Coragem
18. Coragem
A palavra coragem é muito interessante. Ela vem da raiz latina cor, que significa "coração". Portanto, ser corajoso significa viver com o coração. E os fracos, somente os fracos, vivem com a cabeça; receosos, eles criam em torno deles uma segurança baseada na lógica. Com medo, fecham todas as janelas e portas – com teologia, conceitos, palavras, teorias – e do lado de dentro dessas portas e janelas, eles se escondem.
O caminho do coração é o caminho da coragem. É viver na insegurança, é viver no amor e confiar, é enfrentar o desconhecido. É deixar o passado para trás e deixar o futuro ser. Coragem é seguir trilhas perigosas. A vida é perigosa. E só os covardes podem evitar o perigo – mas aí já estão mortos. A pessoa que está viva, realmente viva, sempre enfrentará o desconhecido. O perigo está presente, mas ela assumirá o risco. O coração está sempre pronto para enfrentar riscos; o coração é um jogador. A cabeça é um homem de negócios. Ela sempre calcula – ela é astuta. O coração nunca calcula nada.
OSHO
O resto da semana passou de uma forma cautelosa. Eu via os olhares que a Lily, o James e o Sirius me mandavam. Além disso, tinha que lidar com o, não inesperado, interesse deles nos meus sonhos. Eu acordava e pergunta era logo, se eu tinha dormido bem. Eu sei que respondia secamente algumas vezes porque o meu humor matinal não é dos melhores, no entanto, mesmo assim eles não desistiram e continuaram com o seu sorriso falso e perguntas interesseiras.
Eu fechei os olhos antes de entrar na cozinha, ouvindo as vozes animadas do Sirius, da Lily e da Serena na cozinha, preparando-me mentalmente, para as suas perguntas.
- Bom dia. – Murmurei, quando entrei e os vi, sentados, a tomarem o pequeno-almoço e recebi um coro de “bom dia” como resposta.
- Bom dia, Harry. – Disse a Lily, com os seus olhos a brilharem de diversão, provavelmente, por causa, de alguma coisa que o Sirius disse. – Dormiste bem?
Eu suspirei, pensando qual seria o dia onde eles se fartariam de fazer aquela pergunta.
- Sim. – Disse, sentando-me e servindo-me com um copo de leite e algumas torradas.
- Vais correr, hoje?
Eu olhei para o Sirius, estranhando a pergunta dele. A partir daquele dia, eu tinha ido correr todos os dias e houve algumas em que até o James, me acompanhou, principalmente, quando era de manhã, antes de ele ir trabalhar. Estava a pensar em convidar o Charles também, de forma, a passar mais tempo com ele, no entanto, ele estava sempre a ler ou a fazer alguma coisa para a escola. O que tinha como única vantagem, ele fazer-me companhia, enquanto eu lia os livros da matéria que tinha que estudar.
- Vou mas é mais à tarde.
- Oh, não te podes esquecer que vem cá o Severus. – Disse a Lily.
Severus Snape.
Esse nome fazia-me ter vontade de rir porque lembrava-me de quando o Sirius disse que ele me ia dar aulas para defender a minha mente. O James, que tinha acabado de chegar a casa, ficou tão espantado que paralisou e quando voltou ao normal começou logo a resmungar com o Sirius, sobre de onde ele tinha tirado essa ideia. Ficou tão desconfiado, que fez com que a minha primeira aula com ele fosse no fim-de-semana, onde tinha a Lily e o Sirius para o supervisionarem.
Achei estranha aquela reação mas calculei que fosse mais um segredo deles e, por isso, nem perguntei. Aprender a proteger a minha mente era algo que me favorecia e, devido a isso, dava boas vindas a essa aula mesmo que isso pudesse atrasar ligeiramente o meu aprendizado para Hogwarts. A Lily disse que também me daria umas aulas, ajudando-me em poções (que ele também me ia ensinar e pelos vistos era mesmo um professor de Hogwarts) e a proteger a mente quando ele não pudesse. Ironicamente, os horários dos dois só lhes permitiam perder mais tempo ao fim-de-semana e, por isso, ficou decidido que a Lily iria me ensinar à noite, durante alguns dias da semana, enquanto ele vinha em alguns fins-de-semana. Proteger a mente não iria ser a prioridade (o que eu achei estranho, tendo em consideração o que eles sabiam sobre eu sonhar com o Tom Riddle) e ia ser poções. Eles só queriam que eu aprendesse o básico do básico, que iria ser ensinado naquele sábado.
- A que horas é que ele vem?
- Depois de almoço. – Resmungou o Sirius. Mesmo tendo sido ele a dar a notícia, ele parecia concordar com o James, no desgosto pelo senhor.
Eu assenti, pensando que ainda tinha a manhã para mim. Poderia ir voltar a estudar poções, tentar falar com o Charles ou passar algum tempo com a Rose. Decidi-me pelo Charles, a tempo de perceber que os outros integrantes já estavam a conversar entre si, outra vez.
- O Remus está a matar-se de trabalho. Sirius, devias de o ir ajudar! – Ouvi a Lily ameaçar o Sirius.
O Sirius espreguiçou-se, fazendo pouco do que ela estava a dizer.
- Eu tive uma semana complicada. Não sabes o quão difícil é ouvir o Malfoy elogiar-se a si próprio, todos os dias e ainda me perseguir porque eu sou o Lord Black e a minha filha é uma grande amiga do seu filho. Estou à espera do dia em que ele vai anunciar que quer casar a Natalie com o Malfoy Junior. – Ele resmungou e, mais uma vez, eu percebi os ciúmes dele em relação à Natalie.
- Isso não é desculpa! Passas o santo dia, de rabo sentando, enquanto o Remus se desdobra entre a loja, ajudar o Harry e ajudar a Ordem. Tens que ir este fim-de-semana substituí-lo na loja.
O Sirius olhou para ela com uma expressão que dizia claramente que ela estava maluca, se pensava que ele iria fazer aquilo.
- Então contratamos mais um empregado. Nós temos dinheiro para isso e até estamos com muitos lucros. Se vamos abrir uma loja na Diagon Alley, aproveitamos e contratamos mais um para lá que não custa nada.
- Sirius… - Ela ameaçou, estreitando os olhos e pegando algo nas robes, que parecia muito bem ser uma varinha. – Se tu não vais ajudar o Remus, eu prometo-te que não te vais sentar durante uma semana.
Eu vi o sorriso culpado do Sirius e o olhar dele descer, para as mãos dela que ainda estavam debaixo da mesa. Eu já tinha visto durante este tempo que a Lily era uma pessoa muito doce, simpática e querida, no entanto, existiam dias - que o Sirius e o James chamavam de dias de TPM - em que ela se irritava e inclusive, enfeitiçava o Sirius e o James, se eles não a ouvissem.
A primeira vez que vi, pensei que aquilo fosse violência e estava para os ajudar, no entanto, compreendi que aquilo era a dinâmica entre eles e apesar de eles terem medo dela, eles faziam do temperamento da Lily uma piada, apostando quem seria o próximo a ser amaldiçoado. E além do mais, se eles se sentissem realmente injustiçados, eles tentariam pelo menos defender-se…
- Lily, minha querida, - ouvi o Sirius dizer, despertando-me e pondo as mãos num sinal de rendição – eu hoje não vou poder e não é por preguiça. Eu já tinha combinado com a Serena que lhe iria apresentar um pouco do mundo mágico. – Disse, dando um sorriso culpado.
A Serena que tinha estado calada até aquele momento, levantou os olhos e olhou com confusão para ele mostrando que não fazia ideia do que ele estava a falar.
- Estava a pensar em levá-la à Diagon Alley, mostrar-lhe as lojas para ela conhecer os vários produtos. Depois, vamos a…
- Sirius… - Cortou a Lily e eu vi alguma coisa faiscar debaixo da mesa.
- Eu estou a ser sincero, não estou, Serena, minha querida? – Perguntou, dando o seu maior sorriso charmoso para ela e fazendo olhos de cão perdido.
Ela olhou do Sirius para a Lily e depois para mim, como se a perguntar o que haveria de dizer. Eu dei de ombros, pensando quando é que ela voltaria a agir normalmente na minha presença. Nos fins-de-semana, que era quando eu a via mais, ela tentava evitar-me e, de forma semelhante ao Charles, raramente falava. Aquela casa só não era silenciosa porque havia um Sirius e James a viver lá.
- Minha doce, Serena? – O Sirius voltou a insistir, transformando o seu sorriso mais numa careta do que num sorriso, enquanto esperava a resposta. Estava à espera do momento em que ele começasse a declarar o amor incondicional à Serena, só para ela dizer que sim. No entanto, ela retirou-me o prazer de ver esse pequeno espectáculo, ao assentir, com pena dele.
O Sirius gargalhou aliviado, levantou-se, agarrou as mãos da Serena para ela se levantar e abraçou-a com força, fazendo-a corar.
- Viste? Estou a ser um bom amigo. Não me podes pôr a trabalhar quando estou a fazer isso, Lily.
- Sirius, tu hoje não tinhas dito ao James que ias ficar aqui, para controlar o Snape?
- Disse mas…
- Nem mas nem meio mas! – Ela resmungou. – Eu fico em casa, tu vais para a loja e já agora levas a Serena e obrigas o Remus a apresentar-lhe Hogsmeade e sair daquela maldita loja. Estamos entendidos?
Ela disse com tanta força que eu só vi o Sirius largar a Serena, triste e assentir. Até eu tive vontade de dizer que sim, mesmo não sendo a pessoa que estava debaixo da fúria dela…
- Ainda bem. – Ela disse, agarrando a caneca e levando-a aos lábios calmamente. Ouvi o Sirius sentar-se ao meu lado, aparentemente, sem apetite para acabar de comer e murmurar um “as mulheres são assustadores” baixinho. – Serena, desculpa o Sirius te pôr nas nossas discussões, para se livrar de trabalhar – “Hey, eu sou um escravo, farto de trabalhar”, ouvi-o murmurar mas a Lily continuou a ignorá-lo – mas ele até teve uma boa ideia. O Remus vai levar a conhecer-te Hogsmeade e se tiveres curiosidade por mais algum lugar, só precisas de dizer, que acredito que ele tenha todo o prazer em te mostrar.
- Eu não quero dar trabalho, Lily. Posso ficar aqui.
- Não e também podes levar a Rose, para ela conhecer Hogsmeade. – Disse a Lily, pensativa e eu tive vontade de dizer que também não conhecia e que queria ir. – Assim, passeiam e saem de casa, que acredito que já estão a ficar fartas.
- Oh, mas…
- Acredita, Serena, - Disse a Lily com um sorriso relaxado – nós é que te temos que agradecer. O Remus ultimamente é só trabalho e trabalho, se puderes fazer isso, ficava-te muito agradecida.
Vi a Serena sentar-se e assentir.
- Então agradeço.
A Lily deu-lhe mais um sorriso e olhou para a chávena, bebericando dela, parecendo extremamente satisfeita consigo própria. Eu tinha uma mãe assustadora….
---OLC---
- Isso é meu!
Eu suspirei quando vi que aquelas três crianças nunca iriam desistir de roubar coisas aos que consideravam mais fracos.
- Parem! – Eu gritei, correndo até eles e vi-os pararem de puxar a mala do Robert para olharem para mim. Apesar de fingirem que ficaram indiferentes, os seus olhos denunciaram-nos, mostrando medo.
Eu observei o ambiente à minha volta e vi que eles escolheram aquele lugar - escondido dos olhares dos professores pelas árvores à volta- para poderem intimidar quem quisessem à vontade. Os outros alunos tinham demasiado medo deles para lhes responder e isso fazia com que eu tivesse que defender os outros órfãos, neste caso o Robert, um órfão que tinha acabado de entrar na escola e ainda não se conseguia proteger.
Senti a raiva dentro de mim crescer, ao ponderar no que faziam aos outros enquanto eu não via e quando dei por mim, estava a pegar no primeiro do grupo e empurrei-o contra a árvore, sem pensar. Os outros responderam por reflexo, tentando bater-me mas eu já tinha sido demasiado agredido por eles para não conhecer como eram os seus ataques. Eles queriam acertar sempre na cabeça ou nas pernas e baseavam-se em querer usar o seu número superior.
Eu saltei, dei murros, pontapés mas inevitavelmente eles uniram-se e quando dei por mim estava no chão, a levar pontapés. Abri os olhos, aguentando a dor e vi o Robert, olhar para mim com medo. Eu tentei dizer-lhe para correr, que eles agora iam ficar distraídos comigo, no entanto, não consegui por causa de um pontapé que me acertou, fazendo-me ficar sem ar.
Cerrei os dentes e com custo levantei-me, quando eles pararam.
- Nós temos que parar, se não a professora descobre. – Disse um, o mais novo, que era irmão do “chefe” e possivelmente o mais sensato.
- Ela não diz nada. Os nossos pais defendem-nos enquanto eles não têm ninguém para os defender. – Disse o Richard, o irritante, Richard. Ele não era o chefe, como eu considerava o George, devido ao seu físico mais desenvolvido mas era o mais malicioso de todos. Para ele, os órfãos eram piores que os animais e deviam viver com esse pensamento. Todos os objectos pessoais, dos poucos que tínhamos, deviam de ser para eles. A comida a mesma coisa e além disso, ainda devíamos de ser os escravos deles.
Eu não ia deixar aquilo acontecer e foi isso que me fez ter a energia necessária para ficar ali de pé, a olhar para eles, com uma expressão irritada.
- Green porque é que te metes sempre no nosso caminho? – Murmurou o George, olhando para mim com os seus olhos escuros. Ele era realmente uma criança grande e o seu porte físico, musculado, não ajudava a diminuir o medo que as outras crianças tinham dele. Aliado a isso, o facto que os pais eram muito ricos, fizeram dele um arrogante, filho da mãe, que eu só queria bater. Mas ele não era o pior, o pior continuava a ser o Richard….
- Porque é que vocês se metem sempre no nosso caminho? – Eu perguntei, sentindo uma estranha vontade de ir para um canto e ficar quieto, até a dor do peito me passar. No entanto, tinha que fazer isto pelo Robert, que ainda estava sentado, encostado à árvore, a agarrar a sua mala como se a sua vida dependesse disso. Depois disto, eu teria que lhe ensinar que naquelas situações, ele teria que fugir sempre. Raios, como é que eu pude pensar que ele estava protegido deles por ser do primeiro ano? Nunca mais faria esse erro….
- Green, isto é simples. – Disse o Richard, mostrando porque eu o achava o mais perigoso. – Estás a meter-te em assuntos que não deves e, por isso, podes ir-te embora e ninguém se magoa mais.
Eu olhei para o Robert. Nunca o iria abandonar. Termos sido abandonados pelos nossos pais tinha sido o suficiente…
- Então parem de se meter com os outros órfãos.
- Nós estamos a chamar muita atenção é melhor irmos. – Eu ouvi o irmão do George dizer mas os outros ignoraram-no. Ele ainda era o que estava mais abaixo na cadeia alimentar do grupo deles.
- Nós só queremos que vocês nos respeitem como vossos superiores.
Eu cerrei o maxilar.
- Podemos não ter pais mas vocês não são superiores! – Eu gritei para o George. – Aqui quem é inferior, são vocês, que são nojentos.
Só depois de falar é que eu pensei no que disse. O George era o típico estúpido, que atacava sem pensar e fez isso mesmo. Quando dei por mim, tinha o punho dele a querer acertar-me, fazendo-me ter que saltar para o lado. No entanto, o Richard já devia de estar à espera porque deu-me um pontapé certeiro e eu cai de cara no chão.
- Nota-se quem é inferior agora. – Murmurou o Richard, olhando para mim com desdém. – Tu nunca nos irás ganhar, Green.
Eu senti um sorriso frio formar-se no meu rosto. Eles ganhavam quase sempre mas mesmo assim, eles ainda tinham um bocadinho de medo de mim e isso era o suficiente para eles se controlarem e não atacarem como queriam os outros órfãos. Eu era a barreira entre estes dois grupos e nunca iria cair enquanto os outros órfãos dependessem de mim.
Estava para responder mas um grito mais fino, fez-me ficar calado.
- O que está a acontecer aqui? – Eu olhei para trás a tempo de ver a recém-chegada, abrir a boca, estupefacta. Ela vinha a andar com o seu cabelo longo, castanho claro, ondulado a bater nas suas costas e os seus olhos castanhos estavam fixos em nós.
Ela tinha chegado ali por transferência porque os pais compraram uma casa e decidiram abrir uma clinica dentária, naquela povoação. Por isso, ela também não conhecia a dinâmica da escola mas a sua posição de filha de dentistas, devia de a proteger.
- Nada que te interesse, Granger. – Ouvi o Richard dizer. – Vai estudar que eu sei que é o que queres fazer.
Eu fechei os olhos com dor ao ouvir o tom dele, a fazer pouco dela porque se meteu nos assuntos onde não era chamada. Ela podia estar protegida do que nós passávamos mas não estava protegida de ser gozada. Ela devia-se ir embora para evitar esse futuro.
- Vocês estão a bater ao Harry. – Ela disse chocada e para meu espanto correu até mim e pôs-se de joelhos, agarrando o meu cabelo longo de forma a destapar a minha cara, que devia estar chocada a olhar para ela. O que é que ela estava a fazer?
- Ele é só um órfão. Não te metas nos assuntos que não és chamada! – Ouvi o George dizer.
- Ele é um ser humano! – Ouvi-a defender-me e eu paralisei. Porque é que ela estava a fazer aquilo?
- Granger, vai para a sala, ler um livro ou bajular a professora. Não te metas nestes assuntos. – O George continuou, estalando os dedos, para a assustar.
Ela olhou dele para mim e eu vi clara repreensão, nos olhos castanhos claros dela. Estes suavizaram quando se fixaram nos meus e eu vi um pequeno sorriso formar-se enquanto ela me segredava “vai ficar tudo bem”.
Para meu espanto, ela largou o meu cabelo depois e levantou-se, dando meia volta e saindo dali, com o seu cabelo castanho a esvoaçar, pela rapidez com que ela andava.
- Estava a ver que ela nos ia dar problemas. – Disse o Richard, vendo a silhueta pequena dela desaparecer por entre as árvores.
Eu engoli em seco, decidindo esquecer aquele incidente e levantar-me. Eu ainda tinha energia suficiente para lhes fazer frente e não iria desistir até o Robert estar em segurança.
- Sempre insistente, Green. – Ouvi o Richard, continuar, observando levantar-me. – Não desistes nunca?
- Deixem o Robert em paz.
- Agora, só por causa da tua interferência, nós vamos ficar com o teu lanche também. Para aprenderes a não te meteres com os teus superiores. – Ele murmurou venenoso e eu senti o meu ódio por ele crescer. – Se nos deres, nós deixamo-lo em paz. – Por hoje, foi o que ele não disse mas eu percebi. Eu não tinha muitas mais forças para continuar a lutar e se aquilo fizesse com que o Robert ganhasse um dia de paz, eu iria dar. Desta forma, naquela noite eu combinaria com ele, que naquelas situações ele deveria correr e eu iria acabar por escapar também. Eles não me conseguiam apanhar numa corrida.
- Eu vou buscá-lo à sala. – Eu murmurei e eu ouvi o riso desdenhoso dos outros dois. Estranhamente, o mais novo não se riu, olhando para mim com pena. Senti o meu estômago revirar-se ao observar aquele olhar. Eu não queria que sentissem pena por mim!
No entanto, quando me virei, vi a figura da Hermione, pequena e magra aparecer, com a professora atrás. Ouvi-os perder instantaneamente o sorriso ao observarem o olhar severo na cara da professora, contudo toda a minha atenção estava na mais nova. Ela tinha-me ajudado. Agora só restava saber o porquê.
- Potter, concentra-te! Tens que ter a tua mente vazia!
Eu grunhi, quando vi que estava no chão, de barriga para baixo, na sala de treino que o Sirius e o James, tinham arranjado, apesar dos meus protestos. Ela ainda estava vazia, fora as prateleiras na parede que estavam cheias de livros e isso fez com que ela fosse ideal para eu treinar a proteger a minha mente.
Eu levantei-me a custo, parecendo que estava ainda a carregar as dores daquela lembrança.
- Não me deu tempo para eu me preparar.
- O Lord das Trevas também não te vai dar. – Disse o idiota, levantando a varinha. – Legimens.
- Porque é que fizeste isso? – Eu perguntei, quando vi a professora levar os três para a sala depois de eu confirmar cem vezes que não precisava de ir ao médico. Como ela também não queria aquele registo de violência na escola, decidiu acreditar-se em mim, deixando-me sozinho com o Robert e a Granger. – Eles agora não te vão parar de chatear.
Ela olhou para mim, com o seu olhar superior e ignorou-me indo ter com o Robert.
- Estás bem?
- S-sim. – Ele respondeu.
- Quando isto voltar a acontecer, tens que fugir. – Eu disse, decidindo já o informar. – Eu empato-os enquanto tu foges para a segurança do olhar da professora e eu depois vou ter contigo. Assim ninguém se aleija.
- D-desculpa. – Ele murmurou com medo. Esta não tinha sido uma boa experiência para ele, que tinha acabado de chegar ao orfanato porque os pais não tinham condições para ele.
- Não precisas de pedir desculpas. Só precisas de fazer como eu te disse. – Disse, olhando mais uma vez para ele, confirmando que ele estava bem fisicamente.
Como já não tinha nada para fazer ali, dei meia volta e estava pronto para ir à casa de banho, limpar a sujidade do meu corpo quando eu senti uma mão, agarrar a minha.
- Espera.
Eu pisquei os olhos, não alterando a minha postura e observei a forma como os raios do sol, faziam o cabelo castanho dela parecer ainda mais claro. Pisquei mais uma vez, para sair daquele estado de estupor e senti-a largar a minha mão, ao ver que tinha a minha atenção.
- Porque é que o estás a assustar?
Como assim assustar? Eu estava a dizer como é que ele iria sobreviver.
- Eu não o estou a assustar. Eu estou simplesmente a falar a verdade.
- Eles não vão voltar a fazer aquilo. A professora não vai deixar! – Ela disse com tanta certeza que eu ri-me.
- Eles vão voltar, só vão é ser mais cuidadosos. Nunca nos devias de ter ajudado. Nós somos órfãos, sabemos desenrascar-nos sozinhos. Não precisamos de ajuda.
Ela olhou para mim chocada.
- Vocês precisavam de ajuda. Eles iam continuar a bater-vos. – Ela disse, como se estivesse realmente preocupada.
- E agora eles não vão fazer com que tenhas uma vida fácil. Vais arrepender-te disto, acredita. A tua solução é ignorar-nos.
Nunca ninguém nos tinha ajudado antes porque sabiam que se eles não se focassem em nós, focavam-se neles. Ela devia de ser mesmo muito nova ali.
- Eu nunca me vou arrepender. Eu fiz o que era certo e se tiver que voltar a fazer, não me importo.
- Ainda não começaste a sofrer as consequências. – Eu disse, virando-lhe as costas, começando a andar para a casa de banho. – Os pais deles são poderosos.
- Eu não quero saber! – Ela disse com convicção e quando olhei para o lado, ali estava ela, irada, pela minha falta de cooperação. – Os meus pais sempre me disseram que tinha que fazer o que era correto não o que era mais fácil.
Eu suspirei.
- Eles não vão parar de te chatear.
- Não quero saber! – Ela continuou, teimosa, como só ela sabia ser. – Eu nunca me vou arrepender disto.
- Não tens medo que eles te façam o mesmo? – Eu perguntei, espantado, vendo que já estávamos a chegar ao recreio, onde as outras crianças estavam a jogar futebol.
- Não! Eu não quero saber do que eles vão fazer. Aquilo não podia continuar.
A determinação, força e ideais dela, fizeram-me parar e olhar espantado para ela.
- Quem és tu?
Ela sorriu, dando-me um sorriso brilhante, que mostrava os dentes da frente maiores que o normal e que me conseguiu reconfortar.
- Hermione Granger. – Ela disse, estendendo uma mão. – E eu realmente não quero saber…
Eu cerrei o maxilar, controlando-me para não bater naquele homem que se encontrava à minha frente.
Ele era alto e magro, tinha um nariz em forma de ganho e o seu cabelo negro até aos ombros e a pele pálida, fizeram-me ter uma ideia de um morcego. Os seus olhos negros, sem emoção, estavam presos em mim, enquanto observava levantar-me a custo.
Ele tinha vindo com o Dumbledore e ambos, com a Lily, tinham-me explicado que para aprender a proteger a mente, tinha que a saber esvaziar, sendo que para isso tinha que aprender a controlar as minhas emoções. Eu achei que aquilo não iria ser muito difícil para mim, afinal, orgulhava-me em as conseguir controlar, colocando-as numa caixinha sempre que ficava muito enervado, no entanto, isto não se mostrou verdade.
Mal a Lily e o Dumbledore saíram, para uma conversa particular, ele disse que tinha que fechar os olhos e tentar esvaziar a minha mente. Isto fez com que me viesse à mente tudo o que não queria pensar e acabei por me focar nos meus tempos do orfanato. Ter relembrado aquela memória, sendo que já não me lembrava dela há muito tempo foi um choque.
- Pode avisar-me antes. Eu não consigo esvaziar a mente assim.
- O Lord das Trevas….
- Eu sei, eu sei. – Eu impedi-o de falar, revirando os olhos. – No entanto, eu estou aqui para treinar para me proteger do Lord das Trevas. Tenho que começar por algum lado.
Estranhamente, aquele homem que até ali só tinha mostrado mau humor, curvou os lábios, dando um meio sorriso.
- Arrogante, como o pai. Eu não sou o teu escravo, Potter!
Ok, eu estava a começar a não gostar daquele homem.
- Eu só estou a pedir para me avisar!
- Estás a duvidar dos meus métodos de ensino?
Eu senti um arrepio, ao ouvir aquele tom de voz, cheio de ódio.
- Não…- Eu respondi, honestamente, passando uma mão pelo cabelo, cansado. – Eu só… - Eu suspirei e vi que ele continuava com a varinha apontada para mim, no entanto, estava à espera que eu continuasse. – Eu não estou habituado a não perceber uma coisa à primeira vez. O problema é meu, eu sei disso. Eu vou-me esforçar mais a partir de agora.
Ele olhou por mim, por um segundo, estreitando os olhos, como se estivesse a confirmar que eu estava a dizer a verdade e deu um pequeno aceno com a cabeça. No entanto, nem meio segundo depois, ele já tinha lançado o maldito feitiço.
- Harry, eu… eu vou-te contar um segredo.
Eu olhei para a Hermione, que torcia as mãos num gesto nervoso. Não sabia porque ela estava assim mas sabia que iria fazer tudo ao meu alcance para a ajudar. Por isso, só assenti, sentando-me ao lado dela, naquele sítio onde ela se tinha apresentado pela primeira vez, que passou de lugar de terror para os órfãos, para o nosso lugar.
- Eu… - Ela suspirou e tapou a cara com as mãos. O que tinha acontecido para ela estar tão preocupada?
- Hermione?
Ela suspirou e voltou a destapar a cara, olhando diretamente para mim, não conseguindo esconder a sua preocupação, nos seus olhos castanhos claros.
- Harry, eu… eu consigo levitar coisas.
Eu pisquei os olhos.
Uma.
Duas.
Três vezes.
Ela continuava ali aflita, a olhar para mim, à espera de uma reação, alguma reação que era coisa que eu não estava a ter.
O meu instinto inicial era rir-me e dizer “boa partida” mas o medo e a preocupação dela eram demasiado reais para eu fazer isso. Ela não brincaria com isso dessa forma, por isso, fiquei em silêncio, pensando no que haveria de responder sem a ofender.
- Harry?
Eu vi-a engolir em seco e piscar os olhos rapidamente, parecendo estar quase a chorar.
Eu tossi, finalmente, tendo ideia do que dizer.
- Podes mostrar-me?
Ela olhou para mim, inicialmente, não percebendo a minha pergunta.
- É complicado. – Ela respondeu, tímida, passado uns segundos. – Não é algo que eu consigo controlar. Isto já me tinha acontecido algumas vezes, no entanto, eu associava sempre ao acaso e pensava que havia uma explicação que eu ainda não tinha percebido mas ontem… - Ela suspirou mais uma vez e eu vi o medo em toda a sua expressão facial. – Ontem, eu queria um livro mas estava com tanta preguiça de me levantar que só fiquei a olhar para ele da cama a desejar que ele viesse até mim. Não esperava que acontecesse alguma coisa, por isso, quando o vi nas minhas mãos eu… - Ela desviou o olhar para o chão e eu vi-me a suspirar ao reparar no medo que ela tinha.
- Hermione, está tudo bem. – Eu disse, suavemente e vi-a virar a cara para mim, indecisa. – Está tudo bem. – Voltei a murmurar.
- Como é que está tudo bem quando eu consigo mover coisas só por querer? – Ela perguntou irritada. – Eu sou uma aberração. Isto não é normal.
Eu observei-a fechar os punhos com força, devido à raiva. Como é que ela podia achar aquilo dela? Não tinha sido ela que me fez ver que aberrações eram as pessoas que abusavam dos mais fracos? Não tinha sido ela que tinha lutado contra tudo e contra todos, até os mais fracos terem os mesmos direitos e pararem de ser agredidos naquela escola? Não tinha sido ela que tinha feito aquilo tudo e sofrido as represálias, sendo gozada quase diariamente e mesmo assim sorria, simplesmente dizendo “eu não quero saber!”?
Se ela era aquilo tudo, tinha conseguido aquilo tudo, como é que ela podia pensar que era uma anormal? Uma aberração?
- Hermione, - eu disse, continuando a usar um tom calmo, apesar da minha revolta interior – não sejas idiota.
Eu tive vontade de sorrir quando a vi olhar para mim espantada, não esperando aquela reação.
- Harry?
- Achas mesmo que é por conseguires fazer isso que eu te vou achar anormal? A minha opinião sobre ti já está formada. Às vezes consegues ser idiota, como hoje, no entanto, continuas a ser a pessoa mais corajosa e generosa que eu conheço. Nunca aches que és uma aberração.
Eu vi a sua expressão suavizar, no entanto, ainda tinha a dúvida dentro dela.
- Só dizes isso porque nunca viste. Quando vires, tu….
- Não quero saber! – Eu murmurei, sorrindo, ao usar a expressão típica dela. – Podes fazer isso à minha frente, quantas vezes quiseres porque eu vou continuar a ter a mesma opinião de ti. Teimosa, às vezes irritante mas com um coração de ouro.
- Harry…
- Está bem, Hermione! – Eu disse, fazendo uma expressão séria. – Eu sei que todas as pessoas do sexo feminino têm um desejo por receberem elogios, no entanto, não é da minha personalidade, dá-los em grandes quantidades. Já recebeste a tua parte hoje, por isso, pára com esse drama que eu não quero saber. – Vi choque na expressão dela e, por isso, obriguei-me a continuar. – Sabes que eu nunca minto então, por favor, acredita-te nas minhas palavras, oh pessoa idiota e teimosa. – Disse, dando-lhe um sorriso. – Tu és e sempre serás a mesma Hermione, mesmo que comeces a voar e queiras conquistar o mundo com o poder da tua mente. Eu não te vou abandonar é simples assim.
Vi-a sorrir e, inclusive, ganhar algumas lágrimas.
- Oh, Harry… - Ela disse saltando para cima de mim e abraçando-me.
Eu deixei-a ficar ali, agarrada ao meu peito, a chorar e a murmurar coisas incoerentes, enquanto eu encostava-me mais contra a árvore e observava o céu. Ela precisava daquela prova que eu ficaria ali, sem medo dos poderes extraordinários dela e eu daria. Ela era a minha amiga e se me tinha ajudado a vencer os meus problemas eu também a ajudaria a vencer os dela.
- Não!
Eu olhei para o homem que deu um passo para trás, com a força do meu grito. Ele não podia ver aquilo, era demasiado particular. Eu não queria que ele a visse a chorar e não queria que ele percebesse a culpa que eu sentia porque eu tinha acabado por a abandonar quando fui adotado e ordenado a cortar as minhas relações com as pessoas do orfanato. Apesar disso eu sabia que ela estaria bem, afinal quando sai ela estava no seu normal: confiante, segura, muito teimosa e com a sua generosidade habitual.
- Finalmente, progressos, Potter. – Ouvi o homem murmurar com desdém. – O que é que nessa memória tinhas que queres proteger com tanta teimosia? A Granger a praticar magia?
Eu olhei chocado para ele, ao ver a familiaridade com que ele dizia “Granger”. Ele conheci-a, o que queria dizer que ela estudava em Hogwarts e eu poderia vê-la outra vez! No entanto, ela provavelmente já não se lembrava de mim, depois de terem passado estes anos todos.
- Ela está a estudar em Hogwarts, não está?
Eu vi os seus olhos frios estreitarem-se enquanto me observava.
- Não está nas minhas capacidades falar da vida académica de Hogwarts.
Resumindo: ele não queria responder.
- Ela também é uma excelente aluna? – Eu perguntei, lembrando-me do nosso tempo na escola, onde ela era uma aluna de top. Foi devido a ela que eu também me tornei um, estando numa eterna competição amigável com ela, para ver quem era o melhor.
- Potter, não ouviste o que eu acabei de dizer? Eu não vou falar de Hogwarts!
Eu cruzei os braços, convencido que não iria ter informações dela por este homem.
- Certo, só vai falar o estritamente necessário.
- Ainda bem que percebeste. – Ele murmurou, friamente, levantando a varinha outra vez.
Eu fechei os olhos, esperando ouvi-lo dizer a encantação e tentando a todo o custo, esvaziar a mente, não pensar em nada, no entanto, isso era impossível para mim porque mais uma vez me encontrei a ver uma lembrança, sobre a pessoa que eu agora não conseguia parar de pensar.
Eu vi fascinado a folha à minha frente levitar.
- É assustador não é?
Eu olhei mais fixamente para a folha que flutuava como se fosse o vento a causar aquela suspensão.
- Não. – Murmurei, fascinado.
No entanto, ela não deve ter percebido o meu sentimento porque a folha caiu e ela olhou para mim, chateada.
- Mas não é normal!
- Hermione, isto só faz de ti uma pessoa extraordinária. – Eu murmurei, olhando diretamente para os olhos castanhos amêndoa dela. – O fato de conseguires fazer as coisas flutuarem e mexerem-se é algo de extraordinário, não no sentido mau, como estás a pensar mas no sentido bom. Tu não és nenhuma bruxa, com verrugas que vai andar em cima de vassouras a assustar criancinhas, podes estar descansada. – Eu disse piscando-lhe o olho e sorri ao ver a sua expressão aliviar-se. – No outro dia vi um estudo, na televisão, engraçado que poderia explicar este fenómeno.
- A sério? – Vi os seus olhos brilharem, cheios de interesse e eu sorri mais uma vez.
- Sim. Segundo eles, com a evolução, o nosso cérebro pode fazer coisas fenomenais, como telecinése que é o que estás a fazer. Ou seja, isto só comprova que és uma pessoa com um cérebro mais evoluído que o nosso, comuns mortais. – Brinquei, vendo como ela dava um sorriso a contragosto. – Por isso, descontrai. Ainda somos muito novos para essas preocupações.
Eu vi-a rir e eu juntei-me a ela.
- Harry…
Não, eu não o deixaria ver o resto! Era pessoal.
Tentei expulsá-lo, no entanto, a memória ainda continuava, sentindo a pressão na minha mente mais forte.
- Harry, obrigada. – Ouvi-a sussurrar, sorrindo.- Tu és realmente…
NÃO! Eu gritei mentalmente, cerrando os dentes e quando os abri, vi o senhor, de joelhos, como se estivesse extremamente cansado.
- Finalmente, Potter! Já estava na hora de te esforçares! – Ouvi-o dizer, no seu tom frio, enquanto se levantava. – No entanto, isso não vai resultar porque eu poderia forçar a memória, se não tivesse em consideração as consequências que isso te iria causar. Tens que aprender a controlar essa angústia que estás a sentir.
Culpa. O que eu estava a sentir não era angústia, era culpa. Culpa, por ter esquecido ao longo dos anos a pessoa que me tinha dito “ Tu és realmente o irmão que os meus pais não me deram” e que até tinha lutado para os seus pais me adoptarem. Provavelmente, se não tivessem sido os Smith, os Granger acabariam por fazer isso.
Como é que com toda a confusão eu me tinha esquecido dela?
Mordi o lábio, com força, tentando sair daqueles pensamentos, no entanto, era difícil e mal reparei que tinha uma varinha apontada para mim outra vez.
- Cala-te Richard! – Ela disse, confiante, como só ela conseguia ser, frente às adversidades. – Tu não sabes do que falas.
Se havia alguma palavra que a caracterizasse era coragem… ela não tinha medo de ninguém enquanto seguia os seus ideais.
- Eu vou ser adoptado e vou ter que sair desta escola, Hermione. Desculpa.
Ela desviou o olhar e eu vi a forma como ela contraiu a cara, involuntariamente.
- Isso é bom. Finalmente, vais ter uma família.
Eu vi a forma como ela mordeu o lábio. Ela estava a esconder os seus verdadeiros sentimentos.
- Hermione, podes ser sincera.- Eu murmurei mais suavemente e vi a forma como os olhos dela brilharam.
- Harry, é verdade. Tu mais que ninguém merecias ter uma família. – Ela disse, dando-me um sorriso fraco.
Eu suspirei ao ver a dor escondida na face dela.
- Anda cá, Hermione. – Chamei, abrindo os braços. Ao ver que ela não vinha fui até ela e abracei-a. – Eu nunca me vou esquecer de ti, mesmo que me impeçam de voltar a falar contigo. Prometo.
- Eu sou mesmo egoísta por querer que ficasses comigo ou no orfanato. Eu não te mereço Harry.
Eu ri.
- Lembraste uma frase que me disseste uma vez? – Senti-a apertar-me ainda com mais força, como se tivesse medo que eu fosse fugir. – Nós somos mais fortes que irmãos biológicos porque nós não somos ligados pela ligação de sangue mas sim pela emocional. Uma ligação assim não se perde num dia.
Senti a minha camisola molhar-se e fechei os olhos, sentido o reconforto do abraço.
-Nós não sabemos o futuro mas sabemos o que sentimos. – Ouvi-a murmurar, com a sua sabedoria que era muito mais elevada que a de uma menina de 10 anos. – E o sentimento nunca se esquece.
- Exacto. E lembra-te do mais importante. – Eu murmurei, afastando-me dela para poder olhar para os seus olhos. – Eu falo sempre a verdade.
Ela sorriu.
- E eu não quero saber!
N.A. Bem, primeiro, tenho a dizer que o suposto capítulo foi dividido em dois porque iria ser gigante. Assim, decidi pôr este mais cedo e coloco o resto com alguns extras para a semana. Ou seja, no mesmo período de tempo vocês têm até mais do que o previsto. Por isso, o próximo é uma continuação direta deste.
Finalmente, vocês conheceram a Hermione da fic. Tentei ser o mais realista possível, com a personagem dos livros e espero que tenha sido bem-sucedida. Quando o Harry disse aqui que nunca mais pensou nela é verdade. Por isso, agora, tendo-se lembrado dela, visto que este feitiço faz com que ele viva as lembranças, acho que não se vai esquecer mais tão depressa. Agora, vou-me calar para não fazer mais spoilers.
Espero que tenham gostado e até o próximo capítulo.
PS: Data limite para o próximo capítulo: 2 de Setembro.
Bethany Jane Potter:Concordo que a amizade deles é linda e vou tentar representar esse sentimento na fic :D. Na minha opinião relativa aos livros, até gostei mais dessa amizade, entre eles os dois do que propriamente do romance entre ele e a Ginny. No entanto, eu amo a Hermione, por isso, sou um pouco tendenciosa na minha opinião xD.
Espero continuar a surpreender e que tenha sido correspondido às espectativas :p.
Milton Geraldo da Silva Ferreira: Está aqui o capítulo, com menos de uma semana de espera :p. Espero que tenha gostado.
Neuzimar de Faria: Essa é pelo menos a opinião do Dumbledore agora se está correta ou não só o tempo dirá :p. No entanto, a opinião que o Tom tem do Harry não é completamente correta como se viu no capítulo anterior quando pensou que o Harry nunca tinha sido adoptado. Espero que tenha gostado deste capítulo e obrigada :D.
Comentários (1)
Sempre me surpreende,otimo capitulo...amei..amei...Eu também amo a Hermione,amo o jeito que ela se apresenta tão corajosa e forte,mas ao mesmo tempo fragil e senssivel...não poderia ter feito um capitulo tão lindo como este,mas creio que você vai me fazer ficar mais e mais apaixonada pela fic...Sem falara que escreves muito bem.Continua,estou esperando ansiosamente...100% Harry/Hermione :D
2013-08-27