Veneno?
Acabei de sair do banho ainda pensando em como pude me deixar levar dessa vez. Mas a eletricidade, o magnetismo que nos envolvia era muito mais do que eu estava preparada para resistir, e ele também. Mas não pude deixar de notar que não havia nele a paixão da primeira vez, mas sim ódio, frustação, raiva e violência. Não deixei de encarar os hematomas negros em minha pele, meus lábios inchados, minha boca machucada por dentro ou o fato de que meu corpo todo doía de forma inédita. No momento eu só via ele e nada mais, eu tinha que tocá-lo, tinha que fazer aquela núvem nojenta se transformar no meu Scorpius. Hoje eu via o resultado disso. Tinha marcas de chupões e mordidas no meu pescoço, o resto eram manchas negras de sua brutalidade que marcavam minha pele clara. Ele me machucara e eu sequer me preocupei com isso, eu queria ele e apenas ele e o tive. Faltei hoje, estava com uma dor de cabeça infernal, e estava tomando poções para sumir com os hematomas.
De repente um barulho me chamou atenção. Uma porta se abrira em meu quarto, uma porta que não existia. Por ela passou Malfoy, vestido com uma claça jeans simples e um blusa de seda prateada.
- Rose, você está bem? - disse ele com a voz vacilante - eu não sei o que aconteceu comigo, eu... - se interrompeu ao ver os hematomas quase invisíveis - ROSE! Você não me falou que eu havia machucado você - tirou meu roupão - Rose, parece que eu espanquei você...
- Você não me espancou Scorpius, mas não vou dizer que eu sei o que você estava pensando, ou... - fui interrompida pelo abraço dele, logo pude sentir suas lágrimas caindo em minhas costas nuas e seu rosto se afundando em meus cabelos, a eletricidade se intensificou quando ele encostou seus lábios em meu pescoço implorando por perdão com a voz já rouca. Me afastei, dando a oportunidade de Scorpius admirar o último vestigio do estrago que fez desaparecer, mas eu sabia que ele ainda os via lá, os imaginando piores do que foram - seus olhos - estavam aterrorizados e avermelhados. Tomei seu rosto em minhas mãos e beijei de forma calma.
- Rosie... eu passei dos limites, não deviamos nos ver mais, eu sou um monstro, um monstro que quando consegue o que mais quer destrói tudo! - disse ele tirando sua blusa e colocando em mim - está confusa Rose? Eu explico. Eu a amei desde a primeira vez que te vi, mas você dava tanta atenção ao Alvo! Eu já o conhecia, ele era meu amigo, eu não ia destruir nossa amizade por você, então passei a odiá-la, ou foi o que pensei que fazia. Ontem eu estava furioso comigo e com você, por destruir o que eu tinha levado três anos para construir. Sabe como é olhar pra você do outro lado do pátio e querer fazer amor com você na frente de todos? Você é a droga que eu não tenho resistência. Eu provei uma vez e entrei em abstinência. E eu havia descutido com o idiota do Thiago, agora me sinto como se tivesse violado você, te tratado como um produto que eu poderia ter na hora que eu quisesse. O quanto você me deseja não é a metade do que eu te quero!
- Scorpius...
-Pelo amor de Deus Rose! Nós fizemos amor por um dia inteiro! Eu não parei um minuto sequer, só por causa da hora. Quando eu te vi sair, exausta, eu queria te tomar nos braços e continuar com mais violência ainda! Eu te amo e te odeio, eu preciso ficar com você de novo, mas quem garante que não vou te machucar, te magoar ou pior, te matar? Rose, só olhar pra você faz meu coração bater mais forte. Você me disse que é minha, e parte da minha mente diz que você se deu a mim, e eu tenho que aproveitar. Mas a parte racional diz que é errado eu pensar assim e que eu não lhe mereço. Rose, eu sou seu e não te mereço, eu te amo mais não me comporto como se amasse, meu coração está em mil pedaços e eu ainda sim encontro forças pra viver. Rose, eu quero um tempo pra entender o que está acontecendo comigo. Me perdoe, deusa - disse ele e caiu no chão se contorcendo de dor, suas lágrimas caiam sem parar. Ele parecia um anjo caído, lindo, e arrependido.
Absorvi seus músculos perfeitos, sua pele perolada, seus cabelos platinados, suas lágrimas cristalinas e seus olhos recém abertos prateados. Seu rosto estava gravado em minha memória e meu corpo sem pensar começou a agir. Envolvi meu anjo prateado em um abraço no qual ele se refugiou do mundo. Nunca o vi tão frágil, e nunca tão belo. Ele estava agora encolhido em meu colo e eu lhe acariciava os cabelos claros macios, cantando baixinho Good Enough do Evanescence para ele. Suas lágrimas não paravam de cair e seu corpo sofria com solavancos pelo choro intenso, sua pele estava cada vez mais clara e ele tremia um pouco, sua pele estava quente em excesso e estava soando muito.
- Scorpius, você está bem?
- Eu estou estranho...
- Já volto, vou por uma roupa e te levar para a enfermaria agora.
Coloquei uma calça jeans e uma blusa verde, e prendi os cabelos em um rabo-de-cavalo alto, passei uma maquiagem e coloquei sandálias prata, pegando uma blusa fina de mangas compridas, fui rápidamente pegar Scorpius, que estava se retorcendo no chão. Coloquei a blusa prata nele e a blusa de frio sobre seus ombros, saindo pela porta pela qual ele entrou, afinal, era melhor não causar mais problemas. Saimos em um corredor para entrar um uma porta que dava em um local proximo à enfermaria. Os alunos estavam voltando das aulas quando nos viram, nos encarando com olhares maliciosos e incriminadores, até Malfoy cair o chão e ter convulsões. Alvo foi correndo socorrer o amigo, que agora estava quase transparente. Dois garotos que andavam com Scorpius ajudaram Alvo a levá-lo para a enfermaria. J. veio correndo em minha direção e me abraçou.
- Você está bem? - disse ela com os olhos azul-escuros
- Não, e você?
- Não agora - disse ela corando - estava com Louis na Sala Precisa. Vocês estavam lá?
- Não - me aproximei do ouvido dela e contei tudo em um tom de voz que só ela poderia ouvir
- Que genial! Eu e Louis vamos fazer isso, mas é claro, seu segredo está seguro comigo, já volto.
- J...
- Já volto!
J. estava muito empolgada que havia dado certo, principalmente pelo simples fato de que ela e Louis ficavam no nosso quarto grande parte do tempo. Louis e J. realmente se gostavam, e ela estava me contando que realmente ficaram naquele dia, mas algo sombrio passou por seu rosto quando ela mudou de assunto.
- Ele te machucou né? Quero dizer... quando vocês...
- É, é verdade, mais ele não queria, como você sabe? - disse eu ao interrompê-la
- Eu vi o resto da poção. Eu acredito em você. Mas eu vou dar um murro na cara dele assim que o atídoto estiver pronto.
- O quê?
- É, seu querido Scorpius Malfoy foi envenenado.
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