VER ALÉM DAS APARÊNCIAS



‒ Harry, você tem certeza do que você está me dizendo? ‒ atrás dos óculos de meia lua, os olhos bondosos de Alvo Dumbledore estavam fixos no rosto de Harry, que acabara de contar a ele sobre o fogo sagrado, conforme Sirius e Sheeba haviam orientado que fizesse.
    ‒ Tenho certeza, professor.
    ‒ Como era o nome da gárgula que você encontrou lá?
    ‒ Gerárd Gamagliel.
    ‒ Está bem, Harry. É tudo.
    ‒ O senhor não está preocupado com isso? Sheeba parecia apavorada, na carta.
    ‒ Harry, eu estou preocupado com isso sim, mas primeiro eu preciso verificar uma coisa.
    ‒ O quê?
    ‒ Se só você sabe disso. E agora Sheeba, Sirius e eu.
    ‒ Por quê?
    ‒ Porque este tipo de informação não pode vazar. Na hora certa você vai saber porquê.
    Harry saiu da sala de Dumbledore ainda mais curioso do que entrara. Não sabia exatamente o que pensar sobre isso. Sheeba e Sirius não iam interromper uma viagem que deveria durar até o fim do verão à toa. Ainda estavam no meio da primavera, faltavam quase três meses para as férias de verão. Ele tinha o resto do tempo para pesquisar sobre isso, ou perguntar sobre ele para a única pessoa  que ele tinha certeza que saberia:
    ‒ Hermione, o que você sabe sobre o fogo sagrado? ‒ Hermione levantou os olhos do livro que estava lendo, Harry a achara na biblioteca, como era de se esperar, no intervalo entre a aula de poções e a aula de defesa contra artes das trevas, que este ano estava sendo dada pelo próprio Alvo Dumbledore, segundo ele em caráter provisório, já teriam um professor para o ano seguinte.
    ‒ Harry, o fogo sagrado é uma lenda, está desaparecido há mil anos. Por quê?
    ‒ Eu não sei se posso te contar...
    ‒ Será porque você o viu em algum lugar, na mão de alguma gárgula? Quem sabe na Fenda das Gárgulas?
    ‒ Uau! Mione você está boa mesmo nisso de farejar a verdade! ‒ Harry disse impressionado
    ‒ Não é nada disso ‒ ela fez uma cara de quem acaba de tirar um sarro fantástico com a cara de alguém ‒ Lembra disso? ‒ e mostrou o Olho de Tigre ‒ Eu vi Sheeba e Sirius conversando ‒ ela riu.
‒ A Sheeba devia desligar isso, eles estão em lua de mel ‒ Harry estava chocado.
‒ É, mas nós duas estávamos conversando quando chegou a sua carta, e acho que ela não viu nada demais em deixar ligado... engraçado saber que você está com medo daquela apanhadora horrorosa da Sonserina...
‒ O grande Harry Potter com medo de mim???? Isso é uma novidade ‒ Willy saiu de trás de uma estante bem atrás de Hermione ‒ Bom também saber a opinião de Hermione Granger, o cérebro de ouro desta escola sobre a minha humilde pessoa... kakaka
‒ Eu não acredito que você  estava ouvindo a nossa conversa ‒  Harry disse ‒ o que mais você ouviu?
    ‒ Que você fica dizendo por aí segredos que deveria guardar ‒ Willy ficou séria e saiu carregando um pesado livro nos braços.
‒ Caramba, como eu fui desastrado... Ela não podia saber disso!
‒ Pior que, do jeito que ela é do contra, vai contar para a escola toda. A gente precisa pedir que ela fique de bico calado, Harry.
‒ Vamos atrás dela.
    Para quem estava carregando um livro que devia pesar metade do seu peso, Willy andava bem depressa, Harry e Hermione gastaram todo o resto do intervalo procurando-a e não a acharam em canto nenhum. Estava na hora da aula e Harry estava bem preocupado... se havia alguém de quem ele decididamente não queria perder a confiança, era Alvo Dumbledore. Passou a aula toda encolhido num cantinho da sala pensando na desgraça que seria se algo que Alvo Dumbledore dissera que era segredo, repentinamente entrasse em domínio público por culpa dele. Saiu da aula com Hermione e estavam procurando Willy no segundo andar, quando ouviram um som inconfundível, um kakakaka vindo direto do banheiro da Murta que Geme.
‒ Será que essa doente está fazendo alguma coisa com a Murta ?‒ perguntou Hermione.
‒ Provavelmente, sim ‒ disse Harry ‒ ela adora ver os outros sofrendo.
    Entraram no banheiro, e, para sua surpresa, as duas estavam sentadas de pernas cruzadas, levitando a um metro do chão, rindo como duas coleguinhas enquanto Willy pintava as unhas da Murta com esmalte.
‒ Potter, Granger... O que vocês estão fazendo aqui? Murta, você os convidou?
‒ Estes ingratos nunca mais me visitaram depois do segundo ano, Willy, eu os odeio!
‒ Isso não é muito difícil... Mas não se preocupe, você tem a mim, eu sou sua amiga.
‒ Você é amiga de um fantasma??? ‒ disse Harry incrédulo
‒ Qual o problema disso? Ela é melhor que muitas colegas de classe que eu tenho! E eu gosto muito dela, vocês dois a magoaram muito. Ela te ajudou mais de uma vez, Potter, e você a evita como se ela fosse uma alma penada.
    ‒ Mas ela é uma alma penada!
    ‒ Não, não é não, tá? O Barão Sangrento é uma alma penada, que gosta de ficar metendo medo nos outros pelos corredores, o Pirraça, que é chato demais também, mas a Murta... ela só quer um pouco de atenção, tá bem? Acha que é fácil ser o único fantasma com menos de 200 anos em um castelo???
    Se Willy queria fazer Harry e Hermione sentirem-se culpados, acabara de conseguir...realmente, além do fato de não ser a melhor companhia para alguém que tivesse tendências suicidas, a quem provavelmente incentivaria de bom grado, a Murta realmente não era má, talvez só um pouco carente... e eles nunca haviam dado muita atenção a ela.
‒ Murta, eu tenho que ir, preciso explicar para estes dois algumas coisas. Depois eu termino de pintar suas unhas... aliás, pode ficar com o esmalte.
‒ Willy ‒ perguntou Harry ‒ como você está levitando?
‒ Eu não estou levitando, aberração ‒ disse Willy tirando debaixo do traseiro o que parecia um retalho de pano ‒ só estou usando o mini tapete voador que eu inventei.
    ‒ Você inventou um mini tapete voador? ‒ Hermione parecia surpresa.
    ‒ Eu queria fazer um grande, mas não tinha lã suficiente... falta de verba. Também inventei este esmalte para pintar unha de fantasma que eu dei para a Murta... ‒ A essa altura, a Murta já tinha sumido, não sem antes guardar o vidrinho de esmalte num cantinho seguro ‒ Mas, que mal me perguntem, vocês vieram aqui para implorar que eu não conte a ninguém o seu segredo?
    ‒ Você já contou, né, sua peste ?‒ Harry estava realmente furioso com a garota.
    ‒ Se você quer saber, não contei não. Eu posso até ser curiosa e querer ouvir o que os outros escondem, mas não para sair por aí falando... e eu ia falar para quem, hein? Vocês já me viram andando com alguém que não fosse Sieglinda?
    ‒ Quem é Sieglinda?
    ‒ Minha vassoura, Potter... para quem derrotou o cara lá que não podem falar o nome você é bem fraquinho, hein? ‒ Harry sentiu o sangue subir a face, e deu vazão a mais pura raiva:
    ‒ Você só podia ser da Sonserina, sua insuportável. Aposto como quando você crescer vai ser uma Comensal da Morte!
    ‒ E você acha que você é muito bonzinho, Potter? Só porque eu sou da Sonserina... francamente, você acha que quem é da Grifinória é sempre bonzinho, né? Por acaso aquele decaído que entregou seus pais era da Sonserina? Era? Não, ele era um Grifinório, um bonzinho... um falso, pois sim! Só porque eu sou da Sonserina não quer dizer que eu seja uma malvadona idiota que gosta de ficar humilhando os outros que nem o panaca do Malfoy e seus capangas! Seu.. seu  ‒ Nesse momento, para espanto de Harry e Hermione, Willy começou a chorar.

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