EM ALGUM LUGAR NO PASSADO...



    A máquina abriu-se com um estrondo, eles quatro caíram lá de dentro. Era dia claro do lado de fora, o sol entrava pela janela.
    ‒ Essa não! ‒ disse Rony!  ‒  pra quando será que nós fomos?
    ‒ Não fomos para muito longe ‒ disse Harry ‒ vejam,  a sala parece igual a como estava quando entramos, deve ser só dia, eu lembro que aquele tal de Olek disse que ia mandá-la doze hora para o futuro... deve ser a manhã de quarta-feira, uma vez que entramos aqui terça à noite... ela devia estar programada para ir sozinha.
    ‒ É, e como vamos justificar nossa saída daqui em plena luz do dia? ‒ Hermione estava quase histérica ‒ Vou perder minha monitoria!
    ‒ Quem se importa com sua maldita monitoria, Hermione? ‒ Rony disse entredentes.
    ‒ Calma! ‒ disse Harry ‒ Willy, você está com sua capa?
    ‒ Estou!
    ‒ Ótimo, vamos juntos sair daqui aos pares, Rony vem comigo e Mione vai com você, quando a gente estiver longe e ninguém estiver olhando, a gente tira as capas e finge que nada aconteceu.
    Vestiram as capas, e saíram pelo corredor, andando bem devagar. Passaram por uma armadura (isso não estava aqui, comentou Harry com Rony), e entravam em outro corredor quando duas vozes familiares aproximaram-se, discutindo. Harry parou, e Hermione e Willy esbarraram nele, que ficou quieto. Distinguira vozes parecidas com Sirius e Sheeba, que se aproximavam pelo corredor transversal, então os dois entraram no seu campo de visão, e todos tiveram um choque imediato.
    ‒ QUEM VOCÊ PENSA QUE É, SEU PANACA? QUEM TE DISSE QUE EU QUERO SABER SUA OPINIÃO? QUANTAS VEZES EU TENHO QUE TE DIZER QUE NÃO QUERO VOCE ESCUTANDO MINHAS CONVERSAS NO MALDITO CORREDOR? ‒ Era Sheeba... mas não era Sheeba, pelo menos não a que conheciam... a Sheeba que se aproximava pelo corredor tinha cabelos bem mais curtos e uma franja cobrindo a testa.
    ‒ EU NÃO ESTAVA OUVINDO SUA CONVERSA, SUA NOJENTINHA! EU ESTAVA PASSANDO QUANDO TE OUVI “LÍLIAN, O QUE VOCÊ ACHA? LÚCIO NÃO ESTÁ TENTANDO MANDAR DEMAIS NA MINHA VIDA????” ‒ Sirius imitava a voz de Sheeba... e também não era o mesmo Sirius... tinha o cabelo na altura dos ombros, não parecia tão alto, e o que realmente chocou Harry: assim como Sheeba, usava uma veste de estudante de Hogwarts.
    ‒ COMO VOCÊ SE ATREVE A ME IMITAR, SEU CRETINO? ‒ Sheeba aproximara-se de Sirius brandindo sua varinha.
    ‒ EU SEI O QUE VOCÊ PRECISA, SENHORITA SHEEBA SABE TUDO, LARGUE AQUELE PANACA DO MALFOY E FIQUE COMIGO, SABE DO QUE VOCÊ PRECISA??? PRECISA DE UM HOMEM DE VERDADE, E ESSE HOMEM SOU EU! ‒ Sirius disse isso e agarrou Sheeba brutalmente pelos ombros, trazendo-a para junto de si, tentando beijá-la. Seus lábios se tocaram, e ele foi lançado longe. Ela encostara a varinha no seu peito e lançara um feitiço.  Ele passou bem ao lado deles, que acompanharam com os olhos o vôo dele pelo corredor. Ele ficou no fim do corredor olhando feio para ela e massageando o lugar onde o feitiço o queimara.
    ‒ NUNCA MAIS FAÇA ISSO, SIRIUS ARROGANTE BLACK! EU NÃO VOU ME METER COM ALGUÉM QUE TEM A CORAGEM DE BEIJAR AQUELA COBRA DA ARTÊMIS MOORE! ‒ Disse e virou-se, saindo por onde viera. Sirius ergueu-se, alisando as vestes e saiu furioso pelo lado oposto. Houve um minuto de silêncio total no corredor, depois, um barulho de correria e os quatro jovens saíram correndo para dentro da sala onde estava a máquina.
    Ou melhor, onde estivera a máquina. A sala naquele minuto estava vazia.
    ‒ O-Onde está a máquina? ‒ Hermione estava histérica mesmo agora ‒ e agora? Estamos presos aqui! Estamos presos na época em que Sheeba e Sirius estavam em Hogwarts como estudantes! ‒ Isso fez que um pensamento claro e límpido viesse na cabeça de Harry, como um relâmpago:
    ‒ Se Sirius e Sheeba são estudantes... então... meus pais também são! Eu vou poder conhecer meus pais!
    ‒ E eu minha mãe! ‒ completou Willy, radiante.
    ‒ Harry ‒ Hermione disse séria ‒ você lembra do que eu falei aquela vez sobre viagens no tempo? Isso pode ser muito perigoso...
    ‒ Mas eu quero ver minha mãe, e meu pai! Eu esperei por isso a vida inteira!
    ‒ Harry... seus pais devem ter a nossa idade agora... você acha que eles vão saber que estão diante do filho? E quando eles perguntarem o que aconteceu a eles no futuro... você vai contar?
    ‒ Será que você não vê, Hermione, que eu posso impedir que aquilo aconteça?
    ‒ Harry, você já parou para pensar o que aconteceria se aquilo não acontecesse?
    ‒ Hermione, se aquilo não acontecesse, eu não teria vivido dez anos na casa dos Dursleys como trouxa, não teria ficado órfão...
    ‒ Ou não haveria casa alguma para ir, pois Voldemort não teria sido derrotado e teria usado seu poder para destruir todos.
    Harry parou. Olhou para Willy, que o olhava também com olhos cheios de lágrimas. Ambos travavam uma luta interior, entre conhecer os pais e manter as coisas como estavam.
    ‒ O que você sugere, Hermione?
    ‒ Bem, como a máquina sumiu, acho que devemos sair de Hogwarts sem sermos vistos e tentar achar o homem que inventou a máquina em Londres... não sei se ele já tem condição de nos mandar de volta.
    ‒ E se não tiver?
    ‒ A gente o ajuda, oras.
    ‒ Hermione, ‒ Rony olhou-a incrédulo ‒ e se ele não quiser nos ajudar? Vai dizer a ele que ele morreu comido por lobos fugindo de Voldemort?
    ‒ Não, podemos mentir...
    ‒ Podemos procurar Dumbledore ‒ sugeriu Harry.
    ‒ Nunca, Harry! Ninguém pode saber que estamos aqui! Isso provocaria uma confusão terrível!
Então, vamos para Londres... mas como vamos sair daqui? Estamos no sexto andar,  na ala leste, debaixo das capas de invisibilidade vamos demorar um século para chegar à saída!
    ‒ Eu tenho uma idéia ‒ Hermione disse ‒ Vamos mudar nossa aparência. Assim, se por acidente nossa presença for registrada, ninguém vai saber na nossa época que fomos nós que estivemos aqui. Se alguém nos vir, inventamos uma desculpa, saímos da escola e vamos a Hogsmeade, onde podemos pegar o trem. Vocês tem algum dinheiro?
    ‒ Eu tenho três nuques ‒ disse Willy
    ‒ Tenho doze sicles no bolso ‒ disse Harry
    ‒ Tenho um galeãozinho de uma revista que eu vendi para o Malfoy ‒ disse Rony tristemente.
    ‒ Eu não tenho nada, mas acho que isso é suficiente para nos levar a Londres. Vamos mudar nossa aparência. Willy, você ainda não sabe isso, eu faço em você
    Hermione apontou a varinha para Willy e transformou-a numa menina com cabelos pretos mais curtos e olhos azuis, depois transformou a si mesma em loura de cabelos lisos e olhos azuis. Então olhou para Harry e Rony, esperando que ele fizessem o mesmo. Harry lembrou-se da aula em que ela desgostara-se vendo que eles não conseguiam sequer fazer isso direito. Então, concentrou-se e imaginou cabelos mais longos, castanhos e mais lisos, com uma franja espessa o suficiente para cobrir a cicatriz, e olhos escuros, que fossem bem diferentes dos de sua mãe... escureceria também a pele um pouco.
    ‒ Ótimo ‒ Hermione disse e ele abriu os olhos. Diante dele, Rony estava negro retinto, com cabelos negros bem curtos, grudados na cabeça, e disse-lhe:
    ‒ Cara, só os óculos estão iguais Harry! Gostou de mim? Quis ficar parecido com aquele caçador de cabeças!
    ‒ Você está genial! ‒ Harry mudou a forma dos seus óculos, pena que não houvesse espelho para ver como estava. Olhou seus braços e viu a pele dourada que se dera, achando-se muito interessante.
    Combinaram que sairiam da escola pela passagem que havia perto do banheiro do terceiro andar, e foram andando cuidadosamente pelo corredor. Passaram por alguns grupos de alunos, inclusive por um mal encarado grupinho composto por Lúcio Malfoy (Draco era realmente a cara dele), Snape (que era muito magro e parecia ter o nariz ainda maior) e os pais de Crabble e Goyle e mais aguns sonserinos mal encarados, facílimos de distinguir pela silhueta de brutamontes.
    Viraram em um corredor, e o coração de Harry pulou dentro do seu peito. Mais adiante, seu pai e sua mãe estavam conversando na porta da sala de feitiços. Hermione beliscou sua mão e fez um aceno de negação com a cabeça... ele conformou-se e passou pelos dois, tentando não olhá-los demais.
    Quando estavam quase chegando a entrada da passagem, uma voz atrás deles disse:
    ‒ Enfim encontrei vocês! ‒ viraram-se e viram a Professora Mc Gonnagal em pé, sorrindo. Os quatro pensaram ao mesmo tempo: “estamos perdidos”.

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