O GRANDE ERRO DE WILLY



Depois da primeira semana de aulas, começaram as atividades do grupo de teatro, as segundas à noite. Harry achou que definitivamente aquilo não iria dar certo e seria uma tremenda bagunça, porque Lockhart realmente não levava jeito nenhum para dirigir um grupo de teatro. Parecia que ele não tinha a mínima idéia do que fazer. Ele começou perguntando que peça achavam que deveriam encenar.
    ‒ Acho que poderíamos encenar a decapitação de Nick quase sem cabeça, Harry seria perfeito para o papel ‒ sugeriu Rony, que estava se empenhando em fazer Harry desistir.
    ‒ Que tal Romeu e Julieta com ele e Fischer nos papéis principais? ‒ disse Draco em tom de mofa.
    ‒ Que tal encenarmos a morte horrível de Urico, o estranho, com você sendo empalado no final, Malfoy?  ‒ sugeriu Harry
    ‒ Silêncio, silêncio, silêncio!!!! ‒ interrompeu Lockhart ‒ Vamos então fazer um exercício de arte dramática, depois nós decidimos o que vamos encenar! Adorei sua sugestão, Rony ‒ Malfoy riu ‒ e a sua também Harry! Vou dividir a turma em pares... mas não pares usuais... vejamos, Parvatti e Simas, Julius e Colin, Padma e Dino... ‒ Lockhart foi dividindo a turma, até que sobraram Draco, Rony, Harry e Willy , ele prosseguiu: ‒ Harry e Willy, Rony e Draco.
    ‒ Não acredito que vou fazer par contigo! ‒ Rony disse contrariado.
    Passaram o resto da aula fingindo de espelho um para o outro, fazendo poses idiotas. Até Willy parecia um pouco arrependida de ter se inscrito. Rony e Draco estavam até se divertindo, encenando para o outro as poses mais ridículas para serem imitadas. Ao final da aula Lockhart disse:
    ‒ Tive uma idéia! Vamos fazer nossa peça sobre viagens no tempo! Amanhã, à mesma hora faremos uma pesquisa de campo no laboratório da máquina do tempo! Agendarei uma visita!
    Depois da aula, Harry levou Willy até perto da entrada da casa de Sonserina, e foram conversando, Harry contou-lhe sobre as aulas que tivera, então ela perguntou a ele:
    ‒ Se você pudesse viajar no tempo, escolheria futuro ou passado, Harry?
    ‒ Eu acho que escolheria o passado, queria conhecer meus pais...
    ‒ Eu também, mas e o futuro?
    ‒ Para isso temos Sheeba... se bem que eu não posso saber meu futuro, tem um gelo de confusão perdido por aí com meu cabelo dentro... não dá para saber o que vai me acontecer enquanto ele não derreter.
    ‒ E você queria saber o futuro?
    ‒ Não muito Willy, mas algumas coisas... sei lá, e você?
    ‒ Eu quero muito... será que Sheeba me fala alguma coisa?
    ‒ Pergunte a ela!

    No dia seguinte, Willy apareceu na torre norte, na sala de adivinhação. Sheeba recebeu-a usando suas luvas especiais de bons presságios e ela pediu:
    ‒ Sheeba, revele meu futuro?
    ‒ O que você quer tanto saber?
    ‒ É uma coisa minha...
    ‒ É sobre Harry? ‒ Os olhos de Willy brilharam e ela sorriu.
    ‒ Willy, você gosta tanto assim dele?
    ‒ Eu... gosto, Sheeba... mas parece que as coisas não dão certo para a gente.
    ‒ Escute, eu vejo uma confusão muito estranha no futuro para você... há muita emoção no seu caminho, e eu vejo sim, um beijo, um beijo espetacular no seu destino, Willy. Não vejo com quem, pode até ser Harry.
    ‒ E há algo ruim? ‒ Sheeba tirou as luvas e tocou o rosto de Willy, ficando séria.
    ‒ Willy, não chegue perto de nada que possa tirá-la de Hogwarts.
    ‒ Porquê?
    ‒ Eu vejo você em grande risco de vida... por favor, não se afaste daqui, não se meta em confusão. ‒ Willy ficou séria ‒ Afaste-se da máquina do tempo, não chegue perto dela.
    Willy saiu da sala de Sheeba intrigada, pensando no que de tão estranho haveria em seu futuro. Ela não pretendia sair de Hogwarts... mas não ia deixar de aproximar-se da máquina do tempo.

    Os pesquisadores fizeram tudo para tornar a visita o mais desinteressante possível. Não mostraram  nada da máquina por dentro, apenas os apresentaram a um grande cilindro de metal onde cabiam quatro pessoas em pé, com um painel externo com um teclado, que eles achavam que estava enguiçado depois de 200 anos dentro de uma cabana abandonada, e uma tela onde supostamente apareceria o lugar de destino e a época, contada sempre em anos atrás e anos à frente, com horas, minutos e segundos. Olek, o russo antipático e bem jovem, disse que a visita estava terminada em cinco minutos, que eles iriam tentar testar a máquina no dia seguinte, mandando-a por doze horas para o passado, depois para o futuro.
    Ao saírem da sala, professor Lockhart não cansou de falar como era incrível poder viajar no tempo, que ele se tivesse uma oportunidade como aquela não desperdiçaria, que com certeza ele achava aquilo mais fascinante... imagine, poder conhecer ancestrais desaparecidos, consertar os erros do passado ‒ Harry lembrava-se do vira-tempo que voltando algumas horas quase enlouquecera Hermione, imaginando o que aconteceria numa viagem mais ambiciosa. Mas Harry notou em Willy aquela velha curiosidade, que ele conhecia tão bem de outros dias, quando ela era apenas o “elfo doméstico” que gostava de inventar coisas.
    ‒ Willy, não pense em entrar na máquina do tempo... seria perigoso.
    ‒ Eu não vou fazer isso... mas você não pode me impedir de xeretar por aí, pode? Quer dizer, usar minha capa e ver a máquina mais de perto do que esses panacas deixaram...
    ‒ Willy, não seja doida.
    ‒ Eu não sou doida, Harry, só curiosa.
    Alguns dias depois, o professor Lockhart procurou Harry e disse a ele que não deixasse Willy procurar novamente Olek, que havia reclamado com ele que ela freqüentemente ia perturbá-lo, e disse também que Olek havia dito que alguém estava xeretando o laboratório durante a noite, e que ele achava que era Willy.
    Aquilo preocupou Harry. Ele conhecia o instinto de Willy de não deixar de fazer algo que quisesse. Decidiu naquela noite tentar vigiar a sala, para que Willy não fizesse nenhuma besteira. Falou com Rony, e pouco antes da hora de recolher, eles dois saíram pelo buraco do retrato, depois cobriram-se com a capa de invisibilidade... não sabiam, mas estavam sendo seguidos por Hermione, que achou que eles estivessem aprontando alguma... ela foi andando seguindo os barulhinhos, imperceptíveis quase, que eles faziam. Chegaram em pouco tempo à porta do laboratório, que para horror de Hermione, estava iluminado.
    Hermione entrou no laboratório e chamou:
    ‒ Harry, Rony, eu sei que vocês estão aí! Façam o favor de tirar esta capa e voltar comigo para a sala da Grifinória! ‒ sua voz era mandona como nunca .
    Harry tirou a capa e perguntou:
    ‒ Como soube que vínhamos para cá?
    ‒ Eu vi vocês saindo e tenho um ouvido muito bom... quando senti que vinham para ala leste, achei que vinham para cá, vamos, precisamos ir.
    ‒ Gente, me tirem daqui! ‒ uma voz gritou de dentro da máquina.
    ‒ Willy?
    ‒ Oi Harry!
    ‒ O que você está fazendo aí dentro, sua maluca?
    ‒ Bem, eu fiquei curiosa para ver a máquina por dentro... eu senti desde o dia que a gente veio aqui uma curiosidade danada, eu voltei aqui algumas vezes...
    ‒ Você não me disse como ficou presa aí dentro...
    ‒ Ela abriu de repente e eu entrei, nunca a tinha visto por dentro... aí quando eu tava aqui dentro...bom, ela fechou sozinha, e não quer mais abrir...
    ‒ Ah! Willy, só te matando! E se essa porcaria dispara e você vai parar no tempo dos dinossauros, sua maluca?
    ‒ Tenta abrir, Harry!
     Harry e Rony tentaram forçar a porta para dentro, depois para fora, Hermione tentou um feitiço, e nada, finalmente, quando os três resolveram forçar juntos a porta, que parecia ceder um pouco para dentro,  ela correu para o lado fazendo eles caírem lá dentro. Quando levantaram, estavam presos também, porque a porta abrira e fechara sozinha. Estava escuro dentro da cabine.
    ‒ E Agora, Willy ‒ disse Hermione ‒ Veja no que você nos meteu... vou perder meu distintivo de monitora assim.
    ‒ Deixa de ser idiota, Hermione ‒ Rony disse ‒ depois que você virou monitora consegue ser mais chata que meu irmão Percy!
    ‒ Shh!  ‒ Harry disse ‒ acho que tem alguém lá fora! Ei, tem alguém aí?
    Quem estava do lado de fora não respondeu. Ao invés disso, sentiram que a máquina começou a se sacudir ligeiramente, houve um flash de luz rápido, e eles não entenderam nada.
    Do lado de fora da máquina, a pessoa que a acionara a viu sumir por dois segundos e voltar logo depois, abrindo a porta e mostrando seu interior vazio. Houve um riso de satisfação e então, a luz foi apagada e ninguém diria que a máquina acabara de ser usada.

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