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Foi quase no fim do semestre que Sirius foi chamado no meio de uma aula de feitiços. Sheeba viu o garoto sair achando que ele tinha aprontado mais uma das dele. A guerra entre eles tivera realmente uma trégua nos últimos meses. Sem ele entender muito bem como, repentinamente a garota danara a falar a ele o que vinha fazendo nos treinamentos para se tornar animago, e ele escutava com atenção, fazendo anotações mentais para passar para Tiago e Pedro. Eles já haviam elaborado um plano e escolhido animais para se tornarem, faltava agora conseguir, que era a parte mais difícil.
Sheeba descobrira na noite em que desmaiara na sala de troféus que eles queriam tornar-se animagos, e achando que era para ajudar Remo, por quem ainda acreditava nutrir uma paixonite, ela propôs-se a ajudá-los em silêncio, e sabe-se lá porque, achara Sirius mais fácil de conversar sobre isso. Ela não sabia se era bom ou ruim que eles haviam parado de brigar...às vezes ela sentia falta das provocações dele, era algo com o qual já se acostumara.
Também agora, eventualmente conversava rapidamente com Severo Snape, quando estava na Biblioteca com Lilian e ele se aproximava. Mas naquele dia, estava muito quente e ela e Lilian já teciam planos para o verão, aos cochichos... já estavam bastante adiantadas nas matérias e não viam a hora de acabarem os exames par
a aproveitarem as férias. Sheeba vinha economizando sua bolsa anual na ordem de 15 galeões por ano. Já tinha 45 galeões economizados... isso renderia talvez algumas belas vestes novas para o semestre seguinte, vestes coloridas, para usar em dias de folga e em visitas a Hogsmeade
Lilian também insistia na sua paixonite pelo garoto da Corvinal que agora era apanhador do time... Sheeba achava muito enfadonhas as conversas sobre ele. Achava que Lilian merecia coisa melhor que aquele boneco empertigado e metido da sua turma... beleza não era tudo, ela pensava, olhando o rosto meio encovado de Remo Lupin. Ela surpreendeu Tiago Potter olhando para Lilian... pensou que Tiago seria um bom partido para ela... estava ficando alto e magro, mas tinha ombros largos, apesar do cabelo esquisito e dos óculos, Sheeba achava que ele estava se tornando um rapaz bem atraente... entre os apaixonados por Lilian (ela não contava Remo... achava que Remo era dela) ele era o mais interessante, não via Lilian com o burro do Valmont nem com o chato e medíocre Pedro... não, Tiago era o ideal para ela.
A aula acabou e eles desceram para o refeitório. Toda hora Sheeba olhava a mesa da Grifnória... Sirius não havia aparecido para o almoço, isso era realmente muito estranho, ele sempre chegava fazendo bagunça e falando alto... ele era sempre faminto, comia mais que os outros três marotos juntos... Sirius fazia falta na hora do almoço. Ao sair da mesa perguntou por ele para Lilian, que disse que ninguém sabia o que ele fora fazer. Não havia ainda nenhuma notícia. Sheeba sentiu uma apreensão... e se Sirius tivesse feito algo muito grave e estivesse sendo expulso? Ela não conseguia imaginar a escola sem o garoto arrogante e forte da Grifnória. Subiu um pouco perturbada para a aula da professora Viviane, pensando o que seria da escola sem Sirius.
Só na hora do jantar descobriu o que acontecera. Lilian a chamou, visivelmente perturbada. Os marotos restantes estavam com ela, havia um clima de enterro entre eles. Foi Remo que começou a falar:
- Descobrimos o que aconteceu com Sirius...
- Ele não foi expulso, foi?
- Não. Não foi nada que ele tenha feito, os pais vieram buscá-lo... aconteceu uma coisa... o irmão dele morreu – Sheeba abriu a boca espantada... o irmão de Sirius, o garoto bonito de cabelos negros e olhos azuis... tão novo...morto?
- Mas... como?
- Ninguém sabe direito, estão falando que foi acidente ou coisa parecida – ele baixou a voz – falam até em coisa daquele bruxo, sabe? – Sheeba perguntou:
- Sim... mas como? – Tiago antecipou-se
- Meu pai diz umas coisas sobre a família de Sirius... coisas que se comentam... parece que a família dele tem uma guerra com...- ele quase sussurou – vampiros. Mas acho que eles escondem isso do Sirius, ele nunca falou sobre isso.
Sheeba subitamente lembrou-se que ele dissera que o pai chorava por um irmão morto.
- E como ele vai fazer os exames?
- Um professor acompanhou-o... ele vai fazer os exames em casa, assim que estiver... bem. Ele não volta mais esse semestre. Eles iam para Devonshire... a família de Sirius é de Devonshire, mesmo morando em Londres... eles tem um cemitério lá. – Remo balançou a cabeça – espero que ele esteja bem.
- Vamos escrever para ele. Todos nós – Sheeba disse, uma disposição de aço animando-a... – ele tem que saber que estamos com ele.
- É – Remo olhou-a como quem entendia tudo – ele tem que saber.
Sirius,
Eu soube do que aconteceu com seu irmão... sinto muito. Eu não tenho irmãos e não sei direito como é perder algum, mas espero que você fique bem...
Um abraço,
Pedro
Sirius,
Você é o meu melhor amigo (não conte isso para Pedro e Remo, está bem?), no fundo eu queria ser assim que nem você, mas só consigo ser um pouco igual a você... não sou assim tão selvagem. Agora, nós dois somos sozinhos... eu nunca tive um irmão e você não tem mais o seu, mas se eu pudesse escolher alguém para ser meu irmão, escolheria você. Espero que você fique bem... pode vir para minha casa nas férias, acho que você vai ficar melhor com a gente que aí sozinho, estarei te esperado.
Um grande abraço e muita força, irmão
Tiago Potter
Sirius...
Eu acho que se meu irmão morresse eu perderia muito, mas eu via você com seu irmão e acho que você ainda sente mais por ele que eu sentiria por meu irmão... ele devia ser um cara admirável, e mesmo com você reclamando dele, sei que vocês se davam muito bem. Espero que você fique bem, estarei a sua disposição para o que você precisar.
Conte Comigo,
Remo
Sirius,
Espero que você supere tudo isso... eu queria dizer que você está fazendo muita falta por aqui... acho que Sheeba é quem está sentindo mais, toda hora ela lembra de você (não conte isso para ela). Mas todo mundo aqui lembra de você e pensa que estaríamos mais felizes se você estivesse aqui... sinto muito pela sua família e seu irmão.
Um beijo,
Lilian
Sirius,
Desculpe pelas vezes que eu disse que queria que você morresse... sem você por aqui eu vejo que não quero que você morra nem suma, a escola fica meio vazia sem você. Eu tenho seis irmãos, se você quiser embrulho um deles e mando por uma coruja (acho que essa piada não teve muita graça... eu só queria fazer você rir).
Mas se você voltar, eu prometo não me zangar quando você me chamar de Pitonisa Sabe Tudo... se isso te deixar feliz. Se você puder, mande uma coruja para mim no verão... meu endereço está embaixo da assinatura. Eu quero que você fique bem.
Até o próximo semestre,
Sheeba
Sirius recebeu as cartas pelas corujas e lia-as toda vez que sentia-se chateado, sentindo-se confortado por ter pelo menos amigos... ele sabia há algum tempo o que seus pais e seu irmão achavam que escondiam... uma maldição de família envolvendo vampiros. Agora os vampiros haviam matado Caius, ele tentava não lembrar do rosto do irmão no caixão, com um aspecto de cera na pele branca... tentava não chorar pensando nele. O tempo o fez sentir-se melhor, mas não fez o mesmo com seus pais... ele pôde ver que seu pai não gostava que ele usasse o anel que havia pertencido a Caius, e retirou-o do dedo pensando em atirá-lo no lago de Hogwarts quando voltasse às aulas.
Olhando-se no espelho, Sirius decidiu que deixaria o cabelo crescer... estava se tornando ainda mais rebelde. Fez os exames finais com o professor que o acompanhara, e passou, mesmo sentindo-se péssimo, sua cabeça estava surpreendentemente lúcida e ele via com clareza que tinha que se tornar o bruxo que o irmão não tivera oportunidade de ser. Sentia raiva, uma raiva muito grande de algo que ele não sabia o que era, mas que mexia intimamente com ele. Ele aproveitou o longo tempo que esteve em casa para treinar para se tornar um animago... ele acabaria conseguindo, cedo ou tarde. Quase no fim do verão, decidiu fazer umas visitas.
Sheeba estava dormindo... era quase o fim do verão, estava quente e ela deixava a janela da água furtada semi aberta, o luar de agosto pálido entrava suavemente. Ela acordou com a janela se abrindo e deu um salto, quando deu com um par de olhos observando-a no escuro, acendeu o abajur e deu de cara com Sirius dentro do seu quarto, sorrindo. Puxou as cobertas até o pescoço.
- O que você está fazendo aqui, seu maluco?
- É assim que você recebe um amigo? – ele disse zombeteiro. Parecia ter envelhecido uns dois anos nos dois meses que ela não o vira. Estava com uma estranha roupa de trouxa, jaqueta de couro e calça comprida.
- Eu não esperava que você invadisse meu quarto no meio da noite... que horas são?
- Meia noite e meia... eu hoje já estive com todo mundo... Eu vim da casa de Lilian – ele disse ficando sério – estou voando de lá desde depois do jantar... ela me disse porque você não pode passar as férias lá.
- Ah, Sirius, a mãe de Lilian é tão legal... câncer é uma doença horrível.
- Nem os bruxos sabem ainda a cura dela... – Sirius disse amargurado. – mas eu vim aqui pegar o irmão que você me prometeu... qual deles parece mais comigo?
- Nenhum.
- Então vou levar você, que tal, acho que no fundo somos parecidos – ele sorriu – quer ser minha irmã?
- Pergunta estranha – ela riu, mas sentiu-se desconfortável – acho que meus pais não iam gostar de te ver aqui. – ele estava sentado na beira da cama dela, que estava coberta até o pescoço, envergonhada – eu estou só de camisola.
- Então te espero lá fora... vamos dar uma volta - ele riu, pegou a vassoura que deixara de lado e ela o viu sentar-se nela e ficar parado do lado de fora – se você não vier fico até de manhã enfeitando sua janela.
- Eu tenho medo de voar, Sirius!
- Porque você voa com você pilotando... comigo não tem perigo –e ele sorriu mostrando os dentes brancos - venha. – ela jogou uma veste preta sobre a camisola, e meteu suas luvas, sentindo-se extremamente idiota por estar fazendo aquilo. Então, pôs uns travesseiros sobre a cama e com cuidado, pulou atrás dele na vassoura, ainda sentindo medo. Ele disse: - Segure-se ... Lusco sombrios – ele encantou a ambos para parecerem sombras... não dava para ficar invisível, mas dava para ajeitar-se razoavelmente. Deu um impuso, e num instante ela não sentia mais medo.
- Eu vou te contar o que aconteceu – ele disse sério para ela, que apoiava a cabeça nos ombros dele firmemente agarrada na sua cintura, de olhos fechados, mas sentindo aos poucos o medo de voar dispersar-se. E foi ouvindo enquanto ele falava porque e como o irmão dele morrera, lutando contra um bando de vampiros em Nova Iorque, ele falou sobre a maldição que pairava sobre sua família, mas omitiu a história do anel... ela não ia aprovar que ele jogasse algo tão valioso no lago, como ele queria fazer. Enquanto falava, dava loopings e fazia coisas perigosas com a vassoura, rindo-se quando ela soltava exclamações de medo e imprecava contra ele. Quase duas horas depois, ele a deixou na janela de novo. Ela entrou e disse.
- Obrigada, Sirius... acho que não vou mais conseguir ter medo de voar. Você não deixou de fazer uma única maluquice com essa vassoura Fico feliz de ver que você está bem. – ele deu um sorriso grande e ela pela primeira vez percebeu que o achava bonito.
- Te vejo na escola, Sheeba. Tenho três horas de vôo até Londres... depois vou dormir até cansar.
- Eu também. Até Hogwarts
- Até.
Ele sumiu, tornando-se uma sombra no céu. Sem entender muito porque, Sheeba ficou sentada na janela, até que viu que amanhecia. Foi para a cama sentindo-se incomodada. Alguma coisa aquela noite a perturbara.
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