Casa dos Woodson



-Muito prazer, Derek Smith. – O homem ao lado de Anya se apresentou, estendendo a mão para James.


-Ah... O prazer é todo meu. – James atendeu ao aperto de mão, ainda meio abobado. – James Woodson.


-Este é meu irmão. – Anya explicou a James, sorridente. Não podia negar, estava feliz em vê-lo. – Ele me acompanhou na viagem.


-Ah... sim... – James disse ainda meio sem jeito. Estranho, ele não costumava ficar nervoso perto das outras garotas de Hogwarts. Muito pelo contrário, ele costumava ser bem articulado, principalmente se fossem bonitas.


-Entrem, por favor. – Samantha Woodson disse surgindo atrás de James. – Você deve ser a Srta. Smith. – Ela disse estendendo a mão para cumprimentar Anya assim que entraram. – É um prazer conhecê-la.


-O prazer é meu. – Anya respondeu educada.


-Fico muito agradecida por você ter vindo.  – Ela disse indicando um sofá para que se sentassem. – Sabe, James nunca tinha trazido uma namorada aqui em casa. – Ela sussurrou a última parte, fazendo com que Anya e James arregalassem os olhos, e Derek passasse a encarar James de uma forma que o fez imaginar se todos os Smith eram bons em feitiços. Ele esperava sinceramente que não.


-Ah... é que... – Anya olhou para James sem saber o que dizer.


-Mãe, acho melhor eu ir mostrar o quarto em que a Anya vai ficar, não é? – James disse se levantando do sofá já meio agitado. Depois se dirigiu a Derek. – Foi um prazer. – Ele disse, o cumprimentando mais uma vez antes de pedir que Anya o acompanhasse.


-Até mais. – Anya disse dando um abraço no irmão de despedida e caminhando com James para o segundo andar.


 


 


-É aqui. – James disse abrindo a porta do quarto de hóspedes, decorado com móveis de carvalho envelhecido e tapeçarias vermelhas, como todo o resto da casa. Anya entrou e foi deixando sua mala sobre a cama e sua vassoura ao lado de uma cômoda. Quando se virou, James estava sentado no que devia ser sua cama, a observando.


-É uma Fletcher? – Ele perguntou apontando para a vassoura de Anya.


-É sim. – Ela respondeu empolgada, tornando a pegar a vassoura e passando os dedos pelo cabo de madeira escura. Voar era a segunda coisa que fazia de melhor, depois de conjurar feitiços.


-Posso vê-la? – James perguntou com sua típica curiosidade de capitão do time de Quadribol.


Anya estendeu a vassoura para James e sentou ao seu lado na cama, um pouco afastada dele, meio sem jeito.


 -É o modelo antigo. – Ele disse analisando a caligrafia fina com a qual estava grafado o nome da vassoura. – Está vendo? – Ele perguntou arredando para mais perto de Anya para que ela pudesse observar. – Este é o melhor modelo das Fletchers, na minha opinião. Mais leve... mais rápida. – Ele dizia distraído, e por um momento Anya deixou de se concentrar no que ele dizia e passou a observar o olhar interessado que ele dirigia a vassoura, notando que seus olhos tinham um fundo dourado sob o castanho, quente e brilhante.


-Você voa bem? – Ele perguntou atraindo a sua atenção.


-Bom, eu vim voando de Lakeville até aqui. – Ela disse o olhando desafiadora. Lakeville era um vilarejo bruxo, situado próximo a Londres, onde James morava. Por mais próximo que fosse, era um voo de pouco mais de uma hora de sua casa até a de James.


-Ok, estou convencido. – Ele disse levantando as mãos em sinal de rendição. Voar por mais de uma hora sobre a cidade de Londres em um dia nublado e sob um feitiço de invisibilidade não era nada fácil.


-Então, por onde começamos? – Ela perguntou enquanto James recolocava a vassoura ao lado da cômoda.


-Pensei em treinarmos no jardim. – Ele disse, voltando a se sentar perto dela. – Isso se você já quiser começar. – Para ser sincero, ele mesmo estava ansioso para começar. Tinha treinado nos três dias desde que chegou em casa, mais para impressionar Anya do que para os testes de auror em si.


-Tudo bem. Só preciso me arrumar. – Anya se levantou e olhou para James, esperando que ele entendesse que ela pretendia trocar de roupas.


-Ah! Você quer que eu saia? – Ele perguntou depois de alguns segundos, finalmente sacando.


-Preciso trocar de roupas. – Anya explicou.


-Claro, claro. – Ele respondeu levantando e caminhando até a porta. - O meu quarto é logo ao lado, se precisar de mim. – Completou, pouco antes de fechar a porta, mas logo em seguida a abriu. – A não ser que você precise de mim agora e...


-Tchau, James. – Anya respondeu rindo enquanto ele fechava a porta.


 


...


-Então, como é ter um irmão que é jogador do Holyhead Harpies? – James perguntou à Anya enquanto estavam sentados descansando no jardim que ficava atrás de sua casa. Tinham treinado durante toda a manhã, parando apenas para almoçar, e toda a tarde.


-Até que é bem legal. – Anya respondeu sorrindo. James a observou, notando que podia ver o reflexo do pôr do Sol em seus olhos. – Foi ele que me ensinou a voar e me deu a minha primeira vassoura. – Ela comentou.


-Achei que todo mundo aprendesse no primeiro ano. – Ele disse curioso, imaginando porque ela teria aprendido mais tarde.


-Ele me ensinou quando eu tinha oito anos. – Ela disse e logo em seguida se aproximou dele. – Só não conte ao Ministério da Magia. – Ela sussurrou essa parte, fazendo James rir.


-A sua família toda é da Sonserina? – Ele perguntou tentando fazer o possível para não soar conotativo. Não queria que ela pensasse que ele não gostasse de sonserinos.


-Tenho tios da Lufa-Lufa, primos da Corvinal... Mas meus pais e avós são sonserinos. – Ela respondeu como se fosse uma pergunta qualquer.


-Imagino que eles não tenham gostado muito de você ter vindo aqui. – James comentou olhando para o sol que se punha por detrás das árvores.


-James. – Um homem alto, muitíssimo semelhante a James surgiu antes que Anya pudesse respondê-lo. Pelo uniforme de auror, deduziu que fosse o pai dele. – O jantar está pronto. – Ele disse enquanto Anya e James se levantavam do gramado. – Raymond. – Ele se apresentou para Anya, que o cumprimentou com um aperto de mão.


-Anya Smith. – Ela respondeu enquanto caminhavam para dentro de casa.


-Bom Srta. Anya, devo avisar que a mãe do James cozinhou hoje, então lembrem-se de fazer “huumms”e fingirem que está tudo uma delícia. – Ele disse brincando. James bateu na própria testa em desespero silencioso enquanto Anya ria da situação e da sua cara de desespero.


 


...


-Sinto muito pela comida da minha mãe. – James disse se desculpando enquanto subia com Anya para o segundo andar.


-Eu não achei ruim. – Ela disse sendo sincera.


-Seus padrões são bem baixos, então. – James retrucou lhe dirigindo um olhar de piedade.


-Tente comer a comida que meu irmão faz quando meus pais viajam e vai entender o que eu quero dizer. – Ela explicou o olhando com uma expressão de quem estava falando sério.


-Bom... então, boa noite. – Ele disse se despedindo dela. Estavam em frente à porta do quarto de hóspedes.


-Boa noite. – Ela respondeu sorrindo para ele e abrindo a porta lentamente, sem a menor pressa de ir dormir.


-Anya...


-O quê? – Ela respondeu de imediato, voltando sua atenção para ele.


-Ainda é cedo... Talvez a gente possa assistir um filme, se você quiser.


-Parece uma boa ideia. – Ela respondeu empolgada. Não estavam com sono, nem com muita vontade de se afastarem até o dia seguinte.


 


...


James acordou e se espreguiçou lentamente. Não sabia ao certo as horas, mas sabia que já tinha amanhecido, pois tinha esquecido de fechar as cortinas e podia sentir a luz do sol batendo no seu rosto. Abriu os olhos com dificuldade pela claridade e se sentou na cama, alongando o pescoço. Na noite anterior, tinha ficado conversando com Anya até tarde enquanto assistiam um filme na sala de estar do segundo andar. Sorriu com a lembrança. Era bom conviver com ela fora do ambiente escolar e da rotina de estudos que tinham. Ele se pegou desejando que ela fosse da Grifinória, para que pudessem se ver no Salão Comunal todos os dias, e se surpreendeu com o próprio pensamento. No entanto, não teve muito tempo para pensar sobre isso. Ouviu alguém batendo na porta e imaginou que fosse sua mãe o chamando para o café.


-Pode entrar. – Ele disse distraído.


-James. – Anya entrou com outras roupas e com o cabelo molhado, o que fez James deduzir que ela tinha saído do banho há pouco. Ele sentiu certo nervosismo ao vê-la, principalmente porque notou que ela estava com o rosto um pouco ruborizado, coisa que lhe era muito rara. – Sua mãe me pediu pra te chamar para o café.


-Está certo. Eu já vou. – Ele sorriu para ela, que fechou a porta do quarto. Só quando se levantou que foi capaz de perceber a razão do embaraço de Anya. Tinha dormido sem camisa, como de costume. Sorriu enquanto levantava e caminhava até seu guarda-roupa. Antes de sair do quarto, fechou os olhos por um momento, desejando que o dia demorasse a passar.


 

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