Uma noite mal dormida...



Um barulho qualquer despertou Harry no meio da noite. Ele dormia sob uma poltrona ao lado da cama de Hermione, mas sua mão ainda estava sobre a dela.
Lá fora, a chuva batia contra a janela e os raios e trovões clareavam o quarto na penumbra. Foi graças aos clarões provocados pela tempestade que Harry percebeu que Hermione não estava muito bem.
Preocupado, ele acendeu a luz do abajur no criado mudo e colocou as costas das mãos sobre a testa de Hermione. Ela estava ardendo em febre, suava frio e gemia frases desconexas.
- Harry! Ela... ela... Harry!
Harry colocou mais um cobertor sobre Hermione e certificou-se de que estava bem coberta, mas ainda assim, ela tremia.
- Frio... Harry... tão frio...
Harry resolveu procurar ajuda. Achou que os cuidados da Sra. Wealey seriam mais devidos que o seu, mas, ao bater no quarto do casal, viu que eles não estavam ali. Resolveu ir ao quarto de Gina, mas não a encontrou, o que era uma pena, já que a garota sempre tinha ótimos feitiços na manga.
Um pouco abalado com o sumiço dos Weasleys Harry correu até o quarto de Rony. O garoto dormia a sono solto, roncando alto e com a boca aberta.
Alegre pelo amigo ainda estar ali, Harry tentou acordá-lo, mas o ruivo, simplesmente não despertou. Harry chega a sacodí-lo violentamente, mas Rony não parece perturbável. Só então Harry vê que sobre o criado mudo há um frasco com uma potente poção do sono que uma vez Hermione lhe preparara.
Aquilo o intrigou ainda mais. Por que Rony tomaria um sonífero para dormir? Imaginou que o amigo tivera dificuldades para dormir preocupado com Hermione. Apesar de querer sentir-se grato pela demonstração de afeto por parte de Rony a Hermione, Harry sentiu-se levemente irritado. A frase do medi-bruxo voltou a ecoar em seu pensamento “Harry Potter é muito ciumento”. Bobagem! Harry pensou. Não poderia ser ciúmes. Ela apenas preocupação com a amiga. Hermione estava se transformando numa mulher a cada dia que passava e ele queria protege-la.
Sem saber direito o que fazer e sabendo que seria inútil tentar acordar Rony, Harry retornou ao quarto de Mione, esperando encontra-la melhor.
Porém, o estado dela havia piorado consideravelmente. Ela gemia e se revirava na cama e as bandagens que tinha na cabeça e ao redor das temporas estava encharcadas de sangue.
- Ah... Mione... meu Deus! Harry disse sentando-se ao lado de Hermione, tentando acalma-la e acalmar a si próprio.
Por fim, cedeu ao desespero e resolveu descer as escadas. Chamou por alguém e procurou em todos os aposentos, mas não havia ninguém em lugar nenhum.
Percorreu todos os corredores e aposentos chamando por alguém, mas ninguém respondia enquanto sentia um aperto no coração. Por fim, chegou à cozinha, onde havia um bilhete encostado sobre um frasco contendo uma substancia azul brilhante.
“Querido Harry...

Tivemos de sair às pressas. Arthur e os outros foram para uma missão. Estão acontecendo ataques de comensais por todas as vilas bruxas. Gina e eu iremos para o hospital. Ele precisam de toda a ajuda possível. Há dezenas de feridos. Não se preocupe, vocês estão seguros. Se Hermione piorar, dê-lhe desta poção azul. Foi o que o dr. Stavlos prescreveu para ela.

Molly Weasley”. - Droga! Tinham de sair justo agora? – Harry perguntou-se, analisando o conteúdo do frasco.
Harry virou-se, de repente, para a janela. Por um segundo ele pensou ter visto alguém de capuz negro na janela, mas não havia nada lá.
Imaginou que estava vendo coisas. Era a tensão de estar preocupado com Hermione após um ataque gratuito a ela e também com a notícia dos ataques nas vilas bruxas. Tudo estava acontecendo mais rápido do que Harry previra. Achou que Voldemort não iria atacar Hermione, mas estava enganado. Fosse o que fosse, o ataque tinha o dedo de Voldemort.
Já se encaminhava para a as escadas quando teve, novamente, a sensação de estar sendo vigiado e virou-se para a janela. Um raio iluminou os pingos da chuva gorda que escorriam pelo vidro. Assim, mesmo, não havia nada lá.
Harry subiu as escadas, ansioso. Quando entrou no quarto de Mione, percebeu que ela não estava nada melhor. Ela agora tremia e o sangue, escorria-lhe pela face.
Harry se sentou na cama, ao lado de Hermione e a tomou nos braços. Com cuidado, despejou uma grande dose nos lábios de Hermione e fê-la tomar. Hermione ainda tinha muita febre e por isso Harry a acolheu em seus braços, cobrindo-a com o cobertor.
- Vai dar tudo certo, Hermione! Vai dar tudo certo.
Harry secou com uma toalhinha que havia ali perto o sangue da face e das têmporas de Hermione e ficou a contemplar o rosto da amiga. Era angustiante vê-la assim. Durante anos, ela é quem ficava angustiada com ele, não imaginou que essa inversão de papéis seria tão dolorida.
- Harry... não me deixe... não me abandone... – Hermione choramingava, enquanto se encolhia no peito do amigo que a cobria ainda mais, acariciando-lhe os cabelos.
- Nunca... Hermione... eu jamais te abandonaria... vai ficar tudo bem... acredite em mim... vai ficar tudo bem...
Harry ficou ali na cama, esperando o sono intranqüilo de Hermione chegar. Quando ela enfim fechou os olhos, Harry a repousou com cuidado sobre os travesseiros.
Pensou em sair da cama de Hermione e voltar para seu lugar naquela poltrona dura ao lado da cama. Mas, como estava exausto com tudo o que acontecera, Harry permaneceu ali, no lado de Hermione, apoiado nos braços, olhando para ela, até que, enfim, o sono venceu-lhe as forças e ele deixou-se cair ao lado de Hermione, ainda sob as macias e acolhedoras colchas e perto do contato da pele suave de Hermione sob a fina camisola.


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