridade mas fiquei triste com o rumo da fic, parecia mais uma Romione...
2014-01-03que final mais lindo! É uma coisa tão natural o que aconteceu com eles.. tão bonita. Sua fic ficou realmente linda. Obrigada por nos proporcionar uma leitura tão agradavel! E, se começar outra fic, tamo junto! aushua Bjs
2013-02-17amei ! triste , mas é (como eu já disse antes) exatamente assim que imagino o "final" de dramiones.gostei muito da sua escrita, bem simples, objetiva, mas sem ser rasa demais.parabéns e se começar outra fic , espero acompanhar também.beijos
2013-02-17