PELA SOMBRA DA FLORESTA



Harry sentiu a luz movendo-se fora de seus olhos fechados e acordou. Não estava mais na fenda das gárgulas, mas estendido dentro da pira onde Roderic Griffindor surgira antes. E o fogo ardia intensamente. Levantou-se de um salto, e viu Hermione, Rony e  Willy deitados também, inconscientes. Roderic Griffindor estava de pé no centro da pira, sorrindo para ele. Eles estavam dentro do fogo, mas o fogo não os queimava.
    ‒ O bruxo que tocou o Halo Negro foi repelido, e câmara do silo foi selada novamente. Harry Potter, ele o escolheu. Como sempre, ele o escolheu e escolherá sempre. Ele sempre tentará atingí-lo através daquilo que você mais ama. Lembre-se disso, e lembre-se também que nunca o vencerás usando as armas que ele usa. Se ele usa ódio, use o amor, se ele usa o medo, use a sua coragem. ‒ Roderic pôs as mãos em seus ombros ‒ Estou no poder deste fogo, como todos os bruxos e bruxas que agiram para o bem durante todos os séculos da história da Magia estão. Mantenha seu coração puro e não o abandonaremos nunca. O rosto do jovem fundiu-se às chamas, e Harry de repente não estava mais na pira, e sim deitado no chão em frente à ela ao lado de Rony, Hermione e Willy. Eles também haviam acordado e olharam-se satisfeitos.
    ‒ Você venceu, Harry ‒ disse Hermione, sorrindo.
    ‒ Não, nós vencemos. Eu só pude expulsar Voldemort porque vocês são meus amigos, e eu amo vocês. E Willy, você lutou com muita bravura.
    ‒ Eu não tenho mais medo dele, Harry. Eu nunca mais vou chamá-lo de “o que não deve ser nomeado”, porque eu o enfrentei e sobrevivi, graças a você.
    ‒ E a você também ‒ disse Harry ‒ se eu não te... se eu não gostasse tanto de você, isso não teria sido possível.
    ‒ Como saímos daqui? ‒ Rony parecia bastante preocupado ‒ Que eu me lembre, todas as saídas agora estão seladas, lacradas, bloqueadas... o que faremos?
    ‒ Desejem ‒ a voz de Gerárd soou atrás dele ‒ Apenas desejem e o fogo fará o resto.
    ‒ E Sirius, Sheeba e Atlantis?‒ perguntou Hermione ‒ como os encontraremos?
    ‒ Desejem apenas. Dêem-se as mãos e desejem. E não esqueçam isso. ‒ a gárgula entregou-lhes suas varinhas e eles deram-se as mãos novamente.
    ‒ Então ‒ disse Rony ‒  vamos desejar sair daqui, encontrar Atlantis, Sirius e Sheeba.
    Mal ele acabou de falar, estavam de volta ao cemitério por onde haviam entrado. Uma luz cinzenta indicava que estavam perto da hora de nascer o sol. Por todos os lados viam-se corpos de lobos mortos, mais de uma dúzia. Sirius estava deitado apoiado no colo de Sheeba, tinha cortes por todo corpo e estava coberto de sangue, mas olhava Sheeba  com um olhar apaixonado e agradecido. Sheeba acariciava-lhe os cabelos, ela também tinha ferimentos pelo corpo, parte de suas vestes estava rasgada e manchada de uma substância verde, talvez veneno de aranha. Atlantis estava ao lado deles, segurando Sarina amarrada, ele tinha conjurado uma tipóia para o próprio braço. Ao verem os jovens, os três gritaram ao mesmo tempo, Sirius tentou levantar-se, mas fez uma careta de dor, Sheeba apoiou-o e eles levantaram-se juntos, só então Harry notou que ele tinha uma perna e um braço quebrados, e não era para menos, afinal matara uma dúzia de lobos. Sheeba por sua vez tinha ao longo da perna um corte profundo, mas não parecia envenenada. Todos começaram a falar ao mesmo tempo.
    Foi Rony que acabou contando como tudo se resolvera depois que haviam chegado à pira, Harry ficou sabendo então que ele e Hermione haviam caído cerca de cem metros quando ele os viu despencar, mas sua mudança de atitude fez com que eles parassem de cair e ficassem suspensos no meio do abismo, enquanto as chamas que subiam os atravessavam, sem queimá-los.  Enquanto ele contava a história, Willy lia as inscrições das sepulturas, curiosa, por ver que estavam num cemitério bruxo. Foi neste momento que uma grande sombra cinzenta saltou sobre ela e a tirou do chão. Todos se viraram para ver uma bruxa alta, com aspecto de Veela. Ela apontava a varinha para o coração de Willy.
    ‒ Solte minha irmã, Atlantis!
    ‒ Artêmis! Não faça isso! O que deu em você? Eu sei que você acaba de recuperar a memória mas entenda que Sarina...
    ‒ Eu não sou Artêmis, imbecil, eu sou Sarina. E se você não soltá-la agora, eu mato Willy ‒ Willy olhava apavorada para o pai. ‒ Realmente, Atlantis, você parece que nunca soube que eu e Artêmis sempre gostamos de trocar de lugar, lembra de como você percebeu isso?
    ‒ Mas Artêmis estava no Hospital...
    ‒ Ela recuperou a memória há dois anos! Nós vínhamos mantendo a farsa para te manter longe, pelo menos até Willy se formar... seu sentimento de culpa era muito útil, afinal você pensava que tinha desmemoriado uma inocente, jamais se aproximaria de Willy enquanto ela achasse que você fora o culpado... Então fomos informados pelos outros Comensais da Morte   que o fogo sagrado havia sido encontrado e que você tinha sido visto aqui perto. Resolvemos esconder Willy, mas você foi mais rápido e  esperto... Você foi uma péssima influência para ela, tornou-a fraca e patética como a mãe dela.
    ‒ Nuhra não era fraca, ela era boa, e você tinha raiva dela.
    ‒ Raiva? Eu tinha ódio de Nuhra! Eu e Artêmis éramos muito mais populares que ela, mas você tinha que se apaixonar pela boazinha, não é mesmo? Eu te amava, Atlantis. Eu achava que você era como eu, mas você tinha que estragar tudo preferindo Nuhra...
    ‒ Isso não é verdade, Sarina, você sabe o que aconteceu!
    ‒ Era para ser só uma brincadeira, você não podia ter levado à sério... eu troquei de lugar com Artêmis porque ela queria saber como você beijava! Você que se ofendeu e não quis mais saber de nós!
    ‒ Largue minha filha, Sarina!
    ‒ Largá-la? Não, você não está em posição de negociar, Atlantis... veja, três bruxos feridos e três garotos... quem tem a vantagem? ‒ Willy estava parada, mas repentinamente deu um safanão na tia e correu na direção da floresta, Sarina então a seguiu e , sem saber como, Harry se viu correndo atrás dela, no caminho ia pulando os troncos de árvores que Sarina ia derrubando com feitiços quando passava, repentinamente abriu-se uma clareira à sua frente, Sarina tinha desaparecido. Uma faca veio voando na sua direção e cravou-se no seu ombro direito. Harry caiu de joelhos sentindo a dor irradiar-se pelo seu braço, tirando-lhe o fôlego. Parecia que a faca era feita de gelo. Sarina saiu de trás de uma árvore, rindo.
    ‒ Eu vou matar Harry Potter...isso fará de mim a maior entre os seguidores do mestre... desta vez não vou errar meu feitiço de decapitação...
    ‒ Expeliarmos!! Estupefaça! ‒ Harry viu a varinha de Sarina voar na direção da orla oposta da clareira e a bruxa cair. E repentinamente viu cordas serem conjuradas, envolvendo a bruxa. Olhou para a direção de onde viera a voz e viu Rony vindo em sua direção.
    ‒ Agüenta firma, Harry... sabe o que ajuda na hora de enfrentar esses vilões? Eles sempre acabam falando demais...
    ‒ Acho que a faca não pegou nada importante...  obrigado, Rony.
    ‒ Não precisa agradecer cara, não se esqueça que eu sou o maior dos amigos.

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