Formatura e Muita Água Parte I

P.O.V.: Hermione

– Mione, você está bem? – Rony me perguntou me trazendo de volta a realidade.

– Sim, eu acho. – Respondi distante.

– Desculpa, a culpa é inteiramente minha, eu ficava sempre ao seu lado e tirava sua concentração. – Que convencido. – Você nem deve ter escutado quando a McGonagall falou sobre o discurso.

– Será que vocês não percebem a culpa não é de vocês, não é de ninguém. Só peço que Merlin me ajude.

– Ele vai te ajudar, e você fará um discurso que será aplaudido de pé. – Harry me consolou.

– Merlin te ouça.

– Atenção, a hora está chegando. – Hora de morrer só se for. Calma Hermione, o que vou fazer, tenho pouco tempo pra pensar em alguma coisa. O que eu vou falar? Que raiva, por que Merlin, por quê? – Senhorita Granger, aconteceu alguma coisa? Você está pálida.

De fato eu estava palidíssima.

– Não é nada, só um pouco nervosa. – Um pouco? Completamente.

– Sei, aconteceu a mesma coisa comigo, eu também fui oradora sabe. Fiquei nervosa de mais. Quase desmaiei. Não precisa ficar nervosa, vai dar tudo certo.

– Diretora, eu tenho que lhe contar uma coisa. – Era melhor contar que ficar sem nada pra dizer e com cara de tacho na frente de 40 alunos mais seus familiares.

– Sim?

– Me entenda, eu não sabia que precisava fazer um discurso e agora eu não sei o que fazer, porque meus amigos só falaram isso hoje e eu não tenho nada pra dizer. – Soltei tudo rapidinho. Ela me olhou com uma expressão de por que não contei antes, daríamos um jeito.

– Por que não me contou antes, daríamos um jeito. O que vamos fazer agora. – Tive uma ideia, meio brilhante e meio idiota.

– Diretora, a senhora disse que já fez um discurso em seu último ano. – Ela assentiu. – Será que eu poderia ler ele? – A esperança é a última que morre.

– Tudo bem, eu vou ir buscar. – Ela saiu apressadamente do Salão comunal. Rony se aproximou de mim e me beijou depois disse que tudo ia dar certo, apenas assenti e fiquei olhando atentamente esses olhos que tanto me fascinavam.

Esse ano Rony e eu não pudemos ficar muito tempo junto, a pressão do último ano foi muito grande, estudar pros NIEN’s, não tive muito tempo pra admirar seus olhos. Nós estávamos um pouco afastados e isso me entristeceu muito, e quando ficávamos juntos eu me desligava do mundo ao meu redor, era só eu e ele, acho que foi por isso que não ouvi McGonagall falando sobre um discurso. Falando em discurso, a diretora voltara com um pergaminho muito velho (não me lembro exatamente de que ano ela é, mas a julgar pelo estado do pergaminho...).

– Aqui está senhorita, cuidado, o pergaminho está frágil. – Tomei o pergaminho de suas mãos e li...

...

Gente eu até me emocionei com os dizeres dele, de onde ela tirou tanta inspiração? Definitivamente eu não conseguiria. Decidi fazer um resumo do que eu li, rapidinho peguei outro pergaminho (um mais decente), uma pena e um tinteiro e me pus a escrever...

...

– Um pouco maior do que imaginei senhorita. – A diretora me elogiou. – Crianças. – Quando ela disse isso todos a olharam na com uma olhar de “Com que ela pensa que está falando?”. – Como quando vocês chegaram a Hogwarts, eu os chamei e vocês tiveram que usar o chapéu seletor, nada mais do que justo que isso se repita, porém um pouco mais diferente. Direi seus nomes e suas casas e vocês irão pegar seu diploma, logo em seguida iremos ouvir o discurso de oradora que a colega de vocês (namorada e cunhada, ouvi Rony, Harry e Gina sussurrarem), Hermione Granger preparou em agradecimento há todos esses anos.

– Você conseguiu escrever? – Gina me perguntou ansiosa.

– Sim, foi com pressa mais sim. – Respondi enquanto seguíamos para o saguão de entrada. Assim que entramos no Salão Principal tive certeza de que ela havia sido aumentada pra caber todos os familiares e alunos ali.

Todos nós entramos e nos sentamos nas respectivas mesas, vi meus pais (que foram chamados) e acenei, também vi o senhor e a senhora Weasley (meus sogros).

– Bem vindos a todos, estamos aqui para mais um encerramento de ano, não sei por que, mas sinto falta das encrencas em que o senhor Potter arranjava com seus amigos... (precisei rir) ...Com certeza Alvo faria um discurso de encerramento melhor que eu, mas já que estamos aqui: Mais um ano letivo veio e foi, e com ele vocês, alunos que lutaram bravamente estão indo junto. Isso é realmente triste. Bom, tivemos uma mudança de planos e agora será feito o discurso de oradora da melhor aluna da serie, Hermione Granger. – Congelei, não esperava por uma “mudança de planos”.

– Vai Mione, é a sua vez.

– A é, okay, estou indo.

–É a primeira vez que tenho que fazer um discurso assim, espero que me entendam.

“Bom, este é nosso último dos últimos dias em Hogwarts, e eu não sei vocês, mas minha ficha só vai cair quando for 1º de setembro e eu não embarcar no expresso. Fizemos muitas amizades aqui, algumas boas e outras nem tão boas assim – Eu não tinha começado a chorar, mas minha voz ficou embargada. – Tantas aventuras, mas também muitas perdas, pessoas inocentes, familiares, colegas, amigos... Aquela batalha foi devastadora, mas foi precisa. Agora todo mundo sabe o segredo de imortalidade de Voldemort, imortalidade que levou a morte. Agradeço por esses anos que passamos nessa escola, aprendemos muitas coisas, coisas que pretendo levar pra vida toda e pra minha futura profissão. Também não pretendo esquecer tão cedo assim desta escola, andar em uma carruagem, sentar nesses bancos e assistir a seleção dos alunos do primeiro ano, comer um banquete delicioso modéstia a parte. Será uma coisa muito difícil. Mas temos que seguir em frente. – Pronto, o circo estava armado, eu já comecei a chorar e olhando direito muitas garotas também choravam. – Foi muito difícil lidar com a discriminação, mas com os amigos que eu tenho foi bem mais fácil. Eu tenho muito orgulho de ser nascida trouxa, não me arrependo de nada que fiz. Queria que todos pudessem fazer o mesmo. Somos iguais, ninguém é, é melhor que ninguém. Ninguém é estranho ou esquisito, só é um pouco diferente – Pensei na Luna. – Temos habilidades especiais, e coisas que os outros não têm. E devemos usa- lós para o bem é claro. Mas quando se sentir triste, sem esperanças, ou sozinho, procure duas soluções. 1º O amor e 2º Hogwarts sempre estará aqui a quem a recorrer.”

Depois desse meu discurso eu fiquei extremamente vermelha, pois recebi muitas palmas, gente é serio fiquei morrendo de vergonha, não sei nem como consegui falar tudo isso.

– Obrigada senhorita pelos momentos de sabedoria que você nos proporcionou. E tenho que concordar com tudo que a senhorita falou. Volte ao seu lugar. – Última frase sussurro. Voltei meio que correndo pra mesa da Grifinória e com lagrimas no rosto.

– Foi muito lindo o que você disse Mione. – Gina falou enquanto chorava como eu.

– É tudo ou uma parte do que eu sinto. – Falei e deitei minha cabeça no ombro de Rony.

– Agora. – A diretora falou se recompondo. – Vamos aos diplomas, quando eu disser seus nomes façam o favor de vir até aqui.

– Abbott, Ana, Lufa- Lufa (palmas).

– Bones, Susana, Lufa- Lufa (palmas).

– Boot, Teo, Corvinal (palmas).

– Brocklehurts, Mádi, Corvinal (palmas).

– Brow, Lilá, Grifinória (palmas).

– Bulstrode, Mila, Sonserina (palmas).

...

...

– Finch-Fletchley, Justino, Lufa- Lufa (mais palmas).

– Finnigan, Simas, Grifinória (palmas).

– Granger, Hermione, Grifinória - Quase não percebi que era minha vez, fui muito nervosa. Recebi meu diploma e não contive o sorriso. Recebi muitas palmas.

...

...

– Longottom, Neville, Grifinória (palmas muito bem merecidas).

– Lovegood, Luna, Corvinal (palmas igualmente merecida).

– MacDougal, Morag

– Malfoy, Draco, Sonserina (palmas só da mesa da Sonserina).

– Moon...

– Nott...

– Parkinson, Pansy, Sonserina (a mesma coisa que o Malfoy).

– Patil, Padma, Corvinal (palmas).

– Patil, Parvati, Grifinória (palmas).

– Perks, Sara

– Potter, Harry, Grifinória (muitas palmas, principalmente vindas de Gina).

...

...

– Thomas, Dino, Grifinória (palmas).

– Turpin, Lisa, Corvinal (palmas).

– Weasley, Ginevra, Grifinória (Gina gemeu ao ouvir seu primeiro nome inteiro, aplaudimos muito, principalmente Harry).

– Weasley, Ronald, Grifinória (agora foi minha vez de aplaudir muito).

...

E por fim...

– Zabini, Blás, Sonserina (como seus amigos, só a mesa da Sonserina mesmo).

– Não acredito a ficha ainda não caiu, a gente não vai voltar primeiro de Setembro, o que eu vou fazer? – Abracei Rony, ele começou a acariciar meus cabelos, acho que estava acontecendo à mesma coisa com Gina e Harry.

– Não fique assim pequena, eu sempre estarei aqui, com você. Não se esqueça, eu te amo nunca te deixarei.

– Mas Rony, foi aqui que demos nosso primeiro beijo e foi aqui que viramos amigos e tudo o mais, não é assim que a banda toca. – Encharquei toda a beca dele.

Desabei em lagrimas, eu queria por tudo pra fora. Que realidade dura, por que tinha que ser assim. Rony era tão bom pra mim, eu quero esse homem pra toda a minha vida.

– Crianças, vocês estavam divinos. – Senhora Weasley veio até nós. – Hey, não chore. Acho que se a escola fosse de 10 anos vocês diriam que é tempo de mais.

– Mas é difícil de mais dizer adeus.

– Você não vai dizer adeus, pode muito bem voltar pra fazer uma visitinha. Durante o tempo em que Jorge e... Fred... Estudavam sempre éramos convocados. – O senhor Weasley pelo visto estava tentando nos animar, mas quando ele disse Fred sua voz meio que falhou.

– Tem razão senhor Weasley, obrigada. Eu vou falar com meus pais. – Fui até meus pais e fui recebida com um abraço super caloroso. Faz tempo que não recebia esses abraços. No Natal nos ficamos em Hogwarts por causa dos NIEN’s então fiquei sem eles por muito tempo.

– Filha, que lindo discurso. – Meu pai falou.

– Obrigada pai!

– Não precisa chorar amor.

– Ah, mãe, é muito triste. – Meu pai e minha mãe se olharam suspeitamente e eu fiquei curiosa. – O que foi?

– Bem ér que... – Minha mãe começou.

– Bem filha, é que sua mãe e eu vamos ter que viajar, e não sabemos quando vamos voltar e queríamos saber se você não quer ir com a gente? – OMG, meu mundo caiu. O que eu vou fazer? Eu amo meus pais, mas também não posso deixar o Rony. Na outra vida eu devo ter sido uma pessoa muito malvada pra isso estar acontecendo.

– O que? Pra onde vocês vão? – Eu queria ganhar tempo pra pensar, o que eu vou fazer, não posso deixar o Rony aqui, mas também não quero ficar longe dos meus pais.

– Canada. – Longe de mais.

– Por quê?

– É preciso querida, e então, você vem com a gente?

– Eu preciso de um tempo pra pensar. – Sai correndo dali. Como eles podem fazer uma coisa dessas? Eu não posso escolher entre o amor da minha vida e os meus pais.

Eu já estava triste de mais e agora tudo piorou. Estava sem destino, só sabia fazer correr. Fui para os jardins, no Lago Negro. Chorei por uns dez minutos, meu mundo estava acabando, literalmente. Nem percebi que alguém se aproximava de mim.

– Mione, o que foi? Você está bem? – Rony estava desesperado, eu não conseguia me acalmar, e ainda bem que Rony entendeu. Sentou-se ao meu lado e ficou me observando.

– Eu não estou bem. – Isso foi só o que consegui falar. – Realmente não estou bem.

– Quer me contar o que aconteceu? – Rony me olhava apreensivo. Respirei fundo e olhei em seus olhos. Descobri que eles me acalmavam.

– Meus pais vão viajar e...

– E...?

– Querem que... Eu... Vá com eles pro... Canada. – Ele ficou incrédulo.

– Mas... O que... Como... Por que... – Ah Rony me desculpe.

– Eu não sei o que fazer, não quero te deixar, mas eu amo meus pais. Isso é muito injusto.

– O que você vai fazer?

– Eu não sei.

– Faça o que achar melhor pra você.

– Acontece que eu não sei o que é melhor pra mim.

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