ESFORÇO SOCIAL

No Sábado da primeira semana de aula a coruja de Rony desapareceu. Rony a procurou por todo castelo e não sabia explicar o que tinha acontecido. Hermione estava sentada numa poltrona com o bichento no colo, no salão comunal da Grifnória quando ele entrou, com uma cara péssima.
‒ Não encontro Píchi em lugar nenhum.
‒ Nem no corujal?
‒ Onde você acha que eu procurei primeiro? – Harry vinha entrando de seu treino de Quadribol junto com Neville, que vinha explicando-lhe algumas coisas sobre Herbologia que havia estudado nas férias e eles deram com a cara preocupada de Rony.
‒ Algum problema? – Neville olhou para Rony e depois para Gina, que se aproximou.
‒ Minha coruja sumiu.
‒ Você não mandou alguma coisa pra casa por ela e esqueceu?
‒ Não seja idiota, Neville. Eu não ia esquecer se tivesse mandado alguma coisa pra casa com ela.  – Rony parou para pensar e subitamente começou a “revistar” o pelo do Bichento no colo de Hermione. A garota não gostou.
‒ Quantas vezes eu tenho que te dizer que meu gato não tem o mínimo interesse em comer a sua coruja, Rony? – ela puxou o gato, que fazia cara feia para Rony mais para perto dela – sua coruja é muito pequena. É normal que ela suma assim. Daqui a pouco ela aparece.
‒ Ela nunca sumiu desse jeito.
‒ Você não parecia sentir tanta falta dela quando ela estava com o Malfoy – Harry disse isso com certa mágoa. Achava que de alguma forma Rony se aproximara de Draco quando haviam feito teatro juntos.
‒ Harry, não seja idiota. Eu emprestei a coruja para ele por causa da peça e de Sue, que é legal. E pra irritar o velho Malfoy. E naquela época não precisava tanto dela. Agora tenho que mandar uma carta para meu agente que vai me arrumar um filme para trabalhar no feriado de Natal. Preciso da coruja.
‒ Não seja por isso – Disse Harry – eu te empresto Edwiges e depois a gente procura Píchi. Vamos lá no corujal.

Coincidência das coincidências, deram de cara com Draco, que mandava a enésima carta que Sue provavelmente não responderia,  no corujal. Ele os cumprimentou de um jeito que fez Rony olhá-lo como se ele tivesse duas cabeças:
‒ Oi! Tudo bem com vocês? Como foi o filme, Weasley?
‒ Foi bem – Rony respondeu perplexo demais para reagir.
‒ Vão mandar uma carta?
‒ Ele vai mandar, pela minha coruja – Harry respondeu contrariado – a dele sumiu, ficou esquisita depois de andar tanto tempo com você.
‒ Píchi sumiu? – Draco franziu as sobrancelhas – estranho. Eu te aviso se vê-la, Weasley. – ele sorriu – Até mais ver. – desceu as escadas enquanto Rony voltava os olhos para Harry
‒ Poção polissuco, com certeza. Comunique Dumbledore: seqüestraram Malfoy e puseram um simpático estranho em seu lugar.
‒ Eu não te disse? Isso não pode ser normal.

Draco desceu as escadas revoltado com o comentário de Harry sobre a coruja de Weasley. Ele não contaminava tudo que pegava. Realmente, se ele continuasse desse jeito jamais conseguiria aproximar-se dele o suficiente para pedir desculpas e entregar o boneco. Que necessidade ele tinha de fazer este tipo de comentário idiota? Só para implicar. Repentinamente lhe ocorreu que ele mesmo costumava fazer este tipo de comentário, como quando dissera que Willy ficara mais bonita depois de ter dado o fora em Harry. Sentiu-se meio contrariado ao perceber que realmente o tipo de coisa que ele fazia para irritar os outros era muito desagradável.
Desceu para as masmorras a fim de ficar um pouco sozinho em seu dormitório, agora fazia isso com cada vez mais freqüência, porque continuava rompido com seus antigos companheiros. O seu único contato extra classe com os colegas era no treino do Quadribol, ele voltara para o time. Às vezes escrevia para Troy Adams,. Mas naquele momento o que mais queria era ficar só.
Quando ia passando por uma armadura, já dentro das masmorras,  ouviu um barulho estranho. Percebeu que algo se movia lá dentro. Aproximou-se e olhou, levantando o visor. Uma coruja pequeníssima começou a piar descontroladamente, estava chocando três pequenos ovos castanhos. Draco sorriu quando a corujinha o reconheceu. Achara Píchi.

Se Rony estranhara o fato de Draco ter sido muito gentil com ele, realmente o ato seguinte do garoto fez todos os alunos da Grifnória sentados na mesa do jantar olharem-no com estranhamento. Ele aproximou-se de Rony e pondo a mão no seu ombro disse, jovialmente:
‒ Descobri duas coisas sobre sua coruja, Weasley. Primeiro: ela é uma fêmea. Segundo: está chocando ovos numa armadura lá na Sonserina. Por isso sumiu. Acho que ela estava procurando um lugar escuro e achou legal depois de ter conhecido tão bem. Quando as corujinhas nascerem eu dou um jeito de levar você lá para ver. E quero comprar um dos filhotes. Essas corujas pequenas são ótimas. – ele sorriu, esperando uma resposta de Rony, que continuou olhando-o perplexo, depois coçou a cabeça e disse:
‒ Tudo bem. Obrigado. – um silêncio constrangedor pairou na mesa. Todos os alunos em volta olhavam para Draco, a quem haviam se acostumado a detestar. Ele percebeu e saiu, dizendo.
‒ Bom, até mais ver, Weasley. Potter, eu te vi no treino de hoje, realmente acho que vou ter que me preocupar contigo, você continua ótimo – saiu, deixando todos para trás boquiabertos.
‒ O que deu nele? – Perguntou Gina, olhando para o irmão e para Harry
‒ Não sei – disse Harry. - Mas vocês não acham que parece meio irreal?
‒ Totalmente – disse Hermione, séria. Ela olhou Harry e depois Rony – eu vi nos olhos dele. Eles está escondendo algo, e deve ser grave. Mas ele deve ter um gelo de confusão poderoso, que afeta meu dom de farejadora da verdade, pois eu não consigo perceber o que é.
Draco se afastou, enraivecido por dentro. Era muita humilhação. Sabia que devia estar parecendo um tremendo babaca, bajulando Harry e o pateta do Weasley, mas tinha que fazer isso se queria se livrar do maldito boneco de cera.

Na escola de Desert Stone, Mina Moore tornara-se a nova sensação depois do primeiro jogo de Quadribol, em que a Sexta Série A vencera a Sexta Série B por 200 a 30 em meia hora de jogo. Na platéia um rapaz olhava impressionado a menina morena de cabelos castanho-dourados evoluir rapidamente na sua fada de prata e recolher o pomo. Alguém disse para ele:
‒ É Troy, parece que você vai ter que ter cuidado  com ela.
‒ Cuidado? Eu vou chamá-la para tomar um milkshake comigo, isso sim. Ela é a garota dos meus sonhos.
‒ E de metade da escola.
Sim, Mina era a garota dos sonhos de metade dos garotos da escola, mas permanecia tímida e arredia, não cedia aos apelos fáceis da popularidade. Tirando Rose e Sarah, que haviam se tornado suas amigas no semestre anterior, quando ela ainda era apenas uma novata, não tinha relações amistosas com mais ninguém, e tinha pelo menos um desafeto franco: Daphne Sykes, a chefe da torcida do time da casa, que era do sétimo ano e até o ano anterior fora a garota mais popular da escola e ex-namorada do capitão do time, Troy Adams. Dera o fora nele para namorar um garoto mais velho, que era bruxo em Las Vegas, que a havia dispensado nas férias de Verão, e subitamente vira sua popularidade cair. Tinha que haver um responsável por isso.  Ela escolheu Mina para culpar:
‒ Não me admira que você seja apanhadora – ela disse para a menina, depois do jogo – Uma garota tão pouco feminina só podia estar numa função de homem mesmo. – Mina virou-se sorrindo e disse:
‒ Não me admira que você seja chefe de torcida. Uma garota tão sem talento para o vôo jamais poderia subir numa vassoura.  – As duas se fuzilaram com um olhar, mas um professor atento afastou uma da outra e evitou a briga.
Daphne não imaginava que estava prestes a odiar ainda mais Mina. Quando esta se preparava para tocar sua pedra-chave e voltar para casa, Troy a alcançou e disse-lhe:
‒ Você não quer sair para tomar um milkshake comigo? – Mina olhou para os dois lados e disse
‒ Eu conheço você? – o rapaz sentiu-se ligeiramente desconcertado e disse a ela:
‒ Troy Adams, capitão da sétima série e apanhador no interescolar – ele estendeu a mão sorridente – eu moro em Las Vegas, e você?
‒ Na estrada do deserto, KM66. Mina Moore, muito prazer – ela disse apertando a mão dele e soltando em seguida – obrigada pelo convite, mas tenho que ir. Minha avó fica preocupada se eu demoro.
‒ Amanhã é Domingo. Quer conhecer Las Vegas? Meus pais fazem um Show para Trouxas lá... é super divertido.
‒ Não acho uma boa idéia. Quem sabe outro dia? Até mais. Foi um prazer – Mina sorriu e tocou a pedra-chave, dizendo – “casa do cacto”, que era a senha que a levava para a sua casa e desapareceu.
Troy ficou olhando para o nada perplexo. Qualquer outra garota sairia no tapa para namorar o capitão do time da escola. E Mina Moore acabara de lhe dar um fora.

Dias depois, aconteceu o casamento de Percy e Penélope em Hogsmeade, numa pequena capela. Quem celebrou foi um frade bruxo gordinho. Harry nunca tinha visto um casamento religioso de Bruxos, Sheeba e Sirius haviam casado apenas perante a lei. O frei era engraçadíssimo, e falou da importância do amor entre um casal. A cerimônia em nada se parecia com um casamento tradicional, até porque Frades bruxos costumam fazer o que lhes dá na telha, e se resolvem começar a cantar e dançar no meio da cerimônia, isso é considerado perfeitamente normal.
Muitos convidados eram funcionários do ministério da magia, entre eles o ministro Cornélio Fudge. Era impressionante como envelhecera nos últimos cinco anos, parecia que o estresse pelos tempos difíceis o havia esgotado, principalmente as tentativas de evitar o pânico e encobrir a volta de Voldemort. Percy assumira a vaga do seu antigo patrão, o falecido Bartemius Crouch, o que lhe aumentara o salário e permitia-lhe dar um relativo conforto a sua esposa, que estava agora fazendo universidade bruxa de medicina e em dois anos seria uma médica bruxa.
Os padrinhos eram Cornélio Fudge e a esposa ao lado de Percy e o professor Dumbledore com a professora Minerva ao lado de Penélope. Os pais dele e principalmente dela estavam comovidíssimos. Gina e Hermione usavam roupas de damas e Harry, Neville e Rony estavam sentados na última fileira ao lado dos outros irmãos de Rony, menos Gui, que estava lá na frente ao lado de Fleur Delacour, linda numa veste vermelho sangue.
‒ Percy segue seu destino – dizia Fred dramaticamente – o caretão da família tinha que ser o primeiro a se casar. Depois vai ser o Gui.
‒ Gui? – Rony disse – ele não vai casar com aquela meio-veela.
‒ Você é que pensa – disse Jorge sombriamente  - ele estava falando em ficar noivo na semana passada, quando esteve lá em casa para que mamãe apertasse sua veste de gala. Mamãe ficou preocupadíssima, imagine, ter uma nora meio veela. Só o velho mano Carlos que não cede e continua no nosso clube dos solteiros e mulherengos! – Carlinhos olhou risonho para Jorge. E completou:
‒ Antes que eu ache quem me prenda, Rony casa com Hermione.
‒ Vamos mudar de assunto? – disse Rony, ficando vermelho.
‒ Eu não vejo nada demais em querer casar – disse ingenuamente Neville
‒ Acho bom mesmo – Disse Carlinhos com uma falsa cara braba – afinal, você é namorado da nossa irmã e não vai ficar enrolando a nossa garotinha pelo resto da vida!
‒ Por falar em enrolar – Disse Jorge, dando um olhar enviesado a Harry – alguém está nos devendo uma ida à casa da árvore... deixou uma veela apaixonada por ele e um súcubo obsessivo muito tristonho porque ele nunca mais voltou lá.
‒ Nem vou voltar – Harry encarou-o sério – Não pretendo sair com uma garota que tem olhos de gato.
‒ Vai esperar Willy a vida inteira? – perguntou Carlinhos sério. Ele conhecia toda a história e se preocupava autenticamente com Harry – encontrei Atlantis na Romênia e ele estava bastante abatido, seja lá o que a avó dela fez, acho que ele nunca vai encontra-la. Você tem que se acostumar com a idéia.
“Esqueça-a. Ela já te esqueceu” Harry lembrou-se do bilhete enigmático e disse:
- Não sei quanto tempo eu vou espera-la. Talvez eu saia a procura dela quando terminar Hogwarts. Talvez eu resolva esquecê-la, mas não nos braços de uma veela – olhou para os outros sério, tentando terminar a conversa, que acontecera à meia voz para não atrapalhar o casamento. Os outros entenderam o recado, pois ficaram quietos até o fim da cerimônia.

A recepção em Hogwarts foi realmente ótima, com uma pequena orquestra de elfos domésticos tocando para os convidados dançarem. Harry observou Cornélio Fudge dançando ligeiramente trêmulo com sua esposa e achou que realmente o homem não estava bem, parecia muito nervoso. Olhou também para Neville e Gina, que eram um casal engraçado, ambos tão tímidos que dançavam quase sem sair do lugar. Rony arrastara Hermione para o jardim,  Gui e Fleur Delacour estavam imersos um nos olhos do outro, nunca imaginou que aquela garota tão fútil pudesse se apaixonar de verdade por alguém. Mais adiante, Fred e Jorge  pareciam tentar cantar respectivamente Padma e Parvatti Patil. Carlinhos dançava com uma garota da Corvinal que de vez em quando olhava apreensiva uma extensa cicatriz de queimadura no braço dele. Só ele estava sozinho, com seu copo de suco de abóbora. Tudo bem, não estava mesmo a fim de conversar.
Foi quando detrás de uma pilasta, ele ouviu uma voz. Era Draco que o chamava.
‒ Ei, ei Potter! – Harry olhou na direção dele. Draco não havia sido convidado para a recepção e estava de veste comum, e o chamava insistentemente. Exasperado, Harry levantou-se com cara de poucos amigos.
‒ O que você quer? – Draco sorria, espontaneamente.
‒ Eu queria mostrar uma coisa para o Weasley, mas acho que ele está namorando, né?
‒ Está. Por quê?
‒ Então venha comigo você – Draco o puxou pelo braço até a porta da sala da Sonserina, que Harry sabia onde ficava porque no segundo ano fora até lá com Rony disfarçado como Crabbe, ex-amigo de Malfoy. Era extremamente desagradável ser puxado por Malfoy e ele soltou-lhe o braço
‒ Malfoy, o que você quer?
‒ Mostrar os filhotes da coruja do Weasley.
‒ Não é isso. Você e eu nunca fomos amigos. Não é agora que vamos ser.
‒ Porque não?
‒ Porque você chamou minha melhor amiga de sangue ruim no segundo ano, e ofendeu meu melhor amigo e Rúbeo, que também é um dos meus amigos, inúmeras vezes, porque você no quarto ano tentou por a escola toda contra mim...
‒ Isso não é verdade, a escola toda ficou contra você espontaneamente, até o Weasley.
‒ E você aderiu com prazer. E não finja que não sabe que seu pai estava entre os que tentaram me matar no final do torneio tribruxo!.
‒ Quantas vezes eu tenho que dizer que eu sou diferente de meu pai?
‒ Nenhuma vez, porque eu não vou acreditar... você é igualzinho ao seu pai, tirando agora o queixo, porque Sirius entortou o dele. Não sei o que você está querendo, mas boa coisa não pode ser. Será que está escondendo alguma coisa?
Draco recuou um passo. Lógico, seria idiota achar que Potter não desconfiava dele. Mas não podia se arriscar mais. Recuperou a frieza e disse:
‒ O seu mal, Potter, é que você pensa que sabe tudo. Você não é o maioral dessa escola.
‒ Eu nunca disse que era. Você é que passou a vida toda se pavoneando e tentando ser o centro das atenções, mas nunca teve talento para nada. E não adianta tentar ficar meu amigo, quando Sue Van Helsing perceber o tipo de pessoa que você é, vai lhe dispensar mais rápido que você diga “lumos” – Draco não pensou. Apenas sacou a varinha, ao mesmo tempo que Harry. Pararam  com as varinhas na mão, se medindo. Draco disse entredentes:
‒ Potter, essa é sua última chance. Retire o que disse.
‒ Não vou retirar, Malfoy. Você não me engana, está vendo? Era tudo falsidade... esse é você.
‒ Expeliarmos! – os dois observaram atônitos suas varinhas voarem até a mão estendida de Sheeba, que estava parada no começo do corredor. Ela os encarou severamente – Muito bem, o que os dois pensam que estão fazendo? Harry, volte já para o Salão. Eu te entrego sua varinha lá. – Harry deu uma última olhada em Draco, que retribuiu com a mesma intensidade. Passou por Sheeba de cabeça baixa e sumiu na direção do salão.
‒ Muito bem, Draco Malfoy. Você quer me dizer alguma coisa? – Draco andou até ela displicente e disse, olhando-a nos olhos:
‒ Porque a senhora não tenta descobrir? – Ela o encarou e sorriu.
‒ Confiante com o gelo de confusão que seu pai fez para você, não é mesmo? Cuidado, Draco. Eu sei que você quer ser diferente dele, mas está caminhando para se tornar idêntico.  Eu acho que sei o que você está escondendo, mas não posso provar. Se quiser minha ajuda, eu te ajudo a resolver o problema.
‒ Eu não tenho problema nenhum – ele disse e virou-lhe as costas, depois de pegar a varinha. Sumiu na sala da Sonserina e ela pensou: “Foi ele. Posso estar enganada, ele está com gelo de confusão, mas só pode ter sido ele e Harry também está desconfiando disso... vou vigiá-lo. E redobrar a proteção a Harry”
Do lado de dentro da sala da Sonserina, Draco tremia de ódio. Acabara de decidir: “Dane-se, Potter, dane-se você e seus amiguinhos... eu tenho a sua vida nas minhas mãos”

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