Confiando



Cedrico não conseguia se mover, estava paralisado.


Hermione continuava se debatendo e chorando calada.


Como ela pode sofrer assim quieta?!


Cedrico, como se alguma coisa tivesse se apoderado dele, caminhou lenta e cautelosamente até se ajoelhar ao lado de Hermione. Esta tinha suas pálpebras cerradas, e tentava controlar os impulsos de dor que seu corpo soltava.


_Hermione por favor se acalma._Cedrico tentava segurar Hermione pelos ombros numa tentativa inútil de faze-la parar de se debater.


Os frenéticos  impulsos que o corpo da menina dava acabaram por se tornarem maiores e simultaneos.


Hermione agora tremia em meio à lágrimas, porém mantinha-se firmemente calada.


Ela não poderia suportar Harry e Ron se marterizando pelo que acontecera com ela e seus pais. Não poderia aguentar contar tudo o que acontecera e continuar firmemente com a cabeça e os ombros erguidos. Ela sabia que se contasse eles começariam a trata-la diferente, não a deixariam mais se envolver nesta luta, nessa emboscada que Valdemort entrelaçava cada dia mais. Se contasse para eles, todos os seus esforços para continuar lutando seriam seriamente barrados.


Ela, agora mais do que nunca, queria vingança. 


Desta vez ela não teria piedade de qualquer um que ousasse atravessar seu caminho.


Cedrico não conseguia acalmar Hermione, os impulsos continuavam e agora a respiração da menina começara a ficar sufocadamente alterada, era como se Hermione estivesse expelido o ar de seus pulmões, ela parecia lutar para inalar o oxigênio, porém suas tentativas estavam cada vez mais inúteis.


Cedrico sem saber o que fazer pegou a mão de Hermione e concentrou-se.


O garoto havia fechado os olhos e tentava-se recordar de alguns momentos em que havia visto Harry e Rony com Hermione.


Lembrou-se do dia em que o chapéu seletor destinou os três amigos para a mesma casa, a felicidade, tanto na mesa da Grifinória quanto nos rostos dos três, era igualável.


Eles haviam sido destinados para terem um vínculo muito forte de amizade, tal amizade que Cedrico nunca teve, amizade a qual atraia inveja e ódio de muitos a volta deles.


Deixou-se vagar por mais uma lembrança. Dumbledore acrescentara vários pontos para a casa da Grifinória devido a ousadia e coragem dos três amigos.


Lembrou-se do orgulho no rosto de Ron, lembrou-se da feição emocionada de Hermione e logo em seguida do sorriso do menino-que-sobrevivera de novo.


Sorrisos mutúos, deveria-se chamar este momento.


Cedrico riu da própria piada, ele estava totalmente ausente de tudo exceto do calor da mão que estrelaçava-se na sua.


Voltou-se para o dia em que Hagrid havia retornado de Azkaban, o dia em que a câmara havia sido fechada e Hermione voltara a vida. A pequena Hermione correndo pelo salão e abraçando fortemente Harry e por um impulso se afastando de um Rony muito encabulado.


Lembrou-se da únião e das lágrimas entre os demais.


Cedrico preparava-se para viajar em mais uma lembrança quando sentiu um aperto fraco em sua mão, mais ainda sim era um aperto.


Abriu os olhos imediatamente, e seus olhos encontraram-se com os olhos castanhos mais lindos que ele já pensara encontrar.
*** 


Hermione sentiu uma sensação de desespero, definitivamente ela iria morrer.


Sentia tanto por perder a chance de se despedir dos seus amigos...


Focalizou imagens de Harry e Ron em sua mente.


E como se tivessem anestesiado-a por inteiro ela sentiu seu corpo relaxar e seu batimento e seu corpo relaxar.


Sentiu lembranças de seus amigos invadindo sua mente.


O chapéu seletor...


A revira-volta na taça das casas....


A volta de Hagrid e dos demais que estavam petrificados...


Ela e seus amigos...


Hermione sentira seu braço adormecer, porém a dor havia sumido por completo de todo o seu corpo.


Inalou um pouco de oxigênio, e abriu os olhos pausadamente, tentando focalizar de onde estava vindo aquele calor em sua mão.


Por mais incredúla que estava a imagem de Cedrico está encaixou-se perfeitamente em sua mente.


O garoto tinha os olhos fechados, porém sua face estava tranquila. Hermione sorriu fracamente ao ver um meio sorriso curvando-se em seu perfeito rosto.


A garota seguiu os olhos para sua mão, Cedrico segurava a mesma com delicadeza deixando que sua energia e força transpassace a pele branca da menina.


Hermione acariciou a mão de Cedrico, pois queria avisa-lo que não havia mais perigo, sendo que sua fraqueza era tamanha que não conseguia nem mesmo sorrir amplamente, então apoderou-se de um sorriso fraco enquanto observava Cedrico erguer os olhos e encontrar os dela.


Seu coração acelerou, mais desta vez não por dor, era algo mais, algo que nem a inteligência de Hermione podia entender.


 


*****


 


Os dois continuaram se encarando, trocando olhares e sorrisos.


Não havia porquê falar.


Simplesmente eles queriam ficar assim, esperando que o tempo não passase, esperando que o mundo parasse.


Porém gritos ensudercedores começaram a ser ouvidos por ambos.


Eles olharam para a porta implorando  que nada estrasse pela mesma.


_Krum deveria ganhar um troféu por ser tão lindo..._ a voz não estava muito longe, por muito o contrário parecia estar praticamente ao lado da pequena porta de madeira.


Cedrico olhou para Hermione que já estava se levantando dificultosamente.


_Espera._como se por impulso Hermione deitou-se novamente ao som da ordem do garoto.


Cedrico levantou-se e passou as mãos por baixo dos joelhos de Hermione e a ergueu facilmente.


Hermione encostou sua cabeça sobre o peito de Cedrico e este abriu um sorriso involuntário.


Ele abriu umas das cabines do pequeno banheiro e fechou-a ficando contorcido no pequeno espaço junto à uma Hermione em seus braços.


_Eu não o acho lindo._disse uma segunda voz mais esganiçada do que a primeira_eu o acho rico e famoso, pra mim está de bom tamanho.


Hermione, mesmo fraca, não conseguiu soltar um suspiro de exasperação.


Cedrico sorriu ao ver a careta da mesma em relação ao último comentário.


E assim se seguiu uns dois minutos de conversa entre as duas bruxas sobre Vítor Krum.


Guando finalmente ouviram a porta bater, Cedrico abriu o compartimento em que se encontravam e deu graças a Merlim, pois apesar de ser um tanto forte, Hermione não era das mais leves...


Hermione viu o suspiro de alivio de Cedrico e calculou o óbvio: ele não suportava mais seu peso.


_Eu não sou tão pesada assim!_disse ainda meio fraca, mais praticamente pulando dos braços de Cedrico.


Hermione cambaleou e sentiu-se tonta por diversos segundos.


Quando finalmente abriu os olhos viu que Cedrico a segurava pelos cotovelos com receio de uma possível queda.


_Tá tudo bem._ela tentou acalma-lo.


_Não está nada bem.


Hermione encarou Cedrico e pode ver muitas perguntas se acumulando em seus olhos.


Hermione nunca havia o visto com uma cara tão série, apesar de nunca ter realmente tido contato com Cedrico ela o via pelos corredore da escola e todos as vezes que o vira, seu sorriso era tão resplandecente quanto a luz do sol.


Nunca vira sua face tão enigmática e tão frustada por ainda não obter nenhuma resposta.


_Não conte pra ninguém o que viu.


Ela tentou soar tão séria quanto a face de Cedrico, porém Cedrico conseguiu captar uma nota falsa em sua voz. Hermione estava com receio que ele o fizesse.


Ela parecia muito corajosa, mais ele pode ver os medos que assombravam seus pequenos olhos.


_Preciso de repostas._ele não podia deixar-se levar pelo rosto totalmente angelical da garota.


_E eu preciso descansar, e mais do que isso preciso que confie em mim e não diga nada do que aconteceu.


Cedrico olhou-a mortificado. Como ela poderia pedir para que não fizesse nada, depois de tudo que ela havia passado?!


_Por favor, Cedrico.


Cedrico transformou sua face duramente séria, em uma de compaixão. Seria realmente compaixão?!


Ele não sabia, simplesmente sentia que tinha que ajuda-la e protegê-la, talvez agora mais do que nunca.


_Eu prometo.


As palavras saíram involuntárias, porém não foram palavras vindo de um comando operacional que é o cerébro, ele sentia que as palavras vieram de um lugar muito mais importante do que os demais, essas palavras vinham do coração.


O coração ao qual nem ele mesmo conseguia entender, e vice-versa.


 


 


 


 


 


 

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