Eu desafio você...
***
-Há, você não tem sorte mesmo, não é Rabicho?!
Sirius reclinou-se na grama usando os cotovelos como apoio, sorrindo todo sádico. Pedro lançou-lhe uma careta. Andrômeda esfregou as mãos:
-Ok; verdade ou desafio, Pettigrew?!
O gordinho parecia não gostar de nenhuma das duas opções.Se fosse por ele, certamente existiria uma terceira. A garota de cabelos negros e rostinho arredondado sorria para ele de uma maneira muito parecia á de seu primo, aguardando sua arrastada decisão. Tiago futucava a terra com um graveto; Lílian, abraçada aos joelhos, deixava serenamente que o vento brincasse com seus cabelos ruivos luminosos, enquanto Remo espantava uma abelha para longe com muito cuidado.
-Anda logo com isso Rabicho, não é tão difícil como parece!-apressou Sirius, impaciente. Mas Pedro Pettigrew simplesmente não funcionava sob pressão... numa questão de segundos, ele entrou em pânico:
-D-desa...verda...VERDASEFIO!
Suas mãos rechunchudas tremiam, e gotículas de suor começavam a transparecer em sua testa lívida. Ele olhava assombrado para Andrômeda, como um rato que olha para um gato faminto. Remo e Lílian não conseguiram mais conter algumas risadinhas, enquanto Tiago meneou a cabeça:
-Tá bom, vamos ter que te ensinar como se joga...Almofadinhas, gira a varinha de novo, ok?
Foi com uma expressão incrédula, de quem acaba de ver a cena mais patética de toda a sua vida, que Sirius esticou o braço para girar a varinha no centro do círculo de adolescentes. Pedro foi batizado a partir daí de “café com leite” do jogo, o que o deixou inexprimivelmente emburrado e carrancudo.
Enquanto o objeto rodava, o tempo pareceu ter parado.As folhas quase secas das árvores e a relva ainda verde farfalhavam ao vento, que também arrastava as nuvens para longe daquele céu azul brigadeiro. Era uma bela e fria manhã de outono, onde a brisa causava um leve arrepio e a plantação de abóboras de Hagrid crescia abundantemente. Os raios de sol cintilavam, mas eram opacos, sem calor. A temperatura variava de um nível gostoso de se sentir até um frio de enregelar os ossos.No momento, talvez por sorte, os terrenos da escola mantinham-se agradabilíssimos.
Finalmente a varinha parou.Todos se esticaram para seguirem a nova ordem dada, notando então que a ponta mirava Remo; ao passo que o cabo, novamente, apontava Andrômeda.
-Que trapaça! Você enfeitiçou essa varinha, não foi, prima?!
-Nós podemos ser parentes, Sirius, mas eu não sou uma tratante como você!- a corvinal gargalhou, posicionando-se para questionar sua nova vítima.
Os cabelos castanhos de Remo normalmente estavam muito bem organizados, lhe dando desta maneira um aspecto de garoto bem educado e decente. Agora, no entanto, sua expressão macia e confortável poderia manter-se a mais inocente possível, mas o vento não iria permitir que seus cabelos se mantivessem no mesmo lugar, dando-lhe então um ar mais atraente, rebelde e dengosamente vandalizado. A jovem Black mordeu o lábio inferior ao olhar para o monitor de Grifinória, que sorria para ela, com os braços cruzados sobre um livro. Fios castanhos e sedosos de cabelo passavam vez por outra sobre seus olhos arrebatadores, cor de avelã.Suas sobrancelhas estavam pacíficas; seu rosto meio corado...ah, ele parecia tão encantador!
-Khan, Andie...você não se esqueceu de nada,não?!-Lily decidiu interpor-se entre os devaneios óbvios da garota e o silêncio constrangido de Lupin, que realmente não apreciava situações como aquelas, quando ficava claro que ele era o centro das atenções.
“Acorde sua besta, antes que você comece a babar!” estapeou-se a mocinha de olhos azuis, que mal conseguia esconder sua excitação hormonal. Sirius olhava para ela com uma sobrancelha erguida e um sorriso malvado no canto dos lábios; Tiago contava quantos morangos estavam crescendo no arbusto mais próximo, ao mesmo tempo em que Remo refletia sobre largar ou não aquela brincadeira cheia de suspense em que fora obrigado a participar.
-Certo...verdade ou desafio?!-perguntou ela por fim, voltando olhos brilhantes para o garoto que estava sentado do outro lado daquele pequeno círculo.
Assim como Pedro, Remo não parecia se sentir confortável para selecionar nenhuma daquelas alternativas, a não ser que uma delas fosse “ir para o castelo para beber um bom chocolate quente, afundado numa poltrona com um bom livro em mãos”. Relutante, ele abriu a boca para optar por “verdade” quando lembrou-se das milhares de questões altamente secretas que explodiriam na mente de Andrômeda caso ela quisesse saciar sua curiosidade como, por exemplo, a fatídica pergunta “Aonde é que você vai uma vez por mês?!”.
E Remo sabia que ele não podia mentir. Não podia porque, por mais assustador que fosse, Tiago e Sirius haviam proposto uma condição muito relevante para que aquele típico jogo se tornasse ainda mais interessante: eles decidiram aplicar o feitiço da verdade, que consistia em marcar cada participante que mentisse, tornando-o verde para o resto de sua semana. Remo torceu a cara só de imaginar-se com a pele verde, e o quão estranho aquilo iria parecer. Assim, suspirando relutantemente após se ver numa rua sem saída, murmurou:
-Desafio.
Um frêmito de empolgação percorreu todos os demais, o que deixou o pobre monitor em pânico. Ele agora sentia-se a presa, ou ainda uma cobaia frágil de uma experiência maldosa, sentimento este que se intensificou quando Lílian engatinhou até Andrômeda para lhe sussurrar uma sugestão.
-Não se preocupe Aluado, ela não vai mandar você fazer strip tease ou algo assim.- Tiago piscou para ele, deixando-o na dúvida se aquele era um gesto feito para confortá-lo ou azucriná-lo. Pedro guinchava de excitação. Sirius parecia indiferente e aéreo, mirando o céu como se nem ao menos estivesse ali. Quase um minuto depois, entre risadinhas irritantes e cochichos soprados de última hora, as garotas pareciam ter feito sua decisão:
-Eu desafio você...-começou Andrômeda, o tom perigoso, o olhar travesso.- a me beijar!
-C-como?! – Remo recuou, o rosto em brasa, os olhos mel arregalados. Sirius deu um salto, como se de repente tivesse levado um choque elétrico transmitido pela grama; o queixo de Tiago despencou; e Pedro reagiu como reagem as criancinhas tolas; com gargalhadas enjoativas.
-É isso aí.- confirmou Andrômeda, esforçando-se para se mostrar mais confiante do que realmente se sentia.- este é o meu desafio: você vai ter que me beijar...nos lábios, é óbvio.
Lily mantinha um olharzinho medonho, o que fez Tiago desconfiar que aquela idéiazinha macabra havia sido sugerida por ela. Andrômeda começava a perder o atrevimento, uma vez que sentia os olhos incrédulos de seu primo pregados sobre ela. Remo não se atrevia a se mover, na esperança de que uma súbita perca de memória arrebatasse todos os seus amigos e eles iniciassem uma nova rodada, esquecendo-se dele e de sua tarefa.
Mas seu infeliz, tapado e desligado amigo com gordura demais e cérebro de menos estilhaçou suas esperanças com esta simples frase impaciente:
-E então?!O que estamos esperando?!
Os olhos de Andrômeda procuraram os de Lupin, que se recusava a erguer sua atenção tamanho era o vexame.Tiago olhava de um para o outro, esperando algum movimento óbvio que todos esperavam, mas somente quando Lily exclamou um “Era pra ontem, Andie!” é que a garota decidiu se erguer,batendo nas vestes, para aproximar-se de Remo, cujos membros estavam paralisados.
-Hum...pronto?-ela perguntou, ajeitando uma mecha de seus cabelos curtos atrás da orelha. O rapaz pensou em responder um audível “não!” mas nem sua boca ele era capaz de abrir...Pedro teve que o erguer á força, pois suas pernas estavam bambas demais até mesmo para mantê-lo em pé.
Sirius dera as costas para a cena, estranhamente contrariado. Tiago, por sua vez, decidiu tomar as rédeas da situação e, aproximando-se por trás de Remo, sussurrou em seu ouvido um “Tente não ser muito...erm...molhado,ok?!”. O monitor olhou para ele um tanto perturbado, mas antes mesmo que pudesse arranjar alguma coisa para dizer, sentiu as mãos do amigo o empurrarem para a frente ao passo em que as mãos rápidas de Andrômeda serpenteavam seu pescoço, deixando-o sem escapatória.
Seus lábios se uniram rápido demais para ambos, que estremeceram com o repentino contato. Andrômeda entreabriu sua boca e mordiscou Remo, pedindo para que ele passasse sua língua por entre seus dentes. Mas o rapaz hesitou, e com as mãos levemente apoiadas nos braços da garota, de olhos fechados, ele apenas depositou ali um beijo apressado e macio, afastando-se logo em seguida. Ela reabriu seus olhos para fitá-lo questionadora, perguntando-se se tinha o assustado, o que deixaria maroto mais acanhado do que ele já era.
A próxima rodada finalmente evitou Andrômeda, que depois daquele beijo acabou entrando num estranho estado de torpor mental. Sirius e Lily se encararam com a parada da varinha, ele satisfeito, ela inquieta.
-Ok, verdade ou desafio, Evans?!-indagou o moreno, fixando seus olhos nublados e profundos na figura nervosa da garota, que temendo ser questionada sobre Potter, e com a aterrorizante lembrança de que não poderia mentir, retrucou “Desafio”.
Tiago, animado, apreciava a cena como se Sirius fosse um de seus capangas prontos a lhe entregar Lily de bom grado. E Sirius realmente parecia mais intimidador do que usualmente, com seus braços fortes apoiando seu corpo esbelto, com seus cabelos recaídos sobre aquela sua expressão brejeira, com uma corrente de prata gelada contrastando-se com a cor bronzeada de seu pescoço á mostra...
-Muito bem ruivinha; desafio você a me servir até o fim desse final de semana.
-Quê?!-Lily se pôs de pé tomada por indignação.-Mas isso não vale!
-Claro que vale, é um desafio...-retrucou Sirius, maldoso.
-Não é não! Me dê uma coisa que eu possa cumprir imediatamente, e não algo assim com um tempo indeterminado...eu não vou virar sua escrava por causa desse bendito jogo!
Todos os outros assistiam aquele diálogo furioso como fazem os telespectadores de uma partida de ping-pong. Sirius molhou os lábios com a língua, e sibilou de modo lúbrico:
-Trato é trato, docinho. E, além disso, eu determinei o tempo.-lembrou ele, provocando-a com seu modo cínico de falar.-Não existe motivo algum pra você não aceitar, a não ser que você seja uma pessoa sem palavra...
Todos agora olhavam para Lily, que pegava fogo como uma dinamite que está prestes á explodir. Ela cruzou os braços, fez um beicinho enfadado, e dando as costas para o grupo, murmurou algo como “Eu me recuso a continuar com esse jogo indecente de gente estúpida!” antes de se retirar pisando duro. Andrômeda pediu desculpas, e erguendo-se sem olhar para Lupin, foi atrás de sua amiga grifinória, temendo ficar sozinha na companhia dos quatro rapazes.
Tiago recostou-se no tronco grosso do grande carvalho, cruzando os braços atrás da cabeça:
-Você podia ter aproveitado mais a Lil´s...-sua voz soou quase decepcionada, mas Sirius simplesmente deu de ombros:
-Qualquer coisa que eu falasse ela iria discordar, principalmente se fosse algo relacionado á você.
-O único aqui que realmente soube como aproveitar a brincadeira foi o Aluado!-zombou Pedro, dando algumas cutucadelas incômodas em seu amigo, que se afastou e o evitou com um olhar fatigado.
Mas a verdade era que, querendo ou não, o lobisomem começava a sentir seu peito arder, sua boca secar e conforme seus sentidos se confundiam numa desordem enlouquecida, uma ânsia incerta crescia dentro dele...o que diabos estaria acontecendo?!
Era melhor não procurar saber.
Num misto de noite gélida e névoa condensada, gotículas de água que passaram o dia inteiro se acumulando em formato de espessas nuvens cinzentas se traduziram em chuva, despencando do céu violentamente. Trovões reboaram e raios rasgaram a noite inúmeras vezes, numa guerra incansável da natureza versus a natureza. O vento também queria fazer parte daquele espetáculo climático, gemendo de modo indecifrável, fingindo estar dolorido de tristeza enquanto, na verdade, uivava de pavor.
E era assim que o teto enfeitiçado do Salão Principal se mostrava; nublado, sombrio, profundo e turbulento.
Quase todos os alunos de Grifinória atraíam-se para o centro da mesa, onde Tiago e Sirius divertiam todos com piadinhas infames. O modo como gesticulavam, os sorrisos e piscadelas que lançavam, tudo era muito bem observado e analisado pelas garotas, que gemiam de contentamento, e por Lily, que revirava os olhos “Porque é que eles gostam tanto de chamar a atenção?!”.
-Quando é que eles vão atender ao meu pedido de servir cerveja no jantar?!- resmungou Pedro, analisando o suco em seu copo.
-Quando é que você vai começar a falar coisas racionais?!-rebateu Remo, refrescando-se com seu suco sem reclamar.
-Hey Sirius, porque é que você não transforma o suco do Pettigrew em cerveja?!-sugeriu, brilhantemente, uma garota do quarto ano que se apoiava apaixonadamente na direção dos rapazes. As outras, desesperadas para verem a inteligência de Sirius em ação, começaram a soltar risadinhas ingentes e desenfreadas.
O moreno puxou o copo de Pedro para si, murmurando um “Moleza!” quando Tiago o interrompeu com um sorrisinho endiabrado:
-Espere um minuto Almofadinhas; você não acha que o Rabicho vai ter que fazer alguma coisa em troca?!
-Como assim?!- desesperou-se o gordinho, ao que Tiago se explicou:
-Bem, o Sirius aqui só vai te fazer esse favor se você fizer um favor pra gente.
-Eu faço, eu faço qualquer coisa!
Pedro definitivamente não devia ter se entregado daquela maneira, pois Tiago e Sirius trocaram um olhar assustadoramente arteiro um com o outro. Todos os assistiam ansiosamente, menos Remo, que fingia ser surdo, e Lily, que cruzara os braços.
-Vá até a mesa de Sonserina...- começou Sirius, mirando com malícia os estudantes do outro lado.- e azucrine o Seboso na frente de todo mundo!
Pedro arregalou os olhos, hesitante. Olhou para os rivais que gargalhavam alto na mesa de Syltherin, e só de se imaginar abandonado no meio daqueles brutamontes sem piedade teve ganas de sair correndo e desistir da cerveja...mas todos os grifinórios olhavam para ele. O cumprimento do desafio custava muito mais do que uma cerveja...
Oscilando, ele abandonou seu acento. Atravessou o refeitório como quem marcha para se jogar dentro da própria cova, sendo observado atentamente por um apreensivo Remo e dois entusiasmados Tiago e Sirius. Engoliu em seco, deu uma rápida olhadela para trás e, por fim, cutucou o ombro de Snape.
Não apenas Ranhoso, mas todos os sonserinos viraram-se para ele, uns com desdém, alguns com repugnância, outros com malícia. Bellatrix mastigava alguma coisa parecida com chiclete, e cruzando as pernas lisas que ficavam indevidamente expostas graças á sua saia encurtada, apoiou a cabeça cheia de longos cabelos negros com as mãos, a fim de encarar Pettigrew de soslaio. Rodolfo mantinha um braço ao redor da cintura da garota, possessivo. Narcisa começou a tamborilar as unhas compridas na mesa, Lúcio sorriu de uma maneira assassina, Régulo Black, que fumava, soprou no rosto de Pedro uma nuvem mal cheirosa de fumaça, o que o fez tossir convulsivamente, para riso geral:
-O que faz aqui sem meu irmão tapado pra te defender, Pettigrew?!
O gordinho, ainda tossindo e com os olhos lacrimejantes, balbuciou:
-E-eu vim falar com o Seboso, não com você!
Snape o olhava tão ameaçadoramente que seria capaz de ser confundido com uma cobra cascavel pronta para dar o bote. Sibilou, num misto de ódio, afronta, e surpresa:
- O que raios você quer, desgraçado?!
-Isso!!
E sem mais nem menos, num gesto hábil que não pertencia á ele, o baixinho esticou o braço e recolheu uma torta de limão dotada por muito chantilly. Severo o encarava num misto de pena e desgosto, perguntando-se quantos parafusos Pedro Pettigrew havia perdido dês de que nascera, quando, de repente, sem nenhum tipo de aviso prévio, ele se viu coberto por torta dês da raiz dos cabelos até o queixo pontudo.
Diante de expressões pasmadas, o maroto ainda teve a coragem de esfregar muito bem toda aquela maça doce no rosto sombrio de Snape, que se encontrava em tal estado de estupefação que nenhuma reação defensiva passava pela sua cabeça.
Quando o serviço de Rabicho chegou ao fim, risadas estrondosas irromperam por todo o Salão Principal, guiadas e iniciadas pelos marotos. A face antes já mal vista e agora inumana de Snape estava coberta por chantilly, exalando um cheirinho azedo de limão. Trovejando, o excêntrico adolescente limpou os olhos com as mãos, o que o deixou ainda mais medonho. Seus olhinhos negros fumegantes cintilavam em meio á sobremesa esparramada em seu rosto, e lambendo-se, cuspindo pedaços de torta de uma maneira absurdamente cômica, ele esbravejou:
- EU VOU TE MATAR, SEU GORDUCHO INFELIZ!!
-Mas porque Severo? Agora que seu rosto está coberto, você até que ficou menos feio!-gargalhou Narcisa friamente, acompanhada por Crable e Goyle. Outros sonserinos também apreciavam a cena com inexprimíveis expressões de congratulação ao rato, o que deixou óbvia a impopularidade de Snape.
Pedro saiu correndo feito uma criança destrambelhada, mas o magrelo de cabelos ensebados ergueu a varinha para ele, tentando enxergar alguma coisa por detrás de sua máscara branca de chantilly.
-Socorro!-urrou Rabicho, escondendo-se por detrás das pernas de Tiago, que já se pusera de pé para entrar em ação.
-Venha até nós, abominável homem das neves!-chamou Sirius, doente por confusão.
Severo produziu um som gutural indecifrável, sempre limpando o rosto furiosamente com as mãos. A platéia, admirada, começava a se erguer, sendo que uns se precipitavam para o centro da muvuca, abandonando as mesas de Corvinal e Lufa-lufa apenas para verem mais de perto aquele duelo de titãs.
-Eu sabia que você ia mandar o seu escravo para cumprir seu trabalho sujo, Potter, isso é bem típico de você!- grasnou Snape, que ao movimentar os lábios acabou engasgando-se com pedaços de torta que deslizavam por todo o seu rosto pálido.
-Pelo menos eu não estou me escondendo atrás de uma torta de limão!- respondeu Pontas, gargalhando.-Qual é o problema, Ranhoso?Não gostou do seu novo visual?
Snape teria sido bem capaz de matar Tiago naquele exato momento caso tivesse uma arma em mãos. Ele se sentia tão humilhado, tão submisso, que seria capaz de parir a materialização de todo o seu ódio ali mesmo. Com os dedos trêmulos e sedentos por vingança, Snape ergueu a varinha, mas demorou um pouco a proferir seu feitiço graças á indecisão de acertar Pedro, Tiago ou Sirius.
No entanto, aquela demora lhe custou caro: acompanhada de Lílian, no instante seguinte uma azafamada Minerva McGonagall surgiu marchando da mesa dos professores:
-Pode me explicar o que o senhor pensa que está fazendo, Severo?!
Snape teria sido capaz de enfartar naquele momento. Seu ódio o deixou tão confuso que ele não arranjou absolutamente nada para responder. Tudo o que conseguia fazer era apontar para a mesa de Grifinória, rosnar como um animal, e voltar olhos incrédulos para a professora.
Lílian abriu a boca, prestes á contar a verdadeira história para Minerva e assim apontar Tiago como culpado, quando uma mão prendeu seu pulso fininho e a puxou para longe da vice diretora, da platéia e de um melado Snape:
-Evans, seja boazinha.
-O que?!Argh, me larga, Sirius!-Lily puxou o braço para livrar-se do moreno forte, que cruzou os braços em sinal de desaprovação:
-Eu pensei que você e o Tiago já estavam saindo juntos de vez em quando.- mesmo sem compreender a ligação daquilo com a situação, a garota assentiu, contrariada.- Então por que você ainda ajuda esse narigudo sebento?!
-Porque eu não gosto de injustas, Black!- disse ela numa voz imperiosa.-Agora, se me dá licença...
-Espere um momento!- Sirius voltou a prende-la pelo pulso, o que deixou a ruiva visivelmente irritada- Lembre-se que,por hora, eu sou o seu mestre!
-Black, aquilo era só um jogo idiota!- censurou Lily, revirando os olhos.- Eu não vou...
-Eu te desafiei, Evans.
-Mas...
-É sua obrigação cumprir as regras do jogo.- continuou Sirius, o charlatão.- E eu que pensei que monitoras como você eram pessoas honestas, de palavra...
-Oh, está bem!- Lily deu mais um puxão para livrar o seu braço dos dedos firmes que o apertavam, arrecadando com o gesto brusco uma marca arroxeada em volta do pulso. Sirius sorria triunfantemente. A garota revirava os olhos.
-Então, pra começar, eu ordeno que você não defenda o Seboso enquanto nossa digníssima professora decide que detenção dar pra ele!
-O QUE?!
Incrédula, Lily observou a diretora de Grifinória arrastar um enlouquecido Severo para fora do Salão Principal, acusando-o de causar tumulto durante o jantar. O fundo sonoro daquela cena humilhante eram as zombeteiras risadas de Tiago e Pedro, que saíram da brincadeira ilesos e aplaudidos por grande parte dos alunos.
-Oh, Black, você é desprezível!- suspirou a jovem, derrotada, exasperada, levando as mãos á cintura. Sirius, em resposta, sorriu perigosamente para ela:
-Você não faz idéia, gracinha...
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!