Imperius
CAPÍTULO 8 – “IMPERIUS”
Harry e Draco continuavam desacordados na Ala Hospitalar. Duas horas completas já tinham se passado desde o acidente e, mesmo assim, nenhum dos dois parecia querer dar sinal de vida. Todos na escola ficaram muito preocupados, principalmente com Harry, já que o número de desafetos que o slytherin possuía superava o de qualquer pessoa.
Hermione, Ron e Ginny estavam ao lado da cama do amigo, que respirava lenta e continuamente, mas não havia movido um músculo sequer desde que tinha caído da vassoura. Sua perna já estava consertada e os ferimentos no rosto, que foram bastante leves se comparado ao acidente sofrido, já estavam medicados.
Malfoy acordou por um momento, pouco depois dos três entrarem para ver Harry, mas voltou a dormir depois de uma poção dada pela Madame Pomfrey. A testa estava enfaixada, assim como o seu pulso, que havia torcido. Sua expressão era angelical demais para alguém com a personalidade dele. Um lobo em pele de cordeiro... Era tudo o que Hermione conseguia pensar.
Dentre os três, a única que se sentia completamente desconfortável com aquela visita era a Ginny, que estava se roendo por dentro, com uma imensa vontade de saber como o Draco estava, mas se conformou em vê-lo de longe, pois parecia estar bem. Resistiu, por vezes, à vontade de perguntar o estado do loiro para a enfermeira. Não poderia dar chances para o irmão e a amiga descobrir seu maior segredo. Seu irmão de nada poderia desconfiar.
Finalmente, pouco antes da terceira hora se completar, Harry abriu os olhos. Um suspiro de alívio dado por Hermione fez com que Ginny voltasse à realidade e deixasse seus devaneios de lado. Os olhos verdes do garoto expressavam, no mínimo, confusão. Parecia totalmente perdido. Olhou para os lados e viu tudo embaçado e Ron lhe entregou os óculos, que estavam na mesinha ao lado da cama. O garoto os colocou e, pela primeira vez depois do acidente, encarou os três amigos. Pareciam estar com a respiração suspensa, ansiosa, pedindo uma única indicação de que ele estava bem.
“Eu estou bem”, falou, mas sua voz saiu rouca. Tossiu duas vezes para limpar a garganta e voltou a falar. “Sério mesmo”.
Ron sorriu aliviado e começou a falar um pouco mais alto do que deveria em uma enfermaria.
“Harry! Foi o máximo”, ele estava bastante animado.
“O que foi o máximo?”, perguntou sem entender.
“Não se lembra?”
“Não... É por isso que estou perguntando. O que aconteceu?”, ele olhou de relance, por uma brecha entre os amigos e viu Draco, ainda com o uniforme, em uma cama mais afastada. “O que ele está fazendo aqui?”
“Você é louco, Harry”, disse Hermione ansiosa, aproximando-se, com os olhos brilhantes. Harry imaginou que ela estava prestes a chorar. “Definitivamente, você não tem juízo”.
“Será que, por favor, eu poderia ser informado sobre o que aconteceu comigo?”, perguntou irritado.
“Sim! Foi magnífico!”, Ron continuou falando como se não tivesse ouvido o amigo.
“Você chama essa tentativa de suicídio de magnífica?!”, ela perguntou em tom de deboche.
“Ele não estava tentando se matar, Hermione. Diz pra ela, Harry... você estava tentando se matar?”
“Claro que não”, exclamou o garoto.
“Está vendo, Mione? Foi tudo calculado! Diz pra ela, Harry...”
“Deixa de ser besta, Ron! Ele jamais se jogaria da vassoura e...”
“Eu me joguei?”, perguntou assustado.
“Você e o Malfoy, para ser mais exata”, informou.
“Vocês tiveram a mesma idéia. Foi assustador, mas foi genial!”
“Genial, Ron?! Meu Deus, Harry... Todos ficaram desesperados! Você e o Malfoy praticamente se atiraram da vassoura ao mesmo tempo...”
“É isso que eu estou dizendo: tiveram a mesma idéia”.
“Tivemos? Ron, o que foi que aconteceu de fato? Eu não me lembro! Nós pulamos da vassoura? Como? Eu não...”
“Vocês dois vinham voando emparelhados e de uma hora para outra se atiraram no ar! E caíram estatelados no chão. Todo mundo pensou que vocês tinham morrido. Estavam duros no chão. O Malfoy quase rachou a cabeça, mas infelizmente ele tem a cabeça dura”.
“E se você tivesse que se tratar em um hospital trouxa ficaria com a perna engessada por no mínimo dois meses, mas a Madame Pomfrey já deu um jeito. Você já pode andar normalmente”, informou Hermione. Ginny continuava calada, apenas observando.
“Não precisa se preocupar, Harry? Sua vassoura continua em prefeito estado. Mas o Malfoy vai ter que comprar outra”, Ron riu. “A dele se partiu bem no meio”.
“Por favor, não falem mais nada... Só me respondam uma pergunta. Quem pegou o pomo?”
“Você”, Ginny respondeu.
Era a primeira vez que falava desde que Harry tinha acordado. Ele não se lembrava de ter ouvido a voz dela antes e de todos que estavam ali, foi justamente ela que deu a notícia.
“Eu? Mas... Não”, ele olhou desesperado para Hermione, que lhe lançou um de seus conhecidos olhares de “foi melhor assim”.
“Você capturou o Pomo com um Passe de Plumpton!”, Ron estava radiante.
“Foi!?”, perguntou em tom de surpresa e terror ao mesmo tempo.
“Na verdade eu não sei direito, vocês se bateram no momento em que eu recebi o passe o Creevey e fiz o último gol, mas foi bem a tempo de vê-los caindo, por isso acho que o Malfoy deve ter tido a mesma idéia que você, mas quem levou a melhor? Foi uma vitória esmagadora! Deu até pena! O Morcego Velho deve estar uma fera”.
“Ron, cuidado para não deixar o Harry todo babado”, Ginny alfinetou.
“Então eu não usei o Passe de Plumpton”, Harry falava baixo, tentando acreditar que aquilo tudo não era verdade. “Isso não pode ter acontecido”.
“Ora, Harry, ninguém precisa saber que não foi sua intenção”, Ron consolou. “Mesmo assim, foi genial! Foi...”
“Hora de sair, crianças”, era Madame Pomfrey, interrompendo mais um ataque de euforia de Ron, que estava com a mesma expressão do dia em que descobriu sobre o namoro de Harry e Ginny.
“Só um momento, por favor! Eu preciso falar com o Harry em particular”, pediu Hermione. “A senhora...”
“Tudo bem, eu permitirei, mas apenas a senhorita e só por cinco minutos! Nem mais um minuto”, resmungou a bruxa, colocando Ron e Ginny para fora sob protestos.
“É mais do que suficiente”, Hermione agradeceu.
Ela esperou que a enfermeira fechasse a porta da Ala Hospitalar, enquanto Harry a encarava com curiosidade, mas ela esperou até que a Madame Pomfrey entrasse em sua sala, depois se certificou de que o Draco ainda dormia, só então falou com o recém acordado.
“Fiquei tão aliviada por ter mudado de idéia... Você nem imagina, Harry, como eu fiquei feliz! Só não imaginava que você fosse cometer uma loucura daquelas! Você quase se matou”.
“Não foi minha culpa! Foi um acidente! Eu acho que alguma coisa me distraiu e acabei batendo no Malfoy, foi por isso que caímos das vassouras”.
“Não se jogou de propósito?”
“Não! Claro que não! Nunca faria isso”.
“Por que pegou o Pomo, então?”
“Aí está a questão, Hermione! Eu não o peguei! Ele é que entrou nas minhas vestes! Foi sem querer. Eu não mudei de idéia... Não queria”.
“Mas o que importa é que você ganhou a aposta”, ela interrompeu. “Ginny não vai ficar com o Malfoy. Isso é o que...”
“Você venceu mais uma vez, Potter”, ele falou duas camas adiante.
“Malfoy, esquece o trato! Fique com a Ginny”, pediu.
“Você também sabe da história, Granger?”, Malfoy ignorou o pedido. “Daqui a pouco toda Hogwarts vai saber”.
“Não, Malfoy! Só nós três sabemos deste trato. E nós, mais a Ginny, sabemos desse romance, que nunca deveria ter existido”.
“Não há romance algum”, informou o loiro sem se abalar. Estava sentado agora. Um ponto rubro na faixa em sua testa denunciava que o seu ferimento ainda sangrava. “O Potter ganhou”.
“Não ganhei nada! Não valeu, foi um acidente! A Ginny gosta de você, você gosta dela... E vocês devem que ficar juntos”, Harry falou com a voz falhando.
“Quem disse que eu gosto da Weasley?”, o tom da voz dele era mais frio que o de costume. Estava controlado, parecia estar falando de banalidades.
“Malfoy, deixa de ser orgulhoso! Nós sabemos que...”, Hermione tentou falar, mas o garoto interrompeu.
“Não sabem de nada! Por que eu me apaixonaria por uma garota sem sal como aquela?”
“Malfoy, você...”
“Sangue-ruim, é melhor você sair. Seu tempo aqui acabou”, interrompeu, apontando para Madame Pomfrey, quando Hermione pretendia falar.
A enfermeira deslizou imponente pela enfermaria e empurrou a garota para fora, mas ela ainda encontrou espaço para falar com Harry antes de sair.
“Realmente foi melhor assim, Harry. Você fez a coisa certa, mesmo que sem querer”.
“Tudo bem, mocinha... Ele fez certo. Mas agora eles precisam descansar”, ela colocou Hermione para fora e fechou a porta.
Harry esperou que ela voltasse para a saleta e só quando ficou a sós com Malfoy voltou a falar, mas, ainda assim, em um tom mais baixo que o habitual.
“Não precisa bancar o durão, Malfoy! Por dentro você está chorando como um garotinho que deixou um brinquedo se quebrar”, provocou Harry.
“Potter, você continua sendo um menininho bobo e inocente. Eu queria só me divertir com a Weasley e mais nada”, ele não parecia estar mentindo. Na verdade parecia ser mais verdade do que quando ele dizia que gostava dela.
“Você está brincando”, disse Harry nervoso, observando o loiro, que olhava distraidamente para a mão enfaixada.
“Não estou”, disse com simplicidade. “O que eu queria dela já tive. Você nem imagina como foi bom”, falava em tom sonhador, nem um pouco convincente. Ele olhou para Harry e nem sequer tentou forçar um sorriso, pois saiu naturalmente. Aquele sorriso debochado que só ele tinha.
“Ora, seu...”
“É tão divertido ver como vocês são passionais. Entregam tudo por amor... Chega a ser ridículo”.
“Você fala assim porque não entende nada”.
“E para que entender? Para virar um idiota melodramático como você? Ou para virar um desmiolado como aquela pobretona?”
“Não vou desperdiçar meu tempo com você”.
“Claro que não, Potter. E eu também não quero”, fingiu compreensão. “Na verdade o que eu mais desejo é que você e a ruivinha sejam muito felizes. Quero que se casem, tenham filhos e que se explodam juntos, assim como aconteceu com seus pais”.
Harry não se controlou. Não quis se controlar. Não pensou duas vezes e, quando percebeu, já havia atravessado a enfermaria e subindo na cama de Malfoy. Apertava-lhe o pescoço, mas o Draco parecia ainda estar se divertindo com aquela situação e, nem estando prestes a ser morto ele deixaria de ser cínico.
Por sorte, ou por azar, a enfermeira entrou naquele exato momento. Levou um susto ao ver a cena. O loiro sequer reagia, até tinha um sorriso no rosto, o olhar fixo em Harry, como se o desafiasse.
“Que loucura é essa, garoto?”, berrou a senhora segurando Harry pela cintura e puxando-o, mas ele provavelmente só largaria o inimigo quando ele estivesse desfalecido. “Pare com isso, menino! Largue-o!”, ela continuava puxando-o, mas nunca teria força suficiente.
Mas não foi preciso ela insistir mais. Harry pareceu cair em si e largou Draco, que agora ria com vontade.
“Você é um fraco mesmo... Nem para me matar você serve”.
O garoto tentou não ouvir as provocações. Estava tremendo. Tentou respirar normalmente de novo e controlar a sua vontade de causar mais dor ao slytherin. Precisava restabelecer seu controle sobre seu próprio corpo e sobre sua mente de novo. Voltou a deitar em sua cama e olhava através da janela, respirando fundo. Seu coração finalmente voltava vagarosamente ao ritmo normal quando Madame Pomfrey se aproximou para lhe dar uma poção. Harry a bebeu e logo descobriu que tinha um gosto horrível. Conhecia aquela poção para dormir e não sonhar...
Ela dirigiu-se a Malfoy e lhe ofereceu uma bebida semelhante e o garoto tomou, quase se engasgando, por não conseguir parar de rir. Mas depois que tomou adormeceu em questão de poucos minutos, assim como Harry.
No dia seguinte, os dois tiveram alta. Malfoy havia tirado as faixas da mão e da testa, mas ainda carregava um pequeno curativo no pescoço. Harry estava completamente bem, e saíra de lá um pouco antes de Draco. A enfermeira fizera questão de não deixar os dois acordados ao mesmo tempo. Não queria que ninguém se matasse em sua enfermaria.
Malfoy não perdeu tempo e logo Ginny recebeu um bilhete pedindo que fosse à Torre de Astronomia às dez horas da noite. Aquele local virara o ponto de encontro dos dois, depois da descoberta, e seria ali onde o garoto terminaria tudo de um jeito bem peculiar.
Malfoy a esperava na hora marcada. A noite estava escura, praticamente sem estrelas, e a lua era mínima naquele céu cheio de nuvens escuras. O vento era frio e cortante, mas o garoto vestia as roupas de costume. Seu uniforme estava completo exceto pela gravata, que segurava nas mãos, enrolando e desenrolando nos dedos, enquanto esperava por ela.
“Atrasada, Weasley”, falou ao escutar passos, sem olhar para a garota. Na verdade ele mirava o céu, mesmo que não tivesse nada para ver lá.
“Você está bem? Fiquei preocupada com o acidente. Desculpe não ter ficado ao seu lado na...”
“Weasley... Querida...”, acrescentou em tom de brincadeira. “Eu te chamei aqui pra avisar que não quero te ver mais na minha frente”, falou com simplicidade, mas Ginny não conseguiu assimilar o que ele estava dizendo. Ele ainda olhava para o céu, como quem sonha acordado.
“O que?!”
“Você é surda?! Eu não quero mais olhar para a sua cara!”, respondeu ríspido.
“Malfoy, por que está falando assim?”, perguntou, sem conseguir disfarçar as tremulações em sua voz. “O que eu fiz de errado?”
“Você não fez nada, meu amor”, debochou virando-se para encará-la. “Absolutamente nada”.
“Mas então...”
“Apenas enjoei de você. Só isso”.
“Que brincadeira é essa, garoto?”, levantou a voz.
“Acho que o meu recado está dado. Esqueça o que aconteceu entre a gente e tudo ficará bem, Ok? Eu não vou mentir, eu gostei. Mas não passou de uma...”
“Não! Não está Ok?!”, exclamou nervosa, com a voz tremida. “Só aceitarei quando você me der uma ótima explicação”, ela o encarou, mas ele apenas sorriu e baixou a cabeça, colocando a mão na cintura, parecia estar tentando tomar fôlego.
“É uma explicação que você quer?”, ele voltou a olhá-la, com um sorriso enviesado nos lábios.
“É”, respondeu, encostando-se em uma pilastra e cruzando os braços.
“Ótimo!”, ele se aproximou devagar e tocou-lhe o rosto. Com a outra mão se apoiou na pilastra. Seu rosto muito próximo ao dela.
“Ótimo!”, ela o encarou da mesma forma.
Ele olhou dentro dos olhos dela, para não restar dúvidas de que estava falando a verdade, isso a deixou um pouco desconcertada. Queria ouvir o que ele tinha a dizer, mas por pouco não esqueceu tudo e o beijou.
“Eu não quero mais você, Weasley”, falou baixinho brincando com uma mecha de cabelo da garota. “Foi divertido, mas a verdade é que eu apenas te usei por um tempo”, ele aproximou mais o seu corpo do dela. “Eu estava entediado e você me rendeu ótimos momentos, sabia?
“Pára! Já é o bastante”, falou alto, desviando seu olhar do dele e tentando se livrar daquele cerco.
“Não. Você queria a verdade e agora vai me ouvir”, gritou puxando-a pelos cabelos e a colocando contra a parede. “Eu te usei, entendeu?”, sussurrou. “Os beijos, abraços e aquela noite da véspera do jogo, lembra? Claro que lembra...”, falou ao seu ouvido. “Não passaram de puro lazer”.
“Já chega”, gritou, empurrando-o, conseguindo se livrar momentaneamente.
“Olha pra mim, Weasley!”, gritou, puxando o braço da garota para que ela voltasse a olhá-lo.
“Por que você fez isso comigo?”, perguntou aos berros. Começou a chorar.
“Por que deu vontade”, respondeu com simplicidade.
“Eu acreditei em você! Eu amo você, mesmo sendo um Malfoy eu...”, ela não conseguiu continuar aquela frase.
“E é justamente por meu sobrenome ser Malfoy que você não deveria ter acreditado em uma única palavra minha, meu amor”, falou ao ouvido dela e beijando-lhe o pescoço.
“Pensei que... Realmente estivesse envolvido”, sua voz estava tremida. Não conseguia controlar as lágrimas que caiam molhando-lhe o rosto. “Pensei que gostasse de mim”.
“Bem, não posso negar que você beija bem”, ele encostou-a na parede novamente e beijou-lhe o rosto. “E faz outras coisas melhor ainda, mas foi só uma brincadeira”, se afastou.
“Pra mim foi muito sério”.
“Mas pra mim não foi”, gritou irritado. “Agora vai embora, garota! Não quero ver a cor do seu cabelo por muito tempo”.
“Eu devia ter acreditado no Harry!”, ela devolveu no mesmo tom. “Mas eu fui estúpida o suficiente para achar que alguma coisa que preste podia vir de você”.
Naquele momento, Ginny não sabia se chorava, se continuava gritando ou se saía correndo. Optou por sair correndo. Não era muito digno, mas não iria se importar com orgulho, quando nada mais importava. Ela já estava ao pé da escada quando ele voltou a falar com o tom de voz de quem se diverte.
“Corre para o Potter agora”, disse entre risos. “Isso é típico de gente da sua laia, que vive passando de mão em mão. Por quantos mais, Weasley? Por quantos você já passou?”, fingiu curiosidade.
Ginny se voltou contra ele, aproximando-se com muita raiva. Não iria deixar que ele a difamasse dessa forma. Não admitiria que a ofendesse com aquelas palavras. Raiva. Um sentimento forte o suficiente para que a deixasse cega de tanto ódio. Ele nunca mais iria brincar com ela daquela forma. Malfoy sentiu a mão pesada de Ginny cortando-lhe o rosto, com o mesmo anel que havia cortado o de Harry.
“O que você pensa que eu sou?”, perguntou olhando-o com ira. “Não sou uma qualquer!”
“Ah, não? Pois parece”, disse ele rindo, limpando o pouco sangue que saía do ferimento com um lenço.
“Saiba que você foi o primeiro”, falou baixo, como se estivesse muito envergonhada por falar sobre aquilo. “Não te falei por medo, ou vergonha, ou por pensar que você me acharia criança demais”.
“Isso é história da carochinha, Weasley. Se eu acreditar que fui o primeiro, também devo acreditar em uma profunda amizade entre o velho gagá e o Lord das Trevas”, ele riu da própria piada.
Ela não conseguiria ficar ali nem mais um minuto. Não conseguia reconhecer aquele homem. Dois dias atrás se tinha se entregado a ele e acreditava que o que sentia era recíproco, mas estava enganada. Totalmente enganada. Era apenas um joguete nas mãos daquele que amava, mas que deveria odiar.
Ginny desceu as escadas correndo, aos soluços. Ele era um monstro. Devia ter acreditado no Harry. Como pudera ser tão burra? Seu coração era um verdadeiro inimigo, sempre lhe aprontando.
Draco ouviu o som dos os passos de Ginny sumir e, ao notar que estava completamente só novamente, encostou-se na parede olhando o céu sem estrelas, repensando sobre em tudo o que disse.
“Maldito Potter”, resmungou entre os dentes, esmurrando a parede.
“Quem é o maldito, Malfoy?”, uma voz vinda do nada falou com o garoto.
“Quem está aí?”, perguntou puxando a varinha do bolso.
“Eu”, disse Hermione saindo debaixo da capa de invisibilidade. A expressão em seu rosto variava entre a raiva e ódio extremo.
“O que você está fazendo aqui, esquilo?”
“Segui a Ginny”, respondeu sem demonstrar nenhuma espécie de sentimento. “Imaginei que ela vinha te encontrar. E sabia que coisa boa não viria de você devido ao seu acordo com o Harry”.
“É invasão de privacidade sabia, sangue-ruim?”, ele não parecia se importar de verdade.
“Você foi muito cruel com ela. Se bem que crueldade na sua família é normal”.
“Só agi como devia. Falei a verdade e pronto”.
“Não acredito que não sinta nada por ela, mas realmente foi melhor assim. Estou muito mais aliviada em saber que a Ginny não vai continuar em suas mãos”, falou, mas Draco apenas riu.
“Será que a senhorita bisbilhoreira-sabe-tudo poderia me deixar em paz agora?”, perguntou, ao mesmo tempo em que uma idéia iluminada surgia em seus pensamentos.
“Com todo o prazer, Malfoy. Só vim aqui para ter certeza de que não fosse fazer mal a ela, mas todo o mal você já fez apenas por entrar como entrou na vida dela”.
“Granger”.
“O que?”, ela parou, contrariada, e virou-se para voltar a encará-lo.
“Você acha mesmo que eu vou deixar ela ficar com o Potter?”, perguntou sorrindo cinicamente.
A idéia era genial. Granger até mereceria um beijo por ter aparecido ali, de livre e espontânea vontade.
“E não vai?”
“Não vou entregá-la de bandeja, porque eu não desisto das coisas que eu quero. E eu quero aquela garota”, o sorriso que ele deu foi diferente. A garota realmente ficou com medo.
“Mas...”, ela não conseguiu continuar a frase, pois ele se aproximou tão rápido que Hermione não teve tempo de reagir.
Malfoy segurou o pescoço dela e colocou-a contra uma das pilastras. Pegou a varinha dela e atirou no chão, longe o bastante para que ela não pudesse reagir. Fitava seus olhos e estava tão perto que a gryffindor virou o rosto, achando que ele tentaria beijá-la.
“Jamais te beijaria novamente, sangue-ruim”, falou baixo em seu tom letal, adivinhando os pensamentos dela.
“O que você quer então?”, perguntou.
“A Weasley, nada mais. Eu não sou o Potter. Ele queria me entregar a ruivinha, não é mesmo? Um idiota! Ela é minha. E vai continuar sendo”.
“Então o que você fez aqui foi...”
“Eu já disse. Não podia quebrar um trato... Sou uma pessoa honesta”, falou brincando.
“Ainda não entendi”
“Você não é tão inteligente quanto dizem, Granger. Ele lançou um feitiço de selo e eu precisei cumprir o acordo, mas isso não significa que eu não possa tentar recuperá-la.
Mas eu não posso fazer isso sozinho, porque pela forma como eu e ele estamos ligados ao feitiço, ele teria que desistir dela primeiro. É isso o que vai acontecer, porque o Potter não vai querer a Weasley”.
“O que vo...”
“Ela vai voltar pra mim e você vai me ajudar”.
“Nunca!”
“Ah, você não sabe como eu fiquei feliz em te ver por aqui. Me deu uma idéia genial. Nem vou precisar ter que ir atrás daquele ruivo nojento que é o meu cunhadinho... Ano passado ele me deu muito trabalho”, falou como se pensasse em um passado muito feliz.
“O que você fez com ele?”
“É melhor você perguntar o que ele fez com o Longbottom...” sussurrou.
Ao ouvir aquilo Hermione se debateu tentando se soltar. Malfoy era um monstro. Não tinha sentimento algum. Era vazio! Como fora capaz... O Ron... Neville. Ela não pensou mais. A última coisa que ouviu consciente de que era ela mesma foi apenas um sussurro dito por Maofoy, apontando a varinha para ela.
“Imperius”.
N/A: Agradeço todos os comentários até agora, e peço que comentem sobre esse capítulo também. Quero saber e fico muito feliz em descobrir a opinião de vocês. Se quiserem ler mais fics minhas basta acessar o http://fanfiction.net/~karlakollynew
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