Capítulo 01



Capítulo um: A RONDA


A ronda da monitoria era cansativa e chata. Mesmo assim, o loiro precisava fazê-la todos os dias. Andava apressadamente na sua pose pomposa de sangue-puro, enquanto tinha sua varinha em punho e olhos e ouvidos atentos. Sua maior satisfação seria encontrar algum grifinório maldito fora da cama tarde da noite para mandá-los para detenção.


Os corredores que levam em direção às masmorras são úmidos e sombrios. Apenas algumas lâmpadas a óleo estão com o fogo aceso, baixo e sereno naquele ambiente tão hostil. Dava-se para sentir o cheiro dos trasgos nas masmorras, e os sons de um animal arranhando o chão no andar superior. Hogwarts sempre seria um lugar cheio de segredos, não haveria nenhuma pessoa no mundo que poderia desvendá-los, todos ao mesmo tempo.


Atento, o loiro ouviu passos apressados no corredor anterior, e alguns risos estridentes.


Virou-se, e saiu correndo com toda sua energia. Logo chegou a um corredor quase vazio, e lançou um feitiço para que seus passos não fossem detectados pelas pessoas que ali estavam. Seria muito bom para seu ego ter que colocar alunos fora da cama em detenção. Escondeu-se atrás de uma escultura, e teve acesso às duas pessoas paradas ali.


Uma prensada na parede, com um sorriso de orelha a orelha. E segurando-a firmemente, um homem alto e magro, com os olhos mirando fixamente os lábios rosados da outra pessoa.


E dali do seu lugar, Draco Malfoy viu Ronald Weasley se agarrando com a namorada desde o último verão; a Granger.


Infelizmente, ele não tinha nenhuma ação para isso. Tentou pensar em dar uma detenção aos dois, mas a garota se safaria rapidamente por ser monitora. O que lhe colocava mais um pensamento na cabeça. Ela por ser monitora, deveria estar cuidando do bem estar do castelo, não do bem estar de seu namorado.


Bufando indignado, puxou suas vestes e deu meia volta, fazendo uma careta nada amistosa para um fantasma que passava no corredor do meio do caminho até o corredor das masmorras.


Só então percebeu o quanto tinha andado até encontrá-los, e isso o deixava frustrado.


Seus olhos capturaram seu pulso esquerdo, onde seu relógio, que ganhara de seus pais com dezessete anos, indicava que era tempo demais que essa ronda estava durando.


Encaminhou-se até o quarto dos monitores dentro do salão da sonserina, e fechou a porta com força, querendo descontar sua raiva nos móveis bem organizados de seu quarto.


E tinha raiva. Raiva por Weasley trair a raça dos sangues-puros. Raiva porque a sangue-ruim gostava disso. Raiva porque eles estavam juntos e não tinham medo de ser pegos no meio da madrugada. Raiva por ele tê-los visto. Raiva por ter nascido um Malfoy.


Tirou seus sapatos com uma brutalidade desnecessária, e jogou-se com força contra sua cama. Respirou fundo e tentou fechar os olhos, mas a única coisa que tinha ali era o vazio do corredor, os passos, a estátua, os dois songamongos se agarrando, o maldito fantasma. Tudo, menos o que ele queria que tivesse em sua cabeça.


E então se perguntou por que estava se preocupando. E com raiva, virou-se de costas na cama e jogou a cabeça para baixo do travesseiro. Passaram-se trinta minutos até que conseguisse dormir.


A última coisa que precisava para deixar seu dia completo era ele ser acordado muito antes do seu horário habitual, por uma maldita coruja bicando sua janela. Tateou com as mãos no bidê ao lado de sua cama, e encontrou sua varinha. Ainda dormindo, murmurou algum feitiço do qual nem o próprio tinha certeza se tinha o feito ou sonhado, e a janela se abriu deixando a brisa fresca de outubro invadir seus aposentos.


O animal pousou em sua cama, e ficou piando feio louca até que ele abrisse os olhos, pegasse a carta que ela trazia em seu bico, e depois a enxotasse dali. Fechando a janela com um baque forte pela brutalidade com a qual puxou o trinco, e com a raiva crescendo por ter sido acordado, Draco sentou-se na cama e esfregou os olhos para enxergar melhor os escritos que tinham no pergaminho amarelado.


Reconheceu a letra da diretora McGonagall, lendo para quem o papel era endereçado. Rasgou o envelope com um puxão, e leu silenciosamente.


“Caro Sr. Malfoy, aguardo sua presença em minha sala hoje à noite às 20 horas. Atenciosamente, Minerva McGonagall.”


-Ótimo. Talvez a bruxa velha esteja finalmente pensando em tirar a Granger da monitoria, já que ela não faz nada por aqui mesmo.


Com menos raiva do que no dia anterior, vestiu sua capa, seu sapato, foi até o banheiro acoplado ao quarto, e fez sua higiene pessoal. Logo saiu do lavatório com os dentes escovados, e cabelos arrumados.


Andou até as portas do Grande Salão, ignorando todo e qualquer aluno que encontrava no caminho. Ao entrar viu que estava quase vazio. Naquele momento, haviam poucas pessoas nas mesas de café da manhã. Nas mesas da sonserina e lufa-lufa, apenas cinco ou seis primeiranistas faziam seu desjejum calmamente, e apressavam o final de seus deveres de casa, enquanto que na mesa da corvinal, quase toda a tropa dos “nerds” do castelo liam algum livro complicado enquanto saboreavam o café da manhã.


Na mesa da grifinória, porém, estava Granger e seus dois capachos, acompanhados pela cabeça de fósforo e pobretona pela qual o míope e idiota do Potter era apaixonado.


Mas grande coisa. Ignorando isso tudo, o loiro foi até sua mesa, e sentou-se em um lugar do banco. Ficou apenas olhando para a lareira que havia ali, e pensando em nada em particular, até que alguém se sentou ao seu lado.


Cumprimentou Pansy Parkinson, a cara de buldogue velho, e colocou algumas torradas com geléia em seu prato, as quais horas mais tarde ele já não teria certeza se havia comido.


Depois da monótona refeição, o loiro apanhou sua mochila negra que havia pousado em cima da mesa, e saiu em direção à primeira aula do dia.


Como já era de se esperar, o professor “Slugue” levou alguns minutos para chegar à sala em seus passos lentos. A última a entrar na sala antes do professor, foi Hermione Granger, a sangue- ruim que se agarrava com o namorado pelos corredores vazios no meio da noite, e ainda carregava o emblema de monitora-chefe bem polido sobre sua capa com o brasão da casa da grifinória.


Ela deu uma olhada rápida pela sala pelo canto do olho, e seu olhar vagueou por um minuto em cima da figura loira de Draco Malfoy antes que ela se apressasse a andar, tendo sua mão puxada pelo namorado ruivo.


Um pouco antes do almoço, Draco foi em direção à biblioteca. Tinha alguns livros que precisaria pegar para seu trabalho de herbologia passado na semana anterior, e, como um “bom aluno”, deixou tudo para ser feito em última hora. Tinha apenas até o dia seguinte no primeiro horário para ter suas anotações concluídas, e o período da tarde livre para fazê-las.


Entrando na grande sala cheirando a pergaminho antigo, o loiro cumprimentou Madame Pince, e dirigiu-se para as prateleiras do meio do lugar. Havia feito uma pequena lista na noite anterior antes de sair pra ronda da monitoração, descrevendo os prováveis títulos que o ajudariam a falar sobre a diferença entre as mandrágoras inglesas e as francesas.


Conferiu os títulos anotados, e os livros que estavam na prateleira. Seus dedos corriam as capas empoeiradas na esperança de encontrar mais rapidamente seu material necessário.


Distraidamente, pegou o último livro da segunda prateleira de cima para baixo, e não percebeu que uma mão puxava o mesmo objeto para outro lado. Quando esse aperto tornou-se insistente, é que ele percebeu que havia alguém com a mão no livro.


-Granger- falou crispando os lábios e dando certa ênfase ao nome proibido.


-Malfoy- ela cumprimentou, educada, lançando-lhe um olhar não muito amigável. – Deixando trabalhos para ser feitos em última hora? Isso não é uma boa atitude para um monitor. Cadê o exemplo que você passa para os outros alunos dessa instituição?


O garoto lhe sorriu.


-E o que você sabe sobre bons exemplos, Granger? Sei que participa de umas sessões de amasso na madrugada no meio dos corredores. Isso é um bom exemplo para os outros alunos? –puxou com pouca força o livro, que deslizou facilmente das mãos incrédulas.


Quando já tinha todos os livros, Malfoy os guardou rapidamente na mochila e voltou para seu dormitório de monitor da sonserina. Abriu a porta, e jogou a mochila na cama, e logo em seguida, sentou-se ali também, e começou a ler.


Abriu o livro no capítulo indicado no início das páginas, e seu nariz franziu, e uma ruga de incompreensão atingiu o meio de sua testa. O fato é que não conseguia se concentrar. Leu diversas vezes o trecho em que falava da real diferença entre as mandrágoras inglesas e francesas, mas nada disso entrava na sua cabeça.


Seus dedos formigaram levemente, quando ele se lembrou que Hermione Granger segurara esse livro alguns minutos atrás. Fechou o objeto velho e pesado, e jogou a sua cabeça para trás, em direção ao seu travesseiro.


O que estava acontecendo?


Resolveu que tomaria um banho, e depois pensaria em se concentrar em seu trabalho.


Demorando uns bons trinta minutos embaixo da água quente, Draco sentiu-se mais leve e relaxado. Também sentiu uma dor em seu estômago, e lembrou-se do pouco que havia comido no café da manhã. Convocou um elfo doméstico da escola, e pediu-lhe que trouxesse algo que pudesse comer. O que ganhou foram alguns pedaços de bife de fígado, um prato de arroz, e alguns sanduíches de atum.


Depois de se servir, sentou-se na cama e abriu todos os livros, tirando frases desses para compor sua nota.


Mais tarde naquele mesmo dia, ele percorria a escola, trajando seu uniforme de apanhador do time de quadribol da sonserina e carregava sua Nimbus 2001 nos braços. Foi até o campo e encontrou Marcos Flint, o capitão do time da sonserina, e ficaram praticando a tarde inteira.


Quando já era a hora do jantar, optou por tomar outro banho, e foi até o grande salão para fazer a última refeição do dia.


Faltavam apenas cinco minutos para as oito horas quando Draco apontou no corredor que dava para a gárgula do escritório da diretoria. Disse a senha, e a grande ave deu espaço e liberou suas escadas.


Bateu na porta e esperou por uma confirmação de que poderia entrar. Sentou-se na cadeira em frente à professora, e quando ia começar a perguntar o que ela queria com ele, a porta foi aberta novamente, e por ela entrou Hermione Granger.


Ela estava bastante corada. Desculpou-se pelo atraso de um minuto, e sentou-se ao lado do loiro.


A professora largou a pena que tinha em mãos dentro do tinteiro, e esboçou uma expressão vazia.


-Esse ano nós do corpo docente estamos pensando em fazer um baile antes do natal. Por os estudos terem sido interrompidos no ano anterior, não mandaremos os alunos para casa. Por isso, selecionamos nossos melhores monitores para planejá-lo. E os escolhidos foram vocês dois. Vocês terão de organizar decoração, comida, bebidas, atrações, e todo o mais. Essa atividade valerá 100 pontos para suas casas.


-Não temos outra escolha, professora?


-Não. Se desistirem suas casas perderão 100 pontos. E é bom se apressarem. Estamos no início de outubro, e o baile precisa estar totalmente pronto e planejado até o natal. Isso é tudo. Agora, vão para seus dormitórios, e comecem a pensar no que vocês farão.


Com raiva por não terem o deixado falar, e frustrado, Draco fez sua ronda sem circular por todos os lugares que tinha de ir, mas, e daí? E depois foi dormir com muitas azarações para velhas irritantes e sangues-ruins sabes-tudos insuportáveis, correndo por sua cabeça.


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Nota da autora:


E então? Alguém leu? Alguém ta gostando? Devo continuar ou parar imediatamente? Já estou com essa fanfiction terminada. Ela tem 11 capítulos mais o epílogo. Interessados?
Pra ficar claro para se caso alguém não pegar o espírito do título:
Amor platônico significa um amor centrado na beleza do caráter e na inteligência de uma pessoa, em detrimento dos atributos físicos.
Por essa razão, achei que não havia título melhor para a fanfic, já que é Dramione, e tem tudo a ver no caso. Se tiver alguém lendo, comentem okay?


 

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Comentários (11)

  • Vicktoria Fernandes

    eeu to lendo (:gostei bastante, mesmo. e as descriçoes feitas pelo Draco, realmente lembram ele , ex : "Na mesa da grifinória, porém, estava Granger e seus dois capachos, acompanhados pela cabeça de fósforo e pobretona pela qual o míope e idiota do Potter era apaixonado."MELHOR PARTE USHAUHSUAHSUHAUHScontinuee (:;* 

    2013-01-26
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