O SINDICATO DOS REJEITADOS



Abel Potter olhava os campos nevados. Aquele ano parecia que o inverno estava mais frio. Passara pouco tempo desde o feriado de Natal,  as aulas haviam recomeçado. E  ele continuava sua rotina de aluno solitário.
A verdade é que ele não fizera amigos desde que entrara em Hogwarts, e mesmo seu melhor amigo antes da escola, Henry, se afastara um pouco dele, não por vontade, mas porque eles tinham poucas horas em comum para conversar. Não era fácil ser considerado uma espécie de intruso na casa onde fora parar, nem um traidor na casa que parecia esperá-lo desde o nascimento. E para completar, haviam descoberto que ele era provavelmente tão bom numa vassoura quanto o pai o o avô haviam sido, mas ninguém estava disposto a dar a ele uma vaga no time da Sonserina. Os Potters eram uma tradição na Grifinória.
Na Grifinória, Kayla Malfoy experimentava o mesmíssimo problema, que era agravado pelo fato de seu pai ser o professor mais  odiado na casa. Nenhum dos dois sabia dos dramas do outro, mas uma concidência iria aproximá-los e fazer com que se tornassem amigos.
Antes de falar sobre o evento que os uniu, é preciso falar sobre Neil Lupin, porque ele seria peça importante da história. Neil, além de ser o melhor amigo de Claudius Black, como seu pai fora amigo de Sirius, também como o pai se tornara um lobisomem por uma circunstância lamentável, quando estava com sete anos de idade. Como toda criança, ele disputava a atenção dos pais com a irmã mais nova, Layla, que como a mãe nascera meio fada, o que fazia que ela chamasse para si muita atenção.
O pequeno Neil queria ardentemente ser tão especial quanto imaginava que seus pais eram: não era qualquer criança, mesmo no mundo bruxo, que podia dizer que era filho de uma meio-fada com um lobisomem. E se sua irmã era uma fadinha, ele planejara tornar-se um lobisomem juvenil. Mas ele não sabia muito sobre o que era um lobisomem, com seus estigmas e dramas, sabia apenas que  nas noites que o pai  se tornava um lobo, tomava a poção que fazia com que ele fizesse cara feia, que sua mãe preparava pacientemente (quando lembrava, porque era muito distraída... ás vezes ela esquecia e saía às pressas para comprar nos caras que sabiam fazer, lá em São Petesburgo).
Seu raciocínio infantil fizera com que ele concluísse que era a poção que fazia o pai virar lobo. E foi por isso que ele aproveitou a distração da mãe numa tarde e simplesmente bebeu um cálice da poção, achando que aquilo o faria virar lobisomem. Ele perdeu a consciência segundos depois, e caiu duro e frio como um cadáver, porque realmente a poção mata lobo não fora feita para ser ingerida em hipótese alguma para quem não fosse lobisomem. Quando Silvia o encontrou, entendeu imediatamente o que acontecera, pois viu o cálice sujo de poção. Ela chamou o marido e eles levaram o menino cada vez mais duro e frio para o hospital bruxo.
E foi lá que tiveram a terrível notícia, que Remo já desconfiava que receberiam: a menos que Neil fosse mordido por um lobisomem, morreria assim que passasse a lua cheia. Remo sempre se julgara amaldiçoado, mas nunca sentiu dor maior ao se transformar em lobo que naquela noite em que teve, mantendo sua mente lúcida pela poção mata lobo, que deliberadamente ferir o braço de seu filho com os dentes e transmitir a ele a maldição que tanto o fizera sofrer. Parecia castigo que agora que julgava-se perfeitamente adaptado à sua condição, ele tivesse que se deparar com isso.
Assim, Neil se tornou um lobisomem. Mas ao contrário do pai, jamais se chateou com isso. Anos depois, quando cresceu um pouco, finalmente percebeu que fizera uma grande besteira, mas na verdade, nem se importou tanto com isso. Só mantinha segredo de sua condição porque o pai e a mãe assim haviam pedido. E era agora um feliz quintanista da Grifnória, cujo único problema era internar-se uma vez por mês na ala hospitalar para tratar-se de sua "doença crônica".
Nada o impedia de ter uma vida normal, absolutamente nada, e ele era, junto com o amigo Claudius, batedor do time da Grifnória, que atualmente liderava a competição das casas. Eles treinavam Quadribol com prazer e dedicação, digamos com dedicação demais, às vezes, como na tarde em que "acidentalmente" rebateram um balaço bem em cima do professor de Defesa contra as Artes das Trevas. A sorte deles é que a professora de vôo, Willy, acalmou Draco e disse que realmente ele não podia culpar os meninos por um balaço maluco tê-lo acertado. Mas o professor não esqueceu os dois meninos, ficou só esperando uma oportunidade de dar-lhes uma detenção bem pesada.
O passatempo favorito de Claudius e Neil era pregar peças em calouros, mas nunca nada realmente sério. O máximo que faziam era dar-lhes algum doce enfeitiçado que os fazia arrotar minhocas ou outra coisa nojenta, ou um feiticinho inofensivo como fazer nascer rabos e orelhas de burro, feitiços que qualquer aluno do primeiro ano conseguiria desfazer, e até mesmo repetir. Eles haviam pego Abel Potter logo na primeira semana de aula, fazendo nascer-lhe um chifre de rinoceronte no nariz.  O garoto desfizera o feitiço sozinho, e aprendera como fazer igual. Prometera a si mesmo que ia pegar aqueles dois, ah se ia...
Ele tinha saído da aula de Defesa Contra Artes das Trevas quando a oportunidade apareceu: Claudius e Neil estavam convencendo uma menina da Grifinória, do primeiro ano, a dar uma dentada num doce que eles ofereciam. Abel apertou os olhos e apontando a varinha para Neil murmurou:
- Rinopitecus!
Zuuuim! Na mesma hora no nariz do garoto surgiu um chifre de rinoceronte, o que assustou Claudius no primeiro momento. A menina tinha finalmente comido o doce, e agora fazia barulhos engraçados, parecidos com o coaxar de um sapo. Claudius olhou de um para o outro, e vendo Abel parado, em vez de ficar com raiva, começou a rir, e não parou nem quando Abel o acertou com o mesmo feitiço. A menina, olhando aquilo, começou a rir-se também, e logo os quatro estavam rindo, sendo que a risada da garota misturada com o coaxar de sapo era o que fazia tudo ser mais engraçado. Mas ela parou subitamente de rir, olhando para um ponto bem atrás de Abel. Ele olhou para trás e pôde ver o professor de Defesa Contra Artes das Trevas. Pela expressão em seu rosto, ele não achava graça nenhuma naquilo.
Meia hora depois, eles estavam os quatro sentados lado a lado, na sala do professor Malfoy tomando uma bronca deslavada. Neil e Claudius faziam cara de tédio, Abel tinha a expressão neutra, mesmo sabendo que aquilo significava uma punição provavelmente maior e mais injusta para ele. A menina por sua vez, chorava alto e soluçava coaxos de sapo, o que fazia Neil e Claudius, muito experientes em detenções a advertências para se chatearem com mais uma, reprimirem o riso a cada minuto. Abel sabia porque a garota chorava: era Kayla, filha de Draco. "Também choraria se esse sujeito fosse meu pai" pensava ele.
A bronca parecia não ter fim, e foi desde o quanto era irresponsável fazer doces encantados sem perícia até o absurdo de se lançar feitiços nos colegas assim, nos corredores. O olhar do professor finalmente descansou furioso pela própria filha, a quem ele disse:
- E o que você achava tão engraçado, Kayla? - a menina parara de soluçar, mas ainda tinha o rosto inundado de lágrimas, vermelho e afogueado. O pai a olhava inquiridor e ela falou:
- Na verdade... foi muito engraçado. Eu achei que tinha algo errado no doce, mas depois do susto... achei engraçado, ainda mais depois que ele - apontou timidamente para Neil - ficou com aquele chifre no rosto... e... poxa, pai...
- Kayla, não pense você que eu vou realmente relevar isso porque você é minha filha... francamente, rir de algo assim...
"Você era muito pior que ela, pelo que meu pai me disse" pensou Abel, que não estava ainda louco o suficiente para fazer esse tipo de comentário em voz alta.
- Mas pai...
- Detenção, Kayla, você não foi uma vítima inocente... e menos quarenta pontos para a Grifinória por isso. - a menina abaixou a cabeça e mais lágrimas correram por seu rosto. Mas ela não disse mais nada. Draco voltou-se para Neil e Claudius:
- Vocês dois... detenção dupla! E menos cinqüenta pontos para cada um... em pensar que você, Claudius, é filho do diretor...
Claudius ia replicar que seu pai era ainda mais rígido com os filhos que com os outros alunos, mas foi cutucado por Neil antes de dizer qualquer coisa. Draco olhou sadicamente para Abel:
- E você... seu pai era bastante insuportável quando estudou aqui, pelo menos até o sexto ano... da mesma forma que você ele não tinha um pingo de disciplina, desde o primeiro ano... claro que tudo isso foi esquecido depois, afinal ele estava entre os que "salvaram Hogwarts"
- Exatamente como o senhor, que recebeu o perdão por ter feito o vodu pelo mesmo motivo, não?
Abel acabara de cruzar uma linha imaginária proibida a ele, sem saber. Na mesma hora o rosto de Draco ficou vermelho-sangue e nos olhos cinzentos dele apareceu uma fúria evidente. Mas Abel não desviou o olhar. Draco não gritou, como sentiu vontade, apenas disse, a voz fria como gelo:
-Um mês de detenção diária, Potter... você não merece estar na Sonserina... por sua causa, a casa vai perder cento e cinqüenta pontos.
- Mas... - Abel ficou lívido. Ninguém aquele ano perdera mais que cinqüenta pontos para qualquer casa, e pior, aquilo arrastava a Sonserina para o último lugar no campeonato de casas - Isso não é justo - ele disse subitamente - Aliás nem é justo você tirar pontos da sua filha... ela só riu, nem fez nada!
- CALADO! Não vou permitir que um aluno, por mais que você seja filho do Potter, fale assim comigo... mais uma palavra, Potter, apenas uma, e eu te expulso. E vou tirar mais vinte pontos, só por essa insolência.
Abel se calou. Desviou os olhos do professor, e viu Kayla olhando-o alarmada. De alguma forma, viu que ela o entendia.

- Potter perdeu cento e setenta pontos!
- Cretino!
- Espião maldito da Grifinória!
- Ele só anda mesmo com aquele Weasley....
- Alguém tem que jogar um visgo do Diabo na cama do maldito...
Se a vida de Abel desde que entrara em Hogwarts nunca fora um mar de rosas, transformara-se em algo bem pior quando todos souberam do ocorrido. Na Grifinória, pouquíssima pessoas levavam em conta que Kayla fora punida só por ter rido um pouco, e ela era mais maltratada que Neil e Claudius, que mal ou bem eram populares, do time de quadribol e podiam a qualquer momento recuperar o prestígio levando o time a uma vitória sobre a Lufa Lufa. E além de tudo a Grifinória, mesmo punida, não descera de posição no campeonato das casas. Eles haviam sido os únicos a defender Kayla, dizendo que ela não tinha culpa de ser filha de um sujeito que devia se alimentar exclusivamente de limão amargo para ser tão chato, e foi por isso que ela não foi tão maltratada quanto Abel.
Kayla por sua vez, sentia-se chateada por Abel, era como se lhe devesse algo, porque ele só pregara a peça nos outros porque os vira fazendo algo parecido com ela. Ver que ele se tornara um pária a deprimia ainda mais. Embora soubesse que eles cumpririam detenção juntos no sábado, ela queria se desculpar com ele o quanto antes, e teve uma idéia: ele estaria em detenção por todas as noites, aquela era a segunda, e como os Zeladores Crabbe e Goyle não perdiam uma oportunidade de empurrar seu serviço para alunos em detenção, ela imaginou que ele deveria estar limpando latrinas ou fazendo algum outro serviço de faxina.
Ela saiu do dormitório da Grifinória pé ante pé, e foi percorrendo cada banheiro, se não o encontrasse em nenhum, o procuraria na sala de troféus. Quase foi vista por Pirraça num corredor, mas se escondeu atrás de uma armadura, antes de se esquivar e ganhar rapidamente o corredor seguinte. Como sempre acontecia, Crabbe e Goyle não eram grandes zeladores: estavam dormindo a sono solto na porta de um dos banheiros, que ela presumiu que era o que Abel limpava. Passou por eles pé ante pé, pensando que se soubesse que eles estariam dormindo, podia testar neles a poção não-acorda, que o professor Neville ensinara algumas aulas antes. Viu Abel debruçado sobre um vaso, com luvas de borracha até os cotovelos: a privada estava entupida e ele deveria desentupí-la sem ajuda de magia. Ela ficou olhando um instante antes de cutucar-lhe as costas timidamente. O menino voltou-se achando que era um dos zeladores e seu rosto realmente ficou bem aborrecido quando a viu atrás dele:
- O que foi? Seu pai te mandou para ver se eu estou fazendo o serviço direito?  - O primeiro impulso de Kayla foi virar as costas e sair, mas ela ao invés disso, olhou para a porta para certificar-se que os zeladores dormiam e murmurou, apontando para o vaso:
- Acqua Fluxo - no mesmo instante o vaso desentupiu e ela o olhou sorridente. Ele não demonstrou a mesma boa vontade:
- Se aqueles ali verem você fazendo isso, quem se encrenca sou eu, sabia? E onde você aprendeu isso?
- "A bruxa do lar, truques domésticos de Matilda Nightblue"... uma das leituras que meu pai acha profundamente relevante para meninas bruxas. Li com sete anos.
- Porque isso não me surpreende? Claro, seu pai tinha que ser um monstro dentro de casa também...
- Não... ele não era assim, sabe?
- Não? O velho Malfoy foi gente, algum dia?
- Dá para você não falar assim do meu pai, Potter?  E tira essas luvas fedidas, coisa nojenta...
- Tá bem, afinal você chegou bem a tempo de desentupir o último vaso... - ele tirou as luvas, jogou dentro de um balde com desinfetante e a olhou. - porque você fez isso?
- Eu também achei que meu pai não foi legal com você...
- Nossa, que percepção...
- Dá para você parar de falar desse jeito? É por isso que ninguém te suporta na Sonserina!
- Não, garota, não me suportam lá porque acham que eu sou o cara errado no lugar errado.
- Acredite, eu sei bem o que é isso...
- Eu esqueço que você também faz parte do clube dos rejeitados - disse o menino amargamente, muito amargamente para alguém tão novo. - mas eu sou o presidente de honra, lógico... o fracasso que sobreviveu.
- Sabe, eu tinha vindo aqui para conversar e fazer companhia, to vendo que fiz besteira - Kayla girou sobre os calcanhares e o menino pensou que se a detenção era ruim, não ter ninguém para conversar era ainda pior. Ele disse:
- Espera... - ela se voltou e ele disse:
- Obrigado. Aliás, valeu mesmo... ninguém tinha sido ainda tão legal comigo aqui, nem o Henry
- Eu sei... será que as coisas seriam melhores se você fosse da Grifinória e eu da Sonserina?
- Dá para saber? Não... o máximo que podemos fazer é passar um bom tempo chamando aquele chapéu esclerosado de idiota por ter feito isso com a gente.
A menina riu. Potter podia ser engraçado, se quisesse. Ela disse:
- Eu posso vir sempre, se você quiser, te fazer companhia.
- Isso pode não ser legal para você, alguém pode te pegar... melhor eu me virar sozinho - ele disse enquanto recolhia os apetrechos e colocava dentro do armário - claro que não aqueles ali - ele apontou Crabbe e Goyle - parece que eles dormem como trasgos depois que bebem, e eles fazem isso toda noite. Não veriam nem se eu limpasse tudo com magia... pena que guardam minha varinha toda noite num armário e só me devolvem de manhã. Como tio Sirius pôde contratar dois cachaceiros?
- Meu pai pediu... eram amigos dele... - ela disse timidamente. Abel olhou-a resistindo a fazer uma piada sobre o nível das amizades do pai dela. Ele acabou de guardar tudo e disse:
- Se cuida... a gente se vê no sábado.

Mas o fato é que se viram no dia seguinte, e ela o ajudou a limpar troféus na sala de detenção,  e no outro, quando ele limpou chaminés, e em outro, quando ele tinha de catalogar livros, e no sábado,  chegaram juntos para cumprir a tarefa chata de aparar grama do campo de Quadribol, junto com Neil e Claudius.
- Namoradinhos - brincou Neil, ao que Abel respondeu:
- Sabe, Lupin, para um cara de quinze anos você é um bocado infantil. Nós somos um sindicato
- Sim - completou Kayla - o sindicato dos rejeitados!
Os dois garotos mais velhos riram da história do sindicato, que Abel e Kayla tinham bolado no dia anterior. Abel continuou:
- A gente procura pessoas diferentes, com problemas de adaptação, vamos fazer bottons com inscrições do tipo: "Sou um Desajustado de coração"
- Ou "sou um rebelde sem Casa" - continuou Kayla
- Vocês aceitam Lobisomens? - perguntou Neil, em tom de brincadeira. Claudius olhou-o sério e ele deu de ombros. Dane-se que não se brincava com essas coisas. Ele brincava e pronto. Abel sabia que ele era lobisomem e disse:
- Você tem direito a inscrição de honra...
- Que molequinho folgado - brincou Neil. Repentinamente, ele parou. Sentia olhos fixos nele. Os pêlos de sua nuca estavam arrepiados  Sem largar o ancinho que segurava, olhou para trás, na direção de onde sentira o arrepio. Longe, na floresta proibida, uma silhueta escura chamou a sua atenção, quase oculta na sombra de uma árvore. Repentinamente, sumiu e ele disse:
- Tinha alguma coisa lá, vocês viram?
- O quê? - perguntou Claudius, que não percebera nada e continuava de costas para a floresta proibida. Neil olhou para Abel, e pela expressão do menino, viu que ele vira também a criatura. Os dois se encararam e Abel disse:
- Não sei o que era... mas estava olhando para você.

Horas depois, quando anoiteceu, o ser que estivera oculto naquela sombra finalmente deixou seu refúgio, e rumou sempre pelo caminho escuro para a casa do livreiro de Hogsmeade. Lúcio pôde senti-la chegar. Ela olhou para ele rindo e disse:
- Eu o vi... o menino que o seu diabrete falou...
- Ele serve?
- Creio que sim...
- Sim... eu consegui ser convidado para a festa do dia 27 de abril... o aniversário de Diggle, para isso tive de mandar muitos livros de cortesia para o Pateta do Black.
- Você tem sido fiel, Lúcio, vou recompensá-lo quando tiver o meu reino de volta.
- Eu sei disso, Vega - ele disse calmamente. Se ela pudesse ler pensamentos, veria que na verdade Lúcio já pensava em traição.

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