Prólogo



 Foi difícil abrir os olhos naquela manhã de natal, mas consegui. Havia um barulho no andar de baixo e eu não queria descer de maneira nenhuma pois sabia o que me esperava na sala; pisquei uma vez, ainda focando o teto cinza do quarto. Lentamente virei a cabeça para o lado e encarei o guarda-roupa decorado com o emblema da Sonserina, sempre gostei do verde e do prata. E aquela cobra. Gostava do efeito dela no pano preto das vestes. Olhei para o outro lado e vi minha janela aberta, provavelmente esse fosse o motivo do frio que sentia. Empurrei os cobertores me sentindo como um drogado, não parecia pensar direito no que estava fazendo.

 - Excelente! - resmunguei comigo mesmo.

 O vento gélido que entrou pela janela fez com que meu corpo inteiro se arrepiasse. Olhei através do vidro já fechado da janela e vi um pássaro voando pelo céu claro e sorri, mas logo parei.

 - Por que estou sorrindo por um pássaro? Só posso estar louco!

 Minha mãe deixara minhas roupas dobradas sobre a escrivaninha. Pretas. Por que sempre tenho que vestir preto quando não estou em Hogwarts? Já cansei disso, talvez fale com meu pai para comprar mais vestes. Depois de algum tempo enrolando para me arrumar, finalmente fiquei pronto e desci.

 - Olha quem vem aí! - tia Bella.

 Por que ela tem que me apertar desse jeito? Nunca gostei dela, não entendo o motivo de tê-la em casa.

 - Bom dia, tia - pelo menos educação eu teria que demonstrar, então forcei um sorriso. - Bom dia a todos!

 Quem eram aquelas pessoas? Metade... Não! Não, mais da metade eram desconhecidos! Pelo menos, para mim, nenhum deles faria falta se simplesmente caíssem mortos naquele mesmo instante. Meu pai, minha mãe, os únicos que realmente faziam diferença naquela sala.

 - Draco, seus presentes estão na sala ao lado!

 Minha mãe sorriu para mim. O único sorriso sincero desde que acordei e desci para receber os convidados. Sorri para ela também, agora eu sabia quem realmente importava em minha vida e estava disposto a manter por perto. Saí dali para a sala ao lado e encontrei uma pilha de embrulhos.

 - Mãe... Pai... Onde estão os presentes dos meus pais...? Ah!

 Achei o do meu pai primeiro. Um embrulho pequeno, cabia em minha mão. Com calma, tirei a fita que o envolvia e abri a pequena caixinha, retirei o papel que sempre vinha por cima e encontrei um broche com o emblema dos Malfoy. Ouro puro, devia ter sido extremamente caro. Em outros tempos um presente desse teria feito com que um enorme sorriso se abrisse em meu rosto, mas não hoje, não agora. Prendi o broche em minhas vestes negras e fui atrás do presente que minha mãe deixara ali para mim.

 - Mãe, mãe, mãe... Aqui!

 Havia um cartão! Quanto tempo fazia que não recebia um cartão da minha mãe? Acho que desde a infância... Talvez só tivesse recebido uns dois ou três em toda a vida. Sorri. O que estava acontecendo comigo? Um pássaro voando e um simples cartão de natal que dizia "Que os anjos lhe protejam e que Merlin esteja sempre lhe guiando. Com amor, sua mãe" estavam me fazendo sorrir? Abri o embrulho com cautela, esperando que dessa vez não fosse algo extremamente caro e que me fizesse perder a rara alegria que aquele cartão me proporcionara.

 Realmente não estava preparado para o que o embrulho trazia. Naquele momento, me arrependi de ter desejado algo que não fosse caro. Era cristal, isso percebi só de olhar; tinha formato de coração e parecia ser uma caixa! Sim, minha mãe me dera uma caixa de cristal em formato de coração. Com muito cuidado para não deixar cair, abri a caixa e encontrei um lobo de pelúcia, já muito surrado. Me lembrei na mesma hora que bati os olhos nele.

 - Eu dormia com esse lobo quando era criança!

 Meu sorriso agora tomava o rosto todo e meus olhos se enxeram de lágrimas. Realmente acordara estranho aquela manhã, mas isso não fazia com que o meu prazer de receber aquele simples presente diminuísse.

 - Draco?

 Meu pai entrou na sala e seus olhos se arregalaram ao me encontrar ajoelhado no chão com uma caixa de cristal no colo e um lobo velho de pelúcia nas mãos. Repentinamente, meu pai chutou a caixa de cristal que se desfez em milhares de pedaços brilhantes e, com um simples movimento de varinha, fez meu lobo pegar fogo, saindo da sala em seguida. Não entendi o motivo, mas estava estupefato demais para pensar nisso. Simplesmente fiquei ajoelhado lá, olhando os cacos de cristal e algumas cinzas do que fora minha infância, no chão.

 Senti as lágrimas quentes encherem meus olhos, mas consegui contê-las com um grande nó na garganta e uma dor crescente no peito. A única coisa que me fizera feliz naquele momento fora destruída, e pelo meu próprio pai. Nunca fui do tipo que precisava ser amado por todos, nunca fui de precisar de uma namorada pra ser feliz. Sempre passei a imagem de ser forte, mas só por isso as pessoas achavam que eu nunca chorava, que eu nunca sofria, que eu nunca ficava triste. E esse foi o maior erro delas, achar que por ser forte eu não tinha um coração.

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Comentários (2)

  • LílianMiller

    Lucius é um pouco problemático por aqui, hahaha. Não tenho beta, provavelmente esse seja o problema... Mas enfim, obrigada pelo comentário (:

    2012-07-28
  • HiHeloise

    Tadinio do Draco, que coisa mais triste! Por que o Lucius fez isso com o presente dele?! (Isso ficou um pouco fora de contexto). Gostei da personalidade do Draco, não é muito comum vê-lo assim. Tirando alguns probleminhas de betagem, gostei do prólogo. Vou acompanhar ^^

    2012-07-28
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