RECONSTRUÇÃO
Harry acordou e quando viu Alvo Dumbledore sentado tranqüilamente na sela de sua montaria disse:
- Dumbledore? Estamos no reino dos mortos? - vale lembrar que ele esquecera de absolutamente tudo que acontecera do momento em que entrara pela porta do mundo dos mortos, exceto a lembrança que a morte lhe concedera. Na verdade, como todos, ele estava bem confuso, e agiu como se tivesse acabado de encontrar Abel, assim que viu o menino acordando ao seu lado.
Abel por sua vez lembrava de forma desconexa das coisas que escolhera para lembrar, mas era como ter acordado de um sonho, cheio de lacunas e buracos. E achou bastante estranho o fato de encontrar Henry, Snape, Hope e Stoneheart. Não sabia exatamente como toda aquela gente aparecera ali. Finalmente olhou para o velho bruxo que sorriu. Ainda encarando Dumbledore, disse:
- Ah... então é o senhor, a ajuda... pode me explicar o que acontece agora?
Havia um burburinho generalizado à sua volta, os pais que encontravam seus filhos, Snape e Henry, que lembravam de terem estado em outros mundos também... uma autêntica confusão que para Abel, não devia combinar com o que ele imaginava que viria depois. Foi nesse exato momento que ele se lembrou de sua escolha e disse para Dumbledore:
- A minha escolha... ela tem a ver com o renascer do mundo de Vega?
- Ela tem a ver com toda sua vida daqui para frente - disse o velho mago com brandura. - Imagino que você tenha algo a entregar no mundo das sombras... e não só você. Senhores - disse ele levantando a voz - muitos de vocês estão confusos, por terem saído de estranhos mundos. Mas devo dizer que preciso conduzí-los apenas mais adiante, para que façamos algo nobre. Precisamos reinventar um mundo. Milhares de anos atrás, ele foi abandonado pelos seus filhos, e entrou em decadência. Grande parte da desgraça do mundo da sombra foi graças à sua aliança com nosso povo em nosso mundo. Vejam isso como reparação de um mal de nossos antepassados. Alguns de vocês receberam algo em outros mundos, não?
- Eu recebi isso - disse Hope, mostrando um pequeno frasco cheio do que parecia areia. - me disseram que eram sonhos.
Henry se mexeu de forma tímida e Dumbledore olhou para ele, que tirou algo do bolso:
- Me disseram que isso seria solicitado - era um frasco idêntico, cheio de um líquido perolado e transparente. Ele olhou para Snape, que assentiu com a cabeça e mostrou um frasco idêntico, que parecia conter um segundo líquido, este cor de sangue. Fez isso de forma silenciosa e solene.
- Mais alguém?
- Eu - disse Abel - isso está no meu bolso - ele retirou a coisa sem forma que a Morte lhe entregara. Dumbledore sorriu e disse:
- Algum tempo atrás, estive no lar das idéias... logo quando os outros reinos pediram minha ajuda. De lá, resgatei uma pequena dádiva - ele retirou da capa um frasco, e este continha chamas. - isso bastaria para reconstruir um mundo, mas precisamos da ajuda de mais uma pessoa. - dizendo isso, ele retirou uma trombeta em forma de chifre do bolso da capa e passou a Harry, que olhou aquilo surpreso.
- Eu nunca toquei uma coisa dessas antes, Dumbledore...
- Não se preocupe, ela só precisa ser soprada, seu som é mágico e tem vontade própria. Mas o fôlego de um bruxo em melhor forma que eu é recomendável - Harry riu e encostou os lábios na trombeta, soprando.
Um som surpreendentemente alto ribombou pelos quatro cantos da fronteira. Da direção onde havia se aberto cada portal, sons idênticos responderam ao chamado, e cada portal que havia sido fechado, se abriu novamente. Em cada um deles, havia uma criatura parada, envolta pela luz intensa. Eram os sete guardiões da fronteira. Abel reconheceu Vega naquele que em vez de luz, projetava no infinito uma sombra. A mulher sombra veio andando até eles, havia nobreza e altivez novamente em seu andar, mas no seu rosto via-se a marca de lágrimas, derramadas por causa da destruição de seu mundo.
- Tudo que restou do reino do qual fui princesa foi pó e pedras. - ela disse, olhando para Dumbledore. - Quando o encontrei após o vórtice, não acreditei nisso... fracassei com meu mundo e meu povo. Nunca mais teremos um lar para chamar de nosso.
Nem ela nem nenhum dos bruxos atônitos viu que do portal mais distante, um vulto alado partiu em direção ao céu, envolto em luz. Harry o reconheceu: era um guerreiro da luz, aquele do qual só ouvira falar: Abel Lux, o filho do reino da luz que durante quatro mil anos sofrera a prisão da máscara do sombrio, libertado alguns anos antes, exatamente quando Harry lutara com o Camaleão. O guerreiro alado percorreu em seu pégaso um círculo perfeito no ar e então pousou, pouco a frente do grupo.
O guerreiro da luz fora do reino dos homens tornava-se uma visão ainda mais impressionante. Seu cabelo louro estava preso em um rabo de cavalo, e ele usava uma roupa branca, tão clara que parecia emitir luz. Ele mesmo e seu pégaso transmitiam uma luz suave e quente, e ele parecia aquecer o ar a sua volta. Seu rosto era belo e calmo e ele não tirava os olhos do rosto de Vega. Qualquer pessoa via que a história dos dois era antiga, e parecia longe de acabar.
- Princesa Vega - ele disse inclinando-se numa profunda reverência - manterei prudente distância, pois sei que minha luz pode fazer-te mal.
- Abel Lux... uma era se passou desde que nos vimos pela última vez.
- Mais que uma era, princesa, e para mim teve o peso de uma eternidade de escravidão.
- Eu sei o que minha irmã fez a ti, Abel Lux. Eu me encontrava naquela época em outro lugar, fora do mundo dos homens, se lá estivesse, não teria permitido isso.
- Eu trouxe duas dádivas, Vega- disse o Guerreiro, olhando-a nos olhos. - uma, foi a que eu levava como dádiva de paz para o mundo dos homens, para entregar-te, e que sua irmã nunca conseguiu me roubar, pois eu escondi junto com meu cavalo, antes de cair no cativeiro. - ele tirou do pescoço uma corrente com um pingente transparente e entregou a ela - isso é o coração da luz. Use-o, e poderás sem medo enfrentar o sol do mundo dos homens e toda a luz que há em todos os mundos.
Vega olhou a jóia hesitante. Há milênios que seu povo queria o coração da luz, porque haviam sido condenados a andar na escuridão por sua própria natureza. Olhou para o guerreiro perguntando-se o que havia feito para merecer essa confiança, e ele disse:
- Se eu houvesse a encontrado quando fui procurá-la há milênios, hoje nossos dois mundos seriam um só. Eu fui enganado por Maya, sua irmã, e amei uma filha dos homens, e não honrei o teu amor por mim... fui punido com uma era de sofrimento, Vega. Use a jóia e liberte a nós dois. - ela pôs no pescoço a jóia, e a pedra brilhou intensamente. No mesmo instante a aparência dela mudou: pareceu tornar-e concreta, e deixou de ser difusa e sombria. Seus olhos dourados brilharam intensamente, e logo ela era um ser de pele negra e lisa, e seus cabelos negros caíam sobre os ombros. Ela sorriu e murmurou:
- É como se todo o tempo ruim não houvesse passado, Abel.
- E essa - disse Abel - é a dádiva de meu povo - ele estendeu uma pedra idêntica à primeira só que muito maior - isso é a semente do sol. Junto com as dádivas de outros reinos, fará renascer o seu mundo, mas de uma forma nova, sem a marca que nos separava...
A mulher sombra olhou muda para o guerreiro da luz. Ela não viu, mas Hope Black, que olhava para ela, engoliu em seco. A moça não queria admitir, mas amava histórias como aquela.
E todos eles observaram a mulher sombra e o guerreiro da luz se abraçarem felizes por poder criar um novo mundo, feito de luz, sombra, som e fúria, de mágoa e amor, sonho e tristeza, beleza e morte. Exatamente como o mundo dos homens. Naquele instante, Harry teve uma sensação incômoda. Olhando para o filho, e depois para Dumbledore disse:
- Sobre o que eles vão reinar? O povo dele, está no reino dele... o povo dela não parece disposto a abandonar o nosso mundo, estão bem instalados sob a terra, e creio que até gostam daquele lugar doentio chamado de Oz, Dumbledore. Estive lá mais de uma vez para conduzir prisioneiros e pude constatar isso. Entendo que eles tenham amor um pelo outro... mas o que vão governar?
- É por isso que seu filho fez uma escolha, Harry... Abel, você conhece algum povo ligado a seus antepassados que possa povoar esse novo mundo?
O rosto do menino se iluminou. Ele pedira para a morte apagar várias coisas, mas ela deixara na sua mente três coisas essenciais, duas que ele pedira, e a terceira, que ela sabia que seria útil. Ele olhou o pai e disse:
- Pai, eu sei quem vai habitar esse mundo. - ele enfiou a mão no bolso da veste, sentindo o medalhão que estivera ali desde o momento em que dissera ao chapéu seletor que não podia fazer uma escolha entre Grifndor e Slytherin, e que teria de levar ambos para sempre no coração, pois era um e outro, era a coragem do leão e a astúcia da serpente. Ele escolhera um caminho. Observou o medalhão: de um lado a serpente, de outro o leão. Espalmou sua mão direita e fechou os olhos, o medalhão ficou em pé nela. Não poderia fazer magia ali, mas estava sendo ajudado por Dumbledore, porque ele mesmo não sabia o que o menino tinha em mente, mas sabia que podia fazer as idéias do menino tomarem forma. O medalhão girou no ar, e Harry viu surpreso que o leão e a serpente sumiam, dando lugar, em ambas as faces, a outra imagem que foi ficando cada vez mais nítida, até que se tornou sólida: no lugar do leão de da serpente, surgiu, em cada face, um tigre. O menino segurou o medalhão com firmeza a abriu os olhos, encarando o pai:
- Pai... não sabia porque minha escolha tinha sido tão importante... e minha escolha foi ser não Griffindor ou Slyterin, mas ter algo de ambos. O tigre é astuto como a cobra e corajoso como o leão. Eu não sabia porque estava escolhendo, eu não sabia o que dois sujeitos que haviam vivido há mais de mil anos poderiam ter a ver com o mundo de Vega. Agora eu sei, pai... eu precisava escolher um dos dois, porque a falta era de ambos... mil anos atrás, Griffindor e Slytherin, junto com o povo da sombra, escravizaram todo um povo... e eu sei qual foi esse povo. Preciso pedir perdão a eles. Em nome de todos os bruxos.
Dumbledore assentiu com a cabeça, brandamente. Olhou para Harry:
- Sabe do que ele fala?
- Deduzo... elfos domésticos?
- Exato. Precisamos trazê-los, Harry.
- E quem pode nos ajudar?
- Toque, Harry, toque a trombeta.
E mais uma vez, o som imponente da trombeta ecoou pela fronteira, mas dessa vez, a resposta foi completamente diferente.
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Na cidade do Cairo, no Egito, um bruxo comerciante de tapetes mágicos apregoava a mercadoria para um cliente gordo, que era abanado por um elfo doméstico negro como o breu, mas de olhos muito azuis. Repentinamente o abanador caiu ao chão e o dono do elfo virou-se para castigá-lo, mas surpreendentemente, só encontrou no lugar do elfo um papiro, com uma inscrição simples, que dizia tudo.
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Em Hogwarts, um bando de elfos domésticos corria de um lado para o outro, tentando aprontar o mais rápido possível todo jantar, para depois mandá-lo para os pratos dos alunos. Num instante estavam lá, no outro, ecoava o barulho simultâneo de várias louças caindo no chão. O zelador Goyle, que dormia pouco adiante, veio correndo e observou atônito que a cozinha estava uma anarquia, correu para chamar o diretor, sem reparar que havia uma faixa estendida de lado a lado na cozinha, com uma grande inscrição.
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Smiley, o elfo de Sheeba, andava atrás da dona reclamando novamente que queria fazer alguma coisa, que a história de aposentadoria que ela inventara era muito aborrecida, quando sentiu algo estranho:
- Senhora... - Sheeba virou-se e olhou para ele, bem a tempo de ver um sorriso nascer nos olhos azuis do elfo, e espalhar-se pelo seu rosto, antes dele dizer: - Adeus, senhora.
Ele sumiu com um puf e deixou em seu lugar um pequeno bilhete, que Sheeba leu com satisfação, e então, disse, sorrindo:
- Enfim, o êxodo. Já não era sem tempo.
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Dobby colocava em ordem a roupa de cama dos Potter, coisa que fazia com capricho anormal, mesmo para um elfo remunerado, ele cantarolava com a alegria de quem trabalha com o que gosta, quando o chamado o atingiu. Ele sabia que um dia isso aconteceria, ele vivera acreditando que um dia, todos eles, seus semelhantes, receberiam o mesmo chamado, e o feitiço que fizera todo seu povo e descendentes subservientes por séculos se quebraria. Ele tinha sido um elfo especial, dentre tantos, fora o único que aprendera a ler, com a ajuda paciente do professor Dumbledore, durante os anos que passara em Hogwarts. Fora Dumbledore que o mostrara o livro onde estava escrita a história do seu povo. E onde estava escrito que aquele que tinha o sangue das duas casas primeiras de Hogwarts, traria a todos o perdão. Fechou os olhos para a viagem, e então, desapareceu com um puff, deixando em seu lugar apenas um bilhete:
"Caro bruxo,
O Elfo que o servia foi libertado por Slytherin e Griffdor. Não procure outro, porque nenhum deles vai estar disponível. E todos os anos, nesse dia, preste a homenagem aos elfos, para lembrar que devemos a eles mil anos de perdão. "
E finalmente, Dobby chegou à fronteira. E a primeira pessoa que viu, foi Harry Potter. Mas ele não reconheceu o elfo, porque quando o feitiço foi quebrado, todos eles voltaram à aparência original de seu povo. Não eram pequenos e feiosos como nos anos de escravidão. Não chegavam à altura de um homem, nem tinham a beleza de uma fada, mas eram magros e sorridentes, suas faces não eram mais grotescas, mas, mesmo os que não eram belos, tinham um ar nobre e digno. Dobby deu três passos, e surpreendeu-se com a elegência do próprio andar, e apertou a mão de Harry, que demorou um segundo para reconhecê-lo pelo verde dos olhos.
- Dobby...
- Senhor - disse Dobby, e sua voz não mais era um guincho, mas uma voz simples e agradável, bastante humana - eu sabia que o senhor estaria envolvido, se os elfos ganhassem a liberdade... eu temo não mais cuidar de suas meias, senhor Potter.
- Cuide das suas meias, Dobby, você já fez mais por mim que poderia imaginar...
- Perdão senhor, agora que sou livre, chame-me pelo meu nome de real, meu nome de elfo liberto... Dobien, da casa dos Duain.
- Muito bem, Dobien... parabéns pela liberdade do seu povo, agradeça-a a meu filho - ele apontou Abel, que sacudiu a cabeça veementemente.
- Não, pai, não me peça para aceitar agradecimentos. Isso não foi um favor... foi uma obrigação, porque liberdade não se concede - ele sorriu - é simplesmente um direito, né?
Harry teve vontade de abraçar o filho. Pela primeira vez ele via que não só ele podia ensinar muito ao filho, mas o filho podia também ensinar-lhe muitas coisas.
- Tem razão, filho, tem razão - ele disse, com aquela expressão boba que só os pais sabem fazer, quando um filho faz algo muito bom.
O que aconteceu depois, foi que Dumbledore chamou os elfos, e falou a eles, não em sua língua, mas na língua mãe dos elfos, a língua que era ensinada nas cozinhas, de pai para filho, nem mesmo eles sabiam até então porque. Foi um discurso breve, em que ele disse que haveria um reino a ser construído, muito trabalho a ser feito. Eles seriam liderados por um rei e uma rainha, mas nunca mais seriam submetidos a jugo de espécie alguma. Os elfos aceitaram de bom grado a oferta, porque era para eles a generosidade de um novo lar. E foi Dobien que apertou a mão do guerreiro da luz, selando a aliança entre o povo dos Elfos Libertos e os reis do novo mundo, devolvendo o eqüilíbrio à fronteira.
Os bruxos, todos eles que haviam ido à fronteira dos mundos, guardariam até a morte aquela imagem de um mundo novo nascendo, dos escombros do reino das sombras. No portal dava para ver as dádivas dos outros reinos operando maravilhas, conforme o novo povo caminhava para a luz de seu portal, sob os olhos de seu rei e sua rainha. E finalmente, quando apenas eles dois sobraram, Vega beijou o rosto do menino Abel, deixando-o sem graça, apertou a mão dos homens adultos; segredando depois no ouvido de Hope que ela seria tão amada quanto sonhara. Por fim, abraçou o pequeno Henry, e quando chegou a vez de Severo Snape disse:
- Senhor... eu posso ver o que há em seu peito. Milênios atrás, meu pai também adoeceu e morreu, e eu fui ao reino dos mortos tentar resgatá-lo, mas nada consegui, e nada me lembro de lá... - ela espalmou a mão sobre o peito do velho e disse: - não posso eu mesma curá-lo... mas posso agradecer, e pedir a meu consorte uma dádiva. Abel Lux... pelo amor que tens por mim...
- Pelo simples merecimento dele - disse o guerreiro, pondo sobre a mão de sua futura rainha a sua - eu te dou a minha luz, Severo Snape, porque você venceu o mundo da realidade cruel, e suportou sem reclamar a mágoa. Uma luz brilhou na ponta dos dedos do guerreiro, e Snape foi ligeiramente sacudido por uma força que ele mesmo nunca imaginara existir, quando soube que não estava mais morrendo. Isso foi tudo.
A pequena Kayla procurou com seus olhos o rosto da mulher sombra, e ela retribuiu o olhar da menina, que segurava a mão do pai. Ela olhou Draco e disse:
- Quando esteve no mundo dos mortos, escolheste como lembrança guardar um segredo que apenas eu e você conhecemos, senhor... saiba que aquele rosto vai ficar escondido por muito pouco tempo, pois minha magia em seu mundo é passageira. Prepare-se para o que virá... o que virá de bom e o que virá de ruim...
Draco estremeceu ligeiramente, porque a única coisa que lembrava do mundo dos mortos, era que seu pai ainda vivia... e isso o enraivecia. As palavras da mulher apagaram a sede de vingança em seu coração, mas ao mesmo tempo o encheram de dúvidas que ele mesmo não sabia se eram boas ou más.
E por fim, Abel Lux chamou com um assobio seu cavalo alado, e, com sua futura rainha, voou na direção do portal, que se fechou quando eles passaram. Novamente a fronteira era um desfiladeiro deserto, e todos os portais estavam fechados, à exceção daquele que levava ao mundo dos mortos. Harry teve um mau pressentimento e olhou para Dumbledore, que disse ao Auror:
- Eu já devia ter ido há um tempinho... Abel Lux queria minha ajuda, e eu recebi uma prorrogação, meu caro... Abel, meu pequeno, parabéns... você é tão valoroso quanto seu pai. Sabem quantos mundos existem?
- Milhares...
- Exato, universos pequenos e grandes, que cabem na cabeça de alfinete, e que engolem o nosso como um peixe engole uma minhoca... conheci talvez uns dez ou doze, em cento e muitos anos de vida... em onze, você já esteve em um, e conheceu pessoas que estiveram em outros seis... pode se considerar um menino de sorte.
- Eu sei - disse Abel, satisfeito.
- Para sair da fronteira, sigam, sem olhar para trás, até o lugar da árvore. E não tentem voltar aqui entrando por ali... portais como este só abrem-se uma vez na eternidade - ele disse, e esporeou o cavalo na direção do mundo dos mortos.
O grupo de bruxos seguiu unido, os pais com seus filhos e Hope um pouco distante de Gilles. Snape ia silencioso e reflexivo, às vezes olhando para o pequeno Henry, que o olhava como se quisesse dizer algo. Kayla às vezes olhava para Abel e ensaiava falar qualquer coisa, mas a visão do rosto sério do pai a desanimava. Harry às vezes passava a mão distraidamente na cabeça do filho e murmurava alguma coisa. Não foi difícil distingüir o portal para o mundo dos homens, ele brilhava intensamente, como um quadrado no ar, ao lado do tronco da árvore. Um a um, os bruxos passaram, até que Harry, o último, murmurou um último agradecimento a Dumbledore e atravessou o quadrado, que do outro lado sequer aparecia.
Quando ele pisou na relva já ao lado da árvore, em Hogwarts, viu que os outros bruxos estavam olhando para uma pedra, colocada ao lado da grande árvore. Era uma lápide, nela, começaram a surgir letras, que escreveram o seguinte epitáfio:
ALVO DUMBLEDORE
Antes de tudo, um peregrino. Não fui grande, fiz apenas o que devia ser feito.
Harry sorriu. Dumbledore partira para a grande aventura seguinte.
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