A carta

               Na casa dos Weasley-Granger ninguém estava à toa. Rony colocou todo mundo para trabalhar. Hugo arrumava os quartos, Rose e as meninas cuidavam da limpeza, e Rony fazia o jantar. Ninguém reclamou, na verdade até gostavam. Divertiam-se apesar de tudo.

- E você arrumou um namorado Rose? – Alex perguntou e Rose arregalou os olhos.

- Eu espero que não. – Rony disse de lá da cozinha, e Rose se perguntou como ele conseguiu ouvir.

- Ah não... Só ta de rolo com o Malfoy. – Hugo disse do quarto.

- Como é que é? – Rony apareceu na porta da cozinha.

- Quer ajuda pai? – Rose correu até a cozinha e começou a mexer as panelas.

- O que o seu irmão falou?

- Que eu briguei com o Malfoy. – Rose sorriu. – Ele é metido como o pai dele, você precisa ver.

- Hum... Sei. – Rony olhou desconfiado.

 

 

 

 

               Hermione realmente estava cansada do primeiro dia de trabalho, mas mesmo assim estava adorando aquele emprego. Apesar de Pâmela torrar a paciência a maioria das vezes, Carlos, Roberta e Augusto eram pessoas muito divertidas, e passaram a maior parte do tempo rindo. Michel apareceu algumas vezes para saber se estava tudo bem, e ele parecia não se importar com as brincadeiras e as risadas, pelo contrário, parecia até gostar. Todos já tinham ido embora, e Hermione esperava Rony buscá-la do lado de fora da livraria.

- Quer uma carona? – Michel apareceu ao seu lado e ela se assustou. – Desculpe-me, não quis assustá-la. – Ele sorriu.

- Tudo bem. – Ela sorriu. – Ron já deve estar chegando, obrigada.

- Vocês... Estão bem mesmo?

- Eu acho que sim... Só precisamos de um pouco de tempo. – Ela sorriu.

- Eu realmente te acho uma pessoa adorável Hermione, uma das melhores pessoas que conheci. Fico triste quando sei que alguém pode magoá-la.

- Obrigada Michel... – Os dois ficaram um pouco em silencio.

- Bom, enfim... Vejo que você e Pâmela já se conheciam.

- Ah sim... Ela se mudou para o meu bairro recentemente.

- Ela é uma chata não é? – Ele disse e Hermione riu. – É sério. Não a suporto.

- Então por que a contratou?

- Na verdade ela é minha prima. A mãe dela é minha madrinha, e me deu a maior parte do dinheiro para comprar a livraria, em troca de dar um emprego para Pâmela. Ela não conseguia parar em nenhum emprego, e agora sabemos por que. – Ele riu. – Mas tenho que aturá-la todos os dias de agora em diante. Mas agora que você é a gerente, acho que ela vai sossegar um pouco.

- Eu não quero causar problemas...

- Não, imagina! Não vai causar problema nenhum. Pelo contrário, vai ajudar mais.

- Obrigada Michel, quero dizer... Por tudo. – Ela sorriu.

- Imagina Hermione. – Ele a abraçou e beijou sua cabeça, pelo fato de ser mais alto que ela. - Eu gosto muito de você.

- Ah... Michel...

- Oh não! Não pense que é esse tipo de “gostar”. – Ele riu e Hermione respirou aliviada. – É gostar de amigo, irmão. Me senti a vontade com você desde a primeira vez que nos conhecemos. Percebi que Rony não gostou muito, mas infelizmente é o meu jeito.

- É... Ele realmente não gostou muito, mas ele está se acostumando.

- E por falar em se sentir a vontade... É melhor eu te contar uma coisa antes que você comece a pensar mal de mim... Eu...

- Hei... Boa noite. – Rony disse se aproximando. – Desculpe a demora, as crianças estavam arrumando tudo. Parei o carro no outro quarteirão. Como vai Michel?

- Estou ótimo Rony. E você? – Ele disse simpático.

- Estou ótimo também. – Rony sorriu. – Vamos?

- Sim. – Hermione sorriu orgulhosa da simpatia de Rony. – Tchau Michel. Até amanhã. – Ela sorriu e os dois foram embora.

 

 

 

 

 

- E então, como foi o primeiro dia? – Rony perguntou enquanto seguiam para o carro.

- Muito bom. – Ela disse empolgada. – Eu sou gerente.

- Mas já?

- Uhum. Dá pra acreditar? Michel é louco. Chegou me apresentando para o pessoal como a gerente.

- E eles não acharam ruim?

- Não, são pessoas maravilhosas. Muito divertidas. Só uma pessoa que não gostou muito...

- Ah sempre tem esse tipo de pessoas em todos os empregos. Lá no ministério tem um auror que é tão chato, que a minha vontade é acertar um feitiço no meio da cara dele durante o treinamento.

- Ron! – Ela bateu em seu ombro e os dois começaram a rir. Rony se apressou para abrir a porta para ela. – Obrigada. – Ela sorriu e entrou no carro, logo depois Rony entrou. – Nossa, estou tão cansada.

- Teve muito trabalho?

- Mais ou menos. Arrumei várias prateleiras hoje.

- E por que não usou magia?

- Ah Ron... A livraria fica muito cheia. Não da pra usar magia despercebida.

- É uma pena... Queria que aproveitássemos a noite hoje. – Ele sorriu.

- Mas podemos aproveitar. – Ela sorriu de volta. Realmente parecia que Rony estava disposto a mudar, e estava indo muito bem. Ela só esperava que isso durasse.

 

 

 

 

- Hugo! Já terminou de arrumar a mesa? – Rose gritou da cozinha.

- To quase. – Ele disse. Quando Rose apareceu na sala de jantar não tinha nada arrumado, e Hugo lia uma revista em quadrinhos.

- HUGO! – Rose berrou.

- QUE FOI? – Ele se assustou.

- A mesa não está arrumada!

- Eu disse que estava quase. E por que você não arruma ao invés de mandar?

- Por que o papai pediu para eu terminar o jantar.

- Ah faz uma mágica aí e ajeita tudo. Ninguém vai reparar.

- Você acha que o Ministro é burro? Não importa qual tipo de magia fizer, é magia. De qualquer jeito vai ser muito pior porque o papai trabalha com ele. – Ela disse com raiva indo até a mesa e começando a arrumar tudo.

- Por que ta tão nervosa?

- Porque você não faz nada direito.

- Ah é? Vamos ver se o papai vai gostar de saber que você anda de namoricos com o Malfoy.

- Cala a boca Hugo!

- O que ta acontecendo? – Alex e Mia chegaram à sala.

- Nada! Voltem pro quarto.

- Não fala assim com a gente! – Mia disse com raiva.

- É. – Alex concordou.

               De repente os quatro estavam discutindo. Ninguém conseguia ouvir ninguém, mas mesmo assim todos falavam e gritavam ao mesmo tempo. Rony e Hermione entraram em casa e se depararam com aquela algazarra.

- Hey! – Rony disse, mas ninguém o escutou. – hey! – Ele disse mais uma vez. – OOWWWWW! – Ele gritou e todos calaram a boca. – O que ta acontecendo aqui? – Todos começaram a falar ao mesmo tempo novamente. – ESPERA! – Ele gritou de novo. – Rose, o que aconteceu?

- Eu pedi o Hugo para arrumar a mesa e ele não arrumou!

- Porque você não manda em mim.

- MAS EU PEDI, NÃO MANDEI! – Ela gritou e os dois começaram a discutir.

- TA! CHEGA! – Rony gritou. – O jantar está pronto?

- Está. – Rose disse.

- Ótimo. Então deixa que eu arrumo a mesa. Agora por que não vem dar um abraço na mãe de vocês? – Rony falou e Hermione sorriu.

- Mãaaaae. – Rose correu e a abraçou, e Hugo fez o mesmo. Alex e Mia entraram no embalo e foram também.

- Pensei que não iam me notar aqui. – Hermione brincou. – Estava com saudades! Quero saber todas as novidades.

- Depois do jantar. – Rony disse acenando a varinha e arrumando a mesa.

- Uau. Que mesa linda! – Hermione sorriu.

- Arrumamos toda a casa para você mamãe. – Alex disse.

- Sério? Nossa que filhos prendados eu tenho. – Ela sorriu. – Está tudo lindo.

- E agora... - Mais uma vez Rony acenou a varinha e o jantar saiu da cozinha até a mesa. – Vamos jantar. – Ele sorriu. As crianças correram para a mesa e começaram a se servir, todas falando ao mesmo tempo, mas dessa vez não estavam brigando. Rony puxou a cadeira para Hermione sentar e ela sorriu, se sentando.

               Durante o jantar Rose e Hugo contaram as novidades de Hogwarts. O jantar foi bem agradável e Hermione se sentiu feliz por ter toda a sua família reunida. Mas principalmente por Rony estar se esforçando a mudar. A comida estava ótima, a casa impecável, e ele não se cansava de perguntar sobre o primeiro dia de trabalho.

               Depois de conversarem bastante e rirem bastante, as crianças foram dormir. Rose sentia falta de seu quarto, de ter um lugar só pra ela. Ela aproveitou que o clima em sua casa estava bem agradável, e resolveu escrever uma carta para Scorpius:

 

               Scorpius,

Como está sendo à volta para casa? Aqui está ótimo. Meus pais estão super bem, e o clima aqui está muito agradável. É muito bom estar de volta. E como você pediu, estou escrevendo para dizer que podemos marcar um dia para você vir a minha casa conversar com meu pai, aproveitando o bom humor dele. Espero que venha logo.

                                                                                         Com amor, Rose.

 

               Assim que terminou ela foi até a sala em silencio, e pegou Tinker, a coruja da família. Silenciosamente ela abriu a janela e entregou a carta para Tinker, que voou no mesmo instante. Rose fechou a janela e se virou, dando de cara com Hermione.

- Mãe! Que susto!

- Pra quem estava mandando a carta? – Hermione sorriu.

- Pra... Uma pessoa... – Ela disse. Não gostava de mentir para Hermione.

- E eu posso saber quem é? – Ela cruzou os braços, divertida.

- Malfoy... Scorpius Malfoy.

- Eu sabia! – Hermione disse rindo. – Sabia que teria alguma coisa por ele, de tanto o seu pai falar que nunca permitiria um namoro de vocês dois.

- Mas... Mãe, você acha que ele ainda pensa assim?

- Acho que sim... Seu pai é muito orgulhoso e ciumento, principalmente com você. Mas, nada que uma longa conversa não resolva. – Ela sorriu.

- É que... Bem... Scorpius quer vir aqui conversar com ele.

- É mesmo? Bom, então acho que aí teríamos que ter uma conversa beeeeem longa. – Ela riu. – Mas eu converso com ele direitinho.

- Pode conversar com ele amanhã? Bom, nós vamos almoçar na casa da vovó, e depois que ele jogar quadribol ele vai estar bem humorado.

- Hum, tem razão. Sim, eu posso conversar com ele amanhã.

- Obrigada mãe. – Rose a abraçou. – Boa noite.

- Boa noite filha.

               Hermione tinha quase certeza que Rony ia surtar e falar até dizer chega. Mas talvez com essa mudança ele também comece a se acostumar com o fato de que Rose está crescendo, e arrumará um namorado mais cedo ou mais tarde.

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