O aniversário de Harry



Nove anos depois, muita coisa havia acontecido. Neville era o novo diretor. E agora, uma nova lei fora criada, a lei que permitia que alunos menores usassem magia fora da escola, porém, apenas pequenos feitiços.


Muitos professores se aposentaram. Novos professores vieram para a escola. Porém, Hogwarts continuava a mesma.


No segundo andar da casa dos Potter, um menino franzino e pequeno, Alvo Severo Potter, acabara de acordar. Tivera mais um de seus conhecidos pesadelos. Ele sempre teve esses pesadelos, desde que se conhecia por gente.


Por mais que os pais dissessem que pesadelos eram normais, ele sempre achou que fosse um menino diferente. Na verdade, ele era um bruxo, é claro. Mas comparado aos seus irmãos, Tiago e Lilí, ele era realmente diferente. Um garotinho pequeno e magricela. O que só ajudava mais ainda a ele receber várias “brincadeiras do Tiago”, do irmão mais velho.


Alvo Potter, tinha dois irmãos: o mais velho era Tiago Sirius, tinha treze anos, era bem alto e forte, com cabelos castanhos, cacheados e um tanto que longos, o que sua mãe achava que o deixava como uma menina, mas várias vezes, Alvo desejava ser o irmão por um só dia. Seu irmão sempre tivera uma reputação. Em todas as escolas de trouxas, era o “valentão”, enquanto ele, Alvo, era o Potterzinho Chorão. Eles sempre estudaram em escolas de trouxas, já que os pais trabalhavam e não podiam ensiná-los.


Alvo lembrava perfeitamente das encrencas que o irmão se metia e, o que é claro, escapava sem grandes esforços, quando ele, saíra correndo de um grupo de garotos trouxas que estavam correndo atrás de Alvo, por um motivo que ele desconhecia. No fim, Alvo teve que sair correndo a escola inteira à procura do irmão, que no último instante, impediu que um garoto se atirasse em cima de Alvo. Tiago ainda vivia se gabando para ele. E, na opinião de Alvo, é realmente desagradável ter que passar vinte e quatro horas com um irmão que é bem melhor que você. Tiago e ele sempre viviam brigando, na maioria das vezes era porque o pai deixava escapar coisas como: “ah, meus parabéns, Alvo! Eu estou realmente orgulhoso!”, o que no mesmo instante gerava uma briga, na qual, ele e o irmão tentavam, inutilmente, impressionar o pai. O que sempre acabava com o pai dizendo que amava os dois.


O pior de tudo, era que o irmão era da Grifinória, a casa de toda sua família. Alvo nos últimos dias, estava pensando realmente em que Casa ficaria. Em sua opinião, Grifinória era a melhor, porém, desde que o irmão lhe falara que ele iria para a Sonserina, ele estava aceitando qualquer uma.


A irmã mais nova de Alvo, era Lílian Luna, ou como todos a chamavam, Lilí. Esta tinha nove anos, mas apesar da idade, chegava a ser do tamanho de Alvo. Ela era a menor dos três, e a única coisa em comum que Tiago e Alvo tinham, era que os dois eram os ídolos da irmã menor. Apesar de Alvo nunca ter achado que tivesse algo que alguém iria gostar. Alvo também se lembrava da vez em que um menino roubara o dinheiro de Lilí, e a garota veio correndo até Alvo, pedindo que ele pegasse o dinheiro de volta. Morrendo de medo, mas sabendo que tinha que fazer alguma coisa, Alvo foi até o menino, que era apenas um ano mais velho que ele, e pediu que devolvesse o dinheiro da irmã. O menino deu uma enorme gargalhada, e mandou Alvo ir embora, se ele não quisesse levar um murro na cara. Alvo, porém, continuou ali, mas no instante em que o menino ergueu o punho, ele saiu correndo e contou para Tiago, que, mais uma vez, salvara o dia.


Alvo havia completado onze anos fazia duas semanas. Ele entraria para Hogwarts em poucos mais de um mês. Ele estava muito nervoso. Além de sua prima, Rosa Weasley, seu irmão, que não era uma ótima companhia, e se duvidar, algum primo, ele não tinha mais nenhum amigo. Até agora, ele havia estudado em escolas de trouxas, e também não tivera sorte com amizades. Não era ruim ter que andar somente com a prima, mas o que ele realmente não queria, era os colegas zombando dele.


Alvo agora estava sentado em sua cama, treinando para quando ele fosse conhecer amigos novos:


–Olá! –disse ele em uma voz muito educada. –Sou Alvo Severo Potter, você está bem?


Ele correu para o outro lado da cama, e continuou a conversa com outra voz:


–Alvo Severo? Não seria aquele menino que todos têm medo?


–É, sou eu mesmo... –disse Alvo voltando para a o lado inicial da cama. –Mas não se preocupe, não vou fazer nada a você.


–Oh, e você é o irmão do Tiago Sirius Potter? Aquele garotinho chorão?


–É, infelizmente ele é meu irmão...


Ele correu para o outro lado do quarto.


–Ah, querido irmão Alvo! –disse ele imitando a voz do irmão. –Eu vim dizer o quanto você é importante para mim, e vim implorar para você me ajudar, tem um menino querendo bater em mim...


Ele voltou correndo para a ponta da cama:


–Ah, Tiago... De novo se metendo em encrenca? Não vou ficar te protegendo todo o tempo... Saia...


De repente ele parou quando ouviu um barulho. A porta se abriu e dela saiu o seu irmão, Tiago.


–Maninho... Devia se escrever para o teatro, sério, muito bom! Mas é claro que o personagem que eu creio que seja eu, devia estar um pouco mais alto e... Ah, mais corajoso sabe... Me diz aí, é bom sonhar, não é? Não, por que só em sonho mesmo para eu te pedir ajuda, e que história é essa de Grande Alvo que todos têm medo? Fala sério, Al... Ninguém tem medo de você!


–Sai daqui, Tiago! –disse Alvo irritado.


–Não, calma, só estava zoando você... Treinando para Hogwarts?


Alvo assentiu com a cabeça.


–Precisa melhorar.


–Você acha?


–E como... Tem que ser mais espontâneo, e é claro, tente dizer que é meu irmão, isso deve te dar uns créditos... E ah, aproveite agora, maninho, são os últimos momentos que as pessoas vão falar com você, por que depois que você for para a Sonserina, ninguém vai chegar perto!


–Eu não vou para a Sonserina!


–Ah, não se iluda... Assim vai ficar triste quando o Chapéu te botar lá... Aceite a verdade, Al...


–Mas eu... Bem, acho que eu posso ficar na Grifinória, não posso?


–Bem, se você der sorte do Chapéu... Não, não... É, meu irmão, você está ferrado...


–Não estou!


–Ah, então está bem... Não demore muito para o café, sonserino!


Tiago deu um olhar maldoso ao irmão e saiu correndo, Alvo logo atrás.


–Ai, mas por que essa correria na minha casa? –perguntou Gina que segurava Lilí no colo.


–Mamãe, Tiago disse que eu vou para a Sonserina! –denunciou Alvo.


–Tiago, seu garoto levado, vê se não amola o seu irmão! –disse Gina ao filho mais velho que passou por Alvo e lhe apontou a língua. –Alvo, meu filho, você sabe que vai ir para a Grifinória! Não acredite no seu irmão! Senta aqui e coma o seu mingau...


Alvo sentou-se à mesa da cozinha e começou a comer o mingau, enquanto a mãe botava a filha menor ao seu lado.


–Bom dia, irmãozinhos! –cumprimentou Lilí. –Teve uma boa noite, Al?


–Na verdade tive um pesadelo...


–Ih... Mamãe, o Al teve um pesadelo...


Gina virou depressa para o filho e depois olhou para a janela.


–Ah, teve foi? E o que você sonhou?


–Foi meio estranho... –começou Alvo.


–Al, você é estranho.


–Não enche, Tiago! Continua, Al...


–Bem... Se bem me lembro, acho que estava em outra época... Vocês estavam no meu sonho...


–Vocês quem? –perguntou Gina se juntando a mesa.


–Você, o papai, os tios Weasley, Neville e Luna... Ah, e o Ministro... Eu era bebê...


–Então não foi um pesadelo, você apenas se olhou no espelho. –debochou Tiago.


–Ah, garoto, vê se não amola! –disse Gina. –E o que mais, Al?


–O... Bem, não lembro bem... Mas acho que o Ministro disse que alguém me queria... Queria me matar...


–Matar você? –disse Gina se levantando. –Ah, não pense besteira... Foi só um pesadelo e... Tiago... Você... Hum... Tem... Novidades?


–Não... E onde está o papai?


–Está no...


Mas antes que Gina pudesse terminar a frase, a porta se abriu e Harry saiu dela.


–Ah, oi gente... Desculpa o atraso, o Ministro queria saber por que o Rony ainda não voltou... Tudo bem crianças?


–Sim... –responderam os três ao mesmo tempo.


–Alvo teve outro pesadelo, papai. –disse Lilí.


–Ah, não foi nada, foi só um pesadelo, não vamos incomodar o papai com sonhos ruins...


 


Era véspera do aniversário de Harry, e naquela manhã todos estavam muito ansiosos para a chegada da família Weasley, que até então estava fazendo uma viagem ao Egito. Gina botava a mesa junto com a filha Lilí, enquanto Harry contava para os filhos Alvo e Tiago a história de como conseguira abrir a Câmara Secreta em seu segundo ano:


–Então como eu dizia, eu entrei na câmara junto com o padrinho de vocês, Rony e mais o professor Gilderoy. Lá ele tentou apagar nossa memória com a varinha de Rony, só que ela estava quebrada e o feitiço saiu pela culatra e...


–E então o professor perdeu totalmente a memória e blá, blá, blá... Já me contou esta história um milhão de vezes. –retrucou Tiago.


–Você deveria estar muito agradecido ao seu pai, Tiago. –respondeu Gina com severidade. –Se o seu pai não tivesse me salvado naquela noite, nem eu nem você estaríamos aqui.


Naquele mesmo instante ouviram-se batidas na porta. Lilí foi atender e...


–Tio Rony!


–Rony! –exclamou Harry.


–Olá gente! –disse Rony enquanto segurava no colo Lilí e entrava.


–Olha como eles estão grandes, Harry! –exclamou Gina apontando para os sobrinhos Hugo e Rosa.


Hugo era um menino de cabelos completamente ruivos, e cheio de sardas no rosto, era tão parecido com Rony, quanto Alvo com Harry. Ele tinha a mesma idade de Lilí. Rosa era um pouco mais velha, e esta era bem parecida com Hermione, a não ser pelos olhos azuis. Tinha a idade de Alvo.


–E como está o Harryzinho? –perguntou Hermione olhando para Alvo, que percebeu que o irmão, Tiago, apertou os olhos com raiva e virou para o outro lado.


–Hermione, - disse Rony. – não é Harryzinho, é Mini-Harry... Como vai, cara?


–Vou bem... –respondeu Alvo.


–E a Mini-Gina?


–Eu estou bem! –respondeu Lilí.


–Ah, e o Tiago?


Mas o menino apenas sorriu e foi embora. Alvo, por mais que brigasse com Tiago, sentiu pena do irmão, ele era o único que não ganhava apelidos referentes aos pais.


–E como foi à viagem? – perguntou Gina curiosa.


–Ótima! –respondeu Hugo. –Tinham pirâmides enormes, e...


–Você parece o seu pai, Hugo, quando ele foi ao Egito pela primeira vez! –contou Harry com um sorriso no rosto. – Mas Rony, o que houve com os outros?


–Bom, eles tiveram que ficar por lá, já que o Louis está passando mal. Mas Teddy e Victoire vêm! Eles embarcaram logo depois de nós.


–Teddy também foi? – perguntou Alvo.


–Ah, claro, Al... Mas não se preocupe, ele deve voltar amanhã... –respondeu Hermione.


–E o Tiago? Onde ele está? –perguntou Hermione.


–O Tiago ele... Não está numa boa fase... Ele... –tentou contar Gina.


–Ele está um pouco rebelde. –concluiu Harry. –Ele fica chateando Alvo e Lilí e, ele não está muito bem.


–Mas ele sempre foi assim! –disse Rony que não via nada de mal.


–É, mas digamos que agora ele está mais exagerado...


–Ah, deve ser da idade...


Depois que todos comeram, Rony e Hermione tentaram conversar com Tiago, mas parece que não deu muito certo.


–E então Tiago, para que ano você está indo? –perguntou Hermione tentando puxar a conversa.


–Vou para o terceiro ano se lhe interessa. –respondeu Tiago.


–Então vai poder visitar Hogsmead, não é?! Nossa aquele lugar é muito bom, tem a Zonko’s, a Dedosdemel, o Três Vassouras e...


–Parem de me amolar! –retrucou Tiago. –Já não é bastante virem aqui e ficarem...


–Já chega Tiago! –Gritou Harry franzindo a cara. –Já para cima!


Tiago foi para cima retrucando consigo mesmo. Estava indo para o seu quarto quando viu que lá estavam as malas de Rony e Hermione. Todo indignado, Tiago pegou as malas e colocou tudo no quarto dos pais. –Ainda vou ter que dividir o quarto com o Al, para o Hugo ficar confortável com o quarto só para ele... Da última vez que dormi lá, tive que ficar na sala, por quê? Porque a casa dos tios Weasley estava em construção de novos quartos... Preferia quando o papai não deixava que eu dividisse o quarto com o Al... –disse ele.


Quando já estava saindo viu na prateleira dos pais um álbum de fotos, Tiago nunca gostara de ver fotos. Sentou-se na cama e folheou as páginas. Eram fotos de bruxos, enfeitiçadas. Tinha a foto de Harry com Rony e Hermione, quando crianças. Tinha até mesmo a foto de Hagrid. Lá tinham muitas fotos de quando Harry era criança. Mas uma lhe chamou a atenção, era a foto de quando Harry era bebê junto com os pais. Ele notou que havia grande semelhança à uma foto de Alvo quando bebê, os dois eram idênticos, até mesmo nos olhos de Lílian. Tiago olhou para sua fotografia de quando ele era bebê e pensou:


Não me pareço com papai... Nem com mamãe... –pensava ele. Mas o pior é que ele tinha razão, ele era uma mistura dos pais, por isso não podia se dizer que ele era exatamente parecido com um dos pais. Tiago tinha muito ciúmes do irmão, apesar de ser Alvo quem demonstrasse mais isso quando ficava chateado vendo que o irmão, por ser mais alto e forte, era melhor em quadribol, por exemplo, que era o esporte favorito do pai. Para falar a verdade, as brigas de Tiago e Alvo eram sempre por conta de um deles impressionar os pais.


 


Mais tarde, naquela noite, todos dormiam menos Rony, Hermione, Harry e Gina. Tiago, que ainda não havia dormido, foi até o quarto de Alvo, onde havia duas camas, uma para ele, e outra para o irmão, que dormia serenamente.


–Ei, Al... –disse ele sacudindo o irmão. –Al, acorda!


–Hum? –perguntou Alvo abrindo os olhos. –Por que você não está dormindo?


–Papai e os outros estão lá em baixo. –disse Tiago ignorando a pergunta do irmão.


–E o que tem isso?


–Como assim “o que tem isso?”? –perguntou Tiago. –A gente sempre vai ouvir o que eles estão falando!


–A gente não vai sempre. –disse Alvo voltando a se cobrir.


–Isso, - disse Tiago tirando as cobertas de cima do irmão. –é por que você sempre desiste! Vamos, Al... E se eles estiverem falando algo importante?


Tiago sempre achara que quando os tios conversavam de noite, era alguma coisa importante que eles não queriam falar na frente das crianças.


–Vem, Alvo! Ou você vai amarelar?


Alvo olhou para a porta. Não estava com a mínima vontade de espionar os pais e os tios, mas sabia que se não fosse, Tiago sairia espalhando que ele ficara com medo, o que Alvo realmente não precisava. Assentiu com a cabeça se levantou.


–Mas se a mamãe ou papai te pegar, você não vai me entregar, ouviu?


Alvo fez que sim com a cabeça.


–Jura de mindinho? –perguntou Tiago erguendo o dedo. Alvo enrolou o seu dedo ao do irmão. –E isso é um juramento, ouviu?


Alvo assentiu com a cabeça. Tiago abriu caminho e foi na frente. Eles atravessaram o corredor dos quartos, que era cheio de retratos de Alvo, Lilí, Hugo, Tiago e Rosa que sorriam e corriam, desceram as escadas e se esgueiraram até o sofá.


Eles estavam conversando sobre Hogwarts, mas Alvo não estava prestando atenção.


–Viu! –murmurou ele para o irmão. –Eles estão apenas conversando!


–Isso é porque se quiserem, podem ficar a noite toda conversando! –cochichou Tiago. –Tenho certeza de que ainda não falaram o que realmente querem... Talvez se eu deixar a Lilí com febre...


–Por que você vai deixar a Lilí com febre? –perguntou Alvo o mais baixo que pode.


–Porque então ela vai correndo para a mamãe. Eles vão ver que ela terá que sair e vão falar logo o que têm para falar.


–Você pensa mesmo nas coisas... –disse Alvo impressionado.


–Aprenda com seu irmão mais velho, agora vamos subir lá em cima. Você terá que ficar de vigia enquanto eu lanço o feitiço na Lilí...


–E este é um feitiço permitido? –perguntou Alvo.


–Claro que é! Como acha que você pegou febre aquela vez?


–Foi você!


Eles se esgueiraram de volta até a escada. Atravessaram o corredor e entraram no quarto que tinha escrito na porta “Lílian L. Potter”. O quarto era cheio de brinquedos, bonecas e ursinhos de pelúcia. Também havia duas camas, uma para Rosa e outra para Lilí.


–Fique aqui! –cochichou Tiago para Alvo apontando para a porta.


Alvo obedeceu. Tiago andou silenciosamente até a cama e ele foi até a porta do quarto da irmã, e murmurou: “Cadabréia Celetéia!” No mesmo instante o rosto da menina ficou vermelho, ela começou a tremer e logo acordou. Sorte que Tiago conseguiu sair antes que ela abrisse os olhos. Ele ficou escondido atrás da porta, junto com Alvo, e logo veio Lilí, estava tremendo de frio e atravessou o corredor. Os dois garotos a seguiram em silêncio de volta a sala de estar, onde se esconderam atrás do sofá. Na cozinha, Harry que tocou o rosto de Lilí, notou imediatamente que ela estava com febre alta. Gina levou-a até a cozinha e lá ela preparava um chá. Depois que Gina saiu, Harry, Rony e Hermione continuaram a conversar:


–E então Harry? Acha mesmo que é verdade? –perguntou Hermione.


–Infelizmente, sim. E ainda acho mais, acho que ele vai para Hogwarts este ano. –respondeu Harry com uma expressão desapontada.


–Então nós não podemos mandar as crianças para lá! –falou Rony.


–Se eu falar ao Alvo que tem alguém em Hogwarts que quer tomar o lugar de Você-Sabe-Quem (desde que tivera os filhos, Harry começara a se referir a Voldemort deste jeito, para evitar que os filhos ouçam), ele nunca mais irá querer ir para lá. Já está inseguro de tanto Tiago falar que ele pode ir para Sonserina. Eles vão ficar bem, Neville é o diretor e ele vai nos manter informado.


Nem Alvo, nem Tiago sabiam direito o que aquilo significava. Alvo, principalmente, porque não estava nem um pouco interessado. Harry nunca havia falado á eles sobre Voldemort. Mas eles sabiam que era ruim, mesmo assim eles esperaram para ver se eles falariam mais alguma coisa, o que não aconteceu. Depois que foram para o quarto, Alvo e Tiago estavam saindo de trás do sofá.


–Já ouviu o que queria? –perguntou Alvo.


–Na verdade não. Não sei o que aquilo significava... Mas já que estamos aqui, eu vou comer alguma coisa...


–Eu não vou!


–Grande novidade... Você sempre amarela... Vai subindo, vai...


Alvo saiu da sala e subiu as escadas. Quando já estava entrando no quarto, uma coisa o puxou:


–Onde é que você estava? –era sua mãe, Gina.


–Ah, eu, eh... Bem, eu só... Hum... Eh, estava usando o banheiro.


–Não minta para mim, Alvo Severo! –disse sua mãe numa voz irritada. Sempre que o chamavam de Severo, não era boa coisa... –O que é que você estava fazendo lá em baixo?


–Hum... Eu... –Alvo sabia que estava em uma encrenca, teria que dizer a verdade... Não gostava de ver sua mãe brava com ele... –Foi o Tiago! Ele me obrigou! Disse que eu era um covarde se não fosse, que eu sempre amarelava...


–Ah, o Tiago... –disse Gina irritada. –Ah, mas aquele garoto me paga! Pode ir se deitar, querido, eu vou dar um jeito no seu irmão.


Muito nervoso e com medo do que a mãe iria fazer com o irmão, Alvo entrou no quarto e sentou-se na cama. A qualquer momento Tiago atravessaria aquela porta. Estaria furioso com ele por ter lhe dedurado para a mãe... O que ele iria fazer? Agora sim o irmão iria sair espalhando para todo mundo que ele era um medroso... Iria ter uma má reputação antes mesmo de entrar para Hogwarts...


–Alvo seu dedo-duro! –sussurrou Tiago que escancarara a porta e entrara. –Você jurou! Jurou de mindinho! Sabe o que significa um juramento, Al?


–Sei... Tiago, eu sinto muito... Não queria... Não queria mesmo...


–Ah, não queria, eh? –repetiu Tiago num sussurro. –E o que te fez contar, hein?


–Eu... Foi sem querer... Eu não queria... Não queria que a mamãe ficasse brava comigo...


–Então colocou toda a culpa em mim?


–Mas foi você quem me obrigou! Veio me acordar e ficou dizendo que...


–Que você é um medroso que sempre amarela! Alguma mentira? Não! E não te obriguei! Apenas te chamei, você podia escolher! Mas na hora de explicar para a mamãe, colocou toda a culpa em mim! E ela não desconfiou, é claro... Quem desconfiaria do pobre Alvo, o filhinho certinho que nunca faz nada de errado, perto do Tiago...


–O que ela fez? –perguntou Alvo.


–Me proibiu de ir visitar o Matt, espero que esteja feliz!


–Tiago, eu não...


–Ah, me poupe dessa sua conversinha... Se permitir, agora eu vou me deitar...


E Tiago se enfiou embaixo das cobertas. Alvo deitou na outra cama.


 


Na manhã seguinte, Alvo estava pronto para o café da manhã, Tiago não estava na cama. Ele levantou-se e desceu para o café. Na cozinha e na sala tinham balões e uma faixa escrita: “FELIZ ANIVERSÁRIO, HARRY!”. Além dos enfeites de aniversário, havia também duas malas. Eram de Teddy e Victoire, que estavam sentados á mesa junto com os outros.


–Nossa, Al, faz um mês que não te vejo, mas você está tão diferente! Você se parece tanto com o seu pai. –falou Victoire. Era uma menina de cabelos ruivos, meio escuros. Tinha dezoito anos.


–Você viu, Alvo, Teddy chegou! –Gina indicou um rapaz de cabelos louros sentado ao lado de Victoire, que acenou com a cabeça. –Você e o Tiago estavam tão ansiosos para que ele chegasse...


–E você nem imagina Al, - disse Tiago se gabando para o irmão. –Teddy disse que vai jogar quadribol comigo...


–Eu aposto que Teddy vai jogar uma partida de quadribol com todos vocês, certo Teddy? –disse Gina ao ver o olhar desapontado de Alvo.


Todos conversavam enquanto tomavam o café, menos Tiago, que ainda pensava no que ouvira na última noite. Quando todos terminaram o café, Harry chamou Alvo até o quarto:


–Alvo, quero te dar uma coisa...


Ele foi até o guarda-roupa e tirou alguma coisa, depois lhe entregou um pacote.


–O que é isso? –perguntou Alvo.


–Bem, Alvo... Sei que você está um pouco inseguro sobre seu primeiro ano em Hogwarts e... Bem, isto era do meu pai... Depois foi minha, e agora quero fique com você... Foi bem útil para mim...


Alvo abriu o pacote. Era uma túnica que estava dentro do pacote. Ele não fazia ideia de por que o pai achara isso útil...


–Hum... É... Bem bonita... –inventou Alvo.


–Tudo bem, você não sabe mentir. –disse Harry sorrindo. –Mas não é para ser bonita, é para te deixar invisível.


–Invisível? –repetiu Alvo. –O senhor quer que eu... Fique invisível?


–Não... Mas... Sabe, talvez você queira... Eh, sei lá... –disse Harry. –Talvez queira usar... Hum... Guarde... Não use agora... E também não mostre ao Tiago...


Alvo obedeceu. Guardou a capa de volta ao embrulho e saiu. Quando virou a porta do quarto do pai, deu de cara com Tiago, que ficou lhe encarando e depois foi embora. Lilí que vinha logo atrás de Tiago ficou sem entender nada.


–O que vocês estão fazendo? Querem jogar uma partida de quadribol junto comigo e o Hugo?


–É uma ótima ideia, Lilí! Vamos, Alvo, vai ser divertido! –exclamou Tiago com ar de deboche.


Para a surpresa de Tiago, Alvo topou. Alvo nunca gostara de jogar quadribol com Tiago, pois sempre o irmão se gabava por estar jogando no time da Grifinória como apanhador, a mesma posição que o pai e a mãe jogavam.


–Rosa, vamos jogar uma partida de quadribol? –perguntou Hugo, quase implorando.


–Pensei que para jogar quadribol precisasse de sete jogadores em cada lado. – Disse Harry contando quantas crianças tinham.


–Bom, não vamos ter sete em cada lado, mas o Teddy e o tio Rony vão ser os goleiros! E a mamãe vai ser a apanhadora. –respondeu Lilí puxando o tio e Teddy. Foram todos para o jardim da casa, que era extremamente grande. Tinha um campo de quadribol com aros e tudo, o que nunca causara problemas, pois a aldeia era pouco habitada por trouxas, e também o campo era cercado de árvores.


O jogo começara, os times estavam divididos, no primeiro time estavam: Tiago, Hugo, Rosa e Teddy. No outro time eram Alvo, Gina, Lilí e Rony. E a Goles foi lançada. Alvo pega ela, mas logo a perde para Rosa. Gina olha para o pomo e o perde logo após Tiago passar voando ao seu lado. Lilí vendo que Tiago se aproximava para pegar o pomo, manou-lhe um balaço direto na mão estendida, mas Tiago desviou. Logo, Alvo pegou a Goles e marcou o primeiro ponto do jogo. Após isto, Tiago capturou o pomo. Harry que era o juiz do jogo deu os parabéns á todos. Tiago que viera abraçado no irmão, e cantando a vitória, não tirava o olho do pai que vinha ao seu lado, segurando o pacote que dera a Alvo.


 


Já pela noite, quando todos estavam terminando de comer o bolo de aniversário de Harry, Gina nem tocava na comida. Ficava ali, admirando Alvo e Tiago. Mas ninguém perguntava por que, sabiam que provavelmente era por causa do homem que queria tomar o lugar de Voldemort. Mas Gina não os olhava só por este motivo, estava muito preocupada com os filhos e principalmente com Tiago, que já havia esquecido o que ouvira na noite passada, e agora relembrara por conta do silêncio de todos.


–Então gente, quem quer jogar uma rodada de Feitiços? –perguntou Hermione tentando quebrar o silêncio.


–Eu adoro brincar de Feitiços! Podemos brincar, papai? –perguntou Lilí muito animada.


–Jogo de Feitiço? Como se joga? –perguntou Hugo.


–Neste jogo, cada um tem que lançar seu feitiço, é claro que os feitiços desse jogo não são complicados, afinal, mas tem que ser um feitiço que deixe o outro engraçado, como por exemplo: “Sapérios!”


No mesmo instante, Alvo virou um sapo. Todos riram.


–“Platécton!” - gritou Rosa. E a cara de Tiago ficou com um formato de pote.


–“Geleite!” – gritou Rony. E Rosa se transformou numa geleia espatifada pelo chão.


–“Araquínídi Bigtto!” – gritou Hermione. E apareceu na frente de Rony uma aranha do tamanho da falecida Aragogue.


–Ara... Ara... Aragogue... Fi... Finite Incantatem! –murmurou ele para aranha que virara um bichinho de pelúcia. –Isto não tem graça Hermione... Não tem... –disse Rony quase chorando, ele ainda não superara o medo de aranhas, mas ninguém ligava para o medo, estavam muito ocupados rindo dele.


–E para acabar, “Resciende!”. -Todos voltaram ao normal.


–Mas papai, eu não pude lançar o meu feitiço. –choramingou Lilí.


–Mas agora já é muito tarde e amanhã, Rony e os primos vão para o Beco Diagonal cedo para comprar os materiais de Rosa, que não comprou tudo um ano antes de ir para a escola.


–Eu não comprei tudo um ano de ir para escola! –protestou Alvo. –Só quis comprar há alguns meses...


Todos foram se deitar, menos Alvo que ficara acordado olhando a rua pela janela do quarto. Tiago se acordou ao perceber que Alvo não estava deitado.


–O que foi que ele te deu? –perguntou Tiago.


–O quê? Você viu o pacote? Não é nada. –respondeu Alvo.


–Você sabe que pode ir para Sonserina, não sabe? –perguntou Tiago tentando deixá-lo com medo.


–Quem sabe eu vá para Grifinória? –perguntou Alvo tentando não pensar na Sonserina.


–O Chapéu disse que os Potter se darão bem na Sonserina.


–Eu não quero ir para Sonserina, para lá só vão os bruxos maus.


–Então torça para ele não te botar lá, senão você vai poder ser um bruxo do mal.


–Por que você faz isso comigo? Por que fica fazendo eu me sentir mal?


Tiago abriu a boca para responder, mas não disse nada. Sentou-se na cama.


–Ah, eu não quis... Eu só... –tentou pedir desculpas Alvo.


–Está tudo bem, você não tem culpa... Você nunca tem culpa, eu é que faço errado, queria que o papai me admirasse, mas acabei fazendo ele me odiar. –disse Tiago.


–Ele não te odeia. –disse Alvo tentando fazer Tiago se sentir melhor.


–Ah, quer saber? –perguntou Tiago se levantando da cama. –Eu nem devia estar falando com você. Você é um dedo-duro!


–Tiago, por favor... Eu pedi desculpas... Só não queria que mamãe ficasse brava comigo...


–Ah, e então comigo ela pode ficar brava? Ah, Alvo, grande irmão você é... Não respeita nem um juramento!


–Eu só fiquei com medo!


–Você com medo? Conte-me uma novidade, agora! Você sempre tem medo! E sempre terá! Porque é um bebezinho medroso! –concluiu Tiago.


–Não sou um bebezinho medroso! –respondeu Alvo.


–Claro que é! Espere só até eu falar que você não respeitou um juramento de mindinho!


–E para quem você vai falar? –perguntou Alvo temendo a resposta.


–Para todo mundo de Hogwarts! E ninguém vai confiar em você! Alvo Potter, o mais novo sonserino dedo-duro que quebra juramentos!


–Eu aposto que você já deve ter quebrado um juramento!


–Não, nunca!


–Eu duvido! –disse Alvo. –Você que é o Rei da Brincadeira! Vive com suas travessuras e...


–Só por que sou travesso e gosto de brincar com as pessoas, não quer dizer que eu seja um dedo-duro que quebra juramentos e promessas! –disse Tiago. –Devia saber que não se deve quebrar juramentos, já que é o filhinho perfeitinho...


–Para com isso! –disse Alvo irritado. –Você está no meu quarto! Não vou deixar você falar de mim assim!


–Ah, é! Obrigado por me lembrar! –disse Tiago. Ele pegou seu travesseiro e suas cobertas.


–Tiago, onde é que você vai? –perguntou Alvo arrependido.


–Vou para o meu quarto!


–Tiago, espera! Eu não quis dizer que...


–Tarde demais, Alvo! –disse Tiago, irritado abrindo a porta do quarto. –Fique aqui e da próxima vez pense antes de me dedurar para a mamãe e quebrar o juramento!


–Não, Tiago, espera, por favor... –disse Alvo agarrando o braço do irmão.


–Me solta! Eu odeio você! Queria que não fosse meu irmão!


–Tiago! Não, Tiago!


Era tarde demais. O irmão já entrara no seu quarto. Alvo voltara para sua cama. Sentiu as lágrimas caírem pelo seu rosto. Não gostava de brigar com o irmão. O pior de tudo era saber que, se em Hogwarts, ele precisasse de ajuda para sair de uma encrenca, como na vez em que os meninos o perseguiram a escola inteira e quase lhe pegaram, Tiago não o ajudaria. Ele ia apanhar, porque não sabia duelar muito bem, e era péssimo em lutas... Ele viu claramente a imagem dele correndo pelos terrenos da escola, fugindo de um bando de alunos, pedindo ajuda ao irmão, que simplesmente lhe dera as costas...


–Al...? –perguntou uma voz, era sua mãe. –Está tudo bem?


–Está... –mentiu ele.


–Você é um péssimo mentiroso. –disse Gina sentando-se na cama ao seu lado.


–Não, estou bem... –disse ele.


–Se está, por que você está chorando? Eu ouvi você gritando... O que aconteceu?


Ele contou tudo à mãe. Contou sobre a noite passada, sobre o juramento, e como tivera medo de dizer a verdade. Contou sobre a Capa que o pai lhe dera, e como Tiago ficara bravo e como eles brigaram.


–Acha que eu vou poder me defender sozinho em Hogwarts, se o Tiago me der às costas?


Gina sorriu e cobriu o filho.


–Alvo... –disse ela numa voz suave que sempre o confortava. –Seu irmão só estava aborrecido... Tenho certeza que logo ele vai voltar a falar com você. E ele não vai fugir de você em Hogwarts...


–Mas e se ele fugir? –perguntou Alvo. –Se ele me deixar sozinho e não quiser me ajudar? Eu vou apanhar...


–Não, não vai... Ninguém vai perseguir você, e quando você estiver em Hogwarts, vai aprender muitos feitiços...


–Mas o Tiago disse que vai espalhar para todo mundo que eu sou um bebê medroso... –disse ele, quase num sussurro. –E os alunos maiores vão rir de mim, e vão querer me bater... E o Tiago não vai estar lá para me ajudar... Ele disse que me odeia...


–Ele não estava falando sério... E... Eu vou te contar um segredo... Quando você estiver em perigo, e precisar do seu irmão... Basta pensar nele... Pense do fundo de seu coração... Diga bem baixinho que precisa dele... Se fizer isto de coração, mesmo que ele esteja muito longe, ele vai saber... Por que ele te ama... Vai sentir que você está em perigo... E virá te ajudar... Certo? Agora vá dormir... Boa-noite, filho... –Gina depositou um beijo na testa de filho e foi embora.


Depois daquelas palavras, Alvo conseguiu dormir.

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