MR SANDMAN



Na segunda feira logo pela manhã, Willy pediu a Harry que a levasse para a distante cidade de Carson, do outro lado do deserto, onde ela trabalhava. Eles pagaram a conta do hotel e saíram na moto, assim que estavam distantes da cidade, Harry fez a moto aparatar às portas de Carson.
‒ É muito mais fácil viajar desta forma, não acha? ‒ Ela concordou com a cabeça. Foi orientando ele com uma certa dificuldade, afinal, ela aparatava no trabalho todo dia pela manhã e não sabia se virar muito bem nas ruas da cidade, até que chegaram a uma rua estreita em uma periferia, e rumaram para um ferro velho. Saltaram da moto e ela acenou alegremente para um índio que tomava conta do lugar, tinha o cabelo grisalho comprido e usava calça jeans, uma pele queimada de sol.
‒ Oi Tee! ‒ ela disse ‒ Eu me casei! ‒ O índio fez uma cara espantada e ela abriu a porta de um velho furgão, puxando Harry para dentro. Era na verdade a entrada para uma escada que conduzia para o subterrâneo.
‒ Tee? Isso é nome, Willy?
‒ Na verdade o nome dele é Tecumseh... o pai dele era um militar trouxa que casou com uma índia bruxa e deu ao filho o nome  de um general da guerra da secessão... O irmão gêmeo dele se chama Sherman, que é o sobrenome do mesmo general. Ele é nosso xamã residente.
‒ Xamã?
‒ Bruxo índio. Ele só pesquisa ao ar livre portanto fica do lado de fora. Ele não é muito de falar...
‒ Interessante.
Willy trabalhava numa ONM, ou seja, Organização Não Ministerial. Era um órgão independente de qualquer Ministério da Magia que se dedicava a pesquisar feitiços e objetos mágicos. Willy era uma pesquisadora Júnior do departamento de invenções. Sua mesa era uma confusão de objetos esquisitos que ela encantava. Harry viu um protótipo do joguinho que ela criara em Hogwarts e não pôde deixar de rir. Ao lado da mesa de Willy ele viu um sujeito mirrado com cara de mexicano.
‒ Enrico ‒ Willy chamou e o sujeito levantou a cabeça, usava uma lente presa na testa que fazia seu olho direito parecer enorme, ele sorriu para ela, que disse ‒ Eu me casei, Enrico!
‒ Santa Madre de Jesus! ‒ disse o bruxo com forte sotaque espanhol ‒ Este é su esposo?
‒ Sim... O nome dele é Harry ‒ O bruxo olhou-o mais atentamente e Harry viu que ele o reconhecia.
‒ Harry Potter! El Hombre! Dios! Como pode, Mina?
‒ É uma longa história... ‒ ela começou a relatar tudo para o rapaz, desde a época de Hogwarts, ele a interrompia periodicamente com "ohs!" e "Madre Dios!". Finalmente ela disse:‒ Eu vim pedir permissão para o Senhor O'Rourke para me tornar itinerante...
‒ Permissão concedida, Pequena Mina ‒ Trovejou uma voz bem atrás deles. Harry virou-se e viu um homem enorme, mais ou menos do tamanho de Hagrid, cuja cabeça batia quase no teto do escritório. Devia ter uns 60 e poucos anos e tinha o cabelo loiro e rebelde, uns olhos azuis bondosos e um nariz batatudo e cheio de calombinhos rosados. Willy sorriu para ele
‒ Há quanto tempo o senhor está aí?
‒ Tempo suficiente para ouvir a história de vocês. ‒ Ele estendeu a mão imensa para Harry
‒ Parabéns rapaz! Tenho certeza que você deve saber como Mina é especial. ‒ Harry apertou a mão do bruxo sorrindo, ele lhe lembrava Alvo Dumbledore, apesar do tamanho.
‒ Muito prazer, senhor...
‒ Rudolph O'Rourke. Vamos à minha sala acertar o novo contrato, Mina. Venha também, senhor Potter.
‒ Pode me chamar de Harry.
Eles foram à sala do homem, uma sala com a parede do fundo em forma de cúpula semicircular onde havia um grande mapa-mundi de monitoramento de objetos mágicos, e onde estavam marcadas as sedes daquela organização. Havia mais de cem pontinhos no mapa. Os bruxos intinerantes tembém estavam marcados, havia um deslocando-se suavemente no mapa entre a Itália e a França.  O Sr O’Hourke acertou algumas coisas com Willy e quando se preparavam para ir embora, ele  perguntou:
‒ Alguma notícia do paradeiro do velho Alvo? ‒ Harry se espantou. Ele conhecia Alvo Dumbledore!
‒ Bem, na verdade acho que ele não quer que ninguém saiba onde ele anda... às vezes me manda corujas falando o que tem feito, mas nunca diz exatamente de onde mandou. Pelo que eu imagino ele agora está em algum lugar na Austrália, ele falou em estar hospedado entre "bruxos aborígenes".
‒ Alvo é o melhor sujeito que eu já conheci... você é afilhado de Sheeba Amapoulos, certo?
‒ Sou... como o senhor sabe?
‒ Eu colaborei com uma investigação dela há muitos anos, quando ela trabalhava para a Interpol, a polícia internacional dos trouxas. Ela vai bem?
‒ Perfeitamente bem.
‒ Lembranças a ela, e ao marido dela também. Fiquei feliz quando soube que ele era realmente inocente. E Willy, quando vê-la, mande lembranças a Igraine... mas creio que vou visitá-la primeiro.
Harry ficou um pouquinho intrigado com a quantidade de coisas que o homem soube sobre ele sem precisar perguntar, mais tarde Willy disse que o chefe era capaz de farejar a verdade. Ela reuniu suas coisas e se preparou para partir. Os seus colegas a abraçaram e Enrico chorou ("esse cara é meio dramático", pensou Harry). Eles saíram dali e foram direto para Nova Iorque. Harry tinha trabalho a fazer.
‒ Nossa, não é impressionante, Harry? Em uma manhã cruzamos o país na motocachorro.
‒ Não sei como Sirius nunca usou essa tática... ganhamos um tempo incrível.
‒ O que você vai fazer aqui?
‒ Conversar com um contato. Um agente secreto da agência.
‒ Quem é ele?
‒ Mr. Sandman. Eu não sei o nome, ninguém sabe. Ele se disfarça de trouxa e anda no meio deles, é um investigador de primeira. Vou te deixar num hotel, preciso falar com ele sozinho, sinto muito.
‒ Tudo bem... é o seu trabalho, né?
Ele a deixou em um hotel barato (o que dava para pagar com a verba da agência) e seguiu para o ponto de encontro, olhou o relógio. Faltava meia hora. Ele conhecia Mr Sandman desde o primeiro ano da Escola de Aurores, mas não sabia qual era sua idade ou aparência real. Ele aparecia e sumia na escola e nunca ficava mais que um dia. Ele tanto podia aparecer como um homem alto ou baixo, gordo ou magro, negro ou branco, jovem ou velho... imaginava que ele não devia ser jovem, visto que era um dos "quatro grandes" junto com Avatar Fernandez, Olho Torto Mood e o pai de Neville Longbotton, responsáveis pela captura dos comensais da morte remanescentes na época da primeira queda de Voldemort... naquela época ele ainda não era um contato secreto, mas ninguém conseguia lembrar-se como ele era e qual era seu verdadeiro nome. Ele também não revelava a ninguém o segredo das suas transfigurações perfeitas. Harry esperava que ele aparecesse de uma forma normal... detestara quando ele aparecera como uma "drag Queen" numa missão simulada na época da escola. Ele fizera isso de propósito, porque sabia que Harry era tímido. Ao final dissera: "não importa nunca como apareça seu contato, Harry... lembre-se sempre de parecer natural." Ele não esquecera disso e começou a cantar a senha para que seu contato aparecesse (ele odiava essa história de cantar, mas Mr Sandman exigia essas coisas):
‒ Mister Sandman, bring me a dream, Make it the cutest that I've ever seen
‒ Give her two lips like roses in clover, Then tell her that my lonesome nights are over ‒ respondeu uma voz imediatamente atrás dele. Ele viu um negro alto e careca sentar-se do lado dele e começar a entabular uma conversa, com um forte  sotaque de Nova Iorque ‒ Oh, man... está um calor infernal, não acha?
‒ Sem dúvida ‒ Harry disse e pediu uma cerveja ao balconista, que era a senha n° 2. O homem  fez a mesma coisa, mas enquanto Harry, que não gostava de cerveja comum, ainda mais americana, apenas fingia beber, o homem bebia a dele com muito prazer.
‒ Então, Vassoura? (um dos prazeres dele era chamar as pessoas por apelidos ridículos. Dera esse a Harry depois de vê-lo voando) O que você tem a contar para o velho Sandman?
‒ Bem... eu não encontrei nada até agora.
‒ Só a sua namorada, né? Devia se envergonhar, Vassoura... usando a verba da agência para resolver assuntos pessoais.
‒ Como você consegue saber tudo?
‒ Influência... você devia ter pedido o casamento completo, sabe? Ia ficar muito bem de smoking.
‒ Não comece... o que você vai me passar?
‒ Ótimo... ele está disposto a trabalhar... Todos acham que estamos vivendo o maior tempo de paz desde o século XVIII, mas eu não sei se é bem assim... você recebeu um signo sinistro?
‒ Recebi ‒ Harry disse espantado ‒ como você sabe?
‒ Moody e Avatar também receberam... e vários outros. Acho que você recebeu mesmo sendo um pássaro novo (essa era uma gíria que os Aurores usavam para designar quem era novo na profissão) por causa da sua notoriedade do passado. Se eu fosse você tomava cuidado.
‒ Você recebeu o signo? ‒ o homem riu
‒ Vai ter que haver muito problema antes que alguém consiga achar o velho Mr Sandman... mas você precisa de uma missão e vou dar uma para você... tente resolvê-la antes de sua folga, daqui a duas semanas.
‒ Porquê?
‒ Para chegar a tempo do seu casamento em Hogwarts... sua madrinha está tendo muito trabalho para organizá-lo, oras. Francamente... casar em Vegas. Que coisa brega.
‒ Sheeba ‒ Harry riu ‒ tinha certeza que ela ia saber de tudo antes.
‒ Claro. Deixe sua mulher em lugar seguro, garoto ‒ o homem ficou sério ‒ hospede-a neste lugar, quarto 117, é protegido por um feitiço fidelius ‒ ele passou um cartão a Harry ‒ depois saia às 23 horas, usando sua capa de invisibilidade e aparate neste endereço, no primeiro andar. Siga o  bruxo que vai sair do quarto 105 e veja o que ele vai fazer. Nos encontramos amanhã, no parque. Leve milho.
‒ Milho?
‒ Para dar aos pombos, ora! Posso ficar com sua cerveja?
‒ Pode...
‒ Não esqueça de pagar a conta ‒ Mr. Sandman saiu cantarolando e Harry pensou um instante antes de lembrar-se que não tinha obrigação de pagar cerveja nenhuma para o bruxo...

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