Algum lugar escuro



Abriu os olhos para o teto escuro do quarto, esfregou as mãos nos olhos tentando dissipar a imagem, não podia mesmo estar ali. Fechou-os por alguns segundos, soltou um suspiro casado, os abriu novamente. Estava mesmo ali.



Manteve-se concentrado por um instante tentando identificar os sons do ambiente, mas não ouviu um ruído se quer. Estava tudo calmo, estranhamente calmo.



Levantou, calçou os chinelos e caminhou lentamente até a gaiola de Edwiges, a grande coruja branca não estava ali, certamente não passavam das três da madrugada.



“Parabéns pra mim”, pensou com desanimo, estava fazendo 17 anos naquele dia. E a sensação de que aquilo não fazia, nem sentido nem importância o assolou. O que significava estar fazendo 17 anos? Nada de especial, acreditava.



Logo mais, varias corujas entrariam em seu quarto com cartas e possíveis presentes de seus amigos, como em todos os anos. Tentou pensar nas boas coisas que poderiam acontecer durante o dia, mas não encontrou nada que fosse superior ao motivo que o deixava triste.



Tinha sonhado com aquilo outra vez, dês do inicio das férias de verão suas noites eram atormentadas pelo mesmo sonho estranho, não como os que já havia tido nos anos anteriores, este era completamente diferente.



Voltou para a cama, mirando novamente o teto escuro, nunca se sentira tão fora de seu próprio universo quanto naquele momento. Em todos os seus verões na casa dos Dursley, apesar de serem ruins ate de se descrever, ele mantinha uma pontada de otimismo, acreditando que precisava mesmo estar ali.



O sol começou a parecer, tímido pelo vidro da janela, foi só então que se deu conta de que havia passado mais da metade da noite acordado, pensando onde ela estaria. Tentando imaginar ou mesmo encontrar um jeito de saber se ela estava bem. “Deve estar acordando nos braços dele agora” disse para si mesmo, com desgosto. Haviam quase 100% das chances dessa afirmação estar certa, afinal, era com ele que ela tinha decidido ir. Se a escolha tinha sido melhor para ela e Harry, só o tempo diria. Talvez ela voltasse. Tinha sido assim dês de que a conheceu, ela lhe dava as costas como se fosse um adeus, mas logo, por mais que demorasse, ela voltava, sempre voltava. “Mas será que dessa vez ela vai voltar?”.

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