Consequências
Narrado por Lily Evans
Olhei para o espelho do banheiro, examinando o reflexo. Não vi nada mais, nada menos, do que uma garota simples, quase sem graça. Os cabelos negros e desalinhados caiam pelo rosto sério dela, cobrindo parcialmente os olhos, fazendo um contraste com a pele branca. O rosto estava inchado e com olheiras evidentes. Ela parecia ter chorado muito. Parecia cansada. Triste.
Ela não era nada parecida comigo. Ou, pelo menos, com quem eu costumava ser.
Egoísta.
Desviei os olhos do espelho, perguntando a mim mesma onde estava aquela garota marota que eu costumava ver refletida. Não cheguei a olhar de novo.
Deixei cair a toalha branca que cobria meu corpo no chão e entrei na banheira até os joelhos, estremecendo. A água estava tão gelada que meus ossos começaram a protestar, mas eu prossegui, submergindo até o pescoço.
Quando eu tinha deixado de me reconhecer na frente de um espelho?
Egoísta.
Fechei os olhos. Tentei lembrar minha própria aparência: cabelos negros, olhos alegres, nariz pequeno, lábios polpudos. E onde estava o sorriso? Eu tinha um sorriso, não tinha? Onde estava?
Meus dentes começaram a bater de frio. Não me importei. Quem sabe, assim, eu não morria congelada de uma vez?
Egoísta.
Enfiei a cabeça de baixo d’água e abri os olhos. Vi meu corpo ondulando, parecendo rígido demais. O dia anterior tinha sido difícil. Lembrava-me vagamente de correr até a sala vazia, na qual costumava dançar, e chorar em um canto, escondida, até sentir sono. Com medo de voltar para o dormitório e ter de encarar Kate e Lene, acabei dormindo lá mesmo, no chão, encolhida em posição fetal.
Resultado: além de um coração partido, eu tinha a nuca, as costas e o quadril totalmente doloridos.
Egoísta.
Voltei à superfície e passei as mãos nos cabelos, jogando-os para trás. Minha pele estava arrepiada e muito mais pálida do que antes. Dobrei as pernas e as abracei, escondendo o rosto e tremendo. Estava com tanto frio que me sentia incapaz de chorar de novo, embora sentisse as lágrimas nos cantos dos olhos, prontas para cair assim que eu desse uma brecha.
Eu tentava não pensar em James. Pela primeira vez em toda a minha vida, eu tentava não pensar nele. Mas, como sempre acontece, eu era incapaz dessa façanha. Ele voltava a dominar minha mente e embaralhar meus sentimentos. Ainda assim, mesmo sabendo disso, eu continuava tentando. Porque não queria chorar por ele. Não queria me sentir desolada, vazia. Fútil. Tão sem saída.
Egoísta.
Pare.
Egoísta.
- Não. – sussurrei. Uma lágrima caiu.
Me senti estranha. Aquela gota d’água escorreu, quente, pelo meu rosto até o queixo. A pele fria pinicou de leve. Foi reconfortante.
Limpei a lágrima, com raiva. Chorar não devia ser uma coisa boa.
Egoísta.
Já chega, Lily. Pare de remoer essa palavra.
Egoísta.
Arfei, sentindo uma pontada no estomago, e mais lágrimas escorreram. Meu rosto foi tomado por uma série de gotas mornas e senti a pressão no meu peito diminuir. O que só me fez chorar mais.
Egoísta.
Eu sabia porque estava chorando. Sabia porque estava tão triste. James tinha razão. Tinha razão sobre tudo, como sempre. Eu era mesmo egoísta, e saber disso me magoou. Depois de todo esse tempo, ele finalmente havia me dado um motivo bom o suficiente para desistir.
Sabe qual é o seu problema? Você é tão cheia de si que mal consegue enxergar quando faz alguma coisa errada!
Não...
Você é egoísta, Evans. Pensa tanto em si mesma e no seu próprio bem estar, que não consegue ver que a única coisa que me falta para ser feliz é ficar longe de você.
- Não, não... – disse, com a voz embargada. Eu chorava abertamente agora, passando as mãos pelo rosto várias vezes, como uma criança, tentando limpar as lágrimas.
Egoísta.
- Não.
Se você realmente se importasse com qualquer coisa além de você, deixaria não só a mim, mas todo mundo em paz.
Meu peito voltou a se comprimir dolorosamente e comecei a soluçar. Desisti de conter o choro e voltei a abraçar as pernas, escondendo o rosto. Eu tremia, não sabia se pelo frio ou pelo desespero.
Egoísta.
- Ah... Não, não...
Egoísta.
Narrado por Marlene McKinnon
- Lily! – chamei, entrando pelo dormitório, Kate vindo ao meu encalço.
Olhei ao redor. A cama de Lily estava vazia e desarrumada, mas isso era normal, de modo que não dava para saber se ela tinha dormido ali ou não. O resto do quarto estava vazio, a porta do banheiro, fechada.
Suspirei, frustrada. Onde diabos estava essa garota?!
- Mas que droga! – desabafei, me virando para Katherine. – Onde mais não procuramos?
Kate deu de ombros e se sentou na cama da Lily, apoiando os cotovelos nos joelhos. Percebi, pelo seu estado de espírito, que estava preocupada. Se com Lily ou com ela mesma, eu não sabia.
- Ela sumiu desde ontem sem dar satisfação! Quer dizer, se ela estiver morta, não tem como ficar sabendo até que alguém ache o corpo dela! – continuei, andando de um lado para o outro.
Minha amiga bufou, dando a entender que eu estava exagerando.
- Não me olhe assim! – ordenei, apontando um dedo para ela. – Você sabe que estamos com um baita problema aqui! Como a Lily pode sumir desse jeito e nos deixar com as mãos atadas?!
Era bem verdade que não tinha como a Lily saber desse nosso problema, até porque eu mesma fiquei sabendo dele hoje mais cedo. Mas eu estava furiosa por ela não estar ali.
E sim, eu sabia que estava exagerando. Porém, em minha defesa, eu alego que estou em pânico. Sim. Pois é. A maldita da Lucy Snape claramente sabia de tudo sobre a Katherine. E eu estava louca de medo, porque não tinha a idéia do que ela podia fazer com essa informação.
Sendo honesta, eu não sabia o que fazer. Pelo menos não sem a Lily. E Kate estava preocupada demais para pensar em qualquer solução, embora seja ela a mais inteligente.
- Sabe o que vai acontecer?! A sebosa da Snape vai sair espalhando para todo mundo que você é um lobisomem! E enquanto eu e você estivermos pirando para dar um jeito na situação, a Lily ainda vai estar desaparecida!
Katherine, ignorando completamente meu desabafo, remexia em alguma coisa que estava em cima da cama da Lily.
Ah, que ótimo! Será que eu sou a única que enxerga a gravidade da situação?
- Se eu pegar essa garota, juro que dou uns socos na fuça dela! – ameacei, socando um travesseiro que estava ao meu alcance para demonstrar. – E aproveito para dar uns sopapos no nariz daquela ranhosa fuxiqueira!
Kate se levantou, devagar, carregando um objeto pequeno, e foi em direção à porta do banheiro.
Será que é tão difícil assim prestar atenção?!
- Onde é que está a Evans quando a gente precisa dela?! Droga! Deve estar correndo atrás daquele Cabeça-de-Cenoura do Potter!
Kate abriu a porta do banheiro.
- Marlene... – chamou ela, calmamente.
Eu a ignorei. Não estava com tempo para tolices.
- Espero que ela se exploda! Onde já se viu! Abandonar a gente por um protótipo de garoto?!
- Marlene.
- Depois ela se diz nossa amiga!
- Marlene!
- O que vamos fazer sem a Lily, Kate?!
- Marlene!
- O que vamos fazer?!
- MARLENE! – berrou Katherine.
- Que é?! – rebati.
- Vê se cala essa boca! – mandou Katherine.
Ah, a Lily evaporou e ela grita comigo?!
Eu estava com uma resposta na ponta língua. Ia ser uma resposta linda, que envolvia o quanto ela era mal educada, o quanto precisávamos da Lily para sair daquela situação, o quanto estaríamos encrencadas por estar matando as aulas da tarde, o quanto eu estava louca para jogar um Avada em Lucy Snape, o quanto James Potter era um babaca de primeira, o quanto eu odiava as irmãs Blake, o quanto eu queria que Sirius estivesse aqui agora e por ai vai... Sabe como é, muitas coisas na cabeça e tal...
Mas não disse nada do que eu gostaria, porque vi o objeto que Kate segurava nas mãos: os óculos da Lily.
Olhei para Kate, questionando-a. Ela fez um gesto com a cabeça, indicando o banheiro, e entrou.
Demorei um minuto para segui-la. Estava com um péssimo pressentimento.
Narrado por Katherine McCanzey
- Lily...? – chamei, hesitante, enquanto entrava no banheiro.
Uma versão macabra de Lily levantou a cabeça e olhou na minha direção. Ela estava com a pele branca e cheia de gotículas de água. O cabelo negro caia, molhado, pelo rosto dela. Os olhos estavam dilatados e inchados e não paravam de soltar lágrimas e mais lágrimas. A garota abraçava os joelhos, como uma criança assustada, e tremia. E o que mais me impressionava: a ausência de um sorriso.
Ela não se parecia em nada com a minha amiga.
- Ah, meu Merlin! – exclamei, paralisada por um segundo, tapando a boca com as mãos.
- Kate... – implorou Lily, com a voz rouca, como se falar fosse difícil.
Foi o que bastou. Corri em direção à banheira, afobada, pensando comigo mesma quando eu tinha deixado de reconhecer minha melhor amiga.
- Lily! – disse, tentando me convencer de que aquela era a mesma garota que eu conhecia há anos. – Por Morgana, o que foi que houve?! – prossegui, me abaixando ao lado da banheira.
Em resposta, Lily começou a soluçar, incapaz de falar, escondendo o rosto nos braços novamente.
Estiquei a mão e a encostei no braço dela. Senti um calafrio. Lily estava gelada, como se estivesse...
Balancei a cabeça negativamente, afastando o pensamento.
- Lily, você está uma pedra de gelo. – falei, contendo o impulso de afastar a mão. Ao invés disso, peguei o braço dela, afastando-o delicadamente do rosto. – Vem. – pedi. – Saia daí, antes que fique doente. – acrescentei, me levantando para ajuda-la.
Pelo canto do olho, vi Marlene entrando no banheiro. Ao ver Lily, ela congelou, atordoada. Não conseguia imaginar um motivo bom o suficiente para ela ter demorado tanto para chegar até ali.
- Lene! – chamei, feliz por ela ter aparecido. Não ia conseguir enfrentar Lily Evans chorando sem ela. – Pegue essa toalha para mim. – mandei, apontando uma toalha branca, amontoada no chão, com a mão livre.
Marlene piscou, antes de apanhar a toalha e vir até a banheira.
- O que raios aconteceu?! – perguntou, me entregando a toalha e levantando Lily pelos ombros. – Merlin! Você está gelada!
Joguei a toalha em volta de Lily, que desceu da banheira, ainda tremendo e chorando.
Lembre-se, Katherine. Quando foi a última vez que você viu Lily chorando?
Passei um braço ao redor de Lily. Marlene fez o mesmo e nós duas a arrastamos para fora do banheiro. A garota se deixou levar, talvez triste demais para reclamar.
Triste. A sempre sorridente Lily estava triste.
Olhei para trás e tive um relance das pegadas que os pés molhados da minha amiga tinham deixado para trás. Me perguntei se aquilo podia significar alguma coisa.
Acomodamos Lily na cama. Marlene correu para remexer no malão dela, procurando roupas quentes para aquecer aquele pedaço de iceberg. Usei a toalha para secá-la, tentando ser o mais gentil possível.
Lily tinha parado de soluçar, mas estava séria, lágrimas silenciosas ainda escorrendo pelo rosto. Perdi a conta de quantas vezes passei a toalha ali, tentando conter a torrente.
Não é preciso dizer que foi em vão.
Fui até a penteadeira que tinha no quarto e peguei a escova de cabelos, enquanto Marlene ajudava Lily à colocar uma blusinha branca, uma calça jeans e um moletom grosso, cinza e surrado.
Sentei-me ao lado de Lily na cama e comecei a pentear seus cabelos. Não era um tarefa difícil, já que eram cabelos curtos e lisos. Lembrei-me de quando ela havia feito o mesmo comigo: cuidado de mim quando estava triste. Não fazia muito tempo que havia acontecido.
Me perguntei como as pessoas podiam trocar de lado tão rápido. Será que Lily havia me visto com tanta pena quanto eu a olhava agora?
Marlene se aproximou, com um cobertor xadrez nos braços.
- Vamos, Lily... – pediu e depositou o cobertor na cama, antes de se virar para Lily e empurrá-la gentilmente pelos ombros. – Deita um pouquinho. Você precisa se aquecer.
Lily se deitou, obediente, colocando a cabeça no meu colo. Notei que o choro histérico havia passado, mas lágrimas silenciosas ainda caiam pelo rosto dela. Marlene jogou o cobertor em cima de Lily e passou a esfregar-lhe os braços, tentando aquece-la.
Passei as mãos pelos cabelos molhados dela, brincando com os fios.
Aos poucos, Lily parou de tremer. As lágrimas secaram nos olhos dela. Passou um momento de silencio, até que, finalmente, ela decidisse falar.
- Kate... – chamou a garota no meu colo. Olhei para baixo, tirando alguns fios de cabelo que haviam caído nos olhos dela.
- Sim?
Lily tinha um olhar vazio, como se estivesse admirando uma coisa ou um lugar que eu não pudesse ver.
- Porque as pessoas se apaixonam?
É uma ótima pergunta. O que há em nós, seres humanos, que nos permite amar? Existe realmente alguém perfeito para nós em algum lugar? Precisamos mesmo de amor para ser feliz? Se sim, porque existem amores não correspondidos? Qual o sentido em amar alguém se não é recíproco? E se amor é felicidade, não seremos felizes, porque a pessoa que amamos não nos ama?
Se é assim, porque as pessoas se apaixonam? Porque arriscar toda a sua vida, sem nem saber se dará certo? Porque não podemos simplesmente seguir em frente, sem nunca se apaixonar? Seria assim tão ruim? Seria pior do que amar sozinho?
Eu não sabia a resposta.
- Lily, eu... Não sei. – admiti.
- Porque a vida segue, mesmo depois que nos decepcionamos? – prosseguiu Lily. – Porque continuamos amando, mesmo não recebendo amor de volta? Qual o sentido?
Senti um nó na garganta. Merlin, o que eu podia dizer?
Olhei para Marlene, em busca de ajuda, mas ela não parecia nem um pouco preocupada com as perguntas de Lily.
- O que o James fez? – perguntou, colocando em palavras o que nós duas estávamos pensando.
- Não importa. – retrucou Lily. – Eu só quero saber porque.
Peguei a mão de Lily, tentando passar conforto.
- Lily... – comecei. – Acho que esse é o tipo de pergunta que não tem resposta. Ou talvez seja eu que não saiba. – admiti, meio envergonhada. – Mas, talvez, não tenha um porque.
Ela retirou a mão da minha, abruptamente.
- Mas tem que ter um porque! – desabafou. – TEM QUE TER UM PORQUE!
Ela estava visivelmente tentando conter o choro. E eu só conseguia sentir pena. Não conseguia pensar, nem ajudar. Só sentia pena.
- Lily... – Marlene se pronunciou, dessa vez se pondo de pé. – O que o James fez?
Algumas lágrimas escaparam pelos olhos de Lily. E, de repente, ela parecia acabada novamente.
- O que ele fez? – repetiu Marlene.
Mais lágrimas. Um soluço.
- Lene, eu acho que não é um boa hora. – opinei, observando uma Lily chorosa abraçar os joelhos.
Foi o que bastou para Marlene explodir.
- NÃO É UMA BOA HORA?!
Fechei os olhos e suspirei. Aquilo não ia ajudar nem um pouco.
- Olha só para ela, Katherine! – ordenou Lene.
- Estou fazendo isso desde que a achamos no banheiro. – rebati.
- AH, É MESMO?! – ironizou. – Não parece!
- Gritar não vai resolver nada.
- E ficar passando a mão no cabelo dela vai?!
Merlin! Não era hora para discussões!
- Lene, eu só estou pedindo para abaixar o tom de voz e maneirar um pouco nas perguntas. – tentei me reconciliar. - Quando ela estiver pronta, vai nos contar.
- Só que não dá para esperar! Não temos tempo! Por Merlin! Você já viu Lily Evans chorando por um garoto?! – questionou. – Pior! Você já viu Lily Evans chorando por qualquer outra coisa?! Você já a viu chorando?!
Não soube responder. Porque a verdade é que Lily não chorava. Por nada, nem por ninguém. Se magoava, é verdade. Mas nunca chorava.
- E você ainda quer que eu espere?! – continuou Marlene, vendo que eu não diria nada. - Francamente, Kate. Deve ter acontecido algo grave.
- Agora não, Lene. Agora não.
- ÓTIMO! – e jogou os braços para cima, revoltada. – Já que não quer falar sobre isso, que tal falarmos sobre Lucy Snape? Afinal, são dois assuntos sem importância alguma! – sugeriu, irônica.
Fechei os olhos e suspirei novamente, cansada. Quantas vezes eu tinha repetido aquele gesto? Ela tinha que tocar nesse assunto justo agora?!
- Marlene... – comecei, com um discurso bem ensaiado na ponta da língua, mas fui interrompida.
- O que houve com Lucy Snape? – questionou Lily, as sobrancelhas juntas, a testa franzida.
Olhei para Marlene, acusadoramente. Ela devolveu meu olhar, cruzando os braços, provavelmente pensando no quanto tinha razão.
- Ótimo. – resmunguei. – Agora conte à ela.
- Quer que eu conte? – impressionou-se ela. – Não era você que à dois minutos era contra a qualquer tipo de conversa “sem importância”? – e fez aspas com os dedos.
Bufei, irritada.
- Então, não conte a ela. – encerrei.
- Ei, ei, ei... – interveio Lily, passando as mãos no rosto para secar as lágrimas. – O que está acontecendo?
Eu não pretendia contar à ela agora, embora, sem dúvida, ela precisasse saber. Estava pronta para dizer que não precisávamos fala sobre isso agora, mas Marlene foi mais rápida:
- Snape sabe sobre a Katherine.
Quase automaticamente, Lily se transformou. De triste, passou para preocupada. Ela olhou para mim e depois para Marlene.
- O que?! – exclamou.
- Ela passou pela mesa da Grifinória hoje, no café da manhã, e cantou uma música idiota sobre um lobo mau. – explicou Marlene. – Olhou para a cara da Katherine e se desculpou por ter dito ‘lobo’ ao invés de ‘loba’.
Lily fez que sim com a cabeça, pensativa.
- Que droga.
- Poderia ter sido só uma coincidência. – falei, quase desejando que fosse verdade. – Mas ela se corrigiu. – gemi de desgosto. – Merda.
Lily pegou minha mão e apertou, com carinho. E de repente era ela quem estava me confortando de novo.
- Será que alguém mais notou a indireta? – perguntou ela.
Marlene deu de ombros.
- Eu acho que não. – opinou. – Não vi ninguém dando sinais de que havia entendido. Mas não tem como saber ao certo.
- Ela foi bem discreta nesse quesito. Acho que queria que só eu ouvisse. – argumentei.
Lily se levantou, passando as mãos pelos cabelos, parecendo nervosa.
- Isso não faz sentido. – meditou. – Porque ela se preocuparia em ser discreta?
- Talvez esteja esperando o momento certo para nos subornar... – chutou Marlene.
- Em troca de que? – cortou Lily. – Faz meses que não azaramos ela, nem nada do tipo... O que ela pode querer?
- Que voltemos a azará-la? – perguntou Lene e sorriu maleficamente.
Revirei os olhos.
- Marlene! – ralhei.
O sorriso de Marlene foi substituído por uma carranca.
- Ela bem que merece. – defendeu-se.
Lily estalou os dedos, como quem acaba de ter uma idéia.
- Acho que ela só desconfia, porque se soubesse realmente, já teria dado um jeito de avisar alguém. – bem, até que fazia sentido. – Aposto que ela ainda não disse nada, porque tem medo de estar errada.
Marlene fez que sim com a cabeça, acompanhando o raciocínio.
- Ela deve estar tentando provar que Kate é um lobisomem. Como ainda não conseguiu, decidiu jogar um verde hoje no café da manhã. Provavelmente estava esperando que fossemos atrás dela para tirar satisfações, e assim ela teria certeza de que estava certa. Mas não mordemos a isca.
- O que significa que ela vai tentar de outro jeito... – finalizei, esfregando as mãos, nervosa. – O que eu vou fazer?
Lily e Marlene reviraram os olhos ao mesmo tempo. Eu quase sorri com o gesto.
- O que NÓS vamos fazer, Kate. – corrigiu Marlene.
Olhei para minhas amigas. Elas estariam sempre lá para mim, quando eu precisasse. Eu só não conseguia me decidir se isso era bom ou ruim.
E Lily... Tinha deixado a tristeza de lado tão rápido, só para me ajudar. Era tão estranho. Eu obviamente tinha um problema. Mas só conseguia pensar na minha amiga, chorando, à uns minutos atrás...
Suspirei.
- Não dá para fazer nada. Não posso simplesmente impedir a mim mesma de me transformar na lua cheia. E se a Snape estiver perto, ela vai ver, querendo ou não.
Lily e Marlene trocaram um olhar.
- Então temos que mantê-la longe.
E sorriram.
Comentários (2)
Nunca pensei que fosse falar isso mas... James seu bosta! Nossa que raiva desse menino! Sério Thomas faz ele se ferrar porque ele ta merecendo! A Lily ta tão pra baixo tadinha! Bom... isso significa que eu adorei tudo Bjs e até o próximo
2014-05-28Adorei! Adoro quando entro e tem capíulo novo :DPrefiro mil vezes a Lily aprontando com a Snape do que chorando pelo bosta que é o James na sua Fic!Parabéns de novo, ta mtoo bom!
2014-04-25