Epílogo
Title: Departamento de Mistérios
Author name: Jesse Kimble
Author email: [email protected]
Category: Drama
Rating: PG - 13.
Spoilers: PS, CoS, PoA, GoF, OOTP.
Shippers: Harry/Hermione
Summary of the chapter: afinal, o que realmente aconteceu naquela sala no Departamento de Mistérios?
Disclaimer: preciso repetir? Bom então aí vai: Harry Potter não é meu, e isso é culpa tudo da conspiração estadunidense... por isso votem em mim que tudo isso será resolvido!
Departamento de Mistérios - Epílogo
“I close my eyes, only for a moment, and the moment's gone
All my dreams, pass before my eyes, a curiosity
Dust in the wind, all they are is dust in the wind
Same old song, just a drop of water in an endless sea
All we do, crumbles to the ground, though we refuse to see”
-- Kansas, “Dust in the wind”
***
Eu ainda me lembro do que vi naquele espelho. Me lembro a cada dia da minha vida, ou da nossa vida, se você preferir. Não, não foram meus pais. Não foi Sirius, não foi Hermione.
Eu vi a mim mesmo, exatamente como eu era.
Um garoto magricela, com cabelos negros, bagunçados, usando óculos na frente de vivos olhos verdes.
Um garoto que vivera vinte anos carregando uma marca na testa, que fazia com que todos o considerassem especial.
Um garoto que só desejou ser normal, ter uma família, ter uma vida como qualquer outra pessoa da sua idade.
“O homem mais feliz do mundo usaria o Espelho de Ojesed como um espelho normal, veria-se nele exatamente como é.”
Eu vi que não precisava mudar mais nada na minha vida. Eu não precisava conquistar mais nada, mas ainda havia pessoas que precisavam...
Aquele garoto, com seu incontrolável “senso de heroísmo”, me mostrou o que eu precisava fazer. Não, não pude usar uma maldição imperdoável naquele dia. Voldemort não seria morto por seus próprios métodos. Eu virei para ele e disse a verdade: para mim, não passava de um espelho normal aquele objeto à minha frente.
Obviamente ele não acreditou; aproximou-se do Espelho de Ojesed para conferir com os próprios olhos. Não sei dizer, mas acho que foi a partir desse momento que ele começou a ser derrotado.
Voldemort começou a falar. Não Voldemort, Tom Servolo Riddle. Ele podia não ter a mesma forma daquele jovem que conheci quando ele tinha dezesseis anos, mas ainda era a ele, os mesmos sonhos, os mesmos objetivos, apenas escondido por uma máscara de Lord das Trevas.
"Eu me vejo matando você. Eu consegui o que queria, poder. Até Dumbledore está curvando-se para mim. Ah, sim... meus leais servos vieram me dar a grande notícia: os sangue-ruins foram exterminados! Agora tudo está direito!", exclamou Riddle, rejubilante.
"E o que você vai fazer com esse poder, Tom? Você queria poder para destruir os sangues-ruins e conseguiu. E agora? A sua cruzada acabou." Eu comecei a dizer, sem ter a mínima idéia de onde surgiam essas palavras, sem me importar em descobrir porque as dissera.
Tudo estava realmente acabado.
"Como, o que vou fazer agora? Vou endireitar o mundo, fazer um mundo como deveria ter sido desde o princípio, com somente sangues-puros."
"Você tem uma idéia muito deturpada sobre o que é direito. O espelho não nos dá nem o conhecimento nem a verdade. Vê? Essa vitória à sua frente não passa de uma utopia, um sonho inalcansável. Você deseja isso tão desesperadamente, mas no intímo sabe que isso nunca vai realizar-se. E você tem tanta certeza que não vai acontecer que não se importaria de sentar-se em frente a este espelho pelo resto do que você chama de vida, enganando a si mesmo, acreditando que já alcançou tudo o que o espelho está mostrando."
“Cale a boca, garoto!”, ordenou ele, irritado.
"Vê? É por isso que não vejo nada além de eu mesmo. Porque eu não preciso de um espelho para me dizer que as coisas vão melhorar, que vou reencontrar meus pais e Sirius, que vou voltar com Hermione e... que vou sair daqui. Eu sei muito bem que nenhum desses pensamentos é verdadeiro."
"Como assim não é verdade?? O que você está dizendo? Que está desistindo de tudo? Vai finalmente se render? Vai curvar-se a mim?"
Pela primeira vez, vi que ele parecia confuso. Tão diferente de mim. Na minha mente, de repente, tudo tinha ficado tão claro... tudo tinha uma explicação...
"Estou dizendo que sei o que vai acontecer, que não preciso mais me preocupar com o que você deseja fazer. Uma vez nós nos encontramos, Tom. Você disse que eu era tão parecido com você. Naquele momento, acreditei que isso pudesse ser verdade, mas agora vejo que você nunca esteve tão enganado. Você quer me matar? É para isso que está aqui?"
Ele confirmou, como eu sabia que faria.
"Não vai conseguir." Eu declarei. "De novo."
Tom Riddle não hesitou. Lançou um maldição da morte contra mim. Eu fiz a única coisa sensata: tentei desarmá-lo.
Como eu previ, nossas varinhas novamente se uniram. As contas de luz que formaram-se entre elas pareciam demorar anos para chegarem ao outro lado; mas chegaram. Eu larguei minha varinha no chão.
De propósito.
Me aproximei e tirei da cintura a espada de Godric Gryffindor. Ela estivera lá o tempo todo, por insistência de Dumbledore.
E com a espada, eu o matei.
Um único golpe, através de seu corpo mortal; como eu sabia que aconteceria, libertei sua alma. Ela vagou pela sala, desesperada para possuir alguém, para não se perder no infinito.
É por isso que estou aqui, é por isso que não deixei que a porta fosse aberta.
Não estou sozinho. Ele me faz companhia. Como eu disse, o espírito de Lord Voldemort procurava possuir alguém. E encontrou, assim como fez com Quirrell.
~*~*~*~*~ Continua em "Cogitari Ancilla" ~*~*~*~*~
“Para os leigos, minhas anotações podem parecer uma pilha de papéis velhos: mas são dez anos de trabalho. Arquivo tudo detalhadamente e sei onde está cada pedaço de papel. Eu escrevia em qualquer coisa. Esculpi o livro usando todas estas anotações: era só condensar e editar. Achei que se fosse publicado seria um livro para obsessivos. Um livro para pessoas que apreciam os detalhes, porque eu tenho todos os detalhes dele.”
“Não sei descrever a emoção para alguém que não escreve. Só sei dizer que foi uma sensação exultante, como quando encontramos alguém por quem vamos nos apaixonar.”
--- J.K. Rowling, “Harry Potter e Eu”.
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