A enigmática volta do ex-auror
Que barulho estrondoso fora esse?
- Amor, porque você me arremessou para fora da cama?
Harry olhou para a cama. Hermione não estava lá, e sim no chão, jogada, de barriga para cima.
- Desculpe - disse ele, desastrado, apressando-se a ajudá-la. - Desculpe, amor, esqueci que se apoiava em mim...
- Mas porque se levantou deste jeito? - perguntou Hermione, dando a mão para o namorado erguê-la.
- Nada, eu só... - começou ele, levantando-a, mas outra vez ouvira uma batida forte em algum lugar da casa e sem querer largou a namorada no chão novamente. - Ouvi um barulho.
- Claro que ouviu - resmungou Hermione, a voz abafada. - Foi a minha cabeça batendo no chão.
Só então Harry percebeu que a largara.
- Desculpa, amor - falou ele, preocupado, estendendo a mão para que ela a segurasse. - Mas eu falava de outro barulho...
TUM.
Harry sacou a varinha e correu para a porta. Hermione despencou outra vez.
- Vai ver o que foi esse barulho - disse a garota, cansada, apoiando o cotovelo no chão. - Depois conversamos sobre isso.
- Ok - disse Harry, desconcertado.
O garoto abriu a porta lentamente e fechou-a em meio a seus rangidos nada discretos. Com a varinha em mãos avançou cautelosamente pelo corredor, os ouvidos atentos para qualquer som que pudesse indicar alguém que não deveria estar ali, fazendo algo que não deveria ser feito.
- Lumus - sussurrou, ligeiro, acendendo a varinha, pois acabara de ouvir um gemido muito familiar, e foi quando sentiu que tropeçou em alguma coisa que ele apontou a luz para o chão, a tempo de ver uma coisa laranja correndo a toda escada abaixo.
Harry apurou os ouvidos mais uma vez, tentando descobrir de onde viera o barulho, mas achava que as batidas de seu coração não fossem parar tão rápido, por isso decidiu seguir Bichento, o gato de Hermione, escada abaixo, a varinha agora apagada, pronto para qualquer ataque surpresa que poderiam estar preparando a ele.
Chegou à sala começando a achar que imaginara os barulhos, quando de repente uma forma monstruosa surgiu do sofá, rugindo:
- UAAAAAAAHHH!
- Imobillus! - disse Harry na mesma hora, paralisando o que quer que fosse aquilo. - Quem está aí?
- Harry, sou eu, a Daisy! Quer fazer o favor de desfazer o feitiço?
- O que faz aqui? E que idéia é essa de rugir?
- Eu não rugi, bocejei - explicou Daisy, jogando peças de roupas de volta ao sofá, já podendo se mexer. - Não sei de quem são estas roupas, mas estavam cheirando tão bem que eu me enrolei aqui e dormi.
Harry contou a ela o que ouvira. A amiga disse que era normal, e ouvia barulhos suspeitos a todo tempo ali na Ordem da Fênix. Então ele imaginou que estava ficando louco: os barulhos e gemidos vieram de sua cabeça... mas em seguida lembrou que Hermione também ouvira a segunda batida.
- Macho, macho, macho-men... - cantava uma voz.
Era Rony, que descia as escadas, parecendo muito alegre para uma hora daquelas.
- Rony? - Hermione também descera, tentando enxergar os outros no escuro. - Era você quem estava cantando Wizard People?
- Não sou apenas Ronald Weasley. Sou um novo Rony - falou o ruivo, largando-se no sofá, ao lado de Daisy.
- Quem? Sérgio Valente? - perguntou Harry, rindo ao ver a jeans do amigo.
- Não, meu querido amigo monogamático...
- Que diacho de palavra é essa? - quis saber o garoto.
Rony parou e disfarçou por um momento. Até que falou:
- Meu Deus, Harry, com tanto ouro que você tem poderia comprar um dicionário. Não custa investir em nossa educação...
Hermione e Harry se entreolharam, ambos com expressões que indicavam jamais terem ouvido Rony falar tanta besteira.
- Bem, mas eu ia dizendo que sou um novo Rony. Um Rony totalmente desligado das bebidas. Porque ouvi a fita...
- Quê? - perguntou Hermione, incrédula. - Começou a ouvir hoje e já está curado?
- Isso mesmo, Mione - concordou Rony, com um sorriso bobo. - Os trouxas não são tão lesados quanto se pensa.
- Não ofenda meus pais, Ronald - retrucou Hermione. - É a segunda vez que você faz isso.
- Mas aí é diferente - explicou o ruivo. - Da outra vez não era para você ter ouvido. Eu falei mal pelas suas costas - e, ao ver a cara feia da garota, acrescentou: - E é claro que isso não ajuda muito...
- Tá, Rony, você disse que parou de beber, não é? - disse Daisy, depressa, aparentemente querendo ajudar o amigo para que ele não deixasse a situação pior. - Fico muito feliz por você!
- É isso. Porque agora toda vez que penso em bebidas, descubro que não preciso delas. Afinal, eu sou uma mulher independente e determinada.
Após dizer isso, Rony tapou a própria boca, assustado.
- Não, não. Você tem que dizer isso com orgulho - caçoou-o Harry.
- Porque estamos no escuro? - disfarçou o ruivo. - Lumus! Ei... minhas cuecas estavam aqui no sofá. Tinha esquecido...
Hermione e Harry olharam para Daisy com cara de nojo.
- Por isso que cheiravam tão bem - disse a loira. - Eram cuecas.
Rony olhou-os sem entender.
TUM.
- Que barulho foi esse?
TUM.
- Parece que tem alguém tentando entrar na Ordem!
TUM.
- Quem entraria na Ordem? É uma sede secreta!
BUM.
- AAAAAAAHHHHHH!
BUM.
- Daisy, não precisa gritar - pediu Harry -, está tudo bem!
TUM.
- Não fui eu, foi o Rony!
BLAM.
A porta da sala desabou.
Harry saltou do sofá, a varinha em punho. Forçou os olhos para a entrada e, quando a luz da varinha de Rony ali bateu, ele descobriu...
- Que é isso? - exclamou Rony. - Digo... quem é?
Uma forma muito bem reconhecível. Pequeno, uma grande pança e uma perna muito incomum, o bruxo que estava ali, deitado, o nariz (ou metade dele) metido no chão, era ninguém menos que...
- Eu achei que estivesse morto, senhor - falou Harry, segurando a varinha firmemente, apontada para a cabeleira de Alastor Moody.
O bruxo ergueu a cabeça lentamente. Seu rosto sangrava horrivelmente. Suas roupas rasgadas exalavam um cheiro insuportável. O bruxo tinha um ar doentio.
- Ele tem um ar doentio - disse Harry aos outros.
Embora que todos soubessem perfeitamente bem que Olho Tonto normalmente tinha um ar doentio, isso não justificava sua repentina aparição no meio da noite, após estar por tanto tempo sumido.
- E quem é você, afinal? - perguntou Harry. - Duvido que seja Moody.
- É ele sim - falou Hermione, se aproximando. - Vocês, me ajudem aqui a erguê-lo.
Rony, Max e Daisy ajudaram.
- Como pode ter tanta certeza? - perguntou o garoto, também ajudando, e quase caindo com o peso do bruxo.
- Harry, ninguém simplesmente arromba a porta da sede da Ordem da Fênix - explicou Hermione. - Lembre-se de que ela nem existe aos olhos de quem não conhece seu segredo. Dumbledore é o fiel do segredo.
Faz sentido, pensou o garoto, embora ainda se aproximando do homem muito cauteloso, que agora se encontrava sentado no sofá.
- O senhor é Alastor Moody?
- Harry - rosnou o bruxo, olhando para ele de olhos arregalados. - Harry Potter...
- Não, senhor, ele é Harry Potter... você é Alastor Moody - falou Rony. - O maluco - acrescentou baixinho.
- Eu acho que ele já sabe disso, Rony.
- Quê?
Hermione apontou para o bruxo. Ele olhava para Harry como se nunca tivesse dado uma boa olhada no garoto.
- HARRY POTTER!!! - berrou. - Harry Potter...
E abraçou a cintura de Harry como se segurasse algo muito valioso. O bruxo parecia um bebezão.
- Desculpe, senhor... mas eu sou hetero.
Rony e Daisy deram risadinhas.
- Harry Potter. Eu sou Alastor Moody... me espancaram…
- Isso é notável - comentou Rony. - Te acertaram aonde. Na cabeça?
- Comensais da Morte? - quis saber Harry.
- Sim, sim... Comensais... montes deles - Moody rosnava, e forçava a voz para falar, seu olho mágico estranhamente parado, enquanto o normal observava o garoto, atento. - Harry Potter... Voldemort... ele mandou um espião atrás de vocês... ele trás informações de vocês e... sobre a nossa Ordem direto ao covil secreto de Voldemort. E...
- De quem o senhor está falando? - perguntou Max, assustado, quando Moody fez uma careta ao que indicava ter sentido uma dor muito forte.
- Ele está com vocês direto, e faz um trabalho tão bom que vocês não vêem que ele nem é um...
Moody paralisara.
- Moody! - exclamou Harry, desesperado. - Quem está vazando informações? Quem?
O bruxo pôs a mão no peito e fechou os olhos. De seu casaco tirou o que parecia um tapete laranja peludo e o depositou na mesinha de centro. Após o feito, repentinamente soltou um longo gemido e mergulhou do sofá ao chão, parecendo estranhamente...
- Morto? - berrou Rony - Ele está morto?
- Oh, meu Deus, ele morreu mesmo - gritou Hermione, tapando os olhos com as mãos.
- Ele não pode estar morto - indignou-se Max.
- Não mesmo - concordou Daisy.
- Ele está - confirmou Harry, virando o homem; não havia mais nenhum sinal de vida ali. - Precisamos contatar Dumbledore.
- Como o homem bate as botas bem na hora de nos passar uma informação? - lamentou-se Rony, desesperado.
- Moody não estava em boas condições. Lutou naquele dia contra os Comensais e logo sumiu. Deve ter andado perambulando por muito tempo, suponho. Ele se esforçou. Sofreu... estava na hora de uma coisa assim acontecer.
Harry se sentiu muito estranho naquele momento. Sabia de alguma coisa da qual não assimilara direito. E quando viu Bichento subir as escadas... não fazia muito tempo que o vira descer, e isso foi logo quando Harry ouvira um gemido.
- Rony, você se lembra de quando descobrimos que seu rato, o Perebas, que conviveu com você durante toda sua vida era na verdade Pedro, o animago?
- E como você acha que eu me esqueceria?
- É que me passou pela cabeça, de repente, de que a Daisy realmente pode falar com animais; naquele dia não foi falha dela - explicou ele misteriosamente. - E me ocorreu... que gatos não gemem.
- Amor... do que é que você está falando? - quis saber Hermione, preocupada.
- E, por favor, cara, se souber de algo nos diga antes de morrer que nem esse aí - disse Rony, se referindo a Moody.
- Estou querendo dizer que o motivo de Bichento ter se comportado de maneira estranha nos últimos dias é que ele não é o verdadeiro Bichento. E foi isso que Moody tentou nos dizer sobre “vazar informação”.
- Mas... poderia ser qualquer um de nós... poderia até ser o Rony! - apontou Hermione.
- Eu não estou vazando informação - indignou-se o ruivo. - Pode me perguntar qualquer coisa... pergunte quem é o presidente dos Estados Unidos.
- Ãn... Quem é o presidente dos Estados Unidos?
- Eu não sei! - respondeu Rony, com voz de sonso. - Está vendo, eu sei quem é, mas não vou lhe dizer, viu, porque eu não vazo.
- Esperava mais competência sua principalmente com um homem morto bem na nossa frente - comentou Max, virando os olhos.
- Harry... mas como poderia? - disse Hermione, a voz fraca. - O que você está sugerindo?
- Eu não sei - falou Harry, sinceramente. - Mas vê o que Moody tirou do casaco?
- O que esse tapete peludo tem a ver com a história?
- Acontece, Rony... que isso não é um tapete - murmurou Daisy, observando bem o que Moody depositara na mesinha. - Isso parece mais o...
- O Bichento. Isso... - afirmou Harry. - E, como vocês devem ter notado, um certo “gato laranja” acabou de subir as escadas, correndo.
- Mas se esse aqui é o Bichento...
- Certo - assentiu Rony, sacando a varinha. - E pensando bem, sua teoria pode estar certa, Harry.
- Ei, o que é que vocês estão pensando em fazer com ele? - perguntou Hermione, assustada.
- Apenas fique aqui e se preocupe com esse gato que não parece estar em boas condições - pediu o garoto. - Amor, não se preocupe, não vamos machucá-lo... a não ser que ele nos dê um bom motivo.
Harry e Rony subiram a escada cautelosamente, as varinhas acesas.
- Onde você acha que ele está? Procuramos em quartos de porta fechada?
- Acho que não, Rony... Mas tenho duas suspeitas. Ali no quarto...
- Ok...
O ruivo entrou no quarto, Harry em seus calcanhares. A primeira coisa em que os olhos dele bateram foi o rádio que Hermione dera a Rony, já que era a única coisa que emitia som naquele quarto no momento (era uma voz serena, de mulher):
Você não precisa da bebida. A bebida não controla você. Afinal, você é uma mulher independente e determinada...
- Tá explicado... eficiente esse negócio de hipnose - zombou Harry, com uma vontade louca de rir, embora o momento não permitisse (precisava encontrar o “gato”). - Aqui ele não deve estar, vou olhar no sótão.
E ele subiu atento para qualquer indício da presença de Bichento (ou o que quer que fosse aquele gato). Mas, ao chegar ao portal, um vulto correu na direção de Harry, passou por sob suas pernas e desceu as escadas, ziguezagueando.
- Ele desceu! Fechem à porta!
- FILHOS DA IMUNDÍCIE!
- Merda... - sussurrou Rony, quando Harry passou por ele, correndo. - A velha acordou.
Harry pulou de três em três degraus, mas, ao chegar à sala percebeu que era tarde.
- Vocês o deixaram escapar - exclamou, levando a mão à testa.
- TROUXAS, FILHOS DA IMUNDÍCIE, TRAÍDORES DO PRÓPRIO SANGUE!
- Mas o que é que está acontecendo aqui, afinal?
Era o Sr. Weasley.
- Papai, Moody morreu - disse Rony sem rodeios. - Acabamos de descobrir que Bichento era um espião e ele acaba de fugir.
- Quê?
- É que ninguém se deu ao trabalho de fechar a porta - murmurou Harry, sentando-se ao lado do cadáver de Moody. - E, por favor, calem a boca dessa chata.
Os gritos da Sra. Black cessaram, e, em seguida, Lupin e Tonks entraram correndo na sala.
- Que zona é essa aqui...? - começou Tonks. - Oh, meu Deus! É o Moody...?
- Lupin, nós precisamos de Dumbledore imediatamente - falou o Sr. Weasley, de olhos pregados em Moody, o bruxo mal parecia querer acreditar.
- Certo.
Lupin saiu às pressas.
- Vamos precisar fechar a Ordem? - perguntou Harry mais para si mesmo que para qualquer um ali na sala.
- Talvez - assentiu Arthur, examinando o corpo de Moody. - Vocês não fazem idéia de quem pode ter sido o gato que escapou? Um animago?
- Sim, era um animago, mas não sabemos quem...
Hermione segurava Bichento no colo. Uma lágrima escorreu de seus olhos. O gato estava desacordado no momento, mas não parecia morto. Faltavam pêlos em algumas partes de seu corpo.
- Alguém judiou do Bichento.
Harry estava preocupado com o que poderia acontecer. O falso Bichento só conseguira descobrir o local da Ordem porque fora trazido para dentro por eles.
De volta a Hogwarts Harry e os amigos nunca se viram tão atarefados. Além das aulas e trabalhos normais que os professores passavam diariamente, Harry tinha as obrigações como capitão de quadribol da Grifinória e as obrigações de organizar as aulas da AD que iam a toda (após declarar a sede da Ordem da Fênix fechada e vazia por medidas de segurança, Dumbledore disse a Harry que ele ainda era uma de suas últimas esperanças a preparar os amigos contra as ameaças de Voldemort).
Além disso, Rony e Hermione ainda tinham as tarefas de monitores, o que, segundo Rony, deixara de ser algo divertido.
- É a terceira vez que eu pego aquele idiota pichando a parede - resmungou, após ter dado um sermão em um sonserino pestilento do segundo ano. - Se Filch pegá-lo com a mão na massa eu não digo nada.
Outra coisa que perturbava a Harry era o Campeonato. A terceira prova se aproximava e, como comentou com Daisy, Harry ainda não tinha idéia do por que de Hermione ter se inscrito para o que poderia ser um início de carreira muito perigosa.
- Não se preocupe Harry - disse Daisy, comendo seu mingau apressadamente. - Pensei no seguinte: tanto Hermione como você pode ter um melhor desempenho na terceira prova se eu der uma... pequena ajuda.
- Que é que você quer dizer? - perguntou ele, erguendo as sobrancelhas.
- Bem, modéstia à parte, mas eu sei me relacionar muito bem com os animais. Vou fazer com que você e Hermione vão para a terceira prova pelo menos sabendo como se comunicar com eles. Mas agora tenho que ir, Harry, estou atrasada para a minha aula de Trato das Criaturas Mágicas. Depois conversamos.
Ele ficou observando Daisy correr para as portas de carvalho. É; uma ajudazinha viria a calhar.
- Hoje vocês irão aprender a preparar a Poção Juventus, mais conhecida como a Poção da Juventude. Prestem bem atenção às instruções que estão na página quatrocentos e cinqüenta e dois - disse Snape aos alunos, lançando a Harry um olhar particular. - Cuidado ao acrescentarem as urtigas. Se não acrescidas corretamente elas causarão efeito retardado, ou pior, causarão o oposto do que faria uma Poção Juventus.
- Isso quer dizer que as urtigas podem converter a Poção da Juventude para uma Poção do Envelhecimento? - quis saber Hermione, curiosa.
- Isso quer dizer, senhorita, que estar com o Potter não a torna mais importante - atacou Snape -, e, convenientemente não lhe dá o direito de interromper a minha aula, sem ao menos erguer a mão, para pôr em questão uma coisa que, com certeza, a senhorita já sabia. Adora esbanjar sua inteligência...
- Não senhor, eu só... - começou Hermione, vermelha, mas Harry a interrompeu.
- Se ela soubesse com certeza não perguntaria... senhor – acrescentou com amargura.
Os olhos negros e frios de Snape perfuraram os olhos verdes e astutos de Harry. O homem estava num estado estranho. Conseguira ser mais injusto e mais pálido nos últimos dias, se é que isso era possível. Seu ânimo sempre fora assustador, mas desta vez Harry sabia que superara: o mau humor de Snape o impedia até de passar a mão na cabeça de Malfoy como sempre fazia. O louro passara de aluno favorito a um personagem qualquer ali na sala.
- Então, Potter - falou Snape perigosamente. - Continua intrometido, depois de anos, não? Menos cinco pontos...
- Não dou a mínima para os seus pontos, pode tirar duzentos, se quiser - disse Harry, indiferente. - Até onde sei a escola é feita para ensinar aos alunos e não fazer competições idiotas.
- Concordo com ele - disse Neville tímida e inesperadamente, erguendo a mão.
- Cale a boca, Longbottom - ralhou Snape. - Está criticando meu método de ensino, Potter?
- Talvez - desafiou Harry. - E você também deve concordar comigo, Neville, que a falta de respeito em sala de aula de professor para com o aluno torna o ambiente desagradável para estudo.
Ao dizer isso, Harry assustou-se consigo mesmo. Parecia que o espírito de Hermione baixara nele.
- Sim, acho que Harry tem razão.
Todos estavam visivelmente impressionados com a coragem que Neville adquirira de enfrentar Snape.
- Se não tem mais nada a acrescentar, Potter, peço que se retire - falou Snape bruscamente, abrindo a porta da masmorra com a varinha. - Está dispensado de minha aula.
- O senhor não pode... - começou Hermione, mas Snape a interrompeu quase aos berros:
- Eu-posso-fazer-aqui-o-que-bem-entender, senhorita.
- Tudo bem, Hermione - falou Harry, recolhendo seu material. - Não preciso ficar por aqui...
- Gostaria de acompanhar seu amiguinho, Longbottom? - perguntou Snape, maldosamente.
- Sim, senhor - disse Neville, levantando-se.
Rony soltou um palavrão.
- Certo, muito bem - comentou Snape, quando os dois garotos iam se retirando. - Mais alguém íntimo de Potter gostaria de se retirar?
- Bem... eu tenho um compromisso urgente, inadiável - disse Rony, se levantando.
- E eu - agora o queixo da turma caiu: Hermione também se levantara.
- Certo, agora que o “Quarteto Fantástico” decidiu se retirar, espero que mais ninguém me obrigue a ter de conversar com o diretor... - disse Snape, friamente, batendo a porta nas costas de Neville, Hermione e Rony com força.
- Mas o que deu em vocês dois para me seguirem? - perguntou Harry, surpreso.
- Onde quer que vá... - começou Rony, passando um braço pelo ombro do amigo.
- Lá estaremos - completou Hermione, tascando um beijo na bochecha de Harry.
- Isso mesmo - disse Neville, parecendo muito feliz. - Obrigado por me ensinar a encarar Snape, Harry.
- Isso não veio de mim, Neville, sua coragem estava com você o tempo todo - negou-o Harry. - Só precisava domá-la.
Os quatro caminharam direto para a torre da Grifinória, conversando.
- Pelas barbas de Merlin - disse Hermione, preocupada. - Snape vai falar com Dumbledore.
- Eu não acho que Dumbledore vai ligar para ele - comentou Rony, despreocupado. - Afinal, estamos certos, não é?
- Sim, Dumbledore foi sempre muito justo, e se estamos com a razão... – concordou Harry.
A AD era sempre gratificante. Harry adorava ver o desempenho de seus amigos melhorando cada vez mais.
- Pausa para descanso - pediu ele. - Neville, aquela azaração que você lançou em mim foi simplesmente fantástica. Ana, eu nunca vi ninguém lançar uma maldição Imperius com tanta precisão. Daisy, eu pago a você duzentos nuques para fazer com o Malfoy o mesmo que fez com o seu irmão, seu feitiço foi esplêndido. E Hermione... - e passou os braços pelas costas da namorada, puxando-a para um abraço - Vou tomar muito cuidado para não arrumar briga com você, pois seus feitiços estão cada vez melhores.
- Então é bom o senhor se cuidar muito bem - disse a menina, beijando-o - Porque se um dia eu vir você com outra garota, não me responsabilizarei se os dois irem parar no St. Mungus.
- Hum, então eu jamais irei para o St. Mungus. Eu amo você, Hermione.
- Eu também te amo, Harry.
Eles estavam se dando tão bem que, embora Harry ainda quisesse interrogar a garota sobre o Campeonato Mirim, ele decidiu não fazê-lo; não se atreveria a estragar os bons momentos que estavam tendo. E, como se estivesse lendo seus pensamentos, Rony perguntou, ao sentar-se no pufe:
- Ei Harry, Mione, quando é que vai acontecer a próxima prova do Campeonato Mirim?
- Dia trinta - responderam em uníssono.
- De que mês?
- Deste mês, Rony - respondeu Harry. - Você vai com a gente ao Centro?
- Humm... deixa eu consultar na minha agenda para ver se não terei nenhum compromisso - ele apanhou a agenda que estava no pufe e folheou-a, aparentemente até o dia trinta. - Ih, dia trinta não vai dar, não.
- Porque não? - perguntou Daisy, desconfiada.
- Dia trinta é o dia da minha menstruação, e... - começou Rony, mas, após ler isso, arregalou os olhos e leu a capa da agenda. - Opa... essa agenda não é minha.
Harry riu.
- Amor, aquela fita que você deu ao Rony...
- De hipnose?
- Sim, essa... cara. Nunca imaginei que o efeito fosse tão...
E olhou para Rony, que bisbilhotava dentro de uma bolsinha cor-de-rosa.
- Assustador - terminou; largou a namorada, foi até o amigo e o sacudiu. - Meu deus, cara, pode beber um barril de vodka ou acabar com o álcool de Londres. Mas por favor... seja macho!
- Eu acho Rony bastante macho - comentou Daisy.
O ruivo olhou para Harry, com um quê de superioridade.
- Há - Gina fingiu vomitar. - Você acha o meu irmão macho? Ele é tão macho quanto o Robin!
- Robin Wood? - perguntou Rony, que voltara a xeretar na agenda.
- Não, o Robin, parceiro do Batman - respondeu a ruiva maldosamente.
- Ei, uma foto dos Bruxolling Stones - exclamou Rony, enojado. - E eles estão... pelados?
- Ei! - exclamou Padma Patil, furiosa. - Essa agenda é minha!
- Foi mal - disse Rony, devolvendo a agenda e a bolsa à garota, e acrescentou baixinho, quando ela deu as costas a ele: - Tenha um “Feliz dia Trinta”.
- Pense duas vezes antes de dar outra fita de hipnose ao Rony - pediu Harry a Hermione. - Principalmente se a fita pertencer a uma menina...
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