O QUE O MAPA MOSTROU



CAPÍTULO 11


 


O QUE O MAPA MOSTROU


 


 


 


 


 


 


 


 


No final de semana, os alunos saíram para Hogsmeade. Enquanto isso outros tomavam outro rumo. Harry, Gina, Luna e Algie passeavam pelo pórtico e, após Harry consultar o Mapa do Maroto, viram que o terceiro andar estava livre. Gina deu um beijo em Harry e se despediram.


 


_Cuide-se e volte logo.


_OK. Não demorarei, prometo.


 


Depois de sair no porão da Dedosdemel, Harry encontrou-se com Rony, Hermione, Soraya, Nereida e Janine. Foram à Zonko’s, que Harry ainda não conhecia e depois à Encantos Brilhantes, onde ele comprou para Gina um cordão de ouro com um pequeno pingente com um rubi engastado e mandou embrulhar para presente. Em seguida, foram até a Casa dos Gritos. Harry continuava coberto pela Capa de Invisibilidade e ainda bem que estava assim. Draco, Crabbe e Goyle estavam ali.


 


_Olha só quem apareceu. _ disse Crabbe _ Já avisamos que a Casa dos Gritos não está disponível, Weasley. Não adianta querer se mudar para cá.


_Na verdade, Crabbe, eu desisti. Prefiro deixar para você, pois assim encontrará um lugar onde caberão sua língua e seu traseiro. _ respondeu Rony, arrancando risadas dos amigos.


_A audiência sobre Bicuço será hoje. _ disse Draco _ Espero que Hagrid tenha uma boa peça de defesa preparada.


_E isso chega a lhe deixar contente, Malfoy? _ perguntou Soraya.


_Na verdade nem um pouco, “priminha”. _ disse Draco, sabendo que Soraya não gostava que lembrassem o parentesco entre eles _ Não adiantou nada eu dizer ao meu pai que o hipogrifo não teve culpa, que ele se assustou com o grito de Pansy. Ele vai depor e insistir para que o sacrifiquem.


_Qual é, Draco? Você não deveria se importar com isso. Deixe que McNair dê um jeito no hipogrifo. Depois mande empalhar a cabeça e dê de presente para Hagrid colocar na sua cabana. _ disse Goyle.


 


No instante seguinte, Goyle saiu voando uns dois metros, com a força do chute que recebeu no traseiro. Crabbe tentou reagir mas, quando deu um passo à frente, caiu por terra. Suas calças haviam sido arriadas até os tornozelos. Draco olhava para aquilo curioso, enquanto Crabbe tentava se levantar e ajeitar as calças. Goyle vinha voltando e estava bastante bravo.


 


_Muito bem, Weasley, me diga como foi que você conjurou a Megabota que me atingiu, sem que ninguém percebesse.


_Eu não fiz nada, seu paranoico! _ disse Rony, rindo-se por dentro. O ruivo, bem como os amigos, já sabia o que estava acontecendo _ Devem ser os fantasmas da Casa dos Gritos, que não gostaram de ser perturbados por dois “imbeciotas” como vocês.


_ “Imbe”... o quê? _ perguntou Crabbe.


_Ora, o resultado da cruza de imbecil com idiota dá exatamente o que vocês são, dois imbeciotas. _ disse Rony.


 


Ainda enraivecidos, mas com medo dos possíveis fantasmas, Crabbe e Goyle foram se afastando. Mas o Gran Finale estava para acontecer. Assim que deram o primeiro passo, os dois caíram como duas abóboras maduras. Os cordões de seus sapatos haviam sido amarrados.


Assim que desfizeram os nós, desceram de volta a Hogsmeade. Atrás deles, Draco segurava o riso. (“Aqueles dois não aprendem mesmo, são dois... como foi mesmo que Ronald Weasley os chamou? Ah, sim. ‘Imbeciotas’. A expressão cai como luva neles”, pensou o loiro).


 


_Depois dessa, acho que é melhor eu voltar logo para Hogwarts, antes que notem minha falta. _ disse Harry, debaixo da Capa de Invisibilidade.


 


Mais tarde, no castelo, Harry ia sair pela corcunda da estátua de Gunhilda de Gorsemoor e consultou o mapa. Remus Lupin e Severo Snape se aproximavam. Então, apagou o mapa e preparou-se para sair e se afastar dali, mas algo estranho aconteceu.


Ele sentiu um Ki diferente e reativou o Mapa do Maroto, para ver de quem se tratava. O nome que ele viu na legenda do boneco quase fez seu queixo cair. Apagou novamente o mapa, saiu pela corcunda da estátua, tentando localizar a pessoa a quem aquele Ki pertencia, não mais conseguindo e se afastou, tentando não cruzar com os professores. Mas, em um instante, a escada em que ele estava mudou de posição e ele deu de cara com Snape e Lupin.


 


_Potter, o que faz longe da Torre da Grifinória e, principalmente, longe da Srta. Weasley? _ perguntou Snape, irônico.


_Estava estudando para a avaliação de Poções que o senhor vai nos aplicar na próxima semana e resolvi sair um pouco, para esticar as pernas. _ disse ele, com a melhor cara-de-pau que pôde fazer, enquanto Lupin olhava, divertido. Era como estar vendo Tiago, nos seus velhos tempos de alunos.


_Sei, sei. _ disse Snape _ E quanto a esse pergaminho saindo do seu bolso?


 


Harry quase gelou, mantendo suas defesas mentais para evitar que Snape lesse sua mente. Por sorte, já havia apagado o mapa. Pegou o pergaminho e entregou a Snape.


 


_Por que razão está carregando um pergaminho velho, Sr. Potter?


_Ah, isso é para rascunho, devo tê-lo esquecido no bolso.


_Está com mais cara de ser alguma armação sua. Isso parece que tem a assinatura das confusões de Tiago, nos nossos velhos tempos. Passe para cá.


 


Harry entregou a Snape o pergaminho em branco, julgando ver um olhar diferente em Remus Lupin, meio divertido, meio preocupado. Snape tocou o pergaminho com a varinha.


 


_ “Revele seus segredos.” _ o pergaminho continuou em branco e Snape novamente ordenou _ “Severo Snape, professor de Hogwarts, ordena que você me mostre tudo, AGORA!


 


A essa ordem, o pergaminho começou a mostrar frases, em vez das imagens do mapa. Harry olhou para aquilo, espantado, enquanto Snape ia ficando cada vez mais incomodado e Lupin parecia não se alterar.


 


Severo Snape, deixe seu narigão fora daquilo que não te interessa. Assinado: Moony”.


Criatura safada e mal acabada, desista e vá brincar com seu kit de química. Assinado: Prongs”.


Como é que você chegou a ser professor? Enfeitiçou alguém ou não havia outra opção para a cadeira? Assinado: Padfoot”.


Vá lavar os cabelos, antes que o pergaminho fique todo ensebado. Assinado: Wormtail”.


Reconheça quando está derrotado e não esquente a cabeça. Assinado: Fourhands”.


 


_Só pode estar carregado de magia negra. O que você acha, Remus?


_Para mim, Severo, está mais para um logro da Zonko’s.


_Ou será que o Sr. Potter não poderia tê-lo recebido direto de quem o fabricou?


_Pouco provável. _ disse Lupin _ Ainda mais porque Harry não deve conhecer nenhum dos cinco que assinaram essas frases. Conhece, Harry?


_Nunca ouvi falar deles. _ respondeu Harry.


_Bem, creio que isso resolve a situação. Ah, ficarei com o pergaminho. _ disse Lupin, pegando-o das mãos de Snape e guardando _ Harry, venha comigo. Vamos aproveitar para aperfeiçoar seu Patrono. Até mais, Severo.


 


Harry e Lupin foram para a sala de Defesa Contra as Artes das Trevas. Chegando lá dentro, Lupin trancou a porta.


 


_Foi por pouco, Harry. Há anos que eu não via esse pergaminho, desde que Filch o confiscou. Sei que ele é um mapa e conheço quem o fez. Pode ser um risco você continuar com ele, pois certamente ele lhe foi dado com a intenção de facilitar sua saída da escola, transgredindo a ordem do Ministro que, por mais absurda que possa parecer, deve ser acatada. _ disse Lupin, com seriedade _ Ficarei com o mapa, pois não há razão para você se arriscar, quer Sirius seja culpado ou não.


_Certo, Prof. Lupin. _ disse Harry _ Vamos torcer para que tudo se resolva logo.


_E como ficarei com ele, não tente outra travessura. Eu estarei monitorando seus passos. _ disse Lupin, apontando para o mapa.


_Não sei não, Prof. Lupin. Parece que esse mapa possui falhas.


_Como assim?


_Pode até parecer bobagem minha, pois posso ter confundido a frequência vibracional do Ki, mas acontece que cheguei a ver no mapa o nome e a miniatura de alguém que está morto.


_Hein? Como é que é? _ e Lupin pareceu estar bastante interessado no que Harry acabara de dizer _ Quem foi que você viu no mapa?


_Uma miniatura com a legenda “PETER PETTIGREW”. Depois o Ki sumiu e não consegui mais localizar. _ disse Harry.


_Tem certeza? E como você sabe que ele deveria estar morto?


_Essa não foi a primeira vez que fui a Hogsmeade, Remus. Para dizer a verdade, foi a segunda _ disse Harry, meio sem jeito _ Na visita anterior, quando meus pais e o Ministro estiveram no Três Vassouras, eu estava na mesa ao lado, escondido e com o Ki baixo. Foi quando ouvi toda a história de como Pettigrew era o Fiel do Segredo, como ele traiu meus pais e como Sirius foi atrás dele e ele morreu naquela explosão de gás que ele mesmo provocou.


_Hmm, então você já sabe porque evitamos dizer o nome daquele nojento. Sim, Sirius o perseguiu, logo depois que vocês foram levados para o St. Mungus e o encurralou. Para tentar matar Sirius e os Aurores que foram atrás dele, Pettigrew explodiu uma tubulação subterrânea de gás, em Londres. Mas o tiro saiu pela culatra, pois o atingido pela explosão foi ele. Só sobrou um dedo, que foi conservado e colocado em uma redoma na Seção dos Aurores, como um símbolo para que jamais se esquecessem do destino de um traidor. Mas o dedo desapareceu, há uns dois ou três anos. Pode ir, Harry, entregar o presente da Srta. Weasley. Ou pensa que não reconheci o pacote de presente da Encantos Brilhantes? E lembre-se, estarei de olho em você.


 


Harry saiu e foi para a Torre da Grifinória. Lá chegando, entregou a Gina o presente, colocando-o no pescoço da garota.


_Obrigada, Harry, é lindo. Mas a ocasião não é das melhores.


_O que aconteceu, Gina?


_Carta de Hagrid. _ disse Janine, pegando-a das mãos de Hermione, que chorava e não conseguia falar, com Rony a seu lado _ É o veredito do Ministério, Bicuço foi considerado culpado e será sacrificado.


_Merlin! Não há nada que se possa fazer? _ perguntou Harry.


_Ainda cabe recurso, mas creio que será muito difícil. Principalmente com a pressão de Lucius Malfoy. _ disse Soraya _ Vamos falar com Hagrid, amanhã.


 


No dia seguinte, domingo, os amigos desceram até a cabana de Hagrid. Bicuço continuava do lado de fora, acorrentado a uma estaca, junto ao canteiro de abóboras gigantes. Todos fizeram uma reverência, correspondida pelo animal. Harry acariciou seu bico, enquanto o hipogrifo arrulhava como um pombinho.


 


_Não acredito que ele seja violento. _ disse Janine _ Pelo que vocês contaram, ele apenas se assustou e se moveu bruscamente, como qualquer animal faria.


_O problema é que Lucius Malfoy é muito influente no Ministério, graças às generosas doações. _ disse Soraya.


_A corrupção não é exclusividade do meio trouxa, eu já estou vendo. Como é que foi lá, Hagrid? _ perguntou Janine.


_Fiz como me orientaram, apresentei os precedentes que vocês pesquisaram na Biblioteca, com datas e documentos, mas não adiantou. No momento em que Lucius Malfoy começou a falar, alguns dos membros da Comissão pareciam até que estavam se borrando. _ disse Hagrid _ No final, acataram o que ele disse. Sei que ainda cabe recurso, mas estou certo de que vão indeferir.


_Isso não vai nos impedir de tentar. _ disse Nereida.


_ É isso aí. “Não está morto quem peleia, tchê”. _ disse Janine.


 


O uso da expressão tipicamente gaúcha para mostrar que não se deve desistir até o último momento serviu para descontrair um pouco. Hagrid aqueceu a água e cada um preparou seu chá preferido. Depois de algum tempo, despediram-se e tomaram o caminho de volta para o castelo. No meio da trilha, cruzaram com Malfoy, Crabbe, Goyle e Montague, que observavam a cabana de Hagrid com binóculos.


 


_Estavam nos espiando? _ perguntou Hermione, com aspereza.


_Estávamos observando pássaros. _ disse Goyle, de forma zombeteira.


_Na verdade, observávamos Bicuço. _ disse Draco _ Ele não me parece nada violento. Aquilo foi mesmo instintivo, por causa do grito de Pansy.


_Talvez porque realmente não seja. _ disse Harry.


_Isso não tem a menor importância, Potter. _ disse Montague, com um sorrisinho cínico _ Só sei que logo a Sala Comunal da Sonserina terá um troféu para ser colocado sobre a lareira, ao lado do quadro de Slytherin: A cabeça empalhada do hipogrifo de um professor incompetente.


 


Harry preparou-se para socar Montague, sem se importar com quaisquer consequências em sua ficha disciplinar, mas Hermione Granger foi mais rápida e engatou um soco que, devido à sua raiva, estava carregado de Ki, quase fazendo o punho da garota brilhar.


 


_Criatura abjeta, lesma nojenta que vale menos do que um monte de estrume de dragão! _ exclamou a garota, cheia de fúria, enquanto seu punho avançava rumo a Montague.


 


Os outros ficaram apavorados, pois Hermione não estava medindo as consequências. Aquele soco poderia matar Montague ou, no mínimo, deformar o rosto do sonserino. Mesmo Draco, que não tinha a habilidade de sentir o Ki, percebeu a emanação de energia daquele golpe e, como estava mais perto, tratou de fazer algo para salvar o colega do resultado da besteira que fizera, mesmo que ele merecesse.


 


_SAIA DA FRENTE, MONTAGUE! _ exclamou Draco, empurrando o Capitão da equipe de Quadribol da Sonserina para longe, também procurando não ficar na frente do punho da garota, tudo com uma velocidade maior do que a normal, talvez por reflexo, talvez porque a situação tivesse causado uma momentânea explosão de Ki.


O movimento de Draco Malfoy deu resultado, embora não totalmente. Nenhum dos dois foi atingido pelo punho de Hermione, mas Draco ficou perto o suficiente para que o deslocamento de ar o jogasse longe. Caído ao solo, meio estonteado, o loiro não acreditava no que havia acabado de acontecer. Montague não fazia ideia do perigo de que acabara de escapar.


 


_Harry, você tem obrigação moral de vencer a Sonserina nas finais do Quadribol! _ exclamou Hermione _ Faça de tudo para apagar o sorrisinho idiota do rosto dessa cobrinha bocuda!


_OK, Mione. _ disse Harry, enquanto ele e Janine ajudavam Draco a se levantar, o sonserino ainda meio desorientado. Crabbe e Goyle já estavam longe, os dois covardões.


_Draco, leve o Montague para longe daqui, pois a Mione está “com sangue nos olhos”. _ disse Janine.


_??? _ todos olharam para Janine com cara de quem não entendia nada. Afinal, ninguém conhecia aquela expressão.


_Significa que ela está extremamente furiosa e pode agir sem medidas. Saiam daqui, para sua própria segurança. _ explicou a garota.


_Não precisa dizer duas vezes, Janine. _ disse Draco, agradecendo a ajuda e puxando Montague em direção ao castelo, enquanto Rony e Janine seguravam Hermione, que parecia estar soltando vapor pelas orelhas _ Se eu senti o que foi a força do deslocamento de ar, imagine o que seria ser atingido por um soco dela, em cheio.


_Não sobraria muita coisa. _ disse Montague, com a voz trêmula, acompanhando Draco. Parecia haver uma mancha diferente nas calças dele.


 


Na Sala Comunal da Grifinória, os bruxinhos conversavam em frente à lareira, sentados nas confortáveis poltronas. Hermione já não estava mais tão furiosa, mas ainda estava bastante alterada. Janine logo veio com a solução, na forma de uma caneca de chá que entregou a Hermione.


 


_Hmm, que delícia, Jan. _ disse a garota, após sentir o aroma do chá e tomar um gole, visivelmente mais calma _ O que tem neste chá?


_Bem, lá no Rio Grande do Sul nós também apreciamos chás, mas de tipos bem variados, tanto de ervas quanto de flores e frutas. O próprio chimarrão, por exemplo, não deixa de ser um chá. Este tem camomila, melissa, maracujá, cidró e mulungu.


_Nossa, uma mistura para lá de calmante. _ disse Hermione, tomando mais um gole _ O cheiro do cidró, também chamado “capim-limão” ou “erva-cidreira” é bem característico. Já estou me sentindo melhor, obrigada.


_Se alguém mais quiser, a chaleira está aqui. _ disse Janine.


 


Algie serviu-se de uma xícara, seguido pelos outros. Pelo visto, não era só Hermione que precisava de uma mistura relaxante.


 


Na aula de Feitiços, os Inseparáveis notaram a ausência de Hermione e Janine, encontrando as duas durante o intervalo que teriam até a aula de Adivinhação, ambas com caras de cansadas.


 


_Vocês perderam a aula de Feitiços e foi bem interessante. Os Feitiços para Animar deixam a gente se sentindo muito bem. _ disse Neville.


_Oh, não! _ exclamou Janine _ Acabamos perdendo a aula, Mione.


_Vamos procurar pelo Prof. Flitwick e ver se conseguimos recuperá-la, Jan. _ disse Hermione, saindo com Janine _ Encontraremos vocês na aula de Adivinhação.


 


Com efeito, vinte minutos depois, as duas estavam junto aos amigos, enquanto o chão do final do corredor subia e o teto se abria como um diafragma de câmera fotográfica. Eles já estavam acostumados com aquilo. Na sala permeada pelo aroma do incenso, que a deixava enevoada, agruparam-se à volta das mesas, uma bola de cristal no centro de cada uma.


_Cristalomancia? _ perguntou Harry _ Graças a Deus que terminamos com a Quiromancia.


_Por que, Harry? _ perguntou a Profª Trelawney, com sua voz etérea.


_Bem, professora, não é nada agradável alguém só prever desgraças e fazer caretas ao examinar as minhas mãos. _ a professora corou de leve, parecendo meio incomodada _ Mas, por outro lado, fico feliz das previsões negativas não terem se realizado.


 


A Profª Trelawney foi para outra mesa, à qual estavam Parvati Patil e Lilá Brown, enquanto os amigos disfarçavam sorrisos, na penumbra da sala.


 


_Mas bah, Harry. _ disse Janine, baixinho _ Só faltou você dizer, com todas as letras, que ela é uma vigarista.


_Se não é, tem tudo para ser. _ disse Hermione _ Mas Dumbledore certamente tem suas razões para mantê-la lecionando aqui, embora na minha opinião essa matéria seja o maior tapa-buraco.


_Muito imprecisa. _ disse Neville _ E os verdadeiros Videntes são raros. E sua mãe é um deles, Soraya.


_É verdade. _ confirmou a filha de Sirius e Ayesha _ Se bem que ela é descendente de uma Vidente poderosíssima.


_Sim, Cassandra Trelawney. _ disse Nereida _ Bem, vamos ver no que é que isso vai dar.


 


_Não será fácil alguém ver algo de concreto, nas primeiras observações da bola. _ disse a professora _ Talvez algum vislumbre ou fragmentos, apenas. Mas estarei aqui, para orientá-los.


_Estranho, parece que há algo se movendo. _ disse Harry, sinceramente tentando ver algo na névoa  da bola.


_Deixe-me ver, Harry... Está se aproximando, aquele cão enorme e assustador que...


_Ora, professora, de novo com o tal do Sinistro? _ perguntou Hermione, descrente _ Mas que absurdo.


_Srta. Granger, vejo que a senhorita não possui mesmo o perfil para a arte da Adivinhação.


_Pelo menos uma vez eu vejo a senhora dizer algo que tem algum fundamento. _ disse Hermione _ E como, ainda bem, Adivinhação é uma matéria optativa, estou pegando o meu boné. Desisto desta matéria e estou indo direto para a Secretaria, para formalizar. Com licença, professora.


 


Hermione saiu da sala, com a mochila às costas. A professora ficou no meio da sala, boquiaberta. Jamais alguém havia desistido de suas aulas daquela maneira. Respirando fundo para disfarçar a raiva, ela logo retornou ao seu estado habitual.


 


_Lembram-se do que eu disse no início do ano letivo? Que alguém nos deixaria, perto da Páscoa. Aí está a prova. _ disse ela, com sua costumeira voz etérea.


_A picareta se safou de novo. _ sussurrou Janine, enquanto os amigos concordavam.


 


Mesmo com a carga de deveres transformando as férias de Páscoa em uma verdadeira tortura, Harry ainda tinha de achar tempo para os treinos de Quadribol, já que a final contra a Sonserina seria na próxima semana. Oliver Wood não parava de lembrar a Harry que somente conquistariam a taça se ele capturasse o pomo com uma vantagem superior a cinquenta pontos, o que já estava dando nos nervos do bruxinho.


Rony, Algie e Luna assumiram a responsabiidade de pesquisar casos para o recurso que Hagrid deveria apresentar, o que livrava Hermione de mais uma carga, pelo que a garota agradecia. Hermione Granger e Janine Sandoval eram as que mais se esforçavam, o que só não transparecia mais na aparência das duas devido ao seu treinamento. Mesmo assim, ambas estavam bastante cansadas e resolveram dar uma parada, tanto pela dificuldade de se concentrar quanto pelo bem de sua saúde.


À noite, Harry recolheu-se mais cedo e dormiu, com certa dificuldade. Lá pelas duas da manhã, acordou meio sobressaltado, pensando que perdera a hora. Consultando o relógio, tranquilizou-se e foi tomar um pouco de água. Olhando pela janela, pensou em como era um privilégio poder estudar em um local tão belo, enquanto admirava as montanhas e os jardins banhados pelo luar, completamente vazios.


Ou quase.


Colocando os óculos e firmando um pouco mais a vista, viu que Bichento passeava pelo gramado (“Esse bicho não dorme nunca”?) e não estava sozinho.


Harry quase engasgou com a água ao ver que o gato de Hermione estava em companhia de... um enorme cão preto? Fez menção de acordar Rony para confirmar o que vira, mas lembrou-se de como o sono do amigo era pesado, então não adiantaria nada. Quando olhou novamente, já não havia mais sinal dos dois. Os jardins estavam vazios como antes (“Nada bom. Ver aquela criatura na véspera do jogo não me parece um bom sinal. Se bem que Bichento também o via, então não devia ser um espírito. Mas aquele gato sempre foi meio esquisito. Preciso voltar a dormir, para acordar bem pela manhã”, pensou Harry).


 


Assim que Madame Hooch apitou, dando início à partida final daquele ano, ficou bem claro que seria uma batalha. Os Dementadores respeitavam as ordens de Dumbledore e mantinham-se bem afastados dali, sem entrar nos limites da escola, mesmo que aquilo significasse para eles a privação de um banquete de emoções.A vantagem pendia ora para uma equipe, ora para a outra em uma partida equilibradíssima, na qual as duas Casas davam tudo de si a fim de conquistar o título daquele ano. Foi quando a Sonserina começou a apelar para algo que era a sua especialidade, o jogo sujo.


Primeiro, Marcus Flint colidiu com Angelina Johnson, que acabara de marcar um gol, quase derrubando-a da vassoura. Pênalti, que foi cobrado e convertido. Mas a Sonserina logo marcou e a vantagem da Grifinória voltou a ser de apenas dez pontos.


A tarefa de Harry era das mais difíceis. Como só poderia capturar o pomo quando estivessem com pelo menos cinquenta pontos de vantagem, precisaria iludir Draco até que fosse o momento. Por sorte, em todas as vezes ele conseguira localizar o pomo antes do Apanhador da Sonserina e voar na direção oposta, enganando-o. Só que aquilo não poderia durar para sempre, pois Draco em breve perceberia o ardil.


Quando a vantagem da Grifinória estava em trinta pontos, as Serpentes pareciam ter perdido todos os pudores e utilizavam das mais desleais manobras para, se não conseguissem marcar, ao menos impedir que a Grifinória fizesse mais gols. Em uma sequência de jogadas violentas, que culminou em um pênalti para cada Casa, Katie Bell conseguiu marcar e, por sua vez, Oliver Wood defendeu. Logo em seguida, outro pênalti. Bole e Derrick rebateram um balaço cada um, na direção de Wood, sem que a goles estivesse na área do gol. Angelina marcou e, logo em seguida, Alícia Spinnett aproveitou uma nova vantagem e cravou a goles no aro da esquerda do gol adversário. Aquela diferença de sessenta pontos já permitiria à Grifinória conquistar a Taça, caso Harry capturasse o pomo.


 


_Harry, AGORA!! _ gritou Wood. Naquele momento, Harry deu início à caçada, ao ver o pomo acima dele, enquanto o restante da equipe segurava a vantagem.


Mas Draco Malfoy não tinha nada de bobo e notou que agora a coisa era para valer. Então, impulsionou sua Nimbus 2001 e aproximou-se de Harry, que utilizava de toda a sua habilidade e da maneabilidade superior da Firebolt. Ali perto, Montague gritou para Draco.


 


_Draco, faça qualquer coisa! AGARRE-SE NA VASSOURA DELE, SE FOR PRECISO!!! _ exclamou o sonserino.


_Pirou, Montague?! _ espantou-se Draco, sem perder o foco em Harry e no pomo _ Seremos punidos se eu fizer isso!


_Não vai por bem, vai por mal! _ Montague acelerou sua vassoura e colidiu com Draco, em uma trajetória que o obrigou a agarrar a vassoura de Harry, para não cair de mais de vinte metros de altura.


 


_MONTAGUE, SEU MONTE DE ESTRUME DE HIPOGRIFO! QUANDO CHEGARMOS AO CHÁO VOCÊ VAI SE VER COMIGO! _ gritou Draco, furioso com o companheiro de equipe. Jamais pensou que tivessem coragem de fazer aquilo com ele.


 


Aquilo surtiu efeito e a Firebolt desacelerou, devido ao peso extra, enquanto o pomo desaparecia. A manobra desleal resultou em um pênalti para a Grifinória que Alícia perdeu, por estar furiosa. Dali a pouco, a Sonserina marcou e a vantagem caiu para cinquenta pontos. Harry tinha de capturar o pomo o mais rápido possível.


Angelina estava com a goles, mas a equipe da Sonserina formou um bloqueio maciço, que só foi rompido quando Harry investiu contra eles, fazendo com que se dispersassem. Quando localizou o pomo, Draco estava em vantagem e o grifinório precisou de toda a velocidade da vassoura para emparelhar com o loiro, enquanto Angelina marcava mais um gol. Disputavam a captura centímetro a centímetro, até que Harry executou uma manobra bastante arriscada.


Prendendo seus pés nos estribos, tirou as mãos do cabo da vassoura e impulsionou o corpo para a frente, dando uma cambalhota no ar. Aquilo aumentou sua velocidade, afastou o braço de Draco e permitiu a Harry fechar a mão esquerda, mantendo a esfera alada firmemente segura. Empunhou o cabo da vassoura com a mão direita, recuperando seu controle total e mudando sua trajetória, voando para cima a executar spins e parar no alto, a cerca de cem metros de altura, descendo tranquilamente até onde estavam os times. A equipe da Grifinória envolveu Harry Potter em um forte abraço coletivo, aquela massa vermelha-e-amarela descendo de volta ao chão. Ao aterrissarem, Harry ergueu o braço e mostrou o pomo, batendo as asinhas em sua mão, confirmando o que o time e toda a torcida gritavam, a uma só voz.


 


_VENCEMOS! A TAÇA É NOSSA! VENCEMOS! A TAÇA É NOSSA!


 


Finalmente, desde o tempo de Carlinhos Weasley, a taça da Copa de Quadribol das Casas era uma vez mais conquistada pela Grifinória. A torcida invadiu o campo e assim que Dumbledore entregou o troféu a Wood, que logo o passou a Harry, que o ergueu no ar, o aplauso foi ensurdecedor.Ao lado, a equipe da Sonserina aguardava para receber as medalhas de vice-campeões e um episódio não passou despercebido a Harry, abraçado a Gina, nem aos outros Inseparáveis. Janine percebeu que vinha coisa pesada dali.


 


_Lembra-se do que eu disse, Montague? De que você ia se ver comigo, assim que chegássemos ao chão? _ perguntou Draco.


_L-lembro, Draco. _ gaguejou Montague, Naquele momento, Draco estava “com sangue nos olhos”.


_Pois então é agora. “COLON EXONERA!


 


Com o feitiço de Draco, Montague imediatamente sentiu uma incontrolável onda que turbilhonava em seus intestinos e saiu correndo em direção ao banheiro mais próximo, mas já era meio tarde. O fedor e a mancha em suas calças denunciavam que algo havia vazado.


Aquilo fechou com chave de ouro aquele jogo. Dando um beijo apaixonado em Gina, sendo abraçado e cumprimentado por seus pais, seu irmão, pelos Inseparáveis e pelos demais colegas, Harry Potter estava tão feliz que, certamente, não haveria Dementador capaz de resistir ao Patrono que ele sentia-se capaz de conjurar. Nem mesmo Lord Voldemort poderia estragar aquele momento.


Na arquibancada da Sonserina, Severo Snape fazia uma anotação em um bloquinho. A atitude de Montague havia sido desleal demais, até mesmo para a Sonserina, não podendo passar em branco. Restava agora decidir qual seria a detenção para ele... depois que ele terminasse aquele “momento de rei” que estava tendo.


 


Ninguém percebeu que, em um ponto fora das vistas de todos, um par de olhos atentos e perversos não perdia um só detalhe daqueles eventos.

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