Parte II
Era impossível não passar por ali. Harry era obrigado - por assim dizer - a correr por ali. Ele não gostava. Mas precisava. Se ele queria ganhar as corridas, precisava passar por aquela rua e pela casa sinistra.
Os gritos eram inacabávies.
E Harry não aguentava mais ouvir aquele lamento interminável. Acabaria com aquuilo naquela tarde. E precisaria de ajuda. Iria, de uma vez por todas, descobrir quem e o por quê estava gritando. Foi até a casa de Hermoine.
Bateu na porta.
Hermione abriu a porta e olhou para Harry, consusa.
- O que foi?
- Nós vamos entrar naquela casa. - Falou o garoto.
- Ficou louco? - perguntou Hermione. Harry não gostava quando o chamavam de louco, mas não flou nada. - Ninguém entra lá.
- Pois agora vai. Vem ou não?
Hermione revirou os olhos, mas concordou.
Os dois voltaram até a casa e, antes de chegarem, ouviam-se, já, os gritos de dor da garota. Os amigos fizera uma careta.
Ao chegarem à casa, Harry e Hermione, pararam na soleira da porta, hesitando. Harry olhou para a amiga.
- Você fica aqui e eu vou entrar. - Disse ele.
- Por quê?
- Para vigiar. Vou entrar. - Hermione assentiu.
Harry tirou as madeiras que ainda estavam presas à porta - usando toda a sua força - e entrou na casa, enquanto Hermione ficara do lado de fora.
Tudo estava escuro. Os gritos que, antes eram abafados por ele estar do lado de fora, agrora ficara mais alto. E vinha do sengundo andar, ecoando pela casa toda.
Antes de subir, Harry olhou para aquela casa que, um dia, fora bonita e elegante. Parado no hall, ele podia ver a sala toda destruída agora, onde tinha um sofá quebrado, faltando almofadas e tombado para o lado, um tapete - que há muito fora imaculadamente limpo - totalmente preto e desgastado pelo tempo, quadros espalhados pelo chão e uma lareira grande. Harry olhou para a outra porta, a que dava para a cozinha, e viu que as portas dos armários abertos ou faltando, o foagão e a pia, havia muito esquecidos.
Harry estremeceu ao ouvir aquele grito cortante novamente e, sem pensar duas vezes, subiu as escadas. Olhou para o corredor escuro e foi de encontro onde os gritos eram mais fortes.
Lentamente, o garoto se aproximou do quarto onde os gritos da menina atingiam um tal nível, que o corredor teve de tampar os ouvidos para que não estourassem. Quando chegou ao quarto, onde gritos eram maiores, Harry viu uma luz tremeluzir lá dentro.
Harry abriu a porta.
Uma menina de mais ou menos treze anos, de cabelos castanhos e olhos azuis estava em frente à um banquinho e, olhando para cima, uma corda pendia do teto. Ela cortava os pulsos e gritava conforme o sangue escorria. Era uma cena terrível: ela queria se matar.
Harry não aguentou ver aquela monstruosidade e foi até a menina, para tentar impedi-la de mutilar-se (mais ainda) o próprio corpo. Uma pça de sangue se formava em volta da menina e manchava todo seu vestido branco com o mesmo.
Harry pegou as mãos da garota e fez com que esta largasse a faca com qual se cortava. A menina gritou mais ainda, um lamento ensurdecedor.
- O que houve?! - perguntou Harry, tentando ser ouvido por cima dos gritos da menina. - Quem é você?
Ela começou a se dabater nos braços de Harry, tentando se libertar para voltar a faca e recomeçar a machucar a si mesma.
- Solte-me! - gritou a pequena. - Solte-me! Eu quero ser perfeita!
Harry, não esperando essa resposta, de tão surpreso que estava, a soltou.
- Garoto! - Uma voz chegou a Harry por cima dos gritos da menina. - O que está fazendo aqui?
Harry virou-se e viu um homem alto e de baraba branca, com os mesmos olhos que a garota, se aproximou de Harry e o pegou com apenas uma mão, levando-o para o corredor, empurrando-o para a escada.
Harry desceu os degraus, ainda escoltado pelo homem. Ele estava assustado com tudo aquilo e, dessa vez, ele não estava imaginando coisas.
O homem o empurrou para fora e Harry caiu na calçada. O garoto olhou para o velho. Ele estava com tanto medo, que não percebeu a ausência de Hermione.
- O que aconteceu lá em cima? - perguntou Harry, com a voz trêmula. - Quem é o senhor? E... e quem era aquela menina?
O velho o olhou, como se estivesse ponderando se falava ou não. Por fim, o homem levantou Harry do chão e o levou para dentro da casa vizinha.
Ao entrarem, o homem conduziu Harry para cozinha.
- Sente-se. - Ordenou o velho.
Harry, assustado, sentou-se em uma das cadeiras que ali haviam. O homem sentou-se em uma cadeira defronte ao garoto e o olhou com aqueles olhos incrivelmente azuis. Harry olhou para o outro lado.
- O que... o que estava acontecendo lá? - perguntou por fim. - E quem é o senhor?
O homem o olhou por tanto tempo, que Harry achou que ele não fosse responder.
- O meu nome é Aberforth Dumbledore. - Ele disse afinal. - O que Você viu lá em cima - Aberforth apontou para casa, onde os gritos recomeçaram -, era a minha irmã.
O queixo de Harry caiu. Ele não era muito velho para ter uma irmã tão nova?
- Por que ela queria se matar?
Aberforth ficou em silêncio. Harry esperou.
- Você tem que entender, Potter...
- Como sabe o meu nome? - interrompeu Harry. Mas Aberforth ignorou a pergunta e continunou:
- ... que a sociedade querem os mais perfeitos, os mais bonitos, os mais magros. A minha irmã era rotulada de imperfeita no colégio, não se encaixava nos padrões de beleza e ninguém a aceitava. - Ele fez uma pausa ao escutar os gritos da irmã. Balançou a cabeça e continuou: - Ariana tentou de tudo para ser igual às outras, mas continuava a ser rejeitada. E com a rejeição, começou a ficar mais em casa e a se cortar. Seus pulsos estavam sempre com marcas ou sangue. Era difícil.
- E por que ela ainda está... lá? - indagou Harry.
Aberforth o olhou por um longo tempo antes de responder:
- Ela ainda quer ser perfeita.
- Há quanto tempo foi isso? Por quê ela ainda resiste? - Harry não conseguia entender.
- Ah, mas ela não resistiu. - Respondeu Aberforth.
- O... o quê? - perguntou Harry espantado.
- Ariana morreu há dois anos - disse o velho.
Harry levantou-se da cadeira, derrubando-a. Sua surpresa era tanta, que ele não conseguia dizer nada. Apenas o olhava com medo; Não podia ser! Ele a sentiu nos braços, viu o sangue pingando.
- Não.
Aberforth assentiu. E Harry, pela primeira vez desde que chegara ali, olhou para os lados, à procura de Hermione.
- Onde está Hermione? - perguntou o garoto, mas tudo que recebera do velho, foi o silêncio. - Onde está a Hermione?! - gritou Harry.
Então, Harry ouviu barulhos pela casa. Parecia que ela estava sendo invadida. Aberforth continuava a olhá-lo, parecendo se divertir com o estado de Harry.
O garoto foi para trás e para trás, até dar com as costas na bancada da pia, com medo.
Pessoas adentravam o local. Parecia que gritavam o seu nome, mas Harry estava preso sobe o olhar de Aberforth. Ele encolhia-se de pavor. Aquele velho estava mentindo.
- Você a matou? Foi você que matou as duas? - pareceu que Harry o havia ofendido de alguma maneira.
- Claro que não, seu idiota. Eu nunca mataria Ariana. Ela se enforcou - respondeu o velho com rispidez.
- E a Hermione?
- Bem, sua queridinha amiga... sim, eu a matei. Ela merecia. Ela era era uma das garotas que perturbavam a minha irmãzinha - admitiu Aberforth.
- Não! - exclamou Harry, ajoelhando-se, chorando.
Harry, então, sentiu braços quentes o envolverem. Sua mãe, Lily, estava ali. Como ela o achara?
- Ah, Harry. Não faça mais isso comigo. - Disse Lily, aliviada. Só que Harry ainda olhava para Aberforth. - O que foi, querido? O que você está olhando?
Harry a olhou, ainda com lágrimas nos olhos Ela não estava vendo o assassino, sentado ali, na frente dela?
-Você não está vendo? - perguntou o garoto.
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