Aulas Particulares
-É preciso que vocês saibam qual é a maneira correta de flexionar o punho em feitiços de defesa não-verbais. Lembrem-se que a ausência de pronúncia requer um desempenho manual excepcional. Portanto, quando usarem o Engorgia, lembrem-se de manter o punho leve e girá-lo levemente no sentido horário. - O professor Flitwick gesticulava vigorosamente com sua varinha apontada para a direita, projetando um feitiço azul-acinzentado no ar, formando milhares de partículas brilhantes, que giravam em espiral.
James escutava as palavras saíram da boca do professor, mas não as absorvia. Tudo o que ele via eram as partículas que saíam da ponta da varinha girarem lentamente. A Grifinória tinha aulas de Feitiços com a Corvinal, o que tornava tudo ainda mais entediante para ele. Os corvinais estavam, como sempre, muito atentos, fazendo anotações em seus cadernos pesados rapidamente. Alguns grifinórios prestavam atenção nas palavras de Flitwick, e giravam as varinhas, tentando aprender como se manuseava o feitiço. Estavam tendo uma aula teórica, o que indicava que a aula seguinte seria prática. James se contorceu com a ideia. Feitiços nunca fora seu forte, mas agora, em pleno sétimo ano, ele parecia estar se saindo mais medíocre do que de costume. Passou a mão involuntariamente por seus cabelos castanho-claros despenteados, gesto que sempre fazia com que metade das meninas de Hogwarts suspirasse. Ele sabia que uma três ou quatro corvinais cochichavam a seu respeito no fundo da sala, e cruzou os braços atrás da cabeça, fazendo com que o burburinho aumentasse.
Ele adorava ser admirado. Ainda mais agora, começo de outubro, que a temporada de jogos de quadribol começaria. Como artilheiro do time da Grifinória desde o quarto ano, não podia estar mais ansioso para a chegada desta temporada. Seria seu último ano em Hogwarts, e como no ano anterior, ele desejava ardentemente vencer a Sonserina na final. Seria como sua última missão em Hogwarts. Talvez até mais importante do que se sair bem o suficiente nos N.I.E.M.s para se tornar auror, como a maioria dos grifinórios desejava. Ele imaginava se os sonserinos tinham tamanha ambição em se tornarem comensais da morte.
Os sinos que ficavam próximos à janela começaram a balançar e tilintar alto, indicando que a aula havia acabado. (N.A.: Os sinos são por minha conta. Em Hogwarts não existe sinal para indicar o término das aulas, mas como também nunca vi os professores usarem relógio de pulso, resolvi facilitar as cosas. xD) James não pode conter um suspiro de alívio. Cutucou Peter, que dormia profundamente ao seu lado.
-Ahn?? O que aconteceu? – Peter olhou para James, que riu de sua cara amassada. Dave veio para perto deles, seguido por Collin, e os quatro saíram pelo corredor apressados.
-Até que enfim chegou a hora do almoço! – Collin disse enquanto desciam as escadas para o Salão Principal. Collin era o goleiro do time da Grifinória e o segundo garoto mais cobiçado de Hogwarts, depois é claro, de James. Enquanto desciam, um punhado de garotas da Lufa-Lufa o cumprimentaram com beijos no rosto, algumas passando a mão em seus braços musculosos. Era o mais forte do time.
-Collin, se você não parar de ser assediado, vamos ter que parar de andar juntos, cara. – Dave comentou. – Na última vez que tentamos chegar aos jardins, cheguei vinte minutos atrasado no encontro com a Lauren.
-Falando nela, como é que vocês estão? – Peter comentou ajeitando os óculos. Dos quatro, era o mais estudioso, e de tanto que vinha estudando, acabava, inevitavelmente, dormindo nas aulas do Flitwick.
-Bem. – Dave respondeu sorrindo. – Vou passar o natal na casa dos pais dela este ano.
-Oh, que fofo. – Zoou James, tomando um tapa na cabeça do amigo. Dave namorava desde o quinto ano com Lauren, ao contrário dos outros três, que nunca tinham assumido um compromisso sério.
-E você e a Mary? – Dave perguntou olhando fixamente para James com seus olhos verdes.
-Ah, eu não sei. – Respondeu James. Ele estava ficando com Mary há duas semanas. – Ele tem sido muito... ciumenta. – Ele preferiu não dizer “chiclete”. Não gostava de falar mal das garotas com quem ficava.
Estavam prestes a entrar no salão, quando McGonnagal os parou.
-Bom dia rapazes. – Ela os cumprimentou, sorridente. – Pode vir comigo um instante, Woodsen? – Disse, fitando James por sobre os óculos de lentes arredondadas.
-Aham. – Respondeu ele, se despedindo dos amigos com um aceno de mão. Sentiu o estômago roncar, e pressentiu que o que quer que Minerva fosse dizer, demoraria bastante.
Caminharam até a sala de McGonnagal, que ficava no andar de cima, em um corredor um tanto quanto isolado. Ela abriu a porta e o convidou para entrar.
-Sente-se, por favor. – Disse, dando a volta na mesa e sentando em sua cadeira. – Sr. Woodson, é meu dever, como diretora da Grifinória, zelar pelo bem de meus alunos-
Ah, que ótimo. Vai falar das minhas notas.
- e devo dizer que suas notas em Feitiços estão preocupantes. Estive conversando com o professor Flitwick-
Blá blá blá, você é um grande inútil que só me dá trabalho... – Pensava James, imitando mentalmente a voz de Minerva.
- e ele me sugeriu que eu procurasse um aluno capaz de te dar uma força com seus estudos. E foi o que eu fiz.
-O quê?! – James arregalou os olhos, imediatamente interessado no que McGonnagal dizia. – Como assim? Alguém pra me dar aulas de Feitiços?!
-Basicamente. – Minerva respondeu. – O professor Flitwick me indicou uma excelente aluna, que também é do sétimo ano. Conversei com ela, e ela se dispôs a ajudar. Disse que começa hoje mesmo se quiser.
James imediatamente imaginou que fosse uma de suas fãs. Pensou no quanto Mary torraria sua paciência se soubesse que ele teria aulas articulares de feitiços com uma menina fissurada por ele. Devia ser uma Corvinal, visto que era excelente em Feitiços.
-O que você acha? – Minerva perguntou.
De todo, não era má ideia. Ele precisava de alguém que lhe ensinasse feitiços, e de preferência, alguém cuja voz não tivesse efeito sonífero sobre ele.
-Pode ser uma boa ideia. – Ele respondeu sorrindo.
-Excelente!. Vou avisá-la agora mesmo. Talvez vocês possam estudar hoje à noite.
-Ah, claro. Pode deixar que eu mesmo a procuro. – Ele fez que não com a mão. Se ele fosse visto com uma menina que não fosse Mary Fay, estaria frito. Qual é o nome dela?
-Anya Smith.
-Ok. Deixa comigo. Obrigado, Minerva. – Ele piscou para a professora e saiu apressado para o almoço, sem mesmo terminar de ouvir o que ela tinha a dizer. Ok, o que faria agora? Como procuraria uma menina sendo discreto para que a namorada não percebesse? Namorada? Não, ainda não. Ele e Mary estavam juntos há pouco tempo. Namorada era uma palavra que James vinha tentando evitar desde o quinto ano, trocando de garota assim que esta passava a demonstrar posse sobre ele.
-Oi, James! – Lunna Lovegood o cumprimentou, despertando-o de seus devaneios.
-Lunna, como vai? – Ele a parou no corredor.
-Vou bem. Sabe como é, me preparando para os N.I.E.M.s. – Ela respondeu, ajeitando uma pilha de livros que carregava nos braços.
-Deixa que eu te ajudo. – Ele pegou alguns dos livros e caminhou com ela até a biblioteca. – Escute, alguém esqueceu um caderno na aula de Astrologia no outro dia. Acho que é uma corvinal. Uma menina chamada Anya Smith. Conhece?
-Não tem ninguém com o sobrenome Smith na Corvinal. Talvez seja da Lufa-Lufa. – Ela comentou.
-Ah, é. Talvez. – Agora ferrou tudo! Ele sabia que não era uma grifinória, então só lhe restava a Lufa-Lufa. O problema era que as garotas da Lufa-Lufa do sétimo ano eram muito bonitas. Muito mesmo. James não tinha tanta confiança assim em seu autocontrole.
-Vou vindo Lunna. Até mais! – Ele acenou para ela, correndo até o Salão Principal.
-Aulas particulares? – Dave se virou para James subitamente, agitando os cachos loiros.
-Cuidado! – Peter o repreendeu. – A Grifinória inteira não precisa saber.
James havia contado aos amigos sobre a conversa com McGonnagal assim que Mary terminou de almoçar e saiu do salão.
-E quem é a garota? – Collin sussurrou, logo em seguida tomando um gole de seu suco de abóbora.
-Anya Smith. – James respondeu, mais baixo ainda. – Acho que é da Lufa-Lufa. – Sabem quem é?
Os amigos acenaram negativamente com a cabeça. Neste momento James sentiu algo se mexendo no bolso de seu casaco. Pôs a mão no bolso, e sentiu um pedaço de papel dobrado. O tirou do bolso discretamente, e viu que era um bilhete recém-conjurado. Resolveu ler mais tarde, ou acabaria atraindo atenção.
James tinha saído da última aula do dia, e estava andando pelos corredores do primeiro andar da escola, caminhando em direção aos jardins. Assim que se viu sozinho, pegou o bilhete que estava em seu bolso e o leu.
Me encontre na sala nº 82 ao final das aulas. Anya Smith.
Ele ficou imediatamente em alerta. A sala de nº 82 era a antiga sala de Astrologia, que não era usada há muitos anos. Desde o terceiro ano, a sala era usada por casais que queriam ter alguma privacidade. No início do ano anterior, a professora Sprout havia delatado tais encontros para Dumbledore, que trancou a sala com um feitiço. O próprio James já havia sido pego pelos monitores mais de uma vez dando amassos em algumas garotas.
Será que a menina está realmente interessada em mim? - Se perguntou enquanto subia as escadas até a familiar sala. Assim que chegou ao corredor, se certificou de que estava sozinho, e bateu na porta. Esta se abriu com extrema facilidade. Assim que entrou, viu uma garota de costas, ainda de uniforme, abrindo as cortinas. Ele fechou a porta atrás de si.
-Muito prazer, sou... – Sua voz se perdeu quando a menina se virou. O problema não era sua aparência, e sim a gravata que estava usando sobre a blusa social branca do uniforme. Verde e prata. Era uma sonserina.
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