A Marca




[PRÓXIMO À FLORESTA PROIBIDA; APÓS O TOQUE DE RECOLHER]




── 
Ele está muito pesado!


Os dois homens carregavam o zelador Argus Filch desde o escritório, mas à medida que se aproximavam da Floresta Proibida cada passo demorava uma eternidade para ser dado. Eles estavam exaustos. O suor pingava por debaixo de suas máscaras pretas, as quais tinham apenas três buracos para o ar passar: nos olhos e no nariz.


─ Aquele Snape podia ter feito um feitiço pra nos ajudar aqui! ─ rugiu o mais baixo e corcunda. ─ Será que a gente não pode descansar só um pouquinho?


O mais alto jogou o zelador no chão e esbofeteou o pequeno.


─ Descansar? Você sabe o que acontece conosco se descansarmos, Duwalf? ─ sua voz zuniu como um revólver pelas redondezas de Hogwarts. O gorducho arregalou os olhos negros. ─ Pare de reclamar e carregue o homem!


A energia dos dois homens, principalmente a de Duwalf, pareceu voltar. O homem acatarrado não proferiu nem um arquejo, apesar de o mais alto estar carregando Argus Filch tão rapidamente que Duwalf se enrolava nas próprias pernas a cada passo. Não sabia como ainda não tinha caído.


─ Tem certeza que é por aqui, Duwalf? ─ inquiriu o mais alto, cortando o silêncio.


─ A-a-absoluta ─ gaguejou Duwalf olhando para ambos os lados. A verdade é que não tinha certeza alguma.


Depois de um tempo, o mais alto perguntou:


─ Está muito longe?


Duwalf reuniu o máximo de coragem que existia naquela pequena silhueta.


─ Er... Frederich, acho que não é bem esse o caminho...


Argus Filch foi ao chão mais uma vez. Os olhos cor-de-mel de Frederich bebiam da luz incandescente da lua e estrelas. O pequeno e gorducho Duwalf tremia da cabeça aos pés.


─ Como assim “não é bem esse o caminho”? ─ rugiu Frederich, com as veias de seu pescoço pulsando por debaixo da máscara ensopada de suor.


─ Eu estudei aqui há muito tempo, Frederich, acho que me confundi... Desculpe-me. ─ Duwalf tinha a voz mais fina do que uma donzela naquele momento.


Frederich contou até dez. Quando estava prestes a bater em Duwalf mais uma vez, Argo Filch remexeu-se no gramado e começou a gritar.


─ Socorro! Ladrões! Invasores! ─ berrava o zelador enquanto rebatia-se no chão. A voz era fraca demais para alguém muito longe ouvir, mas por via das dúvidas, Frederich pensou rápido. Apesar de não poder usar a varinha de alguma maneira, o homem chutou o rosto magro de Argo Filch que o fez desmaiar instantaneamente, deixando a bochecha direita do zelador machada do sangue que saía de sua boca. Duwalf quase urinou nos calções.


Então tudo aconteceu muito rápido.


Uma figura surgiu atrás dos meliantes e sacou a varinha. O flash de luz verde atingiu o corpo gorducho de Duwalf, que caiu estatelado no chão. Frederich se jogou no gramado e começou a implorar por misericórdia. Fechou os olhos e tentou desaparatar, foi quando quase desmaiou. Não estava conseguindo. Sempre quando abria os olhos, ainda encarava a sombra que se aproximava a cada segundo.

Subitamente, colocou os dois dedos no pescoço, onde uma marca de medalhão estava fulgurada. Talvez eles escutem meu chamado e me ajudem. Foi então que o inesperado aconteceu. O homem tropeçou num galho e começou a gemer no chão da Floresta Proibida. Uma luz verde em forma de medalhão brilhava em seu pescoço.


Perplexo, Frederich exclamou:


Severo!


Snape imediatamente apoiou os braços em uma árvore e saiu correndo dali, com a capa preta esvoaçando pelo território.


Uns alunos que estavam no Lago Negro se aproximavam aos poucos dele e Frederich estava sem tempo nenhum.


Então... ficou cego.


Haviam jogado Pó Escurecedor Instantâneo do Peru nele. Inferno! Sem saber o que fazer, começou a correr com os braços esticados, tropeçando em um galho todo segundo.


Enquanto isso, Argo Filch se contorcia. Alguns alunos pararam para ajuda-lo e outros foram atrás de Frederich que adentrava cada vez mais profundamente na Floresta Proibida. 

Madame Nor-r-a chegou perto do zelador e subiu em seu peito como se isso fosse parar a sua dor. Os alunos que ficaram junto de Filch imediatamente viram o motivo. Na palma de sua mão, uma marca de medalhão brilhava.


Que marca é essa?, pensou a loira Eve Callegari junto de sua companheira de casa Ninetta Cerutti.


─ Eve, temos que ajuda-los! ─ disse Ninetta. ─ Marcelo, Armando, Gabriel, Alex, Matheus... todos foram pra Floresta!


As duas alunas dispararam na direção dos amigos.


Os dois olhos de Madame Nor-r-a eram poços de tristeza. Olhou mais uma vez para a mão de seu mestre... e miou.

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