A sala Potter
Antes do capítulo uma pequena dedicátoria:
Para a Bruna Cecília,
obrigada por me apoiar mesmo não concordando com o shipper e por tudo mais amiga :)
(Harry)
A rua estava vazia, fazia um dia frio na Londres trouxa, eles caminhavam despreocupadamente, mas os três sentiam arrepios por culpa do vento gélido que açoitava-lhes as faces, não havia ninguém no Largo, mas a sua esquerda Remo olhava discretamente a volta deles como se estivesse apreciando o local. Ele e Hermione mantinham algum tipo de conversa, mas Harry não conseguia prestar quase nenhuma atenção ao conteúdo dela, sua cabeça estava a mil por hora... Estava vivendo um daqueles dias em que várias coisas acontecem seguidamente, como se alguém usasse um controle remoto para acelerar um filme, que era a vida dele. Somente nessa manhã ele já tinha passado no mínimo por uma situação dessas, que foi ter beijado Hermione, devagar um sorriso foi cortando a expressão rígida que seu rosto mantinha em consequência do vento. A lembrança era quase real, ainda mais com Hermione a pouca distancia como estava agora, quase podia sentir a leve pressão dos lábios dela nos dele, as mãos macias lhe tocando o pescoço, o cheiro do cabelo ondulado, mas isso também gerava uma leve chateação no garoto. O beijo não durará quase que nem um minuto, como se não lhes fosse permitido... e também havia outro problema, era quase impossível que Mione sentisse o mesmo que ele sentira, talvez ela tenha se deixado levar pelo momento, ou ficado penalizada por vê-lo triste, ele mantinha isso na cabeça, muito provavelmente assim iria doer menos, quando Hermione viesse falar com ele, com a intenção de pedir desculpas por ter-se deixado levar pela situação... E ainda tinha a visita ao seu cofre no Gringots, que era uma coisa pela qual ele estava muitíssimo ansioso... Remo não havia falado nada sobre o que tinha no cofre, somente dissera que eram coisas de seus pais, então não havia como saber exatamente o que devia esperar, o que só o deixava ainda mais tenso, será que os pais teriam deixado coisas pessoais algum tipo de lembrança, o buraco que ele sentia dentro de si era quase palpável, qualquer coisa ajudaria a ameniza-lo, ele era só um garoto... um garoto que queria qualquer coisa que pudesse transmitir um pouco do amor que ele não pode receber iretamente dos pais...
- Harry pra onde você vai? – somente quando ouviu a voz de Hermione ele percebeu que enquanto Remo e Mione haviam parado próximos de uma árvore, na calçada ao final da rua, ele havia caminhado em frente provavelmente por estar tão distraído em seu pensamentos.
Sentindo as maçãs do rosto corarem ao encontrar o olhar de Hermione ele respondeu:
- desculpa, tava pensando...
- não precisa de desculpa Harry, você só esta ansioso, o que é extremamente comum pra alguém na sua situação. Mas tente se manter atento, não se esqueça que estamos em constante risco. – Remo tinha um olhar grave, mas Harry sabia que o lobo fazia isso para mantê-los à salvo.
-não fique assim tão tenso Harry – Hermione olhava para o final da rua com o braço da varinha esticado, ele podia quase ver o sorriso gentil mesmo não vendo o rosto da garota – pode ser que você não encontre o que espera, mas com certeza vai ficar feliz com o que encontrar.
- sei disso. – ele tentou ser educado, eles estavam tentando ajuda-lo, eram amigos.
O noite-bus parou abruptamente em frente ao trio, mas não foi Lalau quem abriu a porta, o próprio motorista do ônibus falava com eles...
-bom dia, este é o ... – o velhinho com cara de garrafa ia dizendo com uma expressão que dizia que ele odiava ter que fazer o trabalho de outras pessoas.
- não se preocupe nós conhecemos a historia. – falou Lupin calmamente enquanto fazia sinal para que os garotos subissem no ônibus, e pagando ao motorista.
Harry parou intrigado próximo do motorista, era estranho que Lalau não estivesse lá.
- o Lalau não trabalha mais com o Sr...?
- Ernesto, garoto - ele levantou o olhar na direção do garoto - e o lalau esta de folga. – completou calmamente, depois deu partida do ônibus e imediatamente Harry procurou um lugar para se apoiar, dando a conversa por encerrada.
- aqui atrás, Harry. – ele esticou o braço e segurou-se em uma cama que estava desocupada, praticamente deitando nela pra não cair no chão, ele ouvi o riso de Hermione e não pode deixar de corar. O olhar de ambos se encontrou quando ele conseguiu manter um certo equilíbrio. Ela e Remo estavam próximos do fundo do ônibus encostados em uma das janelas, mas era visível que mesmo que equilibrados ele faziam esforço pra continuarem assim.
O garoto riu:
- tinha esquecido como era andar nesse ônibus, já vou ate ai. – ele tentou sair do embaraço e se apoiou na parede do ônibus para ir caminhando ate próximo dos dois... amigos. Lupin se manteve alerta, e não conversava, mas tinha uma postura razoavelmente relaxada. Hermione estava encostada à janela, e premiou Harry com um sorriso quando o garoto conseguiu chegar até eles. O que fez as bochechas dos dois ficarem vermelhas, Harry tentou quebrar o gelo se fingindo de ofendido:
- nem venha com sorrisinhos, Granger, eu ouvi você rindo do meu equilíbrio, não é nada bonito achar graça na dificuldade alheia sabe?
A falsa cara de ofendido dele conseguiu arrancar mais um sorriso da menina.
- desculpa eu ter rido, mas foi cômica essa cena de você quase caindo. - ela riu.
Ele desistiu de fingir magoa: - tudo bem deve ter sido muito ridículo mesmo.
Ambos riram e o silêncio voltou a pairar sobre eles, Harry preferiu deixar assim, uma ou duas vezes percebeu que Hermione olhava furtivamente na direção de lupin, como se esperasse que o lobisomem fosse falar algo, ou simplesmente sair e deixar os garotos à sós. Ele não podia deixar de pensar, que a garota estava tensa desse jeito pelo que havia ocorrido naquela manha, provavelmente estava ansiosa para que pudessem falar sobre o beijo que haviam dado. O que mais o chateava era a certeza que Hermione somente iria se desculpar por ter-se deixado levar e por não ter percebido que o amigo estava carente, provavelmente essa seria a desculpa que ela usaria para o que acontecera com os dois “estávamos sensíveis Harry, não temos que nos desculpar, você sabe que eu te amo, somos melhores amigos, simplesmente nos deixamos levar pela situação, e foi só.” Ele praticamente podia vê-la dizendo isso, mas mesmo assim olhava a menina furtivamente, capturando com os olhos cada mínimo detalhe, ...“ a esperança é a ultima que morre”.
A garota olhava a paisagem passando velozmente pela janela, o vento frio fazia com que seus cabelos se movessem quase que ritmadamente, era possível que ele nunca se cansasse de perceber o quanto ela era bonita. E não era um de um forma forçada, ela simplesmente era bonita, uma forma de provar isso era vê-la vestida como hoje, jeans escuro, uma camiseta de mangas longas lilas-claro, bota e jaqueta marrons, nada de especial, mas ainda assim alguma coisa nela fazia com que se destacasse. E novamente ele se pegou imaginando qual seria a mágica da garota, quando remo o tirou do devaneio:
-chegamos garotos. - Os três se levantaram e desceram do ônibus. – vamos entrar pelo caldeirão furado, é um jeito de não ficar chamando atenção e agir com normalidade, mas mesmo assim fiquem atentos ok? Vamos direto ao gringotes, e depois voltamos pra cá, caso aconteça algo, voltem ao caldeirão furado e contatem a ordem.
- certo remo. Mas como exatamente faremos isso? – perguntou Hermione de forma pratica.
- basta falarem com Tom, o balconista, ele é amigo de Hagrid, ajudará vocês.
- tudo bem, podemos ir? – a voz de Harry falhou uma vez, era visível o quanto estava tenso.
Lupin responde-o apenas com um aceno de cabeça e os três adentraram o bar.
- posso lhes servir algo? – a voz do barman, Tom, surgiu de traz do balcão.
- obrigado Tom, estamos só de passagem. – respondeu Lupin sério.
Não haviam muitas pessoas no bar, mas as poucas que lá estavam, encaravam o trio com olhares soberbos, foi Hermione quem tomou a frente, eles caminharam até os fundos do bar, chegando a parede de tijolos, que era a entrada do beco diagonal. Foi o próprio Harry quem deu um passo a frente e tocou com a varinha no tijolo encantado. Os tijolos começaram a se deslocar, e uma memória surgiu na mente do moreno, só que nela, ele trajava roupas velhas e enormes para ele, e era acompanhado por Hagrid. Quando os tijolos pararam de se mover eles atravessaram o arco, que dava para o beco diagonal, não era nem um pouco parecido com a rua bruxa mais movimentada de Londres que havia sido um tempo atrás, embora ainda fosse um local movimentado parecia muito mais silencioso, eles avançaram calmamente pela rua.
- remo tem alguma chance de passarmos na floreios e borrões na volta?
- desde que seja rápido e o beco esteja mais movimentado não tem problema Mione.
- porque quer passar lá Mione? A lista de materiais chegou, mas a senhora Weasley disse que vem comprar as coisas depois.
- na verdade eu queria comprar um presente Harry, nada demais, é pra um amigo.
Harry sorriu, havia uma minúscula possibilidade de ser pra ele, havia uma chance de Hermione ter gostado do beijo tanto quanto ele...
***
Eles subiram as escadas cinzentas que eram um marco do banco-bruxo, lupin ligeiramente atrás dos garotos, atravessaram calmamente o hall de entrada do banco e se dirigiram ao balcão que dirigia os clientes para seus cofres. O tempo parecia passar mais devagar, e Harry parecia assistir o corpo se mover sem o próprio comando, lhe dominava a sensação de assistir as próprias ações, Remo se adiantou e chamou a atenção do duende responsável.
- Com licença, viemos aqui para visitar o cofre dos Potter. – A voz do homem era amena, mas pela entonação das palavras podia-se ver o quanto ele estava serio.
- Creio que o Sr. Não seja um Potter... precisaremos de uma procuração e da chave do cofre... – o duende repetiu com uma voz monótona e desdenhosa. Era o mesmo duende que recebera Harry e Hagrid na primeira visita do garoto ao banco, mas incrivelmente parecia ainda mais assustador, talvez porque agora não possuísse mais nenhum fio de cabelo, e o nariz ganhara uma cicatriz bastante grotesca.
- Não precisamos de procuração, sou Harry Tiago Potter, dono do cofre. – a voz de Harry saiu mais limpa do que o garoto esperava, mas ainda parecia ser outra pessoa falando.
- Sendo assim... – o duende olhou com uma expressão diferente para Lupin, beirava a curiosidade – é uma retirada de dinheiro?
Harry estava pronto para responder que somente visitariam o cofre, mas o lobisomem cortou-o.
- Na verdade vamos visitar a sala secundaria – prevendo a objeção do duende ele enfiou uma mão por dentro do casaco batido, e retirou um envelope – aqui esta a procuração e a chave da sala.
Hermione lançou um olhar de entendimento e se aproximou de Harry, dando-lhe um sorriso, o garoto não entendeu o motivo.
- Perfeitamente Sr. Mas espero que saiba que somente o jovem Potter poderá entrar na sala secundaria.
O rosto de lupin mudou para uma expressão de total incompreensão junto ao de Harry.
- mas sou o dono do cofre...
- As salas secundarias dos cofres só são visitadas por membros da família, e um membro da família só pode convidar pessoas que não são da família para visitar o cofre quando atinge a maior idade, a não ser que a pessoa em questão seja o tutor, que não é o caso. – informou Hermione no jeito de sabe-tudo que lhe era tão comum. Os dois homens e o duende lhe lançaram olhares surpresos.
- A Srta. Já pensou em trabalhar no Gringotes? – o duende media Hermione como se julgasse a aptidão da garota para o serviço.
- na verdade não, li um livro sobre a historia do banco no ano passado, fiquei curiosa e procurei mais informações, – respondeu prestativa, depois lançou um olhar triste para Harry – teria avisado você antes se soubesse que era uma sala secundaria, desculpe não poder ir contigo.
Harry pôde ver a sinceridade no olhar da menina, ela realmente queria ajuda-lo, alias em geral era isso que ela sempre fazia.
- não se preocupe Mione, a culpa não é tua.
- bom senhor Potter, esta tudo certo com os papeis, o Sr pode acompanhar-me ate o cofre. – cortou o duende de forma que os garotos perceberam o quanto ele era mal-humorado.
- esta bem.
- Harry não se preocupe com o tempo, eu e Hermione te esperaremos no hall de entrada esta bem? – Lupin parecia contrariado em deixar o garoto sozinho, mas parecia controlado por achar o banco seguro, ele puxou Harry para perto e lhe entregou um embrulho – se precisar de nós use isto, não vou sair do banco, assim estarei por perto se precisar.
O garoto enfiou o pacote sob a jaqueta, tendo tempo apenas para constatar que era retangular - tudo bem Remo, não se preocupe, eu volto logo.
Harry sentiu ser puxado, virou espantado, mas era Hermione puxando-o pra um abraço.
- fica bem ok? Queria poder ir contigo, deve ser difícil isso... – a garota falava com a voz abafada, mas sem dar tempo para que Harry respondesse ela se soltou e olhou na direção do duende.
- ok obrigado – Harry olhou ansioso para o duende e o seguiu.
A viagem no vagonete foi como sempre, enjoativa. Mas pareceu demorar menos que das outras vezes.
- cofre dos Potter, chave por favor.
O garoto entregou a chave e o duende destrancou a porta. E entregou a chave e o envelope que Lupin lhe dera. Harry adentrou o cofre, ate aqui não havia nada de estranho, ele já viera ao cofre outras vezes fazer saques, mas nunca havia andado pelo cofre, era maior do que ele pensará, o duende o conduziu por entre as pilhas de galeõs, sicles e nuques, ate chegarem ao suposto fim do cofre. Havia uma saliência na parede que ia do chão ate aproximadamente a metade da altura da parede.
- aqui esta, basta o Sr abrir a porta. Vou espera-lo no vagonete.
Harry olhou feio para o duende, era como se a criatura esperasse que ele soubesse o que fazer, as pessoas estavam acostumadas a Hermione não era possível... ele abriu o envelope retirou a chave, e uma carta. Ele sentiu o rosto esquentar, era a caligrafia do pai... o coração dele pulou uma batida, e um nó se formou na garganta enquanto os olhos caminhavam pelas curtas linhas do papel, o nó dificultava a respiração do garoto, ninguém saberia o quanto ele teria dado para ter Ron e Mione ali com ele... Leu a permissão algumas vezes nunca pensara nisso mas parecia ter a caligrafia parecida com a do pai, tinham o mesmo ‘r’ torto, isso fez com que se alegrasse, guardou a carta no bolso da jaqueta, e caminhou com a chave para a parede, mas não havia onde encixar-la, se aproximou mais, talvez houvesse uma fechadura disfarçada... mas não foi necessário procurar, no momento em que ele tocou a parede uma porta materializou-se, era grande e acompanhava a “risca” na parede, escura, provavelmente de carvalho... e tinha um brasão na porta, mas uma vez ele sorriu, nunca pensara na possibilidade da família ter um brasão, ele se aproximou e passou a mão pela gravura, um “P” dentro de um escudo, preto e ouro... olhou mais atento para a chave e percebeu que ela também tinha uma pequena replica do brasão, colocou a chave na fechadura e virou, a porta se abriu fazendo um levíssimo rangido.
Ele deu um passo a frente e a sala se iluminou, começou a sentir-se tonto, queria memorizar cada detalhe e haviam muitas coisas para as quais olhar, do lado direito da sala estavam dispostas algumas prateleiras de mogno muito escuro que iam ate o teto,Harry supôs que seria para onde Hermione teria ido primeiro pois estavam cheias de livros, no centro da sala estavam duas poltronas e um sofá, com mesa de centro, ao lado esquerdo que era o mais próximo de Harry também tinham prateleiras, mas essas não tinham livros, era uma coleção de diversos objetos. O garoto se aproximou, na prateleira mais próxima havia um jogo de taças com o brasão dos Potter e havia uma placa com uma foto e um nome gravado: Andrew William Mc Brect Potter (1704 - 1760), ao lado um espelho gravado e uma placa com o nome de Paloma Brunty Potter (1716 - 1738). Eram objetos pessoais dos Potter, ele deduziu, era como do dia para a noite ter recordações de uma família, pareciam estar em ordem crescente então ele caminhou para o fundo do cofre, em busca de nomes que ele conhecesse... encontrou um pouco depois Augustus Charlus Potter(1910-1978) provavelmente seria seu avô... uma lágrima silenciosa caiu do rosto do garoto, na prateleira sobre o nome, repousava um relógio de bolso e um pena, ele olhou devagar a pintura do avô, tinha uma aparência muito parecida com a de Harry, mas não usava óculos, ao lado da prateleira do avô estava a da avó, Cynthia Amelia Tegnum Potter (1915 – 1977), ela morrera antes do marido, havia um vaso encantado sobre sua prateleira era lilás e tinha um C e um A entrelaçados, devia ser mágico porque as flores estavam intactas... ele deu um sorriso, a velha senhora tinha um sorriso bondoso e severo, era uma mistura de Molly com Minerva, esse pensamento fez o garoto rir.
Finalmente ele chegou à prateleira a qual mais ansiava ver, Tiago Augustus Potter (1951- 1981) as lagrimas caíram, dessa vez eram mais constantes, o garoto deu um sorriso lacrimoso um pomo de ouro estava na prateleira do pai, mas o detalhe que proporcionou o sorriso foram as letras gravadas T e L, logo abaixo tinha uma pequena letra H não era gravada a caneta como as outras duas, estava gasta por ser de tinta, mas Harry precisou se concentrar novamente para respirar, o nó na garganta estava ficando pior. A foto de Tiago mostrava um olhar audacioso mas brincalhão, e a única coisa que provava não ser uma foto de Harry mais velho eram os olhos, o garoto olhou com carinho os olhos cor de madeira velha do pai. Respirou fundo, o próximo seria tão difícil quanto este, ele caminhou para a próxima prateleira, onde sabia que encontraria a de sua mãe... Lilian Selena Evans Potter (1951 – 1981), as lagrimas escorreram com mais velocidade mas o nó parecia se desfazer quando elas caiam, apoiou a cabeça entre a prateleira dos pais e esperou se acalmar. A foto de Lilian era linda, meu deus como ele não cansava de ver como ela era bonita, ele encostou a ponta do dedo e acompanhou a curva do rosto da mãe na foto, os cabelos acaju caiam em ondas, contrastando com os belos olhos verdes, os olhos dele, era como ver os próprios olhos em um espelho. Ele desviou a atenção para a prateleira, um pequeno caderno com a capa coberta por renda, parecia ser um diário e sustentava um pequenino porta-joias vinho, onde repousava um medalhão com o símbolo dos Potter na frente, e uma foto dela, o marido e um bebê (provavelmente Harry) no interior. Alguns momentos atrás chegara a pensar que não conseguiria parar de chorar, mas as lagrimas agora eram escassas e silenciosas, a tristeza que sempre sentira ainda dói, a falta e a saudade pareciam ainda maiores, mas por algum motivo estar ali, saber que ele tivera uma família que o amava, mesmo que por pouco tempo, lembrar que eles morreram para salvá-lo dava-lhe força, e de certa forma o alegrava.
Ele olhou mais uma vez as lembranças dos pais, mas ainda queria ver o que mais era guardado naquela sala, então se distanciou passando pelo sofá, e chegou ao lado direito da sala, as prateleiras assim como as do outro lado, estavam ordenadas pela data, de forma crescente, em algumas se podia ver objetos valiosos, espadas, joias, e outras coisas assim... talvez por este motivo somente os descendentes maiores de idade pudessem adentrar a sala, era necessário que tivessem maturidade para entenderem, que embora fosse também parte da herança da família, aqueles objetos eram lembranças de seus antepassados e que por este motivo não podiam dispor deles da forma que quisessem, mesmo que de certa forma agora pertencessem a eles. Dessa vez ele decidiu que deveria ir diretamente ver a prateleira dos pais e dos avos. Assim sendo seguiu diretamente para a parte mais recente da prateleiras, agora eram mais objetos em cada prateleira, em muitas ele pode ver livros, o que o fez pensar que talvez Mione fosse uma prima distante, ele riu do próprio pensamento, em outras haviam álbuns fotográficos, diários, em outras ele viu coisas ligadas a esportes, na do avô ele viu uma vassoura dentro de uma redoma, era um modelo antiquíssimo, mas era bonita, havia um emblema do chudley cannons na vassoura (Ron iria rir quando ele lhe conta-se). Na de sua avó, arrumados de forma impecável estavam um tabuleiro de xadrez de bruxo de cristal e uma coleção de bichinhos de pelúcia, o garoto sorriu, era algo muito estranho mas engraçado que alguém colocasse quatro ursinhos de pelúcia em um cofre, deviam ter um imenso valor sentimental, e ele ficou feliz que a avó não tivesse se importado com a opinião dos outros, tendo coragem para guardar o que lhe importava de verdade.
A prateleira de Tiago tinha diversas fotografias dele criança, em hogwarts, dele com Lilian, com os marotos, com Harry no colo, com os pais, e outras com pessoas que Harry não se lembrava, não tinha uma vassoura, mas tinha uma miniatura de uma com o brasão da grifinoria, e um pomo de ouro ao lado. Ele sorriu ao ver a prateleira de Lilian, havia varias fotos dela menina, ela sempre tivera curiosidade sobre a infância dos pais, haviam vários livros e diários, um cachecol de cada casa de hogwarts, ele sabia que Hermione iria ficar convencida se visse, um exemplar de “Hogwarts uma historia”... algum tempo depois de ficar olhando ele se encaminhou parra o centro da sala, logo teria que voltar e fora a única parte que não vira direito. Dessa vez ele parou para prestar atenção, as poltronas junto ao sofá e a mesa de centro davam a impressão de um escritório ou algo assim, provavelmente um lugar para sentar e rever as lembranças, os álbuns de fotos, livros diários, etc... E então uma coisa saltou a vista de Harry, tirando-o dos outros pensamenteos, sobre a mesa de centro repousava um envelope branco. Ele apanhou-o com cuidado, o brasão dos Potter estava do lado de fora, junto com o seu nome:
“Harry Tiago Potter
Com amor, de seus pais”
As mãos do moreno tremeram brevemente e ele sentou no sofá para abri-lo, de dentro retirou duas folhas de papel. Abriu- as e começou a ler a primeira.
“Querido,
Não sei como escrever esta carta, seu pai convenceu-me que deveríamos fazer isso para o caso... bom não gosto de admitir isso, imaginar que posso morrer sem que você tenha lembranças de mim, sem que possa dizer o quanto te amo meu filho... dói tanto (o garoto já não chorava, mas os dedos de suas mãos se contraiam apertando o papel com força). Se por ventura isso vier a acontecer, saiba que morremos lutando para que você tivesse a chance de ser feliz. Ah Harry nós te amamos tanto, espero que tenha a chance de te dizer isso pessoalmente, mas se não tiver tenha certeza disso meu filho. Nesse momento estamos contigo aqui em casa, seu pai está te distraindo no quarto, para que eu posso escrever essa carta. Acho incrível ver como você se ri ao ver fumaça colorida feita pocr mágica, é a sua brincadeira preferida com seu pai. Isso é claro sem contar a vassoura que seu padrinho lhe deu, sei que seu pai e Sirius planejavam ir levar você para voar, mas como as coisas andam parece impossível, cada vez mais gente morre, cada dia é mais difícil resistir aos seguidores das trevas. Nós tivemos que nos esconder, outras pessoas não tiveram sorte... seus avos por exemplo, eles morreram algum tempo atrás (nesse trecho o era possível ver marcas de lagrimas no papel). Tiago ficou desolado quando Chyntia morreu, e depois quando Augustus tentou vingá-la, embora já fossem de idade eles ainda lutavam na ordem, se recusaram a ver o mundo bruxo se tornar tão cruel, eu os admiro por isso, eram a melhor família que eu poderia ter desejado. Você deve se perguntar também sobre os meus pais... eles morreram alguns anos atrás, em um ataque realizado por seguidores das trevas, nas ruas da Londres trouxa. Quando fiquei sabendo que estava grávida de ti, meu filho, não podia ter ficado mais feliz. Eu e seu pai havíamos sofrido tanto, foi como se estivéssemos em um quarto escuro e surgisse uma fonte de luz. Lembre-se disso meu querido, nós sempre te amaremos não importa onde estejamos. Eu queria te dizer muito mais coisas, mas ai ficaria grande demais, ou (odeio pensar nessa possibilidade) talvez não tivéssemos tempo para guardar as cartas de forma segura. Por favor me perdoe por isso, seu pai e eu deixamos coisas nossas no cofre, para que possa se lembrar de nós. Você não tem ideia do quanto te amamos meu filho, se deus quiser, um dia você entenderá. Mas enquanto não chegar, lembra- te, tua família te ama, e luta com seu coração contra tudo que possa machuca-la, lute contra as forças das trevas filho, é por isso que teu pai e eu arriscamos nossas vidas. Para garantir que você possa viver em um mundo melhor que o nosso, para evitar que você sofra.
Com todo meu amor,
(sua mãe )
Lily S. E. Potter”
Ele segurou a folha com carinho por mais alguns minutos, tentando digerir tudo, mas não funcionou, então ele simplesmente puxou a carta do pai para ler.
“ Meu filho,
Acredito que se você esta lendo isso Harry, eu e sua mãe estamos mortos, então meu filho, espero que em primeiro lugar tente perdoar-me. Não tens ideia do temor que passa por meu ser em pensar que não fui capaz de proteger tua mãe, em te deixar sem nós, seus pais. Estamos passando pela maior guerra que os bruxos já viram na Inglaterra, e sei que pode pensar que deveríamos fugir e garantir sua sobrevivência, estamos tentando filho. Mas se tem algo que eu gostaria de ter tempo pra ensinar-te, essa coisa seria lutar Harry. Por sua família, pelos seus amigos, pelos seus valores, lutar para impedir que machuquem e façam mal àqueles que você ama. A pior coisa, a pior dor que podemos sofrer, é ver os que amamos sofrerem.
O que move um homem não é o ódio, como creem os seguidores de Voldemort ( o garoto sentiu um arroubo de orgulho, seu pai tinha coragem de dizer o nome do Lord das trevas assim como ele), a única coisa que pode dar forças para que um homem se levante incansavelmente para lutar, e defender os que ama, é o amor, meu filho. Nada além disso, não se deixe seduzir pelas trevas filho, incansavelmente os seguidores delas te dirão que é mais fácil, que você se tornará mais forte ao seu lado. Nunca acredite, a única coisa que te dará coragem para se levantar e receber um feitiço no lugar de uma outra pessoa, é o amor que você sentir por essa pessoa, o ódio nunca forneceu ou fornecerá este poder.
Eu sei que muito provavelmente você terá de lutar e escolher seu caminho cedo e tenho certeza que mesmo que ganhemos esta guerra nunca estaremos totalmente seguros. Quando você tiver que escolher, lembre- se de que não importa o motivo eu e sua mãe morreríamos mil vezes para protege- ló se isso se fizesse necessário. Quando você precisar de força e coragem para seguir em frente, para não fraquejar, pense no amor que você sente pelas vidas que você salvará, pense no sorriso daqueles que você ama, isso lhe dará tudo o que for necessário para ter coragem e morrer por aquilo pelo qual você luta.
Harry, meu filho, me perdoe eu sei que você esperava que minha carta fosse como a de sua mãe, eu queria que fosse, mas se tem algo que tenho necessidade de lhe transmitir é isso. Morrer por quem amamos é fácil, só precisamos nos lembrar desse amor. Eu e sua mãe nos lembraremos do amor que sentimos por você quando a hora chegar, é por você que nós daremos nossas vidas, para que você possa viver, de preferência em um mundo melhor.
Nunca se esqueça disso meu filho, nós te amamos desde o momento em que soubemos que você vivia dentro de sua mãe, é esse amor que nos fez e faz lutar, é esse amor que nos fará dar a vida. Pode ser que chegue o dia em que terás de fazer a mesma escolha. Escolha o certo filho, ame mesmo que isso te faça sofrer, lute por esse amor mesmo que isso te machuque, morra por esse amor, se isso for o necessário para que aqueles que você ama fiquem bem.
Eu cometi muitos erros em minha vida filho (muito em Hogwarts, pergunte a Remo e Sirius, mas isso não veem ao caso), não sou hipócrita para fingir que sou perfeito, mas com certeza, confiar, lutar, e morrer por quem amo não será um deles.
Eu te amo meu filho, e sua mãe também, nunca se esqueça da intensidade desse sentimento.
Com todo o amor que não poderei lhe dar,
(seu pai)
Tiago Augustus Potter.”
Ele ficou vários minutos apenas olhando o papel sem ler, depois dobrou ambas as cartas e as devolveu ao envelope, depositando- o sobre a mesa de centro, sabia que não podia tirar nada da sala ate os dezessete anos. Levantou- se, seu corpo respondia de forma mecânica, lançou um ultimo olhar para a sala, ainda tentava digerir todas as informações, era complicado demais. Tentava memorizar cada detalhe possível... mas uma parte mínima de seu cérebro lhe lembrava que por mais tempo que ficasse, nunca seria o suficiente.
Virou- se e caminhou para a porta de entrada, que ainda mantinha- se aberta, cruzou- a chegando ao cofre, iria se virar para lançar um ultimo olhar para a sala, mas assim que passou pelo batente, a porta se fechou e do mesmo modo que surgirá, desapareceu, deixando apenas a risca vertical na parede que era o suposto fundo do cofre. Não restava nada a não ser ir embora, então acelerou os passos, fizera Remo e Hermione esperarem demais, andou pelo cofre desviando-se das pilhas de moedas, e chegou à porta onde o duende o esperava.
O rosto do duende era impaciente, carrancudo e mostrava desdém, dirigindo um olhar irritantemente profissional ao garoto perguntou:
- Podemos ir Sr.Potter?
Cansado o moreno respondeu de forma simples, sem dar atenção ao duende:
- Podemos.
A viagem no vagonete serviu para que ele voltasse à realidade, permitindo que digerisse o que vira no cofre. Mas fosse pelo motivo que fosse, nunca mais usaria um vagonete sem lembrar- se daquele dia, seria difícil ate mesmo entrar no banco sem querer ir a sala secreta em seu cofre... gostaria de poder levar algo da sala como lembrança, nem que fosse um simples brasão da família... qualquer coisa para não achar que sonhara com uma sala onde existiam provas de que tivera uma família, e que esta o amava.
***
Rosana Franco: e ai gostou do que tinha no cofre? O Harry ficou meio melancólico, acho que qualquer pessoa na situação ficaria, mas ele ainda tá digerindo... o capitulo ficou um pouco grande e como gastei muito tempo fazendo- o não tive tempo pra passar a conversa com o Sirius pro papel, mas logo logo ela chega J me diz ai o que você acho (carinha de cachorro pidão) beijos e obrigada por comentar.
Milllllllllllllll desculpas pela demora,
Se posso me justificar, fiquei um pouco triste por só receber um comentário L e mas foi por pouco tempo, na verdade a demora se deve as provas, lições e trabalhos do meu tecnico , espero que gostem do capítulo, talvez eu tenha viajado, mas todos merecem uma lembrança de amor da família, Harry também, pelo menos é o que acho.
Espero que estejam gostando, por favor digam o que acharam, vou aproveitar o feriado pra por minha via em ordem e escrever, assim que o próximo capitulo estiver pronto eu posto.
Bjs.
J. G. Potter
Comentários (4)
Awwwwwwwwwwwwwwwwnnnnnnnnnn @_@ Capítulo lindooooooooo!!! *----------------------------* Jhulia você é incrivel meninaaaaa... Me deixou ultra mega super power emocionada!!!! cada pedacinho desse capítulo foi especial, o Harry pensando no beijo e numa possivel rejeição da Mione, os dois andando por aí sob a supervisão de Remus (que tava muito cute como protetor dos dois XD auhauhauhuaha) e quando finalmente chegaram ao banco o Harry lendo as cartas, tendo acesso a informações importantes sobre a história da sua família me deixou em lágrimas de verdade!!! Capítulo DIVO divinoooooooo *-------------*
2012-10-16É o melhor capítulo de todos, sem dúvida. Você criou um ambiente totalmente novo e possível e sustentou isso. Muito bom. Essa ideia você deve ter tido dos deuses, sério *-* Parabéns. Olha que eu gostei e não curto muito H/H
2012-09-11Adorei o capitulo gosto muito qd vejo o Harry mais humano,sentindo as coisas e mostrando oq sente.
2012-09-07Bom, primeramente obrigada pela dedicatória. Gostei muito do capítulo -na verdade sou fã da maneira como vc escreve- na minha opinião é o melhor capitulo até agora, muito detalhista quanto ao cofre, e tenho que confessar que mais uma vez vc me fez chorar. Imaginar Harry tento certeza que realmente foi amado e podendo ter uma lembrança de seus pais foi incrivel. Parabéns Jhul, estou adorando o rumo que a história tá tomando, mesmo não shippando seus casais.Desculpa ai sociedade, sou amiga de uma futura escritora =)
2012-09-07