Professor novo e preocupações

                                                 Lily

            Eu não consegui dormir direito. Fiquei a noite toda rolando na cama e me lembrando de tudo o que aconteceu. De Lee tentando me beijar a força, da surra que James deu nele e da frase dele “Nunca mais tente beijar a Lily a força”. Não sei o porquê, mas essa fala dele me tocou. Talvez pela forma como ele falou. Pareceu que ele faria qualquer coisa para me proteger. Então isso significa que ele gosta mesmo de mim, certo? Nenhum cara se arriscaria por uma garota que não goste de verdade. Mas ele é o Potter. Ele gosta de várias garotas ao mesmo tempo! 

            Fiquei um bom tempo nesse conflito comigo mesma e quando pequenos raios de sol começaram a bater na janela do dormitório, eu dormi.

            Parecia que eu havia acabado de dormir, mas quando eu olhei no relógio (um relógio digital que ganhei com 11 anos de uma tia) marcava 7:10 da manhã. Levantei-me com um pulo e percebi que Mary e Alice ainda dormiam. Comecei a gritar para que elas acordassem, mas elas nada fizeram.

            - Aguamenti! – Fiz com que um enorme jato de água molhasse as duas, fazendo-as acordarem.

            - Ahhhh! – as duas gritaram.

            - Por Merlin Lily. Por que você fez isso? – Alice perguntou, olhando para si mesma encharcada na cama.

            - Estou a um tempão gritando para que vocês duas acordem. Como vocês não acordaram, essa era a única forma de acordar vocês.

            - Por que vocês estão totalmente molhadas? – Justine perguntou quando entrou no dormitório.

            - Lily resolveu nos acordar assim hoje. – Alice disse mal-humorada. – Bom, já que estamos todos acordados vamos nos arrumar e tomar café porque hoje é aula de Defesa Contras as Artes das Trevas.

            - Eu não estou em Defesa Contras as Artes das Trevas. – Justine nos lembrou enquanto pegava suas vestes e sua bolsa. – Estou em Estudo dos Trouxas, mas é o mesmo horário, portanto vamos logo.

            Quando chegamos ao Salão Principal, eu percebi o quanto estava com fome. Nos sentamos e eu “entupi” meu prato sem ligar para as piadinhas que as meninas faziam.

            - Não sabia que você se interessava pelo estudo dos trouxas, Justine. – Mary disse enquanto colocava ovos mexidos em seu prato.

            - Não me interesso! – Justine tomou um gole do seu chá com leite.  –Mas eu tenho um mínimo de matéria para pegar e é uma matéria fácil, já que tenho parentes trouxas.

            - Nossa Justine, que bom saber que você é uma garota tão preocupada com os estudos! – Alice soltou a ironia.

            - Ah, não comece não Alice! Tenho culpa se não sou uma CDF como você?

            - Eu não sou CDF, apenas me preocupo com o meu futuro. – Alice alterou seu tom de voz.

            Meninas, parem! Mal voltamos a Hogwarts e vocês já estão brigando? – Falei olhando seriamente de uma para outra.

            - É, vou indo para a minha aula. – Justine se levantou. – Nos vemos depois, meninas.

            Comemos mais um pouco, até percebermos que tinham poucos alunos do sétimo ano no salão.

            - Vamos ou acabaremos nos atrasando. – Falei enquanto me levantava.

            Fomos caminhando a passos largos pelos corredores quase vazios do castelo, com medo de que estivéssemos atrasadas. Já é horrível chegar atrasada em uma aula, ainda mais quando é o primeiro dia de aula do ano letivo – com um professor também novo.

            Quando chegamos na sala, havia apenas 3 cadeiras vazias. Alice foi correndo sentar na cadeira vazia ao lado de Frank, Mary foi saltitante sentar-se ao lado do Black e o único lugar vazio que sobrou para mim foi ao lado do Potter. Será que foi coisa do destino ou foi mais uma armação do Potter? Como nunca acreditei nessas coisas de destino, acho mais provável que tenha sido armação dele.

            Sentei-me ao lado do Potter muito envergonhada e virei o rosto para que ele não me visse. Já viu uma ruiva envergonhada? Não dá para disfarçar...

            O novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas chegou quase meia hora atrasado (o que é um absurdo, ele é um professor, tem que dar o exemplo!!), mas quando ele entrou na sala e eu olhei para ele, esqueci o quanto estava irritada com sua irresponsabilidade. Seu cabelo liso, loiro e muito bem arrumado, seus olhos de um azul profundo e o seu corpo de homem de 30 anos que pegava peso desde os 15 anos. Não era aquele corpo musculoso demais e sim cada músculo no lugar, na medida certa. Ele caminhava esbanjando confiança, como se tivesse certeza de que todas as garotas da sala estavam pensando o mesmo que eu: Que ele era muito lindo!

            “Nooossa, que gato hein amiga?!”

            Foi essa a frase que estava no pergaminho que Mary jogou na minha mesa.

            - Bom dia, classe!

            - Bom dia!  - todos respondemos em uníssono.

            Ele se apresentou e disse que como não conhecia os nossos antigos professores e não sabia o que e como nos foi ensinado, iria passar um questionário.

            - Peguem seus pergaminhos, suas penas e apenas anotem as respostas em ordem.  – Ele fez um movimento com a varinha e 25 perguntas apareceram no quadro. – E não esqueçam de colocar o nome e a casa de vocês no final. Ah sim. Essa atividade é em dupla. Façam com seus parceiros de mesa.

            Rapidinho, eu e o Potter terminamos de responder. Eu entreguei ao professor e fomos liberados. Arrumei rapidamente minhas coisas e saí o mais rápido que pude, pois o meu próximo horário era Runas e eu ainda tinha que ir ao dormitório pegar meu silabário. Já estava no final do corredor, quando alguém gritou:

            - Evans! 

            Como reconheci a voz, me virei contra a minha vontade. Não queria ficar a sós com ele. Tudo o que tinha acontecido ainda estava muito fresco em minha mente. Eu não queria tocar no assunto, mas tinha certeza que ele tocaria.

            - Posso falar com você um instante? – Ele perguntou e foi chegando mais perto.

            - Fiz alguma coisa? – Estava tão nervosa que acho que a minha pergunta saiu de uma forma ríspida.

            - Só queria saber se você estava bem... depois de ontem... – Ele estava meio estranho, como se estivesse tímido.

            - Eu estou bem! – respondi rápido, pois estava nervosa. Não era verdade, eu não estava bem. Estava meio aérea desde ontem à noite e cheia de sensações estranhas na cabeça e no peito.

            Nos encaramos por um tempinho, mas logo desviei o olhar. Porque olhara para aqueles olhos castanhos aumentava as sensações em meu peito.

            - Eu vou cuidar para que o Lee jamais encoste em você novamente, Evans! – ele falou olhando profundamente em meus olhos, como se quisesse ter certeza de que eu acreditava em suas palavras.

            - Obrigada, Potter... – Droga! Eu sou uma idiota! O garoto estava todo carinhoso e eu apenas disse “Obrigada, Potter” e de uma forma bem ríspida.

            - Hoje quase não consegui dormir pensando em como você estava.  –Ele então pegou minha mão e a segurou. Eu gostei, mas não deveria. Ele é James Potter – o garoto mais galinha de toda Hogwarts (empatado com o Black, claro). Me afastei dele e mandei:

            - Posso te pedir uma coisa?

            - Qualquer coisa... – Ele disse quase sorrindo.

            - Promete não comentar esse incidente com ninguém? Nem mesmo com os demais marotos?

            - Prometo sim, Evans!

            - Obrigada outra vez, Potter! – E saí sem saber exatamente o que tinha acontecido ali. Corri para o dormitório, coloquei o silabário na bolsa e deitei na cama, olhando para o teto. O que foi tudo aquilo? – eu me perguntava. Fiquei pensando em ontem, hoje, a conversa, todos esses conflitos, juntamente com o cansaço por não ter dormido bem à noite. Dormi e tive um sonho que se eu estivesse normal não sonharia. Eu estava deitada no colo do Potter, no jardim da escola. Ele alisava meus cabelos enquanto dizia: Tá vendo Lily? Eu disse que ficaríamos juntos e o que o que eu sempre disse que sentia por você é verdade! E eu quero ter muitos filhos com você! Quem sabe uma menina com o cabelo igual ao seu? Ou um menino com os seus olhos? Eu ria muito, mas não era de ironia. Eu estava feliz e dizia que também queria ter muitos filhos com ele.

            Acordei assustada pelo sonho ridículo e também porque as meninas riam muito.

            - Qual o motivo das risadas? – eu quis saber temendo ser o pivô das gozações.

            - Jus estava contando para a gente sobre a aula dela de Estudo dos Trouxas. – Mary falou enquanto enxugava as lágrimas dos olhos.

            - E o que houve de tão engraçado na aula? – eu quis saber curiosa.

            - A professora começou dizendo que na próxima aula explicaria um pouco sobre psicologia dos trouxas, mas que hoje ela mostraria alguns objetos trouxas e que nós teríamos que dizer o nome e qual a sua função... – Justine interrompeu sua fala e começou a rir.

            - Ainda não entendi o motivo das risadas. – falei mais confusa do que já estava.

            - Calma! Você já vai entender. – Justine parou, respirando fundo. – Então a professora mostrou um telefone e eu disse o nome, sua função e demonstrei como usava e quando mostrei por onde ouvia, a Judy, da Lufa-lufa, amiga da Lana, me perguntou de quem era a voz que saía do outro lado. – As meninas explodiram em risos e eu apenas dei um sorrisinho sem graça, pois não estava muito no clima.

            Logo depois do almoço, eu, Alice e Mary nos dirigimos para a aula de Runas Antigas (Justine foi para a aula de Trato das Criaturas Mágicas).

            Na quarta, nós quatro tivemos uma aula juntas: Herbologia. A aula foi bastante divertida já que tivemos que trocar uns nabos dos vasos menores para os maiores e sempre que aparecia uma minhoca na terra, Justine gritava.

            Depois do almoço, eu, Mary e Justine tivemos aula de Feitiços e no final da tarde, eu, Mary e Alice tivemos Poções.

            - Droga! – Gritou Mary. – Não fiz o relatório de Poções.

            - Mas não é para hoje... – Alice disse. – Você deveria prestar mais atenção nas aulas.

            Mary soltou um muxoxo e entramos na sala. O resto do dia seguiu tranquilamente e sem muitas novidades.  O dia seguinte foi tão tranquilo quanto aquele, até o final da aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, quando o Potter me chamou.

            - Evans, posso dá uma palavrinha com você? – Me virei de má vontade.

            - O que há Potter?

            - Sobre o questionamento de Defesa Contra as Artes das Trevas.

            - Vai Lil, nós te esperamos. – Alice disse e se afastou com Mary.

            - Só queria saber como você estava. – Ele falou aquela frase pela segunda vez àquela semana.

            Eu disse a ele que estaria melhor se ele parasse de me perguntar isso sempre. Sei que foi meio grosso da minha parte, mas isso já estava me irritando. Então ele que era porque se preocupava comigo.

            - Deixe que meus amigos se preocupem comigo!

            Noooossa! Fui mega grossa nessa aí, né?

            - Ok! – ele disse e se virou.

            - Espera! – falei e segurei o braço dele. Ele se virou e ficou me fitando. – Não quis ser grossa. Mas é estranho você se preocupando comigo.

            - É que eu te... – Não deixei ele terminar.

            - Não vou ser mais uma em suas mãos, Potter. – falei bem séria para não correr o risco.

            - Nem eu quero isso. – Ele tocou em minhas mãos e eu me arrepiei. Nossos lábios se aproximaram, mas então o Henry chamou o Potter e eu saí do transe.

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