A CRUZ GAMADIN



“Vassoura.
 Você vai gostar de Odessa, é uma cidade interessante. Achamos que o Camaleão mudou um pouco o estilo ou já tem tanto dinheiro quanto queria... agora ele parece que está atrás de objetos mágicos. No ministério da magia de Odessa, está guardada a cruz de Gamadin, um objeto de poder antigo e perigoso, o ministro da magia de lá pediu nossa ajuda, porque um espião deles no submundo descobriu que um bandido poderoso que ninguém sabe quem é está atrás da cruz, e contatou alguns dos piores bruxos para ajudá-lo. Só pode ser o nosso amigo troca-pele, concorda?
 De qualquer forma, nos encontramos na escadaria de Odessa às 21 horas, vamos ter que trabalhar à noite. Sinto muito, Odessa não tem Metrô bruxo, vá até São Petesburgo, é mais fácil aparatar de lá que de Moscou. A música está em anexo. Vá agasalhado, Odessa, mesmo no verão, não é um dos lugares mais quentes do mundo.
           Um abraço,
            Mr. Sandman”

 Harry chegou a São Petesburgo e começou a procurara no mapa algum lugar em Odessa para desaparatar. Havia um parque perto do porto, onde ficava a tal escadaria que era um ponto turístico famoso. Ele preparou-se e desaparatou, pensando no tal parque. Aparatou em frente a uma estátua grande, no centro de uma praça no parque, que estava totalmente vazio àquela hora. A estátua era a representação de um homem, cercado por dus crianças ele parecia lutar contra duas serpentes que se enroscavam nos três. Harry não pôde deixar de ler o nome da estátua, assinalado como referencia no mapa: Laocoonte e seus filhos. Olhou mais uma vez a estátua e saiu procurando no mapa a forma mais rápida de chegar à escadaria, aparatou rapidamente atrás de uma árvore próxima à escada, que descia uns cem metros em direção ao porto, ele viu o mar negro, que não conhecia, estendendo-se à sua frente até o horizonte. Estava realmente um pouco frio para julho e ele pôs as mãos no bolso do sobretudo, começando automaticamente a cantar a música que Mr. Sandman lhe fornecera como senha daquela vez:
‒ See the stone set in your eyes See the thorn twist in your side I wait for you  ‒ começou Harry, olhando em volta. Uma voz de adolescente respondeu bem atrás dele:
‒ Sleight of hand and twist of fate On a bed of nails she makes me wait . And I wait without you With or without you With or without you ... Olá, Vassoura!
‒ Você adora música trouxa, hein? Isso é uma banda irlandesa, certo? – ele disse virando-se, para dar de cara  com um adolescente de olhos verdes e cabelos pretos revoltos – Ei, que história é essa de pegar minha aparência???
‒ Hahaha. Foi brincadeira – Mr. Sandman apontou a varinha pra si próprio e transformou-se num adolescente completamente diferente em questão de segundos – “como ele faz isso?” perguntou-se Harry. – Se eu fosse você, jamais chamaria Bono Vox de trouxa... eu o conheço pessoalmente e posso te garantir que ele é um bruxo... O U2 faz sucesso por causa disso, oras! – Mr. Sandman ajeitou os cabelos loiros e disse: ‒ que tal estou?
‒ Nórdico. Como você faz isso?
‒ Segredo profissional, vassoura! Você não veio transfigurado, mas devia.
‒ Não seja por isso – Harry rapidamente fez o cabelo crescer um pouco e escureceu os olhos e a pele.
‒ Você realmente não tem imaginação... – Mr. Sandman apontou a varinha para Harry fazendo crescer nele uma grossa barba negra – assim você está mais... típico. Vamos, Stoneheart nos espera.
 Eles foram andando e começaram a conversar sobre a missão.
O que afinal de contas estamos fazendo?
‒ Vigiando a Cruz Gamadin. Tudo leva a crer que ele vai ser roubada esta noite.
‒ E onde ela está guardada?
‒ Você vai ver... por aqui.
‒ O que ela faz afinal?
‒ É um objeto de muito poder, mas não usado sozinho... o problema é que achamos que o Camaleão vai tentar reunir alguns artefatos para fazer alguma coisa.
‒ Que artefatos?
‒ Um é a cruz, ele já pegou o diamante Taylor...
‒ O diamante da maldição? Que foi roubado de Nova Iorque pouco antes que eu começasse minha missão?
‒ Exatamente.
‒ E o que mais?
‒ Cruz, diamante, pela lógica ele depois irá roubar um cetro, uma coroa e um objeto de família, se ele for bruxo tradicional, da sua própria família, ou o objeto de uma família bruxa antiga e poderosa do qual ele possa usurpar o poder. O último que esteve com objetos assim foi o que tentou convocar o coração das trevas e não conseguiu, no século XII
‒ Eu já ouvi falar neste objeto... mas para invocá-lo...
‒ Exatamente, você compareceu às aulas, hein? Tem que despertar o sombrio para convocar o coração das trevas... Até hoje, apenas uma mulher conseguiu isso, e fez estragos suficientes...
‒ Mas o Sombrio não precisa de nada disso... ele pode convocar o coração das trevas sozinho.
‒ Sim, mas para que ele se alie a alguém, essa pessoa tem que ter um poder especial, tudo indica que o Camaleão não é um bruxo poderoso. Voldemort conseguiria aliar-se ao Sombrio sem precisar destes objetos para tanto... o que me surpreende é que o Camaleão deve ser um bruxo em atividade há pouco tempo, mas tem um raciocínio de amealhar poder da forma certa; acredito que ele seja jovem, e deve ter intenções terríveis...
‒ Um novo Voldemort?
‒ Talvez, mas provavelmente sem o talento nato dele... chegamos.
‒  Harry olhou para o alto. Estavam diante de uma construção antiga grande e imponente, com uma abóbada, de arquitetura neoclássica
‒ Vassoura, a Ópera de Odessa... hoje é dia de sinfonia... vamos entrar, Stoneheart nos espera lá dentro.
 Mr. Sandman deu a Harry uma entrada para o teatro e eles entraram. Em vez de seguirem diretamente para o hall do teatro, Mr. Sandman fez que Harry seguisse até atrás de uma coxia, ninguém parecia notá-los. Mr. Sandman, ainda na pele do adolescente, perguntou qualquer coisa a um homem que tomava conta de uma porta e os dois entraram, Stoneheart já estava lá dentro, usando o velho casaco camuflado surrado que Harry já conhecia. Eles foram andando até o que parecia um cenário de ballet esquecido a um canto, Mr. Sandman fez que eles passassem por um painel que representava uma porta, e que era uma porta mesmo, que mesmo pintada de um lado, ao ser atravessada aparecia como uma porta real, fechada do outro. Foram andando por um corredor sinalizado com uma placa que dizia: “MINISTÉRIO DA MAGIA” – ENTRADA DA ÓPERA
‒ Há outras entradas?
‒ Mais de cem, infelizmente, mas eles fecharam a maioria delas... eles precisavam usar muitas saídas e entradas na época do comunismo. Agora têm um ministério desguarnecido... se o Camaleão conseguir acessar uma das entradas, acabou-se o que era doce... ele leva a cruz Gamadin. Por isso viemos pegá-la e levá-la a onde vai ficar muito segura... – repentinamente, Mr. Sandman parou. Ele notou que os guardas do ministério que estavam parados à porta alguns metros à frente pareciam estranhos... – ABAIXEM-SE – Ele gritou, um segundo antes que os dois guardas, sob maaldição  imperius os atingissem.
‒ Expelliarmus! – Harry e Stoneheart gritaram ao mesmo tempo, desarmando os guardas, Sandman, abaixado, correu pelo corredor e viu um rapaz fugindo do local. Ele chamou-os e os três foram atrás do rapaz, que realmente era bem jovem, de cabelos negros, que agitavam-se conforme ele corria, Harry notou que ele mancava um pouco, talvez tivesse sido atingido de alguma forma. Correu atrás dele, enquanto Sandman e Stoneheart corriam rapidamente para a sala do ministro, onde supostamente estaria o objeto mágico, Harry seguiu o rapaz, já alcançando-o, por uma dezena de corredores estreitos, entrando por uma porta, saindo por outra, até que chegou ao que parecia um beco sem saída, hesitou por um segundo e correu em direção à parede, atravessando-a, ele viu adiante que o rapaz continuava correndo, e foi atrás dele, que agora tinha uma certa vantagem, viu que estava agora em pleno porto de Odessa e o sujeito se dirigia rapidamente à escadaria, aparatou para pegá-lo de frente e preparou o feitiço... duas silhuetas se aproximaram e pôde-se ouvir um grito simultâneo:
‒ Estupefaça!
 Quando ele voltou a si, viu que estava caído de costas sobre a escadaria de Odessa. Mr. Sandman e Stoneheart o olhavam e ele não entendia o que acontecera. Havia uma outra pessoa sendo socorrida lá embaixo das escadarias pelo auror japonês Mishima Yamase... era um sujeito alto, de cabelos negros. Harry ergueu-se rapidamente e disse:
‒ Então?  Nós o pegamos? – Stoneheart e Sandman se olharam com uma cara aborrecida e Stoneheart disse:
‒ Não. Não o pegamos...
‒ Mas... ele está lá embaixo...
‒ Não, aquele é Troy Adams.. o Camaleão fez vocês dois de idiotas... e se ainda fosse só isso.
‒ Como assim?
‒ Ele desaparatou assim que te viu aqui em cima... quando Adams lançou o feitiço ao mesmo tempo que você...
‒ Nós dois nos derrubamos e ele escapou... – disse Harry, revoltado com Troy Adams, que sempre dava um jeito de estragar tudo. – Pelo menos salvamos a cruz?
‒ Não. E ele ainda matou o ministro da Magia Russo.
 Harry engoliu em seco, imaginando o momento em que fosse escrever o relatório para Avatar Fernandez.
‒ Escuta – começou Sandman – você não teve culpa... nós não sabíamos que o ministro daqui tinha convocado os outros dois... e você fez o que qualquer um que fosse inteligente faria...
‒ Mas eu devia ter visto que Adams vinha atrás dele.
‒ Por azar Adams escolheu uma transfiguração parecida com a dele... você não teve culpa, vassoura. Pode ficar tranqüilo. Vá para casa. Durma, Suma com essa barba... amanhã você terá um dia melhor.
‒ Harry ergueu-se, voltando à aparência antiga e ia subir o resto das escadas, mas sentiu seu sangue ferver ao ver Troy no fim da escada, já com sua aparência normal. Desceu correndo e disse:
‒ Você... saia do meu caminho! Você já se meteu o suficiente nessa história... volte para sua terra e vá fazer suas mágicas de circo.
‒ Ora, cale a boca, Potter, você chegou atrasado, atrapalhou-me quando eu tinha tudo sob controle e ainda quer tirar satisfação comigo? Realmente, não dá para entender.
‒ Seu imbecil. Você me atrapalhou, de onde você apareceu, hein? Eu tenho certeza que persegui o Camaleão sozinho desde o Teatro. Onde você estava, Adams?
‒ Bem na sua frente, você me perseguiu, pensando que era ele.
‒ Nada disso... ele estava mancando, eu vi.
‒ Ele não estava mancando. Eu estou. Ele me atingiu assim que eu o vi.
‒ Não, não podia ser você.
‒ Podia sim – disse Stoneheart logo atrás dele ‒ lembre-se que os guardas nos atrapalharam... Adams chegou por outro lado e foi atingido pelo Camaleão na passagem... ele levantou-se e correu atrás dele, no momento em que você o viu, achou que era o camaleão... quando tomou a dianteira, não percebeu a diferença.
‒ Harry olhou desconfiado para Troy, que mancava... mas aquela história realmente não o convenceu. Desaparatou para São Petesburgo sem dizer nada e logo estava no metrô bruxo, indo para casa. Quando chegou à estação Shadow Cross e saiu pela West End, sentia-se muito chateado. Olhou o relógio. Uma da manhã. Pegou a moto estacionada perto de estação e furioso consigo mesmo e com Troy, aparatou com a moto em frente à sua casa. Sem paciência, deixou-a do lado de fora, girando a chave da casa, para entrar rápido. Foi para seu quarto, onde Willy dormia a sono solto e atirou-se na cama de roupa e sapatos, como fazia quando as coisas iam mal. Willy virou-se para ele e abriu um olho, perguntando:
‒ Foi tudo bem?
‒ Não muito – não adiantava mentir para ela, em dias a notícia estaria no Profeta Diário.
‒ O que houve?
‒ Adams. Ele estragou tudo.
‒ Esqueça isso. Vamos dormir.
‒ Está bem – ele disse, levantando-se e livrando-se dos sapatos e trocando o pijama rapidamente, enfiando-se sob as cobertas assim que tirou os óculos. – Me faça esquecer, Willy... me faça esquecer a noite que tive – ela sorriu candidamente e o beijou.

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