Desespero



_Hermione!_gritou um garoto de cabelos escuros cuja testa estampava uma cicatriz em forma de raio.


Harry desceu as escadas rapidamente para abraçar a amiga que acabara de chegar.


_Que saudades Mione. 


_Digo o mesmo._os dois ainda estavam abraçados quando uma voz reconhecivelmente ruiva soou do andar de cima.


_E eu?_falava um ruivo alto e mudado desde a última vez que Hermione o vira.


Hermione levantou seus olhos e seu coração parecia ter parado ao encarar Rony, parecia que um furacão havia acabado de invadir seu corpo deixando-a tonta e seus batimentos acelerados.


Rony parecia ter melhorado sua aparência visivelmente  desde o último ano em que Hermione o viu.


Ele estava realmente muito bonito e atletico na concepção dela.


Apesar da mesma estar travando uma grande luta contra  as emoções que  se apoderavam de seu corpo, Hermione conseguira, até mesmo neste momento insano, esconder toda a sua felicidade aos demais que estavam no cômodo, limitando-se a abraçar Rony, que a essa altura já havia descido as escadas com uma enorme facilidade devido as mudanças fisicas que ocorrera, o abraçou com a mesma alegria que abraçara Harry, permitindo-se a deixar apenas esta à vista.


_Quando você cheg..._ Harry fora interrompido com um grande bater de portas do andar superior.


_Finalmente vocês acordaram!_gritou um Sr Weasley sorridente que descia as escadas seguido pelos demais ruivos.


Hermione abraçou todos os que desciam simultâneamente com um enorme sorriso nos lábios.


Era tão bom estar em casa outra vez...
 


****


 


Depois que a Sra. Weasley fez praticamente um discurso sobre o que fazer e não fazer na Copa Mundial de Quadribol, todos os demais partiram ao encontro de um amigo do Sr. Weasley que iria também na copa.


_Amus deve estar muito zangado, certamente..._o Sr. Weasley braguejava durante cada cinco minutos sobre o atraso dos Weasley's para com o seu amigo.


Hermione estava muito cansada da viagem e mesmo com as reclamações do Sr. Weasley foi desacelerando o ritmo, deixando todos os demais à sua frente.


O percursso até onde estaria o Sr. Diggory e seu filho foi extremamente quieto, com excessão dos gemêos e das reclamações consistentes do Sr. Weasley.


Todos estavam com sono, o sol nem começara a dar sinal de vida ainda, e Hermione já sentia-se morta...


_Ora já não era sem tempo._gritou um senhor cuja as vestes alegavam seu pertencimento ao mundo mágico e seus cabelos denunciavam também sua idade.


_Amus, desculpe o atraso._ gritou o Sr Weasley olhando propositalmente para Rony que parecia um morto-vivo. Apesar de tudo, Hermione não se contentava em admitir a si mesma que o morto-vivo à sua frente lhe agradava grandiosamente.


O sr Weasley apertou a mão do Sr Diggory amigavelmente, foi quando do nada em estrondo aconteceu bem diante deles, fazendo com que o sono de todos evaporasse.


Hermione  mais rápida do que nunca não pensou duas vezes e sacou a varinha de suas vestes posicionando-a na cara do autor do estrondo.


_Mais o que...? _ começou o Sr Diggory sem saber exatamente as palavras para prosseguir.


O garoto à frente de Hermione não parecia mostrar nenhum sinal de perigo, pelo muito o contrário, estava com praticamente um ponto de interrogação na cara.


_Hermione, acalme-se é apenas o filho de Amus.


Hermione deixou que a raiva que ardia em seus olhos se esvaisse ao perceber de quem se tratava.


Cedrico notou a súbita mudança no olhar de Hermione, enquanto está abaixava a varinha visivelmente envergonhada.


_Desculpe-me._disse uma Hermione encabulada.


A garota ao perceber o olhar que todos apontavam gesticuladamente para ela abaixo a cabeça e encaminhou-se para seu lugar ao fundo parando somente para recolher a bolsa, que sem nem ao menos perceber fora jogada ao chão por ela ao som do barulho.


_Bom..._disse o Sr Diggory tentando ao máximo não soar tão chateado quanto estava._acho melhor irmos andando.


Todos começaram a caminhar rapidamente como se caminhar fosse esquecer o episódio ridículo que acabara de acontecer.


Cedrico estava alarmado, ela parecia tão decidida, tão cheia de raiva...


Por pouco não lhe jogara uma maldição...


Ele desacelerou o passo para ficar perto de Hermione, esta caminhava lentamente tentando ao máximo não alcançar o ritmo dos demais.


Cedrico olhou-a agora já ao seu lado e percebeu que a garota andava olhando para seus pés, parecia não estar neste mundo, parecia estar viajando em uma lembrança à qual não lhe deixava aproximar-se da realidade...


Hermione caminhava lembrando-se no que acontecera durante o recesso escolar:


 


A porta batendo-se...


 


Vultos encapuzados...


 


Seus pais, os olhos aflitos...


 


A tentativa de defender-lhes...


 


Eram muitos...


 


A dor, tanto física quanto emocional...


 


Ela não conseguira...


 


Sem perceber uma lágrima lavou-lhe o rosto, porém olhos atentos captaram a lágrima que molhava-lhe a face.


Cedrico ficou incrédulo ao perceber a lágrima que Hermione soltara sem ao menos perceber.


Por que ela estava chorando?!


Não fora de todo o mal assim o que fez..., fora apenas um engano.


Sentiu um nó aperta-lhe a garganta, não aguentava ver aquela lágrima pendurada em seu rosto sem destino...


Cedrico aproximou-se de Hermione e delicadamente passou o polegar sobre a lágrima.


Hermione assustou-se com o toque macio da pele de Cedrico, porém não recoou, apenas levantou os olhos para o mesmo.


Ao ver a sinceridade nos olhos do garoto abriu-lhe um singelo sorriso, não era o sorriso que Cedrico esperava ver, mais algo, até mesmo naquele sorriso, fez com que seu coração parasse por menos de um segundo enquanto ele olhava ainda incrédulo para a figura ao seu lado.


Hermione ordenou-se a desviar o olhar do de Cedrico e andou agora com uma certa urgência que nem ela mesma conseguia entender.


Cedrico ficou uns segundos parado absorvendo o que acontecera.


Ele não conseguia identificar o por quê  de sentir-se daquela maneira.


Então obrigou-se a sair do transe que se apoderara de seu ser, e caminhou com urgência logo atrás de Hermione que de tartaruga pareceu transformasse numa leõa.


Nem Hermione muito menos Cedrico tiveram contato até à chegada de suas respectivas cabanas.
 


Hermione sentia-se horrível por não ter-se desculpado melhor, porém sabia que não conseguiria guardar segredo e acabaria contando à todos o que havia acontecido.


Ela levantou a manga encarando as cicatrizes que levaria consigo para sempre.


Sangue-Ruim.


Aquelas palavras pairavam na pele de Hermione como aço, e faziam a pele arder como fogo.


Durante toda a viagem não sentira a marca queimar tanto quanto está queimava agora.


Ela abaixou a manga certificando-se que nenhum dos Weasley's e nem Harry haviam visto a cicatriz. Felizmente, todos estavam animados pintando as caras de verde e vermelho, ao som do que parecia ser uma banda de bruxos famosos, assim nem percebendo a dor e a aflição que Hermione parecia emanar.


Hermione sorriu para o pequeno grupo que divertia-se no canto interior da barraca.


Hermione não pode deixar de procurar Rony com seus olhos.


Quando finalmente o avistou seu coração parecia chorar por dentro.


Quanto ela o amava..., por que ele não a via com os mesmos olhos?!


A cabeleira ruiva de Rony parecia se destacar no pequeno grupo, talvez fosse apenas porque Hermione estava totalmente e irrevogavelmente apaixonada pelo garoto idiota, machista e humoristíco à sua frente.


Ou talvez pelo fato de que o que mais queremos nunca podemos possuir...


 


***


 


Fogo.


A cicatriz que a maldição causara queimava como fogo.


Hermione tentava controlar-se ao máximo para não gritar  de dor.


Eles estavam todos assistindo o jogo no lugar mais alto que havia na platéia, talvez pelo lugar ser o mais barato e dentro das condições financeiras dos demais presentes.


Hermione agarrou o braço apertando-o como se isso ajudasse a afungentar a dor dilacerante  que sentia.


Ela olhou para os lados, Harry, Ron, Gina e os demais não perceberam a agonia da amiga.


Isso ao menos deixou Hermione aliviada, não queria que eles desconfiassem de nada, como se o que havia feito já não fosse motivo o suficiente para se desconfiar.


_Ah._um grito escapou pelos lábios de Hermione, porém o caos e os gritos eram tantos que não fora percebido por ninguém.


Exceto uma pessoa que parecia presenciar cada movimento dado involuntáriamente pela garota.


Cedrico estreitou os olhos, era óbvio que a garota estava sentindo dor, agonia...


Mais desta vez não era dor emocional, parecia ter alguma coisa a ver com o braço que ela apertava fortemente. A face de Hermione lembrou a Cedrico  a face de um elfo que acabara de ser torturado pelos seus donos...


A brutalidade com os elfos era repugnante para Cedrico, apenas mais uma coisa que ele era totalmente contra.


Ele viu a garota contorcersse mais uma vez.


Ele podia sentir a dor ao ver sua expressão de misericórdia.


Onde estavam os outros que não prestavam atenção em Hemione?


Um monstro dentro de Cedrico rugiu, e mais uma vez ele ficou denorteado com sua preocupação.


Hermione gritou,  mais os gritos ao seu redor abafaram o seu ainda mais do que ele já estava.


Cedrico viu-a se mover dificultosamente entre a multidão e sem pensar sem nem ao menos concordar com o que faria ele saiu correndo atrás de uma Hermione desesperada.


Facilmente conseguiu alcança-la, ela entrara no banheiro feminino.


Olhou para os lados, implorando que ela estivesse só no mesmo, e adentrou o banheiro.


A cena que se seguiu chocou Cedrico como jamais ele pensara chocar-se na vida.


Entre pias e espelhos estava uma Hermione jogada ao chão debatendo-se e chorando, reprimindo seus gritos com sua máxima força.


 


 

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