NEW YORK, NEW YORK!
Quando Harry acordou, sabe-se lá quantas horas depois, sentia a respiração ritmada de Willy próxima à sua bochecha... na sua frente, Rony e Hermione dormiam abraçados, deviam ter feito as pazes. Ele queria se mexer sem acordar Willy, mas parecia muito difícil, então passou o braço por trás dela, para tentar apoiar-se no encosto da poltrona e melhorar de posição... Isso fez com que ele escorregasse, e o rosto de Willy encostasse no seu. Ele podia sentir a maciez da boca da menina a alguns centímetros da sua, se virasse o rosto... ele lembrou-se de uma outra viagem que haviam feito no coche encantado, em que ele acariciara-lhe os cabelos e descobrira que gostava dela...
Foi então que Willy acordou, e eles se afastaram, sem graça. Ela passou a mão pelo rosto e disse:
‒ Desculpe, Harry, eu costumo me espalhar demais quando durmo...
‒ Não tem problema, eu também acabei de acordar...
Rony e Hermione também haviam acordado, mantendo-se abraçadinhos, um clima bastante constrangedor surgia, bem no instante em que Sheeba apareceu na janela, para espanto de Harry toda vestida em roupas de trouxa, e disse jovialmente:
‒ Chegamos! ‒ Não se preocupem com suas roupas, ela apontou a varinha, e num instante estavam totalmente vestidos como trouxas ‒ é que aqui ninguém anda vestido de bruxo... ‒ de qualquer forma as roupas que usavam eram um tanto espalhafatosas e extravagantes demais. Quando saltou do trailer, Harry descobriu que estavam dentro de um gigantesco armazém abandonado. Sheeba, enquanto armava sua casa, explicou a ele que aquele armazém pertencia à família de Sirius. Este por sua vez, permanecera sentado na moto, com sua velha roupa de motoqueiro, parecia muito chateado com alguma coisa. Sheeba parecia querer deixá-lo em paz, enquanto explicava aos jovens como faziam para que a moto ficasse invisível aos trouxas assim que deixavam lugares seguros como Hogsmeade. Sirius levantou-se da moto e foi andando até a enorme porta do armazém. Com uma mão abriu-a e saiu. Sheeba respirou fundo. Harry não entendeu nada.
Foram jantar num restaurante que Harry não sabia se era de trouxas ou bruxos, e perguntou a Sheeba, que respondeu:
‒ Nova Iorque tem tantos bruxos de tantos lugares do mundo, que é impossível não ir a um lugar que não tenha algum... esse lugar supostamente é um lugar trouxa, mas seu dono é um bruxo italiano.
Harry olhou em volta, tentando distinguir quem era bruxo e quem era trouxa, mas não conseguia. Deu uma olhada para Sirius, que comia em silêncio. Será que ele e Sheeba haviam brigado? A comida era muito boa, e Willy e Rony pareciam comer como se no dia seguinte o mundo fosse acabar. Depois da sobremesa, Sheeba lhes disse:
‒ Vamos agora a uma casa noturna no subterrâneo, a Vampire's Room. É um lugar legal, mas como sugere o nome, é cheia de vampiros, portanto, temos que ficar todos juntos e vocês tem que usar isso, disse-lhes dando a cada um crucifixo. Se alguém se aproximar, primeiro mostre o crucifixo, depois conversem.
Andaram alguns quarteirões, Harry olhava para tudo, sem acreditar que estava em Nova Iorque. Chegaram em frente ao que parecia um prédio abandonado, e Sirius disse:
‒ Sheeba, eu não vou entrar nesse lugar. Sinto muito. Você sabe. Eu também não queria que eles entrassem aí.
‒ Sirius, é só um lugar da moda.
‒ Cheio de malditos vampiros! Você sabe como odeio vampiros. Ou vamos todos embora, ou eu vou sozinho, e se acontecer algo com eles, eu nunca vou te perdoar. ‒ Sheeba suspirou, e disse:
‒ Vocês querem conhecer o lugar, ou querem ir a outro onde não haja vampiros?
Talvez porque Sirius parecesse bem contrariado, acabaram indo a um outro lugar, dois quarteirões depois. Passaram na frente de algo que parecia uma boate fechada onde se lia “Studio 54” e deram a volta por trás, chegando a um beco escuro, nos fundos da boate. Sheeba deu uma batida com a varinha na parede, que se abriu mostrando uma porta falante, parecida com a que Sheeba tinha em seu laboratório. Esta porém era mulher, feita em madeira escura, e não falava com sotaque alemão. Acima dela havia um cartaz: “VAMPIROS NÃO ENTRAM, POR FAVOR, NÃO INSISTAM”. A porta começou a falar, com um forte sotaque do Harlem:
‒ Ei, caras, querem diversão, vieram ao lugar certo... Bem vindos ao Substudio 54, onde a festa não vai acabar nunca. Disco reinando até a eternidade ‒ Um fantasma magro e meio calvo atravessou a porta e olhou-os, com ar inquisidor:
‒ Hum, vocês podem entrar... principalmente você, bonitão ‒ disse olhando significativamente para Sirius, e voltando para dentro.
Entraram no lugar mais estranho e legal que podiam imaginar. Era cheio dos mais extravagantes bruxos e fantasmas que Harry já vira, e ele notou que havia muito mais fantasmas que bruxos. A decoração era toda prateada e preta, e sobre um palco havia uma imensa lua prateada. Acima de tudo, havia uma cabine flutuante, onde um bruxo extravagante, em vestes laranjas, escolhia discos e punha numa vitrola que parecia ter uns vinte anos.
‒ O dono desse lugar é aquele fantasma, Steve ‒ explicou Sheeba, mostrando o fantasma que aparecera na porta ‒ ele foi dono do Studio 54, aquela boate fechada lá da frente. Havia tantos fantasmas assombrando o lugar que ele depois de morto resolveu voltar e criar uma casa para manter o velho espírito dos anos 70. Ele proíbe os vampiros porque eles estragam a festa de qualquer fantasma, com seus corpos sem alma....
Harry não sabia dançar muito bem, mas de qualquer forma, ali ninguém dançava junto mesmo, e sim de forma extravagante, como ele nunca vira. A música era algo totalmente estranho para ele e Sheeba lhe explicou que era música da década de 70, o gosto daqueles fantasmas é que ditava o som da casa. O fantasma de uma velhinha de aparentes 80 anos aproximou-se de Sheeba, e disse:
‒ Sheeba! Quanto tempo, menina!
‒ Disco Dottie! ‒ Sheeba riu ‒ eu sabia que você estaria aqui!
‒ E eu perco uma noite de festa? Ei, garotos, dancem, não sintam vergonha! Os anos 70 estão de volta ‒ disse o fantasma que saiu pulando em direção à pista de dança.
‒ Quando eu vim aqui a última vez ela já era um fantasma há muito tempo ‒ disse Sheeba.
Rony puxou Hermione para a pista de dança, e Sheeba puxou Willy. Eles ficaram dançando em grupo. Pela primeira vez na vida, Harry sentiu vontade de dançar, mas não quis sair do lado de Sirius, que parecia chateado.
‒ Desculpe se fui estraga prazeres, Harry, mas não se brinca com vampiros...
‒ Desde que chegamos você está chateado, Sirius... você não queria vir?
‒ Eu detesto Nova Iorque, e tenho meus motivos. Tem a ver com não gostar de vampiros, e Sheeba sabe disso. Eu preferiria ficar duas semanas enterrado vivo que entrar num lugar com vampiros.
‒ Mas aqui não há vampiros, e eu não sei porque, estou com vontade de dançar...
‒ Harry, esse lugar não é só de fantasmas, qualquer um aqui pode e sente vontade de dançar, e se tentar, dança bem... mágica, você sabe. Venha, quero ver você se divertir.
Em pouco tempo estavam dançando na pista junto dos outros e era realmente surpreendentemente fácil dançar. Harry não conseguia sentir vergonha, Willy simplesmente dava um show. Sheeba e Sirius dançavam um de frente para o outro, e eles dançavam muito bem. Faziam passos muito interessantes, que Harry nunca vira. Subitamente, começaram a se beijar, sob aplausos da pista de dança. Para espanto de Harry, eles levitaram um metro do chão. De uma cabine suspensa, o fantasma que era dono do lugar observava tudo.
No dia seguinte, foram fazer compras no Witch's Bazaar, uma loja subterrânea embaixo da quinta avenida, que, como quase todos os lugares bruxos de Nova Iorque, era acessada através de um beco. Sheeba e Sirius compraram todo material para o sexto ano de Hogwarts para ele, dizendo que não se preocupasse com despesas. Ainda encheram todos de presentes, deixando-os extremamente sem graça.
Conheceram muitos outros lugares em Nova Iorque, e na véspera da partida, Sheeba levou as garotas para o show dos tais “Boys from the dark side”, numa gigantesca casa noturna subterrânea. Quando viu no ingresso do Show uns caras com cabelos esquisitos e roupas ridículas que dançavam, Harry não pôde segurar e disse:
‒ Que bando de palhaços!
‒ Mas eles são liiindos! ‒ disse Willy. Harry sentiu ciúmes
‒ Eles não são apenas palhaços,‒ disse Rony ‒ como também se vestem como uns panacas! Olha a cor do cabelo deste aqui!
‒ Mas eles são lindos e dançam muito bem ‒ disse Hermione, para desgosto de Rony.
Sirius levou Harry e Rony para treinar quadribol num gigantesco ginásio subterrâneo, que mesmo tendo um teto muito alto não se comparava a treinar em campo aberto como em Hogwarts. Harry não pôde deixar de achar estranho o gigantismo dos lugares bruxos dali, e perguntou o porque a Sirius, que respondeu:
‒ Havia muitos bruxos entre os que fundaram Nova Iorque, e eles pensaram no futuro, foram construindo lugares subterrâneos para os bruxos do futuro. Eu tive parentes aqui, mas não sobrou nenhum.
Harry nunca tinha voado com Sirius, e constatou que ele o fazia muito bem, e tinha habilidades que deveriam ter feito dele um excelente batedor. Mas ao perguntar se Sirius jogara quadribol em Hogwarts, Sirius disse apenas:
‒ Não, com o meu comportamento eu jamais fui aceito no time.
Horas depois, chegaram em casa e tiveram de suportar Hermione e Willy dizendo como os “Boys from the dark side”, eram lindos. Ante os ciúmes de Harry, Sheeba ainda comentou, risonha:
‒ Quem sabe nas próximas férias as Magnetic Veelas estejam se apresentando por aqui e eu não levo vocês...
‒ Por que não eu ?‒ perguntou Sirius rindo
‒ Eu não sou louca de deixar você solto perto de um bando de veelas!
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